terça-feira, 18 de setembro de 2018

Relato de quem conviveu com o Socialismo desde a Ditadura Militar


Sou a segunda filha do casamento do meu padrasto com a minha mãe. Meu padrasto é socialista. Meu pai é maçom. Isto nunca foi um problema para o meu padrasto porque monogamia é um destes valores burgueses que ele despreza.

Nos primeiros anos da década de 1960, meu padrasto participava da política estudantil. Nesta época os socialistas optaram pela luta armada ao invés da guerra cultural. Ele era contra a luta armada, pois acreditava não haver nenhuma chance de vitória, mas a discordância era inaceitável dentro da revolução. Então algum revolucionário deixou para ele um livro proibido, de título O Deus Nu, com uma dedicatória datada de 1962. A pessoa que possuía este livro estava marcada para morrer. Assim, além de inibir a magia do livro, ele tinha de manter sua posse em segredo.

Meu padrasto, o Otto e o Brants costumavam pescar. Cada um levava sua família. Era um “ponto”*. Vinha um homem conversar com eles, afastado das esposas e das crianças.

O Otto trabalhava na Chocolates Salware, e costumava trazer salgadinhos. Lembro de quando ele trouxe um biscoitinho coberto de chocolate e salpicado com sal grosso. Misturar doce e salgado em um mesmo alimento é nada auspicioso, e uma prática nazista.

Certa noite, todos estavam preocupados com o meu padrasto, pois ele estava encrencado por ter faltado ao ponto*. Minha mãe mantinha estas questões longe das filhas, mas eu era uma pequena espiã, e chamei meu pai para ajudar. Meu pai fez magia para que os socialistas não o alcançassem, e meu padrasto deixou de ser morto.

Tinha um tio simpatizante do nazismo, que era capaz de recitar Nietzche e tinha uma suástica tatuada no braço, sempre encoberta pelo paletó. Normalmente, as crianças eram retiradas da sala quando ele estava. Sua filha era hyppie. Ela costumava me levar até a comunidade, pois passear comigo era a desculpa para sair de casa, e como a psicóloga tinha pedido para confiarem nela, ninguém se opunha. Assim eu conheci o maior segredo dos hyppies: suas longas cabeleiras eram perucas. A comunidade tinha um quadro com a face de Jesus Cristo na sala de estar. Isto me fazia pensar que eram pessoas boas mas, é claro, eu estava enganada. O quadro estava lá para que eles pecassem diante da face de Cristo. As comunidades hyppies praticavam magia negra. Sempre havia um líder que era o guia espiritual do grupo. O motivo das roupas floridas era fazer as pessoas verem o paraíso na terra. Minha prima nunca conseguiu ser aceita na comunidade, porque se recusou a romper com a família.

Minha mãe, minhas irmãs e eu vamos a uma loja de calçados e uma mulher sempre se aproxima de forma inconveniente, e pergunta se está incomodando. Esta mulher coloca uma escuta em meu casaco. Eram os militares investigando o Otto.

O Brants acreditava que eu atraía maçons, e temia ser preso por minha causa. Naquela época os militares e a maçonaria combatiam o comunismo juntos. O Brants se reúne com o Otto e meu padrasto, e propõe que eu seja morta. Meu padrasto discorda, e o Otto também, dizem que é um absurdo matar uma criança. Eu estou escondida, ouvindo a conversa por uma porta entreaberta e, depois, pego as bonecas e reproduzo todo o diálogo. Acredito que esta brincadeira foi gravada pelo SNI, pois eu estava usando o casaco da escuta.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

8 mentiras sobre Deus que os católicos devem conhecer e rebater


Tendo em conta a complexidade da teologia católica sobre a natureza de Deus, a seguinte lista, baseada nas Sagradas Escrituras e no Magistério da Igreja, responde a 8 mentiras recorrentes que estão à espreita dos católicos no mundo atual.

1. Cristo é insuficiente

Não existem novas revelações e o cânon bíblico está fechado. Há muitas pessoas que querem “aumentar” os ensinamentos de Cristo sustentando que, como as Sagradas Escrituras foram “escritas há muito tempo”, estas deveriam ser “atualizadas”.

Videntes e impostores de todo tipo difundem suas supostas “habilidades proféticas” que, ao que parece, estão contra o que sabemos de Deus. Nada mais longe da verdade.

Se estas pessoas estão certas, por que o Espírito Santo dá a cada uma diferentes mensagens? Cristo e sua Igreja não precisam de nada dos seres humanos. A mensagem de Cristo é válida e autêntica ontem, hoje e sempre como afirma no livro dos Hebreus 13,8.

2. Pode haver novas revelações do plano da salvação

Não há e nunca poderão existir novas revelações para ser acrescentadas na economia da salvação. Algumas revelações privadas foram aprovadas pela piedade popular (por exemplo, Sagrado Coração, Nossa Senhora de Lourdes, a Divina Misericórdia) e outras não.

A chave é se estão de acordo com as revelações originais de Cristo nas Sagradas Escrituras. As pessoas se colocam em uma situação precária quando se atrevem a julgar não somente a Bíblia, como também Deus e Sua Igreja, negando assim a Tradição e o magistério.

3. Jesus nunca assegura ser Deus na Bíblia

Cristo se refere a si mesmo como Deus cerca de 50 vezes nas Sagradas Escrituras.

Do mesmo modo, os Evangelhos mostram as reações de quem se opunha a Jesus depois de afirmar que Ele era Deus ou igual a Deus (por exemplo em Marcos 14,61-62).

Se Jesus nunca afirmou ser Deus, por que algumas pessoas se incomodaram tanto com Ele há 2000 anos ao ponto de crucificá-lo? Cristo foi condenado à morte porque o consideravam blasfemo ao referir-se a si mesmo como Deus.

4. Todos somos filhos de Deus e, portanto, Ele deve amar tudo o que somos

Sim. Deus criou todos nós. Deus ama todos. Todos somos seus filhos. Entretanto, Ele nos chama para Si mesmo em um espírito de amor e arrependimento, mas nem todo mundo está preparado e disposto a fazer esse tipo de compromisso.

Não podemos dizer que somos seus filhos e ao mesmo tempo nos negar em reconhecer nossa relação com nosso Pai Celestial. (1 João 3,10, Romanos 8,15, Efésios 2,1-16).

Deus é misericordioso, mas nem todos nós queremos ser perdoados, ou inclusive, pensamos que não fizemos nada que deve ser perdoado (1 João 1, 8).

domingo, 16 de setembro de 2018

Homilética: 9º Domingo do Tempo Comum - Ano B: "O Sábado é para o Homem"


A Liturgia nos faz ler hoje os textos da Bíblia que falam do dia de descanso festivo: o “sábado” dos Judeus e o “domingo” dos cristãos. A santificação do dia do Senhor ocupa um lugar privilegiado na Sagrada Escritura.

Tal como lemos em Dt 5, 12 – 15, foi o próprio Deus quem instituiu as festas do Povo escolhido e quem o instava a observá-las: Guardarás o dia do sábado e o santificarás, como te ordenou o Senhor, teu Deus. Trabalharás seis dias e neles farás todas as tuas obras; mas no sétimo dia, que é o repouso do Senhor, teu Deus, não farás trabalho algum…

Além do sábado, existiam entre os judeus outras festas principais: a Páscoa, o Pentecostes, os Tabernáculos em que se renovava a Aliança e se agradeciam os benefícios obtidos. O sábado, depois de seis dias de trabalho nos afazeres próprios de cada um, era o dia dedicado a Deus em reconhecimento da sua soberania sobre todas as coisas.

No tempo de Jesus, haviam-se introduzido muitos abusos rigoristas, o que originou diversos choques dos fariseus com o Senhor, como o que relata o Evangelho de Mc 2, 23 – 3,6. Num sábado, enquanto atravessavam um campo semeado, os discípulos de Jesus começaram a arrancar espigas. Disseram-lhe os fariseus: Olha, como é que eles fazem em dia de sábado o que não está permitido? … Cristo recorda-lhes que as prescrições sobre o descanso sabático não têm um valor absoluto e que Ele, o Messias, é o Senhor do sábado.

Jesus Cristo teve um grande apreço pelo sábado e pelas festividades judaicas, embora soubesse que, com a sua chegada, todas essas disposições seriam abolidas para darem Iugar a festas cristãs. São Lucas diz-nos que a Sagrada Família ia todos os anos a Jerusalém por ocasião da Páscoa ( Lc 2, 41). Jesus também celebrou todos os anos essa solenidade com os seus discípulos. Vemo-lo, além disso, santificar com a sua presença a alegria de um casamento ( Jo 2, 1 – 11), e na sua pregação emprega frequentemente exemplos de festejos domésticos: o rei que celebra as bodas de seu filho. O banquete pela chegada do filho que havia partido para longe da casa paterna e que retorna ( Lc 15, 23 ). O Evangelho está dominado uma alegria festiva, sinal de que o noivo, o Messias, se encontra já entre os seus amigos.

O próprio Senhor quis, pois, que celebrássemos as festas, interrompendo as ocupações habituais para procurá-lo mediante a participação da Santa Missa e uma oração mais intensa e sossegada, dedicando mais à família e dando ao corpo e à alma o descanso necessário.   O domingo é realmente o dia que o Senhor fez para o regozijo e para alegria (  Sl 117, 24 ).

A Ressurreição do Senhor teve lugar no “primeiro dia da semana”, como testemunham todos os Evangelistas. E na tarde daquele mesmo dia, Jesus apareceu aos seus discípulos reunidos no Cenáculo, mostrando-lhes as mãos e o lado como sinais palpáveis da Paixão. Oito dias mais tarde, isto é, no “primeiro dia da semana” seguinte, apareceu de novo em circunstancias semelhantes ( Cf. Jo, 20).

É possível que o Senhor quisesse indicar-nos que esse primeiro dia devia ser uma data muito particular. Os cristãos entenderam-no assim e desde o início começaram a reunir-se para celebrá-lo, de tal modo que o denominavam o dia do Senhor (Ap 1, 10),  donde provém a palavra domingo. Os Atos dos Apóstolos e as Epístolas de São Paulo mostram como os nossos primeiros irmãos na fé se reuniam aos domingos para a fração do pão e para a oração, e é isso exatamente o que se continua a fazer até boje ( Cf. ( At 20, 7; 1 Cor 16, 2 ; At 2, 42 ) .

Diz assim um texto dos primeiros séculos: “Não ponhais os vossos assuntos temporais acima da palavra de Deus, antes, abandonando tudo no dia do Senhor para ouvir a Palavra de Deus, correi com diligência às vossas igrejas, pois nisso se manifesta o vosso louvor a Deus. Que desculpa terão diante de Deus os que não se reúnem no dia do Senhor para ouvir a palavra de Deus e alimentar-se com o alimento divino que permanece eternamente?” ( Cf. Didaqué, II, 59, 2 – 3 ).

Para nós, o domingo deve ser uma festa muito particular e muito apreciada. Mais ainda quando em muitos lugares parece ter perdido o seu sentido religioso. Assim escrevia São Jerônimo: “O Senhor fez todos os dias. Há dias que podem ser dos judeus, dos hereges ou dos pagãos. Mas o dia do Senhor, dia da Ressurreição, é o dia dos cristãos, o nosso dia. Chama-se dia do Senhor porque, depois de ressuscitar no primeiro dia da semana judaica, o Senhor subiu ao Pai e reina com Ele. Se os pagãos o chamam dia do Sol, nós aceitamos de bom grado essa expressão. Nesse dia, ressuscitou a Luz do mundo, brilhou o Sol da justiça” .

Desde o começo, pois, e de uma forma ininterrupta, esta data foi sempre celebrada de um modo muito particular. “A Igreja – ensina o Concílio Vaticano II —, por uma tradição apostólica que tem a sua origem no próprio dia da Ressurreição de Cristo, celebra o mistério pascal cada oito dias, no dia que é chamado com razão «dia do Senhor ou domingo»… Por isso o domingo deve ser apresentado e inculcado à piedade dos fiéis como festa primordial, de maneira que seja também dia de alegria e de libertação do trabalho”  ( SC, 106).

Começamos a viver bem este dia — quando, desde que acordamos, procuramos imitar a fé e a alegria daqueles homens e mulheres que, no primeiro domingo da vida da Igreja, se encontraram com Cristo ressuscitado. Procuramos então imitar Pedro e João que correm para o sepulcro, ou Maria Madalena que reconhece Jesus quando Ele a chama pelo nome, ou os discípulos de Emaús…, pois é o mesmo Senhor que nós vamos ver.

E não nos esquecemos de que os nossos primeiros irmãos na fé nos ensinaram que o domingo é inseparável da atenção e da piedade com que devemos participar da Santa Missa, dada a relação íntima e profunda de ambos com o mistério pascal. Por isso, perguntamo-nos   se cada domingo é realmente para nós um dia que gira em torno da Missa e se, em função dela, todas as horas que a precedem ou lhe sucedem estão preenchidas pela consideração alegre de que fomos resgatados e somos vitoriosos em Cristo, por cuja morte e Ressurreição nós também já não estamos sob o império da morte, antes somos filhos de Deus.

Para a reevangelização do mundo, é particularmente urgente realizar um apostolado eficaz a respeito da santificação do domingo, um apostolado que penetre nas famílias. Porque há gente que esmorece e chega a perder o espírito cristão por uma maneira errada de descansar nos fins de semana. “É dever dos cristãos a preocupação de fazer que o domingo se converta novamente no dia do Senhor, e que a Santa Missa seja o centro da vida cristã… O domingo deve ser um dia para descansar em Deus, para adorar, suplicar, agradecer, pedir perdão ao Senhor pelas culpas coe metidas na semana que passou, pedir-lhe graças de luz e força espiritual para os dias da semana que começa” (Papa Pio XII) e que iniciaremos então com mais alegria e com o desejo de acometer o trabalho com outro entusiasmo.

E poderemos então ensinar muitas pessoas a considerar este preceito da Igreja “não somente como um dever primário, mas também como um direito, uma necessidade, uma honra, uma sorte à qual um fiel vivo e inteligente não pode renunciar sem motivos graves” (São Paulo VI).

Não se trata apenas de consagrar genericamente o tempo a Deus, pois isso já se contém no primeiro Mandamento. O que este preceito tem de específico é que manda reservar um dia preciso para o louvor e o serviço de Deus, tal como Deus quer ser louvado e servido. Ele pode “exigir do homem que dedique ao culto divino um dia da semana, para que assim o seu espírito, descarregado das ocupações cotidianas, possa pensar nos bens do Céu e examinar, no íntimo da sua consciência, como andam as suas relações obrigatórias e invioláveis, com Deus” (São João XXIII, Mater et Magistra ).

O descanso dominical – bem como os demais dias de preceito – não pode ser para nós um tempo de repouso cheio de ociosidade insossa, desculpável talvez em quem não a Deus. “Descanso significa represar: acumular forças, ideais, planos… Em poucas palavras: mudar de ocupação, para voltar depois – com novos brios – aos afazeres habituas” (São Josemaria Escrivá, Sulco, 514 ). Trata-se de um “descanso dedicado a Deus”, e, ainda que nos nossos dias se vá assistindo a uma grande mudança de costumes, o cristão deve entender que também hoje “o descanso dominical tem uma dimensão moral e religiosa de culto a Deus” .

Os domingos e dias de preceito são ocasião para dedicarmos mais tempo à família, aos amigos, àquelas pessoas que o Senhor nos confia. Para os pais, é a oportunidade, que talvez não tenham ao longo da semana, de conversar tranquilamente com os filhos ou de fazer alguma obra de misericórdia: visitar um parente doente, o vizinho ou o amigo que está só…

A alegria que embargou a alma da Santíssima Virgem, no Domingo da Ressurreição, será também nossa, se soubermos pôr o Senhor no centro da nossa vida, dedicando-lhe os domingos com toda a generosidade.

Que a alegria do Senhor que gozamos neste dia de festa seja, de verdade, nossa força para toda a semana!

Católicos pedem ao bispo que remova padre do sacerdócio, com urgência, devido ao seu sórdido histórico


Os paroquianos da Califórnia estão pedindo ao bispo que remova um padre homossexual do ministério devido ao seu sórdido histórico. 

Católicos preocupados em duas paróquias em Hanford, Imaculada Coração e Santa Brigida, querem Bispo Armando Ochoa, de Fresno, para deixar de transferir o pe. Jean-Michael Lastiri e encobrir sua história, que inclui: 

- Postar conteúdo homossexual e impróprio em seu canal do YouTube

- Freqüentando sites de namoro gay online

- Apropriação indevida de milhares de dólares em fundos paroquiais

- Um relacionamento íntimo com um criminoso, mais tarde condenado por seqüestro e abuso sexual de um menino.

- Não ensinando a fé católica como transmitida, entre outras coisas.

Para este fim, o grupo lançou um novo site chamado ChurchPurify.com em colaboração com outro site, The Roman Catholic Faithful (RCF). Este último site tem uma história notável de reportagem sobre abuso sexual clerical há décadas. 

O chamado "grupo de Hanford", englobando paroquianos de ambas as paróquias locais, está seguindo o exemplo de Bp. Ochoa, que em agosto escreveu: "Uma das minhas maiores preocupações é a cultura do segredo que existe em muitas dioceses entre o clero e até mesmo entre alguns dos leigos que sentem que precisam proteger a Igreja a todo custo. permanecer em silêncio e abandonar as vítimas quando eles precisam de sua comunidade de fé mais é indefensável.

O grupo se reuniu com Ochoa em 28 de agosto para pedir que Lastiri fosse removido do ministério ativo. Militante da Igreja estendeu a mão para Ochoa para comentar sobre a reunião e as alegações contra Lastiri. Sua chanceler, Teresa Dominguez, respondeu em nome do bispo, reconhecendo que a reunião realmente havia ocorrido. Dominguez também disse ao Church Militant que o grupo no dia seguinte havia encaminhado à diocese uma "análise detalhada" do conteúdo pertencente a Lastiri que agora está contido em seu site, dizendo "Foi muito útil".

Um porta-voz do grupo disse ao Church Militant que, depois de enviar as informações à diocese, os vídeos postados no canal do YouTube da Lastiri começaram a desaparecer. Muitos dos vídeos continham conteúdo homossexual. O grupo, no entanto, copiou os vídeos antes de compartilhá-los com a diocese.

Igreja e Marxismo


Participei, como palestrante, da Semana Teológica, organizada pela Paróquia de N. Sra. do Rosário, em Campos, cabendo-me o tema “A doutrina católica e o pensamento marxista”.

O marxismo é a teoria política de Karl Marx e Friedrich Engels, que prega a proclamação da emancipação da humanidade, através da luta de classes, para se chegar ao socialismo, rumo a uma sociedade sem classes, apátrida e igualitária, o comunismo, com a ditatura do proletariado, teoria colocada em prática na Rússia por Lenin, Trotsky e Stalin. 

Karl Marx soube aproveitar-se do momento ruim da sociedade industrial e propôs um passo rumo à salvação, o “reino de Deus” de Kant, mas aqui na terra, através da política. “Com pontual precisão, embora de forma unilateralmente parcial, Marx descreveu a situação do seu tempo e ilustrou, com grande capacidade analítica, as vias para a revolução... A sua promessa, graças à agudeza das análises e à clara indicação dos instrumentos para a mudança radical, fascinou e não cessa de fascinar ainda hoje” (Bento XVI, Spe Salvi, 20). 

Mas “Marx não falhou só ao deixar de idealizar os ordenamentos necessários para o mundo novo... O seu erro situa-se numa profundidade maior. Ele esqueceu que o homem permanece sempre homem. Esqueceu o homem e a sua liberdade. Esqueceu que a liberdade permanece sempre liberdade, inclusive para o mal. Pensava que, uma vez colocada em ordem a economia, tudo se arranjaria. O seu verdadeiro erro é o materialismo: de fato, o homem não é só o produto de condições econômicas nem se pode curá-lo apenas do exterior criando condições econômicas favoráveis” (Bento XVI, Spe Salvi, 21).

sábado, 15 de setembro de 2018

Homilética: Transfiguração do Senhor - Ano B: "Como é bom estarmos aqui!".


A festa da Transfiguração, celebrada no Oriente desde o século V e no Ocidente a partir de 1457, faz-nos reviver um acontecimento importante da vida de Jesus, com reflexos na nossa vida. 

Situada antes do anúncio da Paixão e da Morte, a Transfiguração foi uma manifestação da vida divina, que está em Jesus. A luz do Tabor é, porém, uma antecipação do esplendor, que encherá a noite da Páscoa. Por isso, os Apóstolos, contemplando a glória divina na Pessoa de Jesus, ficaram preparados para os dolorosos acontecimentos, que iriam pôr à prova a sua fé. Vendo Jesus na Sua condição de servo, já não poderão esquecer a Sua condição divina.  Anúncio da Páscoa, a Transfiguração encerra também uma promessa – a da nossa transfiguração. Jesus, com efeito, fez transparecer na Sua Humanidade a glória de que resplandecerá o seu Corpo Místico, a Igreja, na Sua vinda final. 

A nossa vida cristã é, pois, um processo de lenta transformação em Cristo. Iniciado no nosso Batismo, completa-se na Eucaristia, «penhor da futura glória», que opera a nossa transformação, até atingirmos a imagem de Cristo glorioso.

“Ó Cristo Deus, tu te transfiguraste sobre a montanha, mostrando aos discípulos tua glória, à medida que lhes era possível contemplá-la. Também sobre nós, pecadores, deixa brilhar tua luz eterna, pelas orações da Mãe de Deus. Ó Doador da luz, glória a ti!”

Homilética: 31º Domingo do Tempo Comum - Ano B: "Dois Mandamentos, um só Amor"


A liturgia do 31° Domingo do Tempo Comum diz-nos que o amor está no centro da experiência cristã. O caminho da fé que, dia a dia, somos convidados a percorrer, resume-se no amor Deus e no amor aos irmãos – duas vertentes que não se excluem, antes se complementam mutuamente.

No Evangelho (Mc 12, 28-34), lemos como um doutor da Lei fez uma pergunta a Jesus com toda a retidão. Este homem tinha presenciado o diálogo de Jesus com os saduceus e admirou-se com a resposta do Senhor. Decidiu então conhecer melhor os ensinamentos do Mestre e perguntou-lhe qual era o primeiro de todos os mandamentos. E Jesus, apesar das duras acusações que lançará contra os fariseus e os escribas, detém-se agora diante desse homem que parece querer conhecer sinceramente a verdade. No fim do diálogo, animando-o a dar um passo mais definitivo em direção à conversão, dir-lhe-á umas palavras alentadoras: Não estás longe do reino de Deus. Jesus sempre se detém diante de toda a alma em que brota o menor desejo de conhecê-lo.

Citando o primeiro versículo do “Shema’ Israel”, a grande profissão de fé que todo o judeu recitava no início e no fim do dia (cf. Dt 6,4-5), Jesus declara solenemente que o primeiro mandamento é o amor a Deus – um amor que deve ser total, sem divisões, feito de adesão plena aos projectos, à vontade, aos mandamentos de Deus (vers. 30: “com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças”). Como se achasse que a resposta não era suficiente, Jesus completa-a, imediatamente, com a apresentação de um segundo mandamento: “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (trata-se de uma citação de Lv 19,18). Ou seja: o maior mandamento é o mandamento do amor; e esse mandamento fundamental concretiza-se em duas dimensões que se completam mutuamente – a do amor a Deus e a do amor ao próximo.

Amar a Deus e amar ao próximo: se fossem fáceis não seriam mandamentos. O amor está no centro da experiência cristã. Não há ninguém que não ame, mas o que interessa é qual o objeto de seu amor. Nossa fé não diz apenas para amar, mas a quem amar.

De fato, o Mandamento do Amor só pode ser plenamente posto em prática por aquele que vive numa relação profunda com Deus, precisamente como a criança se torna capaz de amar a partir de uma boa relação com a mãe e com o pai. São João de Ávila, escreve no início do seu Tratado do Amor de Deus: “A causa que em maior medida estimula o nosso coração ao Amor de Deus é considerar profundamente o amor que Ele teve por nós… Este, mais que os benefícios, estimula o coração a amar; porque aquele que presta um benefício a outro, dá-lhe algo que possui; mas aquele que ama, dá-se a si mesmo com tudo o que tem, sem que lhe reste algo mais para dar”. Antes de ser um Mandamento – o amor não é uma ordem – é um dom, uma realidade que Deus nos faz conhecer e experimentar, de modo que, como uma semente, possa germinar também dentro de nós e desenvolver-se na nossa vida.

O que é “amar a Deus”? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor a Deus passa, antes de mais, pela escuta da sua Palavra, pelo acolhimento das suas propostas e pela obediência total dos seus projetos para mim próprio, para a Igreja, para a minha comunidade e para o mundo.

O amor do próximo é, pois, essencialmente religioso, não simples filantropia. É religioso pelo seu modelo: o cristão ama o próximo para imitar Deus, que ama a todos sem distinção; mas o é sobretudo pela sua fonte, porque é a obra de Deus em nós; de fato, como poderíamos ser misericordiosos como o Pai dos céus, se o Senhor não nos ensinasse (1Ts 4,9) e se o Espírito não o derramasse em nossos corações (Rm 5,5; 15,30)?

Se o amor de Deus ganhou raízes profundas numa pessoa, ela torna-se capaz de amar até quem não o merece, como faz precisamente Deus em relação a nós. O pai e a mãe não amam os filhos só quando o merecem: amam-nos sempre, mesmo se naturalmente lhe fazem compreender quando erram. De Deus nós aprendemos a querer sempre e só o bem e nunca o mal. Aprendemos a olhar para o próximo não só com os nossos olhos, mas com o olhar de Deus, que é o olhar de Jesus Cristo. Um olhar que parte do coração e não se detém na superfície, vai além das aparências e consegue captar as expectativas profundas do outro: expectativas de ser recebido, de uma atenção gratuita, numa palavra: de amor. Mas verifica-se também o percurso contrário: que abrindo-me ao outro tal como ele é, indo ao seu encontro, pondo-me à disposição, abro-me também ao conhecimento de Deus, a sentir que Ele existe e é bondoso. Amor de Deus e amor ao próximo são inseparáveis e estão em relação recíproca. Jesus não inventou nem um nem outro, mas revelou que eles são, no fundo, um único Mandamento, e fê-lo não só com palavras, mas sobretudo com o seu testemunho: a própria Pessoa de Jesus e todo o seu Mistério encarnam a Unidade do Amor de Deus e do próximo, como os dois braços da Cruz, vertical e horizontal. Na Eucaristia Ele doa-nos este amor duplo, doando-se a Si mesmo, para que, alimentados por este Pão, nos amemos uns aos outros como Ele nos amou.

O amor do qual o Evangelho insiste é sair de si mesmo para fazer o outro feliz. Exige compromisso com a verdade e com o bem moral, e jamais deveria ser confundido com paixão. A paixão é um sentimento mais ou menos transitório e que pode ter diversas causas.

O amor não é um sentimento, mas um ato de vontade, que pode ser acompanhado por um sentimento. Pode haver amor sem sentimento e sentimento sem amor, o que é pura paixão, desejo. Sentir não é amar. Amar é querer que o outro cresça, se desenvolva, se faça melhor. Isso não se refere às próprias necessidades ou desejos simplesmente. É a razão iluminada pela fé que dirá o que é o bem e o mal para o outro.

Jesus explica aos seus discípulos que é preciso amar os inimigos e orar pelos perseguidores. Trata-se, portanto, de um amor sem limites, sem medida.

Para viver o amor é preciso incomodar-se, é preciso desinstalar-se, é preciso aproximar-se e ocupar-se do próximo. Aprender de Jesus e dos santos como viver o amor.

O amor do qual se fala no Evangelho é fundado sobre a fé, um amor que reconhece que a fonte do amor não está no homem, mas em Deus. É um amor que provém de uma união com Deus. Não se trata de um amor puramente humano, trata-se de acolher o amor de Deus. Que o Espírito Santo transforme os nossos corações, pois o amor é a virtude mais importante do cristão, enquanto peregrinamos nesta terra, e será também a nossa ocupação no Céu, onde não existirá mais a fé, já que veremos Deus face a face, nem existirá mais a esperança, porque teremos chegado à meta. Somente o amor permanecerá. Aqui exercitamos o que depois viveremos em plenitude.

Amamos a Deus cumprindo os mandamentos e os nossos deveres no meio do mundo, evitando a menor ocasião de pecado, vivendo a caridade em mil detalhes… e também nesses gestos que podem parecer pequenos, mas estão cheios de delicadeza e de carinho para com o Senhor: uma genuflexão bem feita diante do Sacrário, a pontualidade nas práticas de piedade, um olhar dirigido com carinho ao Crucifixo ou a uma imagem de Nossa Senhora… São precisamente estas expressões aparentemente pequenas que mantêm aceso esse amor ao Senhor que nunca se deve apagar.

Tudo o que fazemos pelo Senhor são insignificâncias diante da iniciativa divina. “Deus me ama… E o Apóstolo João escreve: “Amemos, pois, a Deus, porque Deus nos amou primeiro”.  – Como se fosse pouco, Jesus dirige-se a cada um de nós, apesar das nossas inegáveis misérias, para nos perguntar como a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”…

— É o momento de responder: “Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que eu te amo!”, acrescentando com humildade: – Ajuda-me a amar-te mais, aumenta o meu amor!” (São Josemaria Escrivá, Forja, 497).

É fundamental que tenhamos consciência de que estas duas dimensões do amor – o amor a Deus e o amor aos irmãos – não se excluem nem estão em confronto uma com a outra. Amar a Deus é cumprir a sua vontade e os seus projetos; ora, a vontade de Deus é que façamos da nossa vida um dom de amor, de serviço, de entrega aos irmãos – a todos os irmãos com quem nos cruzamos nos caminhos da vida. Não se trata entre optar por rezar ou por trabalhar em favor dos outros, entre estar na igreja ou estar a ajudar os pobres; trata-se é de manter, dia a dia, um diálogo contínuo com Deus, a fim de percebermos os desafios que Deus tem para nós e de lhes respondermos convenientemente, no dom de nós próprios aos irmãos.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

4 resenhas de filmes de terror “para católicos”.


Com frequência há cristãos que se perguntam se podem ou não podem assistir a filmes de terror cujos enredos abordam o diabo e as possessões demoníacas. É um bom sinal que se perguntem isso.

O pe. Gary Thomas, exorcista da diocese californiana de San José, considera a este respeito:

“Eu não acho que você se abra para o mal só por assistir a um filme. O problema é quando o mal é glorificado, o que é bem diferente de ver um filme que apenas aborda o tema do mal”.

Pode parecer surpreendente, mas a maioria dos filmes de terror não costuma glorificar o mal. Pelo contrário: eles apresentam o mal como mal mesmo e, na luta contra ele, destacam armas espirituais que, muitas vezes, são claramente fornecidas pela Igreja católica e apenas por ela.

É verdade que muitos desses filmes apelam para as temáticas ocultistas sem qualquer embasamento verossímil, exagerando e deturpando fenômenos cuja realidade é registrada por estudos sérios, realizados inclusive por não crentes. Mas também é verdade que alguns filmes de terror retratam o fenômeno do mal e da possessão demoníaca com suficiente fidelidade à doutrina católica para valerem a pena ao menos como “chamarizes” para se refletir e se aprender um pouco mais sobre o embate entre as forças preternaturais e as forças espirituais capazes de derrotá-las. Obviamente, aqueles que de fato querem se aprofundar no tema e compreendê-lo com mais solidez precisam estudá-lo em fontes bem mais profundas e criteriosas do que filmes de terror.

Feita esta ressalva, recomendamos as quatro seguintes resenhas de populares filmes de terror dos quais é possível tirar algumas lições relevantes: