sábado, 16 de janeiro de 2021

Austrália reconhece erro ao acusar Vaticano de transações suspeitas de 1,4 bilhão



Mídia fez grande alarde quando divulgou a acusação, mas é discreta na hora de corrigir a notícia falsa.

Autoridade australiana reconhece erro ao acusar transações suspeitas de 1,4 bilhão de euros do Vaticano para bancos na Austrália: o órgão de vigilância financeira do país da Oceania tinha questionado supostas transferências exorbitantes, mas depois reconheceu que o valor correto não era de 1,4 bilhão de euros, mas sim de 6 milhões de euros, e não de uma vez só, mas sim ao longo de 6 anos. Uma “pequena diferença” de 233,33 vezes a menos do que o denunciado, e que representa valores dentro da normalidade para o período.

Além do erro crasso no valor total das transferências, o Australian Transaction Reports and Analysis Centre (AUSTRAC) também tinha denunciado que havia 47.000 supostas transações suspeitas, mas agora admitiu que são 362 transações ao longo dos últimos 6 anos: uma média de 60 por ano, também dentro da normalidade. A “pequena diferença”, neste caso, é de 129,47 vezes a menos do que o denunciado.

Austrália reconhece erro ao acusar Vaticano

Em comunicado, a AUSTRAC alega “um erro de código informático na origem do cálculo”. Também teria havido confusão entre operações do Vaticano e outras da Itália.

O suposto valor estratosférico tinha gerado escândalo mundial. A Conferência Episcopal da Austrália, compreensivelmente surpresa, chegou a pedir que o Papa Francisco abrisse uma investigação formal sobre o caso, pois os bispos não sabiam para onde teria ido tanto dinheiro.

Postura de parte da mídia

Sem surpresas, uma parte da mídia mundial fez grande alarde quando divulgou a acusação, mas está sendo bastante “discreta” na hora de corrigir a notícia falsa.
Entre as manchetes tendenciosas na hora de acusar, o tom de muitos sites “informativos” foi do tipo “Igreja fez transferências bilionárias e suspeitas”, ou “Igreja não sabe explicar transferências de 1,4 bilhão do Vaticano para a Austrália”.

Resposta do Vaticano

Apesar de apontar a “enorme discrepância” entre os valores reais e os que tinham sido noticiados erradamente, o Vaticano emitiu uma nota oficial reiterando “respeito pelas instituições” da Austrália e expressando “satisfação pela colaboração entre as entidades envolvidas”.

O Vaticano também informou que as transferências reais dizem respeito à administração normal da presença da Igreja na Austrália. Não custa lembrar que a Igreja administra de paróquias e escolas até creches e obras assistenciais.

O Papa Emérito Bento XVI havia impulsionado reformas na estrutura financeira do Vaticano para profissionalizar a gestão e implementar todas as normas internacionais de transparência. Essas reformas foram intensificadas no pontificado de Francisco, que deu continuidade ao trabalho de Bento.

China considerada uma das principais preocupações de liberdade religiosa em 2021



A China continua sendo uma das principais preocupações em relação aos direitos humanos em 2021, disse esta semana à CNA, agência em inglês do grupo ACI, Nadine Maenza, comissária do Comissariado dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF).

"A China continua sendo uma das maiores preocupações do USCIRF, devido à detenção em massa de muçulmanos uigures do país na região autônoma de Xinjiang", disse Maenza, em 11 de janeiro.

Estima-se que entre 900 mil a 1,8 milhão de uigures e outras etnias muçulmanas na região foram detidos em mais de 1.300 campos de concentração naquele lugar, informou USCIRF. Houve relatos de trabalho forçado, doutrinação, espancamentos e esterilizações forçadas nos campos.

Maenza pediu aos Estados Unidos e às empresas internacionais "que pressionem a China a acabar com a horrível situação” nestes locais.

A recente repressão da China contra os defensores da democracia em Hong Kong também é uma preocupação urgente, disse a comissária, acrescentando que a China está "espalhando sua influência" por todo o mundo.

USCIRF é uma comissão federal bipartidária que promove a liberdade religiosa no exterior e informa sobre a perseguição religiosa ao Departamento de Estado. Os comissários são nomeados por membros republicanos e democratas do Congresso.

Maenza informou sobre alguns avanços positivos para a liberdade religiosa mundial em 2020.

O Uzbequistão, disse, "não promete apenas mudanças, mas já libertou prisioneiros por razões de consciência e está trabalhando com o USCIRF e outros para afrouxar suas restrições à prática religiosa, que incluem o registro obrigatório de igrejas".

No Sudão, a administração interina do Primeiro-Ministro Abdalla Hamdok proporcionou "mudanças reais" no tratamento de mulheres e minorias étnicas que "sofreram tremendamente sob o regime anterior".

No entanto, à medida que 2021 avança, há muitas áreas de preocupação para a liberdade religiosa internacional, incluindo os problemas atuais no Iraque e na Síria, onde o Estado Islâmico foi derrotado em 2017.

“Continuamos preocupados com as condições para os cristãos e yazidis nas planícies de Nínive e Sinjar. É notável que, depois de tantos anos e todo o dinheiro gasto, ainda não seja um lugar seguro para as minorias religiosas. E, de fato, quase nada mudou em Sinyar”, lamentou Maenza.

Os cristãos começaram a voltar para suas casas na Planície de Nínive, mas informaram que a segurança é a principal preocupação, tanto que algumas aldeias da zona nem foram reassentadas.

Arcebispo de Manaus suplica: "Pelo amor de Deus, nos enviem oxigênio"

Clamor de socorro de dom Leonardo Steiner escancara situação crítica da capital do Amazonas, atingida em cheio pela segunda onda de covid-19



Arcebispo de Manaus suplica: “Pelo amor de Deus, nos enviem oxigênio”: o enfático pedido de ajuda lançado por dom Leonardo Steiner é mais uma mostra da situação crítica da capital do Amazonas, que, atingida em cheio pela segunda onda de covid-19, está sofrendo o drama da falta de cilindros de oxigênio nos hospitais.

Nesta quinta-feira, 14 de janeiro, o Estado cujo território é o mais extenso do país, no coração da floresta, contabilizou 3.816 novos casos de infecção em 24 horas, seu recorde até o momento. Ao longo da pandemia, o Amazonas acumula quase de 225 mil casos e se aproxima dos 6.000 óbitos.

Doentes chegaram a falecer nesta quinta por falta de oxigênio, segundo relatos chocantes de médicos e enfermeiros. Os profissionais da saúde da capital amazonense tiveram de apelar para a ventilação manual na tentativa de atender pacientes com falta de ar. Ao longo desta sexta-feira, aviões da Força Aérea Brasileira começaram as transferências de cerca de 200 pacientes de Manaus para hospitais em outros Estados. Em paralelo, uma campanha nacional mobilizou brasileiros de todas as regiões a enviarem donativos ao Amazonas para a compra urgente de cilindros de oxigênio.

Projeto de lei obrigaria sacerdotes a violar segredo de confissão




Legisladores do estado de Dakota do Norte (Estados Unidos) apresentaram esta semana um projeto de lei que obrigaria os sacerdotes católicos a violar o segredo de confissão em casos de abuso infantil confirmado ou suspeito, com penas que variam de multas pesadas até prisão.

O projeto de lei foi apresentado em 12 de janeiro pelos senadores estaduais Judy Lee, Kathy Hogan e Curt Kreun, e pelos representantes estaduais Mike Brandenburg e Mary Schneider.

A lei atual de denúncia obrigatória em Dakota do Norte estabelece que o clero se considera informador obrigatório de abuso infantil conhecido ou suspeito, exceto quando "o conhecimento ou a suspeita deriva de informações recebidas em qualidade de conselheiro espiritual" como no confessionário.

O projeto de lei SB 2180 alteraria essa lei para abolir esta exceção. Se for aprovado, os sacerdotes que deixarem de denunciar abuso infantil conhecido ou suspeito, mesmo que seja revelado no confessionário, seriam considerados culpados de um crime menor de Classe B e enfrentariam 30 dias de prisão ou multas de até 1.500 dólares ou ambos.

Os sacerdotes são obrigados pelo direito canônico, derivado da lei divina, a manter a confidenciabilidade do conteúdo de uma confissão, e nem sequer podem revelar se uma confissão aconteceu ou não. O Código de Direito Canônico estabelece que o “sigilo sacramental é inviolável; pelo que o confessor não pode denunciar o penitente nem por palavras nem por qualquer outro modo nem por causa alguma”.

Os sacerdotes não podem violar o sigilo, nem sequer sob ameaça de prisão ou pena civil, e podem incorrer em excomunhão latae sententiae se o fizerem. O Catecismo da Igreja Católica (CIC), número 1467, explica o ensinamento da Igreja sobre o segredo da confissão.

“Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o respeito devido às pessoas, a igreja declara que todo o sacerdote que ouve confissões está obrigado a guardar segredo absoluto sobre os pecados que os seus penitentes lhe confessaram, sob penas severíssimas. Tão pouco pode servir-se dos conhecimentos que a confissão lhe proporciona sobre a vida dos penitentes”, diz o CIC.

A hipocrisia de uma emissora


Ai do mundo por causa dos escândalos! 
Eles são inevitáveis, mas ai do homem que os causa! – Mt 18, 7

O ano de 2020 estava terminando, e como se não bastasse a pandemia de um vírus vindo da China  que prostrou todo o Ocidente, os católicos ainda precisaram enfrentar mais uma adversidade antes de virar a última página do calendário. Não bastaram os incontáveis meses sem cumprir o preceito dominical, não bastaram as semanas carregando a culpa do pecado sem ter um sacerdote para ministrar o sacramento da Confissão, tampouco bastou a abstinência forçada do Corpo de Cristo presente na Eucaristia. Era preciso um golpe final contra a imagem da Santa Igreja Católica.

No dia 5 de dezembro do ano passado, Dom Alberto Taveira, Arcebispo de Belém do Pará, veio a público emitir uma nota para se defender contra uma reportagem que seria divulgada com o intuito de denegrir a sua honra, forçando uma renúncia do episcopado:

Dirijo-me a você com imensa dor no coração. Fui acusado de crimes de ordem moral, sem que me tenha sido dada a oportunidade de ser ouvido. Foram denúncias enviadas à Santa Sé, que provocaram uma Visita Apostólica, encerrada nesta semana; foi instaurado um processo em curso junto às autoridades civis. A iminente divulgação em mídia nacional, ao que tudo indica, causará danos irreparáveis à minha pessoa e provocará um profundo abalo à Igreja.

Dom Alberto seria a próxima vítima da grande mídia fake-news, que se torna cada vez mais uma imensa máquina revolucionária de moer reputações de bons sacerdotes católicos. Da mesma forma que ocorreu recentemente com o Cardeal George Pell, tudo indicava que Dom Alberto seria a nova vítima da difusão de falsas acusações de abuso sexual.

Curiosamente, nenhuma emissora noticiou o caso no dia 6 de dezembro, primeiro domingo após a publicação da nota de Dom Alberto. A repercussão entre os católicos foi alta e muitos leigos tomaram a defesa da honra do bispo. Ademais, a Globo sofria com mais uma denúncia de assédio em seus próprios quadros.  A mídia parecia ter recuado.

No entanto, a matéria ofendendo a honra de Dom Alberto foi preparada e apresentada pela Rede Globo durante a exibição do Fantástico em 3 de janeiro de 2021. A reportagem apresentou três candidatos ao sacerdócio que alegam terem sofrido abuso sexual do bispo, além de um outro ex-seminarista que afirmou ter sofrido assédio moral por sentir atração por pessoas do mesmo sexo, o que sabemos ser uma prática incompatível com o ofício do sacerdócio. As imagens escolhidas misturavam depoimentos dos acusados a um cenário que apresentava o quarto de um prelado da Igreja, com roupas de cama misturadas às roupas eclesiais, tudo para criar uma imagem sugestiva de que o bispo seria um predador sexual. O simples fato de ter que registrar o mau-caratismo desta reportagem da TV Globo em letras, nos repugna. Matéria extremamente tendenciosa e parcial, uma vergonha para o jornalismo brasileiro, uma ofensa às inteligências dos brasileiros e um profundo desrespeito aos católicos de todo o país.

Curiosamente, um outro personagem neste meio tempo foi também acusado de abuso sexual. Desta vez, não se tratava de um homem católico, mas de um integrante da cúpula da Rede Globo, o humorista Marcius Mellem, acusado por sua colega de profissão, Dani Calabresa, de assédio sexual. Uma reportagem publicada pela Revista Piauí em 4 de dezembro [portanto, um dia antes da nota de Dom Taveira!] mostrou denúncias de assédio sexual praticado pelo humorista contra a sua colega. Chama atenção a diferença de postura da emissora quanto ao caso de Marcius Melem e de Dom Taveira. No dia 8 de dezembro o Jornal Nacional leu uma nota oficial da emissora sobre o caso de seu, agora, ex-funcionário:

A Globo informou que investiga criteriosamente todas as denúncias de assédio e que não tolera comportamentos abusivos. Mas que não pode comentar publicamente nenhuma investigação desse tipo por ter assumido com todos os seus colaboradores um compromisso de sigilo do processo, que resguarda a investigação dos fatos, denunciantes, denunciados e testemunhas”.

Papa Francisco e Bento XVI foram vacinados contra Covid-19



O Vaticano confirmou na quinta-feira, 14 de janeiro, que o Papa Francisco e o Papa Emérito Bento XVI já receberam a primeira dose da vacina contra Covid-19.

“Posso confirmar que como parte do programa de vacinação do Estado da Cidade do Vaticano até hoje a primeira dose da vacina para a Covid-19 foi administrada ao Papa Francisco e ao Papa Emérito”, informou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, respondendo a perguntas dos jornalistas.

O Vaticano começou a administrar a vacina contra COVID-19 no 13 de janeiro, segundo informou a sala de imprensa da Santa Sé.

O Papa Francisco já havia anunciado, em uma entrevista recente parcialmente transmitida no sábado, 10 de janeiro, em Canale 5, na Itália, que receberia a vacina COVID 19 nesta semana.
“Acredito que eticamente todos devem tomar a vacina. Porque está em risco a sua saúde, a sua vida, mas também a vida dos outros”, disse o Santo Padre.

Papa não tem certeza se viajará ao Iraque devido à pandemia de coronavírus



A viagem do Papa Francisco ao Iraque, prevista para acontecer de 5 a 8 de março, está incerta devido às consequências da pandemia do coronavírus.

O Santo Padre, durante a entrevista que concedeu recentemente ao Canal 5 da Itália, afirmou que não sabe se essa viagem finalmente acontecerá.

No entanto, os organizadores continuam com os preparativos e o Patriarcado da Babilônia dos Caldeus já apresentou o lema e a logo da viagem apostólica.

O lema, "Todos sois irmãos", extraído de uma passagem do Evangelho de São Mateus, é uma declaração de intenções: o Papa vem propor uma ideia de fraternidade de tal modo que a viagem ao Iraque seria uma continuação da realizada em 2019 aos Emirados Árabes Unidos.

Em relação à logo, representa o mapa do Iraque com seus emblemas históricos: os rios Tigre e Eufrates e a palmeira. Uma pomba da paz voa com um ramo de oliveira sobre as bandeiras entrelaçadas do Iraque e do Vaticano.

Esta viagem é especialmente esperada pelas autoridades iraquianas que acreditam que a visita papal ajudará a resolver uma situação especialmente difícil. Por enquanto, o simples anúncio da viagem já teve alguns efeitos positivos para a convivência.

Um deles foi a inclusão do Dia de Natal entre os feriados nacionais, proclamado pelo Parlamento iraquiano.

Outro gesto, talvez mais do que um gesto, foi a decisão do líder muçulmano-xiita iraquiano, o clérigo Muqtada al Sadr, e chefe do grupo Sadrista com forte representação no Parlamento, de criar um Comitê encarregado de coletar informações sobre as denúncias de expropriação indevida de imóveis de proprietários cristãos em várias regiões do país.

A restituição das casas expropriadas aos cristãos é uma medida que visa a reconciliação entre iraquianos de diferentes religiões e um ato de justiça que Sadr vem promovendo desde 2016.

Além disso, o governo iraquiano está promovendo várias medidas para facilitar o retorno dos cristãos aos territórios dos quais foram expulsos pelo Estado Islâmico. Para o governo iraquiano, essa é uma medida necessária para a reconstrução do país.

Caso seja finalmente realizada, a viagem do Pontífice ao Iraque incluirá a capital, Bagdá, a Planície de Ur, ligada à memória de Abraão, e as cidades de Erbil, Mosul e Qaraqosh, na Planície de Nínive.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Papa ratifica ordenação sacerdotal reservada a homens ao conceder acesso de mulheres aos ministérios de acolitado e leitorado



Diante de interpretações desviadas, Francisco é bem claro: "A Igreja não tem de forma alguma a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres".

Acesso de mulheres aos ministérios de acolitado e leitorado é formalizado pelo Papa, de forma estável e institucionalizada, com mandato especial detalhado no motu proprio Spiritus Domini.

O documento modifica o primeiro parágrafo do cânon 230 do Código de Direito Canônico e estabelece que as mulheres podem ter acesso a esses ministérios por meio de um ato litúrgico específico.

Isto quer dizer que as mulheres que leem a Palavra de Deus durante as celebrações litúrgicas ou que servem no altar como ministrantes ou como dispensadoras da Eucaristia passam a contar com um reconhecimento institucionalizado e oficial.

A sua participação no altar não é nenhuma novidade, já que a prática podia ser autorizada pelos bispos. Mas ainda não havia mandato institucional próprio. De fato, quando São Paulo VI aboliu as chamadas “ordens menores” em 1972, o acesso a esses ministérios ficou reservado apenas ao sexo masculino porque eles eram considerados ministérios preparatórios para uma eventual ordenação sacerdotal.