segunda-feira, 5 de março de 2018

Palavra de Vida: «Mostra-me, Senhor, os teus caminhos e ensina-me as tuas veredas» (Sl 25, 4).


O rei e profeta David, autor deste salmo, estava oprimido pela angústia e pela pobreza, e sentia-se em perigo perante os seus inimigos. Gostaria de encontrar um caminho para sair daquela situação dolorosa, mas não tinha forças para tal.

Então, ergueu os olhos para o Deus de Israel que, desde sempre, protegeu o seu povo. Invocou-O com esperança, para que viesse em seu auxílio.

A Palavra de Vida deste mês sublinha, de uma forma especial, este pedido para conhecer os caminhos e as veredas do Senhor, qual luz para as decisões, sobretudo nos momentos difíceis.

«Mostra-me, Senhor, os teus caminhos 
e ensina-me as tuas veredas».

Também na nossa vida, acontece ter que se tomar decisões, que implicam a nossa consciência e a nossa pessoa. Por vezes, temos diante de nós muitas opções possíveis e ficamos indecisos sobre qual será a melhor. Outras vezes temos a sensação de não ver nenhuma saída…

Procurar um caminho para poder avançar, é algo de profundamente humano, e por vezes precisamos de pedir ajuda a quem consideramos nosso amigo.

A fé cristã faz-nos entrar na amizade com Deus. Ele é o Pai, que nos conhece profundamente e quer acompanhar-nos no nosso caminho.

Todos os dias Ele convida cada um de nós a entrar livremente numa aventura, tendo como bússola o amor desinteressado para com Ele e para com todos os seus filhos.

Os caminhos, as veredas, são também ocasiões de encontro com outros viajantes e de descoberta de novas metas a partilhar. O cristão nunca é uma pessoa isolada, mas faz parte de um povo em direção ao desígnio de Deus Pai sobre a humanidade. Desígnio que Jesus nos revelou com as suas palavras e com toda a sua vida: a fraternidade universal, a civilização do amor.

«Mostra-me, Senhor, os teus caminhos 
e ensina-me as tuas veredas».

E os caminhos do Senhor são destemidos. Às vezes parecem estar quase fora das nossas possibilidades, como as pontes de corda lançadas entre as paredes das rochas, nas montanhas. Eles desafiam hábitos egoístas, preconceitos, falsa humildade, abrindo-nos horizontes de diálogo, de encontro, de trabalho pelo bem comum. De modo especial, exigem de nós um amor sempre novo, assente sobre a pedra firme do amor e da fidelidade de Deus para connosco. Amor capaz de chegar até ao perdão, condição indispensável para construir relacionamentos de justiça e de paz entre as pessoas e entre os povos.

O mero testemunho de um gesto de amor simples, mas autêntico, pode iluminar o caminho no coração dos outros. Na Nigéria, durante um encontro onde jovens e adultos puderam partilhar experiências pessoais de amor evangélico, uma menina chamada Maya contou: «Ontem, enquanto estávamos a brincar, um menino empurrou-me e eu caí. Ele disse-me “desculpa” e eu perdoei-lhe».

Estas palavras abriram o coração de um homem cujo pai tinha sido assassinado pelos Boko Haram. Ele confessou: «Olhei para a Maya. Se ela, que é uma criança, conseguiu perdoar, significa que também eu posso fazer o mesmo».

«Mostra-me, Senhor, os teus caminhos 
e ensina-me as tuas veredas».

Se quisermos confiar num guia seguro para o nosso caminho, recordemos que Jesus disse de si mesmo: «Eu sou o Caminho…» (Jo 14, 6). Na Jornada Mundial da Juventude de 1989, em Santiago de Compostela, Chiara Lubich, dirigindo-se aos jovens ali reunidos, encorajou-os com estas palavras:

«[…] Ao definir-se a si mesmo como “o Caminho”, Jesus quis dizer que devemos caminhar como Ele o fez […]. Pode dizer-se que o caminho percorrido por Jesus tem um nome: amor […]. O amor que Jesus viveu e nos trouxe é um amor especial e único […]. É o mesmo amor que arde em Deus […]. Mas amar a quem? Amar a Deus é, com certeza, o nosso primeiro dever. Depois, amar cada próximo […].

Da manhã à noite, cada relacionamento com os outros deve ser vivido com este amor. Em casa, na universidade, no trabalho, nos recintos desportivos, nas férias, na igreja, nas ruas, devemos aproveitar as várias ocasiões para amar os outros como a nós mesmos, vendo Jesus neles, sem deixar ninguém de lado, mas sendo os primeiros a amar cada um […]. Entrar, o mais profundamente possível, na alma do outro. Compreender realmente os seus problemas, as suas exigências, as suas dificuldades, bem como as suas alegrias, para poder compartilhar tudo com ele […]. De certa maneira, fazer-se o outro. Como Jesus que, sendo Deus, se fez, por amor, homem como nós. Assim, o próximo sentir-se-á compreendido e aliviado, porque tem quem o ajude a carregar os seus pesos, os seus sofrimentos. Alguém que partilha as suas pequenas felicidades.

“Viver o outro”, “viver os outros”: este é um grande ideal, um ideal supremo […].


Letizia Magri
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Movimento Focolares Portugal

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