terça-feira, 2 de outubro de 2018

Por que Marina Silva perdeu o apoio dos evangélicos e do movimento pró-vida?



Eu entendo por que alguns amigos pró-vida ainda simpatizam com Marina Silva, mas tenho certeza de que estão desatualizados. A origem desse sentimento está em 2013, quando a Rede Sustentabilidade foi lançada, ainda como embrião de partido. Naquele momento, algumas das lideranças pró-vida mais influentes do país chegaram a se unir oficialmente à ambientalista, pois havia mesmo a esperança de que dali sairia algo novo, promissor e com chances de vencer o PT.

Hoje, porém, todas as pessoas admiráveis que eu conheci e que estavam no nascimento da Rede pularam fora, pois não resistiram à violenta pressão que a ala mais esquerdista do partido – quase todos provenientes do PT – soube fazer. Quem tinha chance de influenciar, de modo a transformar a Rede no primeiro partido de centro-esquerda que fosse contra o aborto – seria uma inovação e tanto! – acabou empurrado para longe do processo decisório e o que sobrou é o que se vê na campanha de Marina em 2018:

Um vice problemático

– Eduardo Jorge, seu vice e ex-petista, foi autor do PL 1135/91, que pedia a legalização do aborto, uma praga que tramitou durante dez anos e só foi enterrado definitivamente em 2011; isso pra falar apenas uma das muitas pautas estapafúrdias que defende, como os projetos que limitam o consumo de carne em determinados dias da semana e a descriminalização da maconha.

A rejeição dos evangélicos

– Marina perdeu quase todo o apoio que já teve de líderes evangélicos. Pra vocês terem uma ideia, em 2014, até o Silas Malafaia estava do lado dela. Em 2018, ela não conquistou a confiança nem dos líderes da denominação à qual pertence, a Assembleia de Deus. O pastor José Wellington, por exemplo, que foi presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil durante nove anos, declarou publicamente que votará em Jair Bolsonaro. Trata-se do segmento evangélico mais numeroso do país. 

SP: Bispo de Jales critica Bolsonaro e orienta católicos a votarem em candidatos comunistas.


Num texto denominado "votar com lucidez" e publicado no site da CNBB Regional Sul 1, Dom Reginaldo Andrietta, bispo da diocese de Jales, afirma em relação ao candidato Jair Bolsonaro, indiretamente, sem citar seu nome, que “São escandalosas as posturas alienadas de muitos cristãos e as adesões a um candidato à presidência que dissemina violência, ódio, racismo, homofobia e preconceito contra mulheres e pobres. Ele utiliza falsamente as temáticas do aborto, gênero, família e ética; faz apologia à tortura, à pena de morte e ao armamentismo; e é réu por injúria e incitação ao crime de estupro.”

No texto o bispo diz que um bom candidato é o que “apresenta critérios para a escolha de bons candidatos, afirmando que os bons políticos são conhecidos especialmente por seus compromissos com a classe trabalhadora", aludindo diretamente à luta de classes marxista e por definição anti-cristã.

Ele já assinou manifesto e escreveu artigo, por exemplo, contra a Reforma da Previdência do governo de Michel Temer, lido e exaltado em novembro de 2017 na tribuna do Senado pelo petista Paulo Paim.

Para Andrietta, a reforma “reduz direitos constitucionais e ameaça a vida de milhões de brasileiros, especialmente os mais pobres”.

O verniz ideológico de seus artigos também fica claro com os ataques “ao rolo compressor de medidas econômicas neoliberais”. Exemplo:

“Os seres humanos tendem a reproduzir modelos escravizantes de vida, tais como ocorreram no Brasil colonial e imperial, e continuam ocorrendo, hoje, sob a forma neoliberal, submetendo-nos ao poder do grande capital, especialmente financeiro.”

Usar posições políticas de teólogos da libertação (ou assemelhados) alinhados com o PT para desgastar um adversário como Bolsonaro com o eleitorado cristão é apenas uma amostra do cinismo petista.

A “bíblia” dessas autoridades eclesiásticas é o marxismo que, bem ou mal, Bolsonaro combate.

Não é de hoje que o PT conta com autoridades eclesiásticas para legitimar suas narrativas políticas. O bispo da diocese e Jales é um dos preferidos da base lulista porque, como qualquer teólogo da libertação, dá ao Evangelho um sentido político de “luta de classes”.

Anos atrás, Lula foi filmado dizendo o seguinte:

"Mas por que eu cheguei onde cheguei? Porque eu tenho por trás de mim um movimento. Eu tenho por detrás de mim uma grande parte dos estudantes, do PT, a CUT, a base da Igreja católica".

Para pensar... E seu voto está implicado nesta realidade!


Em essência, o grande desafio do mundo ocidental - e também do Brasil, que faz parte deste mundo -, se não quiser se perder de vez, perdendo o rumo de sua consciência e de seu coração, é reconhecer novamente o ser humano como estruturalmente aberto para Deus.

Não basta pensar nos problemas econômicos e sociais! Há mais, muito mais em jogo: o que é o ser humano, qual o sentido da sua existência, qual o seu caminho neste mundo e o seu destino no tempo e na eternidade!

Sem atenção a estas questões, todas as outras - inclusive as questões sociais, econômicas, políticas... - ficarão distorcidas e deformadas, podendo mesmo matar o ser humano pessoal e socialmente! Em outras palavras: uma sociedade que caminha sem Deus ou contra Deus caminha para a destruição, para a necrose de todos os seus tecidos! O homem sem Deus perece! Uma sociedade sem Deus definha! Uma cultura sem Deus ou contra Deus se estiola!

Para recordar, em tempos de escolher candidatos


A primeira dentre todas as liberdades é a liberdade religiosa; o ato mais fundamental do ser humano é a fé em Deus e a liberdade de professar essa fé publicamente, sem ser ridicularizado, coibido ou perseguido moral ou fisicamente.

É necessário que se compreenda que o valor incomensurável que é a liberdade religiosa não deve ser confundido com a privatização da fé e da religião; em outras palavras: a verdadeira liberdade religiosa se dá quando as pessoas têm direito de externar sua fé e trazer seus valores religiosos para, com eles, participar na edificação de uma sociedade plural e aberta para a Transcendência. 

A experiência religiosa é um valor imprescindível para a humanidade e a religião, como tal, pode e deve influenciar a consciência e o comportamento social, deve forjar um modo de ver o mundo e a vida, deve plasmar um jeito de encarar os problemas, realizar as escolhas e afrontar os desafios.

É verdade que a religião não pode nem deve impor, mas pode e deve propor, insistir, recordar valores, exigências éticas, critérios morais. Sem isso, é a barbárie! Sem Deus, o humanismo é capenga, falso, simples e pura ideologia! Não resiste muito uma afirmação da dignidade do homem que não se funde na consciência do seu ser-amado-por-Deus.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Palavra de Vida: «Recebei com mansidão a Palavra em vós semeada, a qual pode salvar as vossas almas» (Tg 1, 21).


A Palavra deste mês é retirada de um texto atribuído a Tiago, figura de relevo na Igreja de Jerusalém. Ele recomenda aos cristãos a coerência entre o crer e o agir.

No trecho inicial da carta, sublinha-se uma condição essencial: libertar-se de toda a malícia para receber a Palavra de Deus, deixando-se guiar por ela no caminho para a plena realização da vocação cristã.

A Palavra de Deus tem uma força própria: ela é criadora, produz frutos de bondade, tanto em cada pessoa, como na comunidade. Constrói relacionamentos de amor de cada um de nós com Deus, mas também entre todos nós. Ela – diz Tiago – já foi “plantada” em nós.

«Recebei com mansidão a Palavra em vós semeada, 
a qual pode salvar as vossas almas».

Mas como? Sem dúvida porque Deus, desde a criação, pronunciou uma Palavra definitiva: o homem é “imagem” de Deus. De facto, cada criatura humana é o “tu” de Deus, chamado à existência para partilhar a Sua vida de amor e comunhão.

Para os cristãos, é pelo sacramento do batismo que somos inseridos em Cristo, Palavra de Deus, que entrou na História humana. Mas Ele depositou a semente da Sua Palavra em cada ser humano, chamando-o ao bem, à justiça, a dar-se aos outros e a comunicar. Se a semente for recebida e cultivada com amor na própria “terra”, é capaz de produzir vida e frutos.

domingo, 30 de setembro de 2018

Uberaba: Padre é demitido do estado clerical


Nota enviada à imprensa no fim desta quinta-feira (27) confirma a demissão de José Lourenço da Silva Júnior, o Padre Júnior. Na nota de esclarecimento, a Arquidiocese de Uberaba informa que a decisão é do Papa Francisco, após longo processo canônico, tendo sido ouvida a Congregação para o Clero. Dessa forma, Padre Júnior foi dispensado das obrigações sacerdotais, incluindo o celibato, não sendo mais reconhecido como padre.

Ele teria sido notificado ainda ontem. Em nota encaminhada à reportagem, a assessoria de imprensa da Arquidiocese de Uberaba informa que o processo é sigiloso para resguardá-lo. “O senhor José Lourenço sabe do conteúdo de todo o processo e foi lhe dada a possibilidade de ampla defesa. [Ele] contratou advogado eclesiástico sacerdote, que o acompanhou no processo da Primeira Instância até Roma. 

Por ser um processo interno da Igreja, é necessário que seja um advogado eclesiástico (apenas uma observação: este advogado deve ter mestrado e doutorado em Direito Canônico, e receber autorização da Santa Sé para exercer essa função). Quando o processo é relacionado a um sacerdote, o advogado eclesiástico também deve ser sacerdote”, informa a nota.

Ainda conforme a Arquidiocese, o juiz responsável pelo processo em Uberaba foi trazido de Recife para garantir a isenção e lisura do mesmo, “inclusive para que o imputado e o povo de Deus não alegassem perseguição”. A Arquidiocese ressalta que o processo foi analisado por três juízes da Congregação para o Clero, em Roma, antes de ser remetido ao Santo Padre, para a decisão final.

O papel da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil no contexto das Eleições 2018


No contexto eleitoral, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) recebe inúmeras manifestações cobrando-lhe posicionamentos quanto a determinados assuntos e candidatos, sobre casos de religiosos que concorrem a cargos públicos e também sobre caso de religiosos que defendem, nos púlpitos, determinados candidaturas. Nas manifestações encontra-se muita confusão sobre o que cabe ou não à CNBB. Em razão de sua natureza, a CNBB não se manifesta a favor de nenhuma candidatura. Contudo, a entidade vem desenvolvendo um processo de oferecer oportunidades para que cristãos e cristãs façam um bom discernimento na hora do voto.

Um exemplo é cobrança para que a CNBB manifeste-se sobre religiosos que se candidatam. Neste caso, o Código de Direito Canônico, que rege a Igreja Católica, em seu canon 287, parágrafo 2º diz: “Os clérigos não podem ter parte ativa nos partidos políticos e na direção de associações sindicais, a não ser que a juízo da competente autoridade eclesiástica, o exijam a defesa dos direitos da Igreja ou a promoção do bem comum”.

O cânon 285 também faz referência ao tema e determina que “os clérigos evitem aquilo que, mesmo não sendo indecoroso, é alheio ao estado clerical” e enfatiza que “os clérigos são proibidos de assumir cargos públicos, que implicam participação no exercício do poder civil”. Mas, apesar das orientações, o direito canônico não prevê punição alguma aos religiosos que forem contra as determinações. Neste casos, cabem aos bispos das Igrejas Particulares tomarem as medidas que julgarem mais coerentes. Existem casos de dioceses que estabelecem normas próprias para orientar esta situação.

Sobre o processo político mais geral a entidade não se exime da sua responsabilidade histórica de oferecer elementos para que cristãos e cristãs façam um bom discernimento para as suas escolhas políticas. Esta tem sido a postura adotada pela presidência da CNBB. Neste sentido, em sua 56ª Assembleia Geral, em Aparecida (SP), lançou a mensagem “Compromisso e Esperança” na qual expressou suas preocupações mais gerais com o processo político deste ano.

Comissão de Textos Litúrgicos continua tradução da revisão do missal romano


Terminou na quinta-feira, 27, a reunião da Comissão Episcopal de Textos Litúrgicos (Cetel) que faz a revisão da tradução do Missal Romano. O grupo esteve na sede da CNBB, em Brasília (DF) desde o dia 25, terça-feira, para dar continuidade ao trabalho, de modo especial às missas votivas e às missas pelos defuntos.

Segundo o presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB, dom Armando Bucciol, o grupo já está na fase final do processo. “Essa última parte é bastante exigente e comprida, mas esperamos que na próxima etapa, no mês de novembro, a gente termine o nosso trabalho”, disse.

Padre Leonardo Pinheiro, assessor da Comissão afirmou que o grupo tem dado prosseguimento ao trabalho “bonito” e “exaustivo”. Ele explica que apesar de faltar pouco para a conclusão da tradução, as últimas partes precisarão ainda, depois de todo o processo, passar por uma revisão criteriosa e ser apresentado aos bispos de todo o Brasil, na próxima Assembleia Geral da CNBB, a ser realizada em abril do próximo ano. 

“A gente fica de fato muito contente porque é um trabalho que já vem se desenvolvendo há 11 anos, então com esperança esperamos que os trabalhos sejam concluídos para que possamos oferecer para a Igreja no Brasil a próxima edição do missal romano”, afirma o padre Leonardo.