Pessoas leais a Ortega, que o ajudaram a liderar a revolta sandinista há décadas, dizem que o país progrediu sob o seu governo. Opositores argumentam que Ortega se tornou ele mesmo um ditador que deve renunciar ao controle político depois de consolidar quase todo o poder nas mãos de sua família. Sua esposa, Rosario Murillo, por exemplo, ocupa a vice-presidência do país.
Multidões se reuniram numa praça pública perto do Lago de Manágua para ouvir Ortega e outros falarem durante um comício que comemorava a queda da ditadura de Somoza.
"Tem sido uma batalha dolorosa", disse Ortega. "Dolorosa porque podemos ter confrontado uma conspiração armada e financiada por forças internas que todos nós conhecemos e forças externas que podemos identificar."
A Associação Nicaraguense pró-Direitos Humanos da Nicarágua registrou 351 mortes relacionadas aos protestos entre 19 de abril e 10 de julho, enquanto o governo coloca o número de mortos pouco acima de 200. A grande maioria das mortes foi de civis, disse o grupo. Na quinta-feira, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos disse que contabilizou 277 mortes.
Enquanto elogiava seu próprio governo pela paciência e moderação, Ortega criticou a hierarquia Católica do país. Ele originalmente pediu aos líderes da Igreja que mediassem a crise, mas na quinta-feira disse que as suas ações lhes tinham desqualificado como mediadores. Ortega disse que os bispos lhe tinham dado um ultimato para convocar eleições antecipadas. Também alegou que as igrejas têm sido usadas para armazenar armas e planejar ataques.
"Eu pensei que eram mediadores, mas não, estão comprometidos com golpistas”, disse Ortega.
O bispo auxiliar Silvio Baez disse via Twitter que a calúnia não faz mal a Igreja. “A Igreja não sofre por ser caluniada, agredida e perseguida. Sofre por quem foi assassinado, pelas famílias que choraram, pelos detidos injustamente e pelos que fogem da repressão.”