Eu
entendo por que alguns amigos pró-vida ainda simpatizam com Marina Silva,
mas tenho certeza de que estão desatualizados. A origem desse sentimento está
em 2013, quando a Rede Sustentabilidade foi lançada, ainda como embrião de
partido. Naquele momento, algumas das lideranças pró-vida mais influentes do
país chegaram a se unir oficialmente à ambientalista, pois havia mesmo a
esperança de que dali sairia algo novo, promissor e com chances de vencer o PT.
Hoje,
porém, todas as pessoas admiráveis que eu conheci e que estavam no
nascimento da Rede pularam fora, pois não resistiram à violenta pressão que a
ala mais esquerdista do partido – quase todos provenientes do PT – soube fazer.
Quem tinha chance de influenciar, de modo a transformar a Rede no primeiro partido
de centro-esquerda que fosse contra o aborto – seria uma inovação e tanto! –
acabou empurrado para longe do processo decisório e o que sobrou é o que se vê
na campanha de Marina em 2018:
Um
vice problemático
–
Eduardo Jorge, seu vice e ex-petista, foi autor do PL 1135/91, que pedia a
legalização do aborto, uma praga que tramitou durante dez anos e só foi
enterrado definitivamente em 2011; isso pra falar apenas uma das muitas pautas
estapafúrdias que defende, como os projetos que limitam o consumo de carne em
determinados dias da semana e a descriminalização da maconha.
A
rejeição dos evangélicos
–
Marina perdeu quase todo o apoio que já teve de líderes evangélicos. Pra vocês
terem uma ideia, em 2014, até o Silas Malafaia estava do lado dela. Em 2018,
ela não conquistou a confiança nem dos líderes da denominação à qual pertence,
a Assembleia de Deus. O pastor José Wellington, por exemplo, que foi presidente
da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil durante nove
anos, declarou publicamente que votará em Jair Bolsonaro. Trata-se do segmento
evangélico mais numeroso do país.
A
agenda LGBT
–
O plano de governo rendeu-se totalmente à agenda LGBT. É só entrar lá e olhar.
Em 2014, esse ponto era bem mais discreto quando ela era vice de Eduardo Campos
e chegou a ser ainda mais suavizado quando Marina assumiu a cabeça de chapa,
após a morte do pernambucano. Sua campanha não se preocupou com isso dessa vez.
Time
de ex-petistas
–
Se nas duas campanhas anteriores era possível identificar muita gente do centro
político como integrante de seu núcleo estratégico, dessa vez, o time é
majoritariamente formado por ex-integrantes do governo Lula ou pela ala mais
radical do PV. O que os difere dos lulistas mais fiéis parece ser o repúdio
pela corrupção, e só. No campos moral e cultural permanecem petistas de
coração.
Quem
ainda simpatiza com a Rede de Marina – e se importa com temas morais – precisa
arrumar o calendário. A versão 2018 é muito diferente daquilo que o grupo
poderia ter sido quando nasceu.
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Sempre
Família
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