A Palavra de Deus que
nos é proposta neste domingo nos recorda que somos
felizes por depositar nossa confiança em Deus e nossa esperança na pessoa de
Jesus.
A primeira leitura põe
frente a frente a autossuficiência daqueles que prescindem de Deus e escolhem
viver à margem das suas propostas, com a atitude dos que escolhem confiar em
Deus e entregar-se nas suas mãos: “Maldito o homem que
confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu
coração se afasta do Senhor; bendito o homem que confia no Senhor, cuja
esperança é o Senhor.”
Só o humilde procura a sua felicidade e a sua fortaleza no
Senhor. Um dos motivos pelos quais os soberbos andam à cata de louvores e se
sentem feridos por qualquer coisa que possa rebaixá-los na sua própria estima
ou na dos outros, é a falta de firmeza interior; o seu único ponto de apoio e
de esperança são eles próprios.
Não é outra a razão porque, com muita frequência, se mostram
tão sensíveis à menor crítica, tão insistentes em sair-se com a sua, tão
desejosos de ser conhecidos, tão ávidos de consideração. Agarram-se a si
próprios como o náufrago se agarra a uma pequena tábua que não pode mantê-lo à
superfície. E seja o que for que tenham conseguido na vida, sempre estão
inseguros, insatisfeitos, sem paz. Um homem assim, sem humildade, que não
confia nesse Deus que, como Pai que é, lhe estende continuamente os braços,
habitará na aridez do deserto, em região salobra e desabitada ( Jr 17,6 ).
Quem está cheio de orgulho exagera as suas qualidades,
enquanto fecha os olhos para não ver os seus defeitos, e acaba por considerar
como uma grande qualidade o que na realidade é um desvio do bom critério;
persuade-se, por exemplo, de que tem um espírito magnânimo e generoso porque
faz pouco caso das pequenas obrigações de cada dia, esquecendo que, para ser
fiel no muito, tem de sê-lo no pouco. E por esse caminho chega a julgar-se
superior, rebaixando injustamente as qualidades de outros que o superam em
muitas virtudes.
O Evangelho sugere que
os preferidos de Deus são os que vivem na simplicidade, na humildade e na
debilidade, mesmo que, à luz dos critérios do mundo, eles sejam desgraçados,
marginais, incapazes de fazer ouvir a sua voz diante do trono dos poderosos que
presidem aos destinos do mundo: “Bem-aventurados vós, os
pobres (...); mas ai de vós ricos”.
São Bernardo indica diferentes manifestações progressivas da
soberba: “a curiosidade, o querer saber tudo de todos; a frivolidade de
espírito, por falta de profundidade na oração e na vida; a alegria tola e
deslocada, que se alimenta frequentemente dos defeitos dos outros e os
ridiculariza; a jactância; o prurido de singularidade; a arrogância; a
presunção; o não reconhecer jamais as falhas próprias, ainda que sejam
notórias; a relutância em abrir a alma ao Sacerdote na Confissão, por parecer
que não se têm faltas… O soberbo é pouco amigo de conhecer a autêntica
realidade do seu coração e muito amigo de calcar os outros aos pés, seja em
pensamento, seja pelas suas atitudes externas.”
A segunda leitura,
falando da nossa ressurreição – consequência da ressurreição de Cristo –,
sugere que a nossa vida não pode ser lida exclusivamente à luz dos critérios
deste mundo: ela atinge o seu sentido pleno e total quando, pela ressurreição,
desabrocharmos para o Homem Novo. Ora, isso só acontecerá se não nos
conformarmos com a lógica deste mundo, mas apontarmos a nossa existência para
Deus e para a vida plena que Ele tem para nós.
Juntamente com a oração, que é o primeiro meio de que
devemos socorrer-nos, procuremos ocasiões de praticar habitualmente a virtude
da humildade: nos nossos afazeres, na vida familiar, quando estamos sozinhos…,
sempre!
Aceitemos as contrariedades sem impaciência, sem mau-humor,
oferecendo-as com alegria ao Senhor; aceitemos sobretudo as pequenas
humilhações e injustiças que se produzem na vida diária
O exemplo da Mãe de Deus e nossa, Escrava do Senhor, possa
aumentar em nós o amor à virtude da humildade. Recorremos a Ela, pois é ao
mesmo tempo, uma Mãe de misericórdia e de ternura, a quem pessoa alguma jamais
recorreu em vão. Peçamos à Maria que alcance para nós a virtude da humildade,
que Ela tanto apreciou; tenhamos certeza de que Ela irá nos atender! Maria
pedirá a virtude da humildade para nós a esse Deus que eleva os humildes e
reduz ao nada os soberbos; e como Maria é onipotente junto do seu Filho, será
ouvida com toda a certeza.