A diocese da Igreja Católica em Mato Grosso
ainda estuda uma penalidade ao padre de Carlinda Ramiro José Perotto, que fez
postagens nas redes sociais sobre o estupro, gravidez e aborto realizado por
uma menina de 10 anos, moradora do estado do Espírito Santo.
A informação é do bispo da diocese de Sinop,
sede responsável pela paróquia de Carlinda, dom Canísio Klaus, que nega o
afastamento do pároco.
Segundo o bispo, muitas notícias falsas vem
sendo publicadas e por isso tem tido cautela em analisar todas as
circunstâncias para enfim emitir um comunicado oficial à população.
Padre Ramiro foi alvo de um
"bombardeio" de ofensas virtuais após publicar em seu perfil pessoal
que a garota de 10 anos, brutalmente estuprada pelo tio e que engravidou,
compactuou com o crime sexual. Atacado, reclamou de distorções e afirmou ter
sido hackeado. Após o acontecimento, o religioso tornou privado seus perfis na
rede. Quem tentou acessar suas contas
nessa quinta (20), já não conseguiu.
Comentário polêmico
O Padre Ramiro José Perotto, de Carlinda/MT
(755 km de Cuiabá) é sucessor do ex-pároco Vailto Venâncio Filho, que foi
gravado por câmera da própria paróquia em assédio explícito, ao apalpar as
nádegas de uma das secretárias paroquiais.
A polêmica começou devido a uma postagem em
que o Padre Ramiro dizia não concordar com a inocência da criança, e nas suas
próprias palavras, que ele classificou como “opinião”, disse que:
“Duvido uma menina ser abusada com 6 anos por
4 anos e não falar. Aposto minha cara. Ela compactuou com tudo e agora é menina
inocentekkk. Gosta de dar então assuma as consequências”
Após o comentário diversas pessoas indignadas
saíram em defesa da menor e julgaram ser repugnantes as palavras proferidas
pelo sacerdote. Mesmo assim, o padre sustentou sua oratória contra um dos que
protestavam, reafirmando em mais um trecho que:
“Você acredita que a menina é inocente?
Acredita em papai Noel também. 6 anos, por 4anos e não disse nada. Claro tava
gostando. Por favor,kkk, gosta de dar, então assuma as consequências…”
A versão do padre
Nesta quinta (20), Ramiro José Perotto disse
que sua intenção era apenas se posicionar conforme a doutrina católica, que é
contra a prática do aborto e que os ataques são sem fundamentos.
Por telefone, ele explicou que fez três
postagens, na primeira, replicou a carta da CNBB de dom Walmor, que lamentou o
aborto realizado na criança e apontou como crime hediondo. Na segunda, ele
disse que publicou um vídeo que gravou, mas que em seguida acabou excluindo a
postagem. E na última, já exausto com o bombardeio de comentários anteriores,
desabafou.
“Daí eu postei assim: Se você é católico, se
você é cristão, pense na sua fé antes de ser a favor do aborto. As três
postagens são minhas. E tiveram inúmeros comentários, foi nisso aí que começam
a atacar a gente”, contou.
Pedido de perdão
Ainda na quinta-feira (20), o Padre Ramiro
Perotto ainda sustentava sua versão de que era a “vítima” de uma “campanha
midiática”, promovida pela imprensa e novamente falou que as mensagens estavam distorcidas
e até mesmo “Hackeadas”. Posteriormente o sacerdote encaminhou uma Carta Aberta
à sociedade, com um pedido de perdão por seus “deslizes verbais”.
Sem mais tentativas de dissimular o assunto, o
Padre Ramiro assume em sua Carta Aberta, a total responsabilidade sobre suas
palavras proferidas e publicadas em seu próprio perfil no Facebook, o qual foi
excluído pelo próprio religioso, antes de admitir em sua carta que foi o autor
de 3 postagens nas quais fez uso de “palavras desagradáveis”, mas que, segundo
ele, tudo em “defesa da vida”.
Para o Padre, a principal motivação para
excluir seu perfil do Facebook foi por que estava sendo “atacado” por “pessoas
que não comungam com minha fé e crença na pessoa humana”, e não fato de ser o
autor de palavras tão carregadas de imoralidades e indecências que não condizem
com a imagem que se espera de um sacerdote espiritual.
Acompanhe abaixo a Carta Aberta do padre
Ramiro José Perotto com o pedido de perdão a Deus e aos “ofendidos”: