quinta-feira, 5 de julho de 2018

Arcebispo da Austrália condenado a um ano de prisão por não denunciar abuso sexual infantil

Dom Philip Wilson / Crédito: Conferência Episcopal da Austrália

O Arcebispo de Adelaide (Austrália), Dom Philip Wilson, foi sentenciado na terça-feira, 3 de julho, a 12 meses de prisão, depois que em maio foi considerado culpado por não informar sobre as denúncias de abuso sexual infantil que recebeu na década de 1970.

É provável que o arcebispo cumpra sua sentença em regime domiciliar e conte com uma tornozeleira eletrônica, segundo informações da mídia. Um juiz deverá confirmar esse acordo em uma audiência no próximo dia 14 de agosto.

Até o momento, Dom Wilson, de 67 anos, não renunciou como Arcebispo de Adelaide.

O Papa Francisco nomeou em 3 de junho o Bispo de Port Pirie, Dom Greg O’Kelly, como Administrador Apostólico de Adelaide. Entretanto, não se espera que Dom O’Kelly, de 76 anos, suceda Dom Wilson, especialmente porque já superou a idade em que os prelados apresentam sua carta de renúncia ao Santo Padre.

Durante a audiência da sentença no dia 3 de julho, o juiz Robert Stone disse que Dom Wilson não havia mostrado “remorso ou arrependimento” antes da imposição da sentença.

Dom Wilson foi condenado por ocultar o abuso sexual infantil cometido por um pároco, companheiro seu, em Nova Gales do Sul na década de 1970. Naquela época, Wilson havia sido ordenado sacerdote apenas um ano antes.

As vítimas, Peter Creigh e outro coroinha cujo nome não foi divulgado por razões legais, contaram ter comunicado ao Pe. Wilson sobre os abusos sofridos por parte de Pe. James Fletcher.

Durante o julgamento, Creigh assegurou que narrou ao então Pe. Wilson detalhes que demonstravam o abuso sofrido em 1976, cinco anos depois do ocorrido. Entretanto, o hoje Arcebispo de Adelaide disse que a conversa nunca aconteceu.

“Não acho que eu teria esquecido”, assinalou em uma audiência judicial em 11 de abril.

A segunda vítima disse que contou ao então sacerdote sobre o abuso no confessionário em 1976, mas que este lhe deu uma penitência, assegurando que estava mentindo. Wilson disse que nunca diria a alguém no confessionário que não dizia a verdade e que não se lembrava de ter visto o rapaz em 1976.

Pe. Fletcher foi declarado culpado de novas acusações de abuso sexual e foi preso em 2006. Morreu vítima de um derrame cerebral naquele ano. Dom Wilson disse que não havia suspeitas anteriores sobre a integridade pessoal do pároco.

Dom Wilson também disse à corte que se tivesse sido notificado sobre o escândalo, teria oferecido atenção pastoral às vítimas e suas famílias e informado o fato aos seus superiores.

A equipe legal de Dom Wilson argumentou durante o julgamento que o abuso sexual infantil não era entendido na década de 1970 como um delito que requeria informar às autoridades.

O juiz Stone, porém, disse que proteger a Igreja Católica era o “motivo principal” de Dom Wilson para não informar sobre as acusações de abuso.

"Ordenação de mulheres não é solução para a Igreja", assegura autoridade vaticana


O Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Vida e a Família, Cardeal Kevin Farrell, assegurou que a ordenação sacerdotal das mulheres “não é a solução” para a Igreja Católica.

Em entrevista concedida à revista Intercom na Irlanda, recolhida em 3 de julho pelo jornal ‘The Irish Times’, o Cardeal norte-americano sublinhou que “a ordenação de mulheres realmente não é a solução para a Igreja porque, se só ordenam mulheres, elas seriam isoladas, se continuar o  sistema, se não mudar as estruturas”.

“Queremos transformá-las em clérigos? Não queremos isso. Elas devem ser pessoas do mundo que vivem no mundo”, assinalou.

O Cardeal também comentou que o Papa Francisco viu “que a Cúria Romana está sobrecarregada de clérigos e não deveria ser assim. As funções administrativas dentro da Igreja podem ser realizadas por qualquer pessoa. Não precisam ser necessariamente realizadas pelos sacerdotes, também podem ser leigos”.

Nesse sentido, explicou que o Santo Padre, “pela primeira vez na história da Igreja”, nomeou mulheres como consultoras da Congregação para a Doutrina da Fé, “a qual é considerada, querendo ou não, a ‘zona de poder’ do Vaticano”.

Suprema Corte mantém proibição de rezar em frente à clínica de aborto na Inglaterra


A Suprema Corte da Inglaterra confirmou a ordem do conselho municipal do distrito de Ealing, em Londres, que proíbe vigílias pró-vida no lado de fora da clínica de aborto Marie Stopes.

Em abril de 2018, o Conselho de Ealing implantou uma zona restritiva a 100 metros no entorno do centro Marie Stopes, depois que várias mulheres se queixaram de ser intimidadas pelos manifestantes. A Good Counsel Network, organização que realiza vigílias do lado de fora da clínica, negou ter cometido assédio.

Após a confirmação da Corte, vários ativistas pró-vida manifestaram tristeza porque se manterá a ordem de proteção do espaço público (PSPO) que penaliza  oração, a entrega de folhetos ou qualquer ato que expresse alguma opinião sobre o aborto do lado de fora de uma clínica Marie Stopes.

“A proibição servirá apenas para impedir que as mulheres recebam ajuda e informações sobre as alternativas do aborto. As mulheres mais vulneráveis, como as que não têm os benefícios estatais ou auxílio-moradia, são as que mais perdem”, lamentou em 2 de julho Clare McCullough, diretora de Good Counsel Network à BBC.

Por sua parte, Alina Dulgheriu, uma mãe que recebeu ajuda em uma vigília pró-vida, disse ao Catholic Herald que lhe “entristece” e “surpreende” que a Corte “tenha apoiado uma PSPO que impede que as pessoas boas ajudem as mães que a desejam desesperadamente”.

“Fiquei surpreendida de que a evidência recolhida pelo juiz, de que não se trata de um ato criminoso, possa ser utilizada para criminalizar todo um setor da sociedade que tem uma visão do mundo ‘fora de moda’”.

Também disse que a Corte descartou os direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão.

Vaticano apresenta documento sobre Virgens Consagradas com novas indicações


A Santa Sé apresentou a nova Instrução Ecclesiae Sponsae Imago, que a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica elaborou sobre as Virgens Consagradas, uma forma de vida que experimentou um grande crescimento nos últimos anos.

O Prefeito de tal Congregação, o Cardeal brasileiro João Braz de Aviz, explicou que se trata do primeiro documento da Sé Apostólica que aprofunda este tema, depois do rito litúrgico e das normas contidas no promulgado em 1970 pela vontade de Paulo VI.

O documento “é o resultado de uma ampla consulta, uma obra sinodal com a participação de bispos, virgens consagradas e especialistas de todo o mundo para destacar as especificidades e riquezas deste modo de vida consagrada”.

“Ecclesiae Sponsae Imago quer ajudar a descobrir a beleza desta vocação, e contribuir para mostrar a beleza do Senhor que transfigura a vida de tantas mulheres que diariamente a experimentam”, expressou o Cardeal na apresentação.

Bispos advertem sobre perigo de aplicar lei da transexualidade a menores


Diante das leis de transexualidade aprovadas na Espanha, os Bispos do Sul publicaram algumas “orientações a ter em consideração” para dar algumas indicações sobre como ajudar as pessoas com transexualidade, o que fazer quando um filho diz que quer “mudar de sexo” ou quando uma criança da catequese manifesta que “mudou de gênero” e que irá vestido do sexo oposto.

Estas indicações dos Bispos do Sul da Espanha, que incluem as Dioceses de Sevilha, Granada, Almeria, Sidonia-Jerez, Cádiz e Ceuta, Canárias, Cartagena, Córdoba, Guadix, Huelva, Jaén, Málaga e Tenerife, se unem à nota publicada em janeiro, “como cristãos e como responsáveis de nossas comunidades”, para ajudar os fiéis a refletir e “diante das muitas interrogações que surgem e da preocupação de que não se alcance a finalidade de buscar a igualdade e o respeito de todas as pessoas”.

As indicações explicam que a transexualidade é uma “síndrome que se manifesta com um permanente conflito entre o sexo corpóreo e o sexo psíquico”, o que produz “um grande sofrimento pelo profundo mal-estar que lhe causa seu próprio corpo e pela incompreensão familiar e social”.

Mas, advertem que não se deve confundir a transexualidade com os estados intersexuais, a homossexualidade, o travestismo e o pseudotransexualismo.

Recordam que “todas as pessoas, seja qual for sua orientação sexual, merecem respeito e é justo evitar discriminações” e apontam que “as pessoas transexuais foram criadas a imagem e semelhança de Deus” e que também “são chamadas em Jesus Cristo a uma vocação de santidade e amor e a realizar a vontade de Deus em suas vidas”.

Mostram ainda que “75% das crianças que manifestam um desejo trans, quando chegam à adolescência este desaparece”. Por isso, recomendam aos pais o pequeno seja examinado por “um bom psiquiatra e um bom psicólogo, para descartar o que podemos chamar de pseudotransexualidade”, isto é, fruto de uma tentativa de chamar a atenção.

Além disso, insistem que os pais são os responsáveis pelo consentimento de seus filhos menores e “têm direito a discordar a medicina ideologizada”.

Diante da eventual situação de que uma criança na catequese manifeste que mudou de gênero e que irá vestida do sexo oposto, os bispos incentivam a se reunir com os pais e informa-los “da verdade científica e médica sobre o tratamento da disforia de gênero”.

“É preciso deixar claro que é temerário e arriscado diagnosticar disforia de gênero antes da puberdade e começar a trata-la com procedimentos irreversíveis. Do mesmo modo, é impossível afirmar uma disforia de gênero que não tenha persistido pelo menos durante dois anos e nunca antes dos cinco anos”, sublinham.

Também recomendam falar com os outros pais da catequese para explicar a situação e “conscientizá-los de que estamos diante de uma pessoa que sofre e precisa de nosso apoio. Pedir-lhes que expliquem isso aos seus filhos e busquem a melhor integração e respeito possível para as pessoas que têm disforia de gênero”.

Reflexão do Papa Francisco sobre o Sacramento da Crisma (1)


CATEQUESE DO PAPA FRANCISCO
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 23 de maio de 2018

Queridos irmãos e irmãs, bom dia! 

Depois das catequeses sobre Batismo, estes dias que seguem a solenidade de Pentecostes nos convidam a refletir sobre o testemunho que o Espírito Santo suscita nos batizados, colocando em movimento suas vidas, abrindo-a ao bem dos outros. Aos seus discípulos, Jesus confiou uma missão grande: “Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo” (cfr Mt 5, 13-16). Estas são imagens que fazem pensar no nosso comportamento, porque seja a carência seja o excesso de sal tornam desgostoso o alimento, assim como a falta e o excesso de luz impedem de ver. Quem pode realmente tornar-nos sal que dá sabor e preserva da corrupção, e luz que ilumina o mundo, é somente o Espírito de Cristo! E este é o dom que recebemos no sacramento da Confirmação ou Crisma, sobre o qual desejo me concentrar a refletir com vocês. Chama-se “Confirmação” porque confirma o Batismo e reforça a sua graça (cfr Catecismo da Igreja Católica, 1289); como também “Crisma”, pelo fato de que recebemos o Espírito através da unção com o “crisma” – óleo misto com perfume consagrado pelo bispo – termo que nos leva a “Cristo”, o Ungido pelo Espírito Santo.  

Renascer à vida divina no Batismo é o primeiro passo; é preciso então comportar-se como filho de Deus, ou seja, conformar-se ao Cristo que age na santa Igreja, deixando-se envolver na sua missão no mundo. A isso provê a unção do Espírito Santo: “sem a sua força, nada está no homem” (cfr Sequência de Pentecostes). Sem a força do Espírito Santo, não podemos fazer nada: é o Espírito que nos dá a força para seguir adiante. Como toda a vida de Jesus foi animada pelo Espírito, assim também a vida da Igreja e de cada um dos seus membros está sob a guia do mesmo Espírito. 

Concebido pela Virgem por obra do Espírito Santo, Jesus começa a sua missão depois que, saindo da água do Jordão, é consagrado pelo Espírito que desce e permanece sobre Ele (cfr Mc 1, 10; Jo 1, 32). Ele o declara explicitamente na sinagoga de Nazaré: é belo como Jesus se apresenta, qual é a carteira de identidade de Jesus na sinagoga de Nazaré! Ouçamos como o faz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres” (Lc 4, 18). Jesus se apresenta na sinagoga do seu vilarejo como o Ungido, Aquele que foi ungido pelo Espírito. 

Jesus é pleno do Espírito Santo e é a fonte do Espírito prometido pelo Pai (cfr Jo 15, 26; Lc 24, 49; At 1, 8; 2, 33). Na realidade, na noite de Páscoa, o Ressuscitado sopra sobre os discípulos dizendo a eles: “Recebam o Espírito Santo” (Jo 20, 22); e no dia de Pentecostes a força do Espírito desce sobre os Apóstolos de forma extraordinária (cfr At 2, 1-4), como nós conhecemos. 

O “Respiro” do Cristo Ressuscitado enche de vida os pulmões da Igreja; e de fato as bocas dos discípulos, “cheios do Espírito Santo”, se abrem para proclamar a todos as grandes obras de Deus (cfr At 2, 1-11). 

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Reflexão do Papa Francisco sobre o Sacramento do Batismo


CATEQUESE DO PAPA FRANCISCO
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-Feira, 16 de maio de 2018

Queridos irmãos e irmãs, bom dia! 

Hoje concluímos o ciclo de catequeses sobre Batismo. Os efeitos espirituais deste sacramento, invisíveis aos olhos mas operativos no coração de quem se tornou uma nova criatura, são explicitados pela entrega da veste branca e da vela acesa. 

Depois de ser batizado na água de regeneração, capaz de recriar o homem segundo Deus na verdadeira santidade (cfr Ef 4, 24), parece natural, desde os primeiros séculos, revestir os neo-batizados de uma veste nova, cândida, à semelhança do esplendor da vida alcançada em Cristo e no Espírito Santo. A veste branca, enquanto exprime simbolicamente o que aconteceu no sacramento, anuncia a condição dos transfigurados na glória divina.

O que significa revestir-se de Cristo, recorda-o São Paulo explicando quais sãos as virtudes que os batizados devem cultivar: “Escolhidos por Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimentos de ternura, de bondade, de humildade, de mansidão, de magnanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros. Mas sobre todas essas coisas revesti-vos da caridade, que os une de modo perfeito” (Col 3, 12-14). 

Também a entrega ritual da chama tirada do círio pascal lembra o efeito do Batismo: “Recebam a luz de Cristo”, diz o sacerdote. Estas palavras recordam que não somos nós a luz, mas a luz é Jesus Cristo (Jo 1, 9; 12, 46), que, ressuscitado dos mortos, venceu as trevas do mal. Nós somos chamados a receber o seu esplendor! Como a chama do círio pascal dá luz a cada vela, assim a caridade do Senhor Ressuscitado inflama os corações dos batizados, enchendo-os de luz e calor. E por isso, desde os primeiros séculos, o Batismo se chamava também “iluminação” e aquele que era batizado era dito “o iluminado”. 

Esta é de fato a vocação cristã: caminhar sempre como filhos da luz, perseverando na fé” (cfr Rito da iniciação cristã dos adultos, n. 226; Jo 12, 36). Se se trata de crianças,  é tarefa dos pais, junto aos padrinhos e madrinhas, cuidar de alimentar a chama da graça batismal nos seus pequeninos, ajudando-os a perseverar na fé (cfr Rito do Batismo das Crianças, n. 73). “A educação cristã é um direito das crianças; essa tende a guiá-las gradualmente a conhecer o desígnio de Deus em Cristo: assim poderão ratificar pessoalmente a fé na qual foram batizados” (ibid., Introdução, 3). 

terça-feira, 3 de julho de 2018

Homossexual segundo o mundo e segundo Cristo


Recentemente apareceram na internet textos escritos por religiosos católicos com ideias sobre a homossexualidade que em quase nada condizem com a fé e a moral da Igreja de Cristo. É assim mesmo: os tempos atuais são muito difíceis e, por vezes, quem deveria defender e ilustrar a fé da Igreja deforma e escandaliza o Povo cristão...

Gostaria de propor algumas reflexões – e peço que você, meu caro Amigo, procure ponderar bem o que estou dizendo:

1. As pessoas homossexuais devem respeitadas e nunca estigmatizadas por suas tendências sexuais. Hoje sabe-se de psicologia e sexualidade humana o que não se sabia no passado... Consequentemente, o modo de avaliar determinados comportamentos deve levar em conta estes novos conhecimentos. Assim, a violência contra homossexuais – sejam elas físicas ou morais – é um crime diante da lei brasileira e, diante de Deus, um pecado.

2. Também é correto desejar que cada pessoa tenha o direito de viver sua vida de acordo com seus valores e sua consciência, desde que respeitando o bem comum e as normas da boa convivência social. No entanto, não é aceitável que minorias homossexuais oranizadas queiram impor a toda a sociedade seus valores e seu modo de pensar, destruindo o sentido genuíno do que seja família e do que seja casamento...

3. O sincero respeito que se deve ter pelos homossexuais não deve e não pode significar que todos tenham a obrigação de fazer uma avaliação positiva da homossexualidade e, mais ainda, da prática homossexual. Respeitar a pessoa, suas tendências, suas opções, sim. A avaliação de suas ações e modo de viver, depende dos critérios que alguém tome como norte e sentido da existência humana... Para um ateu, o critério é ele próprio; para um crente, o critério do certo e do errado é o próprio Deus: ao que Deus chama errado, o crente somente poderá chamar de errado também!

4. Pensemos num cristão homossexual. Para um mundo pagão como o nosso, para pessoas que não têm como critério o Evangelho, ser homossexual e viver a homossexualidade não são problema algum; como não o é a infidelidade conjugal, como não o são as relações pré-matrimoniais e outras realidades mais... Mas, para alguém que creia em Cristo e deseje viver segundo a fé cristã, o ser homossexual traz sim dificuldades, conflitos e dores. E isto porque o critério da vida de um cristão não é a moda, não é a mentalidade dominante, não é a própria pessoa, mas a norma do Evangelho, expressa na fé da Igreja. Ora, deixar-se a si mesmo para abraçar na própria vida e com a própria vida a norma de vida de um Outro – Daquele que disse: “Quem quiser ser Meu discípulo, renuncie-se a si mesmo e siga-Me!” – não é e não será nunca uma tarefa fácil.

5. Um homossexual cristão deve sim procurar corajosamente aceitar sua realidade homossexual, mas não para viver do seu jeito e sim do jeito de Cristo! E qual é o jeito de Cristo? Qual a sua norma para a sexualidade humana? Certamente que tal norma é aquela da vida sexual como expressão do amor e da entrega a outra pessoa, numa tal comunhão que, selada pelo sacramento do matrimônio, seja até à morte e aberta de modo fecundo aos filhos que Deus der. Para Deus – sejamos claros – a norma é a heterossexualidade e não a homossexualidade! Para um cristão homossexual certamente isto provoca uma séria crise! (Todos nós temos nossas crises... É verdade, no entanto, que a crise no tocante à sexualidade é muito mais séria e estrutural!) E é preciso que se diga: para um cristão com tendência homoafetiva, a homossexualidade tem a marca da cruz – é sim uma cruz! Mas, o nosso Salvador Jesus disse: “Toma a tua cruz e segue-Me!” Em outras palavras: “Segue-Me com tua homossexualidade! Segue-Me com as crises e dificuldades nas quais ela te coloca!”

Um homossexual que deseje viver seriamente sua fé cristã deve saber que é amado pelo Senhor, que não é rejeitado pela Igreja, mas que deve – como também os heterossexuais – colocar sua sexualidade debaixo do senhorio de Cristo: deve lutar para ser casto, para ser reto, para fugir de toda leviandade e imoralidade; deve claramente reconhecer que os atos homossexuais não são moralmente corretos como a relação heterossexual no casamento... Por isso é muito importante que um homossexual cristão procure a ajuda de um sacerdote ou de um cristão maduro, ponderado, fiel a Cristo e à Igreja que possa ajudá-lo no seu caminho. Quem não precisa da ajuda dos outros no caminho de Cristo? Não é isto a Igreja? Não é isto que nos manda a fé cristã: ter uma orientação espiritual com alguém que saiba curar as próprias feridas e as dos outros? E se houver quedas no caminho desse irmão homossexual? E se as amizades descambarem para atos homossexuais? É não desanimar: como qualquer cristão, trata-se de olhar para o Cristo, pedir perdão no sacramento da Penitência e recomeçar o caminho, procurando vencer o pecado! E se um homossexual cristão, mesmo reconhecendo que os atos homossexuais não são moralmente agradáveis a Deus, não conseguir ser casto, e procurar viver com outra pessoa do mesmo sexo, inclusive tendo uma vida sexualmente ativa? Nem assim deve pensar que já não é cristão! Deve reconhecer claramente que sua situação não é o ideal diante de Deus. No entanto, deve viver uma vida o quanto possível digna diante do Senhor e dos homens. Não deve deixar a oração nem a frequência da Santa Missa e deve dizer sempre – todos nós devemos dizer sempre com o coração, o afeto, a alma e também com as lágrimas: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador!”