Alguns padres hoje tratam a Eucaristia com
perfeito desdém. Eles vêem a Missa como um banquete tagarela onde os cristãos
que são fiéis aos ensinamentos de Jesus, os divorciados e recasados, homens e
mulheres em situação de adultério e turistas não-batizados a participar em
celebrações Eucarísticas de grandes multidões anônimas têm todos acesso ao
Corpo e Sangue de Cristo, sem distinção.
A Igreja tem de examinar urgentemente a
adequação eclesial e pastoral destas celebrações Eucarísticas enormes com
milhares e milhares de participantes. Há aqui um grande perigo de tornar a
Eucaristia, "o grande Mistério da Fé", numa festa vulgar e de
profanar o Corpo e o precioso Sangue de Cristo. Os padres que distribuem as
sagradas espécies sem conhecer ninguém, e que dão o Corpo de Jesus para todos,
sem discernimento entre cristãos e não-cristãos, participam na profanação do
Santo Sacrifício da Eucaristia.
Aqueles que exercem autoridade na Igreja
tornam-se culpados, sob forma duma cumplicidade voluntária, de permitir
sacrilégio e profanação do Corpo de Cristo que acontece nestas enormes e
ridículas celebrações de si próprios, em que uma pessoa dificilmente percebe
que "anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha." (1Cor 11, 26).
Padres infiéis à "memória" de Jesus
insistem no aspecto festivo e na dimensão fraternal da Missa ao invés do
Sacrifício de Cristo na Cruz. A importância das disposições interiores e a
necessidade de nos reconciliarmos com Deus permitindo-nos ser purificados pelo
sacramento da Confissão já não estão hoje "na moda".
Mais a mais, obscurecemos o aviso de S. Paulo
aos Coríntios: "Assim, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do
Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Portanto,
examine-se cada um a si próprio e só então coma deste pão e beba deste vinho;
pois aquele que come e bebe, sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a
própria condenação. Por isso, há entre vós muitos débeis e enfermos e muitos
morrem" (cf. 1 Cor 11, 27-30)
Cardeal Robert Sarah in 'La force du silence.
Contre la dictature du bruit'
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