quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Aborto: O novo massacre dos inocentes


“Um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: ‘levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar’. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito… Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem.” (Mt 2,13-18)

Matar filhos: uma decisão?

Quantos homens e mulheres são obrigados a curvar a cabeça quando ouvem a velha história dos Santos Inocentes? Às mães de Belém, os meninos foram-lhes arrancados dos braços. Algumas morreram porque a espada as atingiu primeiro. Outras morreram porque uma mãe tem facilmente o coração partido quando vê morrer o seu filho. Mas que fazem inúmeros casais de hoje? Eles seguem o caminho do aborto e matam o que já começou a viver no seio materno.

Fazem-no para manter a figura? Será porque não querem, como um navio altaneiro com sua carga preciosa, aparecer entre os homens em estado interessante? Fazem-no porque querem permanecer “senhoras do seu próprio ventre” e por isto matam a criança indefesa que Deus lhes confiara? Fazem-no porque o marido, não consciente da sua responsabilidade, deseja-a como amante mas nada lhe importa a maternidade dela? Fazem-no porque se não querem privar do luxo da classe privilegiada, embora 90% da humanidade seja desprovida de muito mais que esse luxo? Fazem-no por medo das dores, da preocupação, da responsabilidade? Ou fazem-no por já não acreditarem na Providência divina?

“Não há necessidade de um Herodes para ser assassino de inocentes”

Ei-las, pois: árvores estéreis, que devem ser cortadas (Mt 7,19). Flores sem semente, seres humanos sem objetivo, almas cheias de vergonha. E quando vierem os dias em que a mãozinha de uma criança as poderia ainda consolar, quando o olhar de uma criança poderia fazer com que tudo tivesse valido a pena, então só poderão chorar por causa dos pequeninos a que recusaram ou tiraram a vida…

O nome de Herodes é maldito até hoje. Mas em nossa época não há necessidade de um Herodes para ser assassino de inocentes. Hoje, pode-se encontrar médicos que fazem esses massacres por um punhado de moedas. Muitas cidades têm clínicas de assassinato; marcadas pelo sangue inocente destes bebês, cujas vidas lhes foram negadas porque seus pais se sentiram ameaçados em seus solitários tronos de egoísmo; tal como Herodes também se sentiu ameaçado em seu trono de Tetrarca da Galiléia. Herodes vive ainda nos milhares de infanticidas, cujos nomes, como o dele, serão malditos por toda a eternidade.

Mas não se ouve nenhuma voz em Ramá, não há choro nem lamentações; Raquel não chora mais por seus filhos; os corpos desmembrados dos abortados são rapidamente queimados porque há mais prazeres a serem gozados amanhã. Mas o sangue destes pequeninos clama aos céus e seus lamentos são ouvidos diante do Deus da Justiça.

“Deus é amigo destes pequeninos”

Deus é amigo destes pequeninos. A emoção que sentimos ao ver nos olhos deles um reflexo fugidio do paraíso perdido pelo homem, não é senão um pálido eco do que Deus sente ao ver a pureza do seu próprio ser refletida nestas almas inocentes. Elas são frescas como a primavera em flor e puras como o orvalho da manhã. Ele se deleita nelas.

Eis porque Ele não quer que se impeça que venham a ele os pequenos a quem pertence o Reino dos Céus. E a maior expressão de ternura que se viu em Nosso Senhor foi no episódio daquela criança desconhecida que Ele “tomou em seus braços” (Mc 9,36). Ele a amou tão imensamente que até chegou a se identificar com ela na surpreendente assertiva: “quem quer que receba uma criança como esta em meu nome, recebe a mim”.

Assim, Ele nos pede para termos com as crianças o mesmo respeito, cuidado e amor que temos para com Ele próprio. Ele deseja protegê-las de todo mal como seu tesouro inalienável; ser a garantia pessoal delas de que nenhum mal lhes irá suceder. Prevendo o que pervertidos e assassinos sem escrúpulos iriam fazer contra seus protegidos, ele lançou ao mundo estas palavras terríveis: “Se alguém escandalizar a um destes pequeninos, seria preferível para ele de ter uma pedra de moinho presa ao pescoço e ser deglutido pelas profundezas do oceano”.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Pode um católico ser um socialista?


O ponto principal da  Rerum Novarum era a preocupação do Santo Padre pelos pobres. Ele adverte os ricos e castiga aqueles que exploram trabalhadores. Ele defende o direito dos trabalhadores de formar sindicatos e pede que os empregadores não explorem seus trabalhadores, mas cuidem deles – não apenas pagando-lhes salários adequados e estabelecendo condições de trabalho humanitárias, mas também se preocupando com sua saúde e bem-estar. Ele diz que somos o guardião do nosso irmão.

Pode um católico, em boa consciência, apoiar a ideia de um sistema de seguro de saúde organizado pelo governo? Nós não poderíamos apoiar um sistema de saúde monolítico em que todos os hospitais e consultórios médicos, etc., fossem nacionalizados à força. Isso violaria o princípio do direito à propriedade privada. No entanto, aceitamos a “propriedade governamental” de escritórios administrativos, museus, parques nacionais, estabelecimentos militares e de defesa, instalações policiais e judiciais, quartéis de bombeiros, serviços de emergência, escolas e faculdades estaduais. Portanto, eu não veria nenhum problema se uma autoridade local desejasse financiar e construir uma clínica de saúde ou hospital. Também não vejo qualquer problema intrínseco com uma autoridade governamental estabelecendo um programa de seguro de saúde obrigatório. Tal programa não é socialista.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Arcebispo de Goiânia publica alerta sobre programas de TV usados para semear contravalores, confusão e mentiras



Caros irmãos, caras irmãs, a vida em uma sociedade se constrói tendo como base a sua cultura, pois cada cultura possui um quadro de valores, passados de geração em geração, que formam as pessoas, suas convicções, seu modo de agir e de se relacionar. Os valores de uma determinada cultura se perpetuam de geração em geração,principalmente por meio da autoridade da família, da escola e da Igreja. Essa constatação não deve, porém, nos fazer esquecer que, desde que foi inventada, na década de 1930, a televisão vem se tornando não só um potente meio de comunicação, mas também um eficaz instrumento para influenciar a formação da cultura pois, por meio de seus programas, também propõe valores ou contravalores, que influenciam o modo de viver das pessoas.

Quando, por meio desse canal formativo, são transmitidos bons conteúdos,como às vezes acontece, as pessoas são edificadas e a sociedade se constrói positivamente. Entretanto, esse meio de formação pode se tornar um instrumento eficaz de ideologização e convencimento que termina porproduzir um processo de destruição das pessoas e da sociedade. Nos últimos tempos, dois programas da televisão brasileira foram usados para semear confusão e mentira, acabando por ferir a sensibilidade de muitos brasileiros.

O primeiro deles é a série Malhação, da Rede Globo de Televisão. Em um de seus capítulos, dois jovens aparecem ensinando como “não pagar mico quando o assunto é gênero e sexualidade”. Jogando com as palavras “sexo biológico, identidade de gênero, expressão de gênero e orientação sexual” e explicando-as segundo a compreensão da falsária Ideologia de Gênero, os artistas defendem a liberdade sexual e a diversidade, sem qualquer vínculo com a verdade sobre a pessoa, que está expressa no e pelo corpo. Essas ideias acabam por promover o liberalismo das experiências sexuais, sem qualquer vínculo com uma ordem moral, ou seja, terminam defendendo que, em nome da liberdade, no campo da sexualidade tudo é possível.

Infelizmente, os contravalores transmitidos por esse e outros programas televisivos estão atrelados a outros tantos males devastadores, defendidos pela Ideologia de Gênero em todos os seus matizes e propostas. Um deles é a legalização do aborto, que voltou à cena principal em virtude da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442 (ADPF 442) ajuizada junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Em nome da liberdade, defendem tratar o problema em questão sem considerar que estão em jogo duas vidas a serem protegidas, a da mulher gestante e a do bebê, propondo que se escolha tirar a vida inocente e indefesa do nascituro.

Ícone sobre o aborto


Comecemos por sua parte acima, cujas cores de fundo são mais claras (em contraste bastante evidente com a parte direita, com cores escuras representando as trevas, o mal e a morte).

  (Jesus Cristo protegendo a família cristã)

Jesus Cristo, vencedor da morte, surge protegendo e abençoando, abaixo dele, uma família cristã (é de se notar os trajes modernos que vestem). Família, aliás, numerosa (pai, mãe e seis filhos).

(Figura tradicional da família cristã)

O pai carrega um dos filhos (como São José, que carrega o Menino Deus, tradicional imagem da iconografia cristã) e traz o alimento da família na mão esquerda. A mãe embala o filho ainda bebê e alimenta uma outra criança. São figuras tradicionais do pai e da mãe cristãos, essencial para o desenvolvimento dos filhos.

(Mãe de Deus Galaktotrophousa amamentando)

Acima da família cristã, surge a Sagrada Família de Nazaré. Maria carrega, em seu colo, o Senhor Deus, nascido de seu puríssimo ventre. São José, por sua vez, carrega uma criança envolta em panos brancos, símbolo, na iconografia tradicional, da alma das crianças inocentes assassinadas.

(A arrependida -  mãe que, tendo cometido o monstruoso crime do aborto,
chora o filho que ela mesma matou)

Abaixo da família cristã, numa imagem bastante contundente, temos a «Arrependida», isto é, a mãe que, tendo cometido o monstruoso crime do aborto, chora, agora, o filho que ela própria matou. Veste-se de vermelho, o que representa o sangue inocente por ela derramado.

(A mãe solteira -  a que se manteve firme diante da tentação de abortar e, agora, carrega - não sem o auxílio de Deus - a Cruz de ser mãe sem a ajuda e o suporte de um esposo)

Na parte esquerda inferior, há a figura da mãe solteira. De um lado, ela pecou e consentiu em relações pré-nupciais (talvez, seja por isto que parte de sua vestimenta é vermelha, cor da luxúria), mas, por outro lado, manteve-se firme frente à tentação de abortar e, agora, carrega (não sem o auxílio de Deus) a Cruz de ser mãe sem a ajuda e o suporte de um esposo. Cruz esta que, se bem vivida, será sua porta de entrada para o céu depois que findar sua peregrinação terrestre.

Passemos agora às trevas.

domingo, 12 de agosto de 2018

“É o meu corpo”: como o aborto é contrário a Eucaristia.


"O aborto é uma paródia demoníaca do Anticristo da Eucaristia. 
É por isso que ele usa as mesmas palavras sagradas, ‘Isto é o meu corpo“, 
com o significado oposto, blasfemando.” – Peter Kreeft.

Milhões de crianças são abortadas todos os anos, e muitas pessoas, entre elas políticos, continuam apoiando a prática. Pessoas na sociedade dizem “este é o meu corpo”, sendo assim, não poderiam fazer com ele o querem?

Mas nossos políticos e seus seguidores alguma vez pararam para refletir sobre o grande valor do corpo? A Sagrada Escritura nos diz isto: “Ou ainda não entendeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não pertenceis a vós mesmos? Pois fostes comprados por alto preço; portanto, glorificai a Deus no vosso próprio corpo!” 

‘Declaramos’, dizem eles, ‘que seria injusto uma mulher ter que passar nove meses de estresse físico e emocional por causa de uma criança que ela não quer ter’.

Teria sido mais fácil para Jesus dizer “por que tenho que ser golpeado e açoitado e passar por tanta dor física salvar seu povo, Pai? Não podia só morrer por alguma causa natural e logo ressuscitar depois de três dias?” Afinal de contas, era seu corpo.

Mas isso não foi o que Jesus fez. Ele entregou completamente seu Corpo por nós.

sábado, 11 de agosto de 2018

O que é o Hades?


Em um artigo na internet sobre o “seio de Abraão”, referente ao relato do Rico e Lázaro, narrada em Lucas 16,19-31, foi adicionada uma pergunta:

“O que é para si o HADES?”

– A Bíblia fala de Hades (o lugar dos mortos) e Geena (o lugar do suplício eterno), e isso fica evidente em Apocalipse 20.13-15, onde os mortos estão no inferno (Hades) e após o julgamento, todos serão lançados no Geena (suplício eterno).

A pergunta agora é… No inferno, então, os mortos não estão sofrendo?

Sim, todos igualmente, porém, no suplício eterno (Geena), cada um terá um castigo em maior ou menor grau (porém, não menos que no Inferno), de acordo com as más obras praticadas e encontradas no Livro das Obras.

Todos os mortos salvos antes da morte de Cristo, estavam no Hades (lugar dos mortos), sendo que entre os justos (representado por Lázaro) e os ímpios (pelo rico), havia um abismo (separação), no qual de um lado alegria e paz, do outro, tristeza e tormento.

Com a morte de Cristo, ele muda o lugar dos mortos salvos para o Paraíso (“levou cativo o cativeiro”) e torna-se o primogênito dos mortos (ou seja, o primeiro a ressuscitar dos mortos, prefigurando a ressurreição dos últimos dias (antes do Arrebatamento).

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Vitória pró-vida: Argentina diz não ao aborto


A Argentina está salva. A loucura do aborto foi rejeitada pelo Senado numa sessão que durou aproximadamente 15 horas, terminando por volta das 2h da madrugada desta quinta-feira (09/08). Dessa vez, a previsão dos votos, feita com base naquilo que os senadores anunciaram em seus discursos, se confirmou. Foram 38 votos pela defesa da vida dos bebês em gestação e 31 votos de pura insensatez, pedindo a legalização do assassinato de inocentes no ventre materno. Houve ainda duas abstenções e uma ausência.

Depois de uma derrota traumática na Câmara dos Deputados, marcada pela vil traição do governo Macri, a força das lideranças pró-vida não se deixou abater. Foi dada continuidade à mobilização de multidões cada vez mais numerosas, envolveu-se quem estava só assistindo e articulou-se com maestria o apoio dos senadores. Foi uma virada sofrida e ganha com louvor.

Cardeal Sarah: "Um mundo sem Deus é um mundo de trevas, de mentiras, e de egoísmo".


Queridos peregrinos de Chartres, “A luz veio ao mundo,” diz-nos hoje o evangelho, “e os homens preferiram as trevas.”

E vocês, queridos peregrinos, acolheram a única luz que não engana? Acolheram a luz de Deus? Vocês caminharam durante três dias. Rezaram, cantaram, sofreram debaixo do sol e da chuva… Acolheram a luz em vossos corações? Renunciaram realmente às trevas? Escolheram seguir o Caminho, seguindo Jesus que é a luz do mundo?

Queridos amigos, permitam-me fazer essa pergunta radical, porque se Deus não é a nossa luz, tudo o resto se torna inútil. Sem Deus tudo é escuridão. Deus veio até nós, e se fez homem. Revelou-nos a única verdade que salva, foi morto para nos resgatar do pecado, e no Pentecostes, deu-nos o Espírito Santo e ofereceu-nos a luz da fé… mas nós preferimos as trevas!

Olhemos ao nosso redor! A sociedade ocidental decidiu organizar-se sem Deus. Ela está agora entregue às luzes cintilantes e enganadoras da sociedade do consumismo, do lucro a qualquer preço, do individualismo sem medida. Um mundo sem Deus é um mundo de trevas, de mentiras, e de egoísmo.

Sem a luz de Deus a sociedade ocidental tornou-se como um barco sem rumo na noite! Ela já não tem amor para receber os filhos, para os proteger desde o seio materno, para os preservar da agressão da pornografia. Privada da luz de Deus, a sociedade ocidental já não sabe respeitar os seus idosos, nem acompanhar no caminho da morte os seus doentes, nem dar lugar aos mais pobres e aos mais fracos. Ela foi entregue às trevas do medo, da tristeza e do isolamento. Não tem mais do que um vazio e um nada para oferecer. Deixa proliferar as ideologias mais loucas.

Uma sociedade ocidental sem Deus pode tornar-se o berço de um terrorismo ético e moral mais viral e mais destrutivo do que o terrorismo dos islâmicos. Lembrem-se que Jesus nos disse: “Não temais aqueles que matam o corpo e não podem matar a alma, antes temei Aquele que pode fazer perecer a alma e o corpo no inferno.” (Mt 10, 28)

Queridos amigos, perdoem-me esta descrição, mas é preciso ser claro e realista. Se eu vos falo assim, é porque no meu coração de padre, de pastor, eu sinto muito por tantas almas perdidas, tristes, inquietas e sozinhas! Quem as conduzirá à luz? Quem lhes mostrará o caminho da verdade, o verdadeiro caminho da liberdade que é o caminho da Cruz? Vamos deixá-las entregar-se ao erro, ao niilismo sem esperança ou ao islamismo agressivo sem fazer nada?

Nós devemos gritar ao mundo que a nossa esperança tem um nome: Jesus Cristo, o único Salvador do mundo e da humanidade! Queridos peregrinos da França, vejam esta catedral! Os vossos antepassados construíram-na para proclamar a sua fé! Tudo, desde a sua arquitetura, a sua escultura, os seus vitrais, proclama a alegria de ser salvo e amado por Deus. Os vossos antepassados não eram perfeitos, eles não estavam livres de pecado. Mas eles queriam deixar a luz da fé iluminar as suas trevas!

Hoje também vós, povo da França, acordai! Escolham a luz! Renunciem às trevas! Como?

O evangelho responde: “Aquele que agir segundo a verdade vem para a luz”. Deixemos a luz do Espírito Santo iluminar as nossas vidas concretamente, simplesmente, e até às regiões mais íntimas de nosso ser profundo. Agir segundo a verdade é em primeiro lugar colocar Deus no centro da nossa vida, como a Cruz é o centro desta catedral.

Meus irmãos, escolhamos voltarmo-nos para Ele todos os dias! Agora, assumimos o compromisso de reservar todos os dias alguns minutos de silêncio para nos voltarmos a Deus, para lhe dizer: “Senhor reina em mim! Eu Te entrego a minha vida!”

Queridos peregrinos, sem silêncio não há luz. As trevas alimentam-se do barulho incessante do mundo, que impede-nos de nos voltarmos para Deus. Tomemos como exemplo a liturgia de hoje. Ela leva à adoração, ao temor filial e amoroso perante a grandeza de Deus. Ela culmina na consagração, onde todos juntos, voltados para o altar, o olhar fixo na Eucaristia, na cruz, comunicamos em silêncio, no recolhimento e na adoração. Queridos irmãos, amemos essas celebrações litúrgicas que nos fazem saborear a presença silenciosa e transcendente de Deus e nos fazem voltar para o Senhor.

Queridos irmãos padres, eu quero dirigir-me especialmente a vós. O Santo Sacrifício da Missa é o lugar onde vocês encontrarão a luz para o vosso ministério. O mundo em que vivemos pede a nossa atenção sem cessar. Nós estamos constantemente em movimento, sem nos preocuparmos de parar para tomar o tempo de procurar um lugar deserto e descansar um pouco, na solidão e no silêncio, na companhia do Senhor. Grande seria o perigo de nos encontramos somente como “trabalhadores sociais”. Então, nós não daríamos mais a luz de Deus mas a nossa própria luz, que não é aquela que os Homens esperam. Aquilo que o mundo espera dos padres é Deus e a Luz da sua Palavra proclamada sem ambiguidade nem falsificação.

Saibamos voltar-nos para Deus numa celebração litúrgica recolhida, cheia de respeito, de silêncio e marcada pela sacralidade. Não inventemos nada na liturgia, recebamos tudo de Deus e da Igreja. Não procuremos nela o espectáculo ou o sucesso. A liturgia ensina-nos: Ser sacerdote não é, em primeiro lugar, fazer muito, mas sim estar com o Senhor na cruz!

A liturgia é o lugar onde o homem encontra Deus cara a cara. A liturgia é o momento mais sublime onde Deus nos ensina a “reproduzir em nós a imagem do seu filho Jesus Cristo para que ele seja o primogénito de uma multidão de irmãos” (Rm 8, 29). Ela não é nem deve ser uma ocasião de ruptura, de luta ou de disputa.