Estava “com uma numerosa multidão de
discípulos seus, e de muito povo de toda a Judeia e Jerusalém, do litoral de
Tiro e de Sídon, que vieram para o ouvir…“ (1) . É assim que o evangelista
Lucas introduz o longo discurso de Jesus, que prossegue com o anúncio das
bem-aventuranças, com as exigências do Reino de Deus e as promessas do Pai aos
seus filhos.
Jesus anuncia livremente a Sua mensagem a
homens e mulheres, de diferentes povos e culturas, que acorreram para O
escutar. É uma mensagem universal, dirigida a todos e que todos podem aceitar
para se realizarem como pessoas, criadas por Deus Amor à Sua imagem.
Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante
será lançada no vosso regaço.
Jesus revela a novidade do Evangelho: o Pai
ama pessoalmente cada um dos seus filhos com um amor “transbordante” e dá-lhes
a capacidade de alargarem o seu coração para com os irmãos, com uma
generosidade cada vez maior. São palavras prementes e exigentes: dar do que é
nosso – bens materiais, mas também acolhimento, misericórdia, perdão – com
abundância, à imitação de Deus.
A imagem da recompensa abundante, lançada no
regaço, faz-nos compreender que a medida do amor de Deus por nós é sem medida.
As suas promessas realizam-se para além das nossas expectativas, pois
libertam-nos da ânsia dos nossos cálculos, dos nossos programas e da desilusão
por não receber dos outros segundo a nossa medida.
Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço.
A propósito deste convite de Jesus, Chiara
Lubich escreveu: «Já te aconteceu receber um presente de um amigo e sentir a
necessidade de o retribuir? […] Se isso te acontece a ti, imagina como será com
Deus, que é Amor. Ele retribui sempre todas as ofertas que fazemos ao próximo
em Seu nome. […] Deus não procede assim para te enriquecer ou para nos
enriquecer. (…) Fá-lo para que, quanto mais tivermos, mais possamos dar; para
que – como verdadeiros administradores dos bens de Deus – façamos circular
todos os bens na comunidade que nos rodeia […]. Sem dúvida que Jesus pensava
sobretudo na recompensa que vamos ter no Paraíso, mas tudo o que acontece nesta
Terra é já um prelúdio e garantia dessa recompensa». (2)