A China continua sendo uma das principais preocupações em relação aos direitos humanos em 2021, disse esta semana à CNA, agência em inglês do grupo ACI, Nadine Maenza, comissária do Comissariado dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF).
"A China continua sendo uma das maiores preocupações do USCIRF, devido à detenção em massa de muçulmanos uigures do país na região autônoma de Xinjiang", disse Maenza, em 11 de janeiro.
Estima-se que entre 900 mil a 1,8 milhão de uigures e outras etnias muçulmanas na região foram detidos em mais de 1.300 campos de concentração naquele lugar, informou USCIRF. Houve relatos de trabalho forçado, doutrinação, espancamentos e esterilizações forçadas nos campos.
Maenza pediu aos Estados Unidos e às empresas internacionais "que pressionem a China a acabar com a horrível situação” nestes locais.
A recente repressão da China contra os defensores da democracia em Hong Kong também é uma preocupação urgente, disse a comissária, acrescentando que a China está "espalhando sua influência" por todo o mundo.
USCIRF é uma comissão federal bipartidária que promove a liberdade religiosa no exterior e informa sobre a perseguição religiosa ao Departamento de Estado. Os comissários são nomeados por membros republicanos e democratas do Congresso.
Maenza informou sobre alguns avanços positivos para a liberdade religiosa mundial em 2020.
O Uzbequistão, disse, "não promete apenas mudanças, mas já libertou prisioneiros por razões de consciência e está trabalhando com o USCIRF e outros para afrouxar suas restrições à prática religiosa, que incluem o registro obrigatório de igrejas".
No Sudão, a administração interina do Primeiro-Ministro Abdalla Hamdok proporcionou "mudanças reais" no tratamento de mulheres e minorias étnicas que "sofreram tremendamente sob o regime anterior".
No entanto, à medida que 2021 avança, há muitas áreas de preocupação para a liberdade religiosa internacional, incluindo os problemas atuais no Iraque e na Síria, onde o Estado Islâmico foi derrotado em 2017.
“Continuamos preocupados com as condições para os cristãos e yazidis nas planícies de Nínive e Sinjar. É notável que, depois de tantos anos e todo o dinheiro gasto, ainda não seja um lugar seguro para as minorias religiosas. E, de fato, quase nada mudou em Sinyar”, lamentou Maenza.
Os cristãos começaram a voltar para suas casas na Planície de Nínive, mas informaram que a segurança é a principal preocupação, tanto que algumas aldeias da zona nem foram reassentadas.
Maenza assinalou que no vizinho nordeste da Síria, uma administração autônoma oferece um porto seguro na região para que as pessoas mudem legalmente de religião. No entanto, as invasões à área em 2019 por forças turcas e outras forças e as atrocidades que se seguiram, incluindo assassinatos, estupros, conversão forçada e destruição de locais religiosos, ameaçaram sua sobrevivência.
Na Nigéria, os grupos terroristas Boko Haram e a Província da África Ocidental do Estado Islâmico (ISWAP) estão aterrorizando cristãos e muçulmanos com sequestros e execuções.
Em outras partes da Ásia, o nacionalismo étnico-religioso é uma preocupação em países como Brunei e Índia, disse Maenza. "A Índia continua vendo que o governo adota estas leis contra a conversão”, disse sobre o partido nacionalista hindu governante do país.
Enquanto uma nova administração se prepara para tomar o poder nos Estados Unidos, Maenza disse que os comissários do USCIRF "têm esperança de se envolver" e querem que o governo "mantenha e até mesmo expanda a liberdade religiosa".
Finalmente, a comissária disse que "o USCIRF também espera uma nomeação rápida do próximo embaixador da liberdade religiosa". Do mesmo modo, afirmou que espera que o Governo de Joe Biden continue nomeando um conselheiro especial para a liberdade religiosa internacional no Conselho de Segurança Nacional, seguindo o exemplo do governo Donald Trump.
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Publicado originalmente em CNA.
Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
ACI Digital
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