Fala-se tanto em missão – é um imperativo
sempre presente, pois que mandato do próprio Senhor: “Ide e fazei que todas as
nações se tornem discípulos, batizando-as em Nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28,19s).
O mandato é este, a ordem é clara, simples, direta, altiva, do Senhor nosso
Deus, e ninguém pode muda-la, silenciá-la, amaciá-la, adulterá-la, deformá-la!
Mas, atenção: a missão é algo muito mais amplo
e profundo que um qualquer programa com tempo e método determinados. A missão é
uma constante, uma tensão, uma tendência, uma consciência, uma disponibilidade
a compartilhar a alegria, a felicidade, a plenitude, a certeza e experiência de
crer e viver no Senhor Jesus Cristo.: “Anunciamo-vos a Vida eterna, que estava
voltada para o Pai e que nos apareceu! O que vimos e ouvimos vo-lo anunciamos
para que estejais em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com o
Seu Filho Jesus Cristo. E isto vos escrevemos para que a nossa alegria seja
completa” (1Jo 1,2b-4).
Sendo assim, antes que de missão no sentido de
ir em busca dos distantes, de recuperar perdidos ou de fazer novos cristãos na
nossa sociedade descristianizada, deveríamos nos perguntar pelo nosso modo de
aderir e viver o Cristo como Igreja.
Isto posto, a verdadeira urgência hoje não é
ir atrás dos distantes com palavras pomposas e análises tão vistosas e empoladas
quanto artificiais e inúteis, com piruetas e cambalhotas, mas sim fortalecer
nossa vivência, aprofundar nossa identidade, recuperar nossa mística, tomar a
sério o desafio de santidade, estreitar nossos laços fraternos, corrigir os
abusos tremendos na nossa liturgia, formar nosso padres e seminaristas, fazer
voltar ao verdadeiro e simples radicalismo evangélico os nossos religiosos.
Como poderíamos encantar alguém para Cristo
quando nossas comunidades são desencantadas e desencantadoras? Como poderíamos
aquecer corações e atrair se nossas homilias são manifestos ideológicos,
eivados de politicamente correto e modismos mundanos? Como ousamos pensar
seriamente em missão aos distantes quando até mesmo os que nos procuram saem de
nós decepcionados e os que são dos nossos nos deixam escandalizados?