Desde a
redemocratização, o “Teatro das Tesouras”, protagonizado pelos grandes partidos
políticos, tem tomado conta da política nacional. Sob a fachada de uma aparente
oposição, políticos de alto escalão revezam entre si no poder, perpetuando a
troca de favores e o aparelhamento estatal em função de interesses partidários
e relegando a população ao segundo plano.
Em meio a esse cenário,
Jair Messias Bolsonaro tem condensado em si, o clamor popular que nos últimos
anos exige mudanças, abarcando em sua plataforma política pautas de clara
oposição ao ideário revolucionário de esquerda, seja no âmbito moral, seja no
da segurança pública, seja no econômico.
Às vésperas dessa
eleição que, certamente, é uma das mais importantes da história da República
Brasileira e a mais importante desde a redemocratização, surge a necessidade de
analisar as propostas de Bolsonaro à luz dos princípios da Doutrina Social da
Igreja (DSI) e das exigências que devem nortear a reflexão do católico ao
decidir o seu voto. Essa é a proposta deste texto.
De plano, cabe
refletirmos que, qualquer que seja o próximo presidente, a realidade temporal só será efetivamente transformada quando os
católicos, buscando a santidade, lançarem a semente de Cristo no seio das
instâncias sociais. Por essa razão, certa idealização ufanista que se tem feito em torno da figura do
Bolsonaro não é saudável: ela revela, antes, a tendência de as pessoas
depositarem a esperança da mudança na ação centralizada do governante,
enfraquecendo a noção de responsabilidade individual.
Isso atenta contra o
Princípio da Subsidiariedade, da DSI, segundo o qual as instâncias menores são
preferíveis às instâncias maiores para a solução dos problemas. Dessa forma,
tenhamos sempre a consciência de que o Reinado Social de
Cristo depende eminentemente da santidade de nós leigos, em especial
na criação e educação de nossas famílias, que são a pedra primeira e angular da
sociedade, das quais virão futuros leigos, padres e políticos santos que
contribuirão para a conversão do mundo.
Passemos, então, a
analisar o candidato: O que pensa Bolsonaro sobre o aborto,
ideologia de gênero, casamento gay, contracepção e homeschooling? Quais suas
propostas para a educação pública? Como se posiciona quanto à segurança? Qual
linha seguirá na administração da economia? E nas relações de trabalho? Como
será sua política de relações exteriores?