Mídia fez grande alarde quando divulgou a acusação, mas é discreta na hora de corrigir a notícia falsa.
Autoridade australiana reconhece erro ao acusar transações suspeitas de 1,4 bilhão de euros do Vaticano para bancos na Austrália: o órgão de vigilância financeira do país da Oceania tinha questionado supostas transferências exorbitantes, mas depois reconheceu que o valor correto não era de 1,4 bilhão de euros, mas sim de 6 milhões de euros, e não de uma vez só, mas sim ao longo de 6 anos. Uma “pequena diferença” de 233,33 vezes a menos do que o denunciado, e que representa valores dentro da normalidade para o período.
Além do erro crasso no valor total das transferências, o Australian Transaction Reports and Analysis Centre (AUSTRAC) também tinha denunciado que havia 47.000 supostas transações suspeitas, mas agora admitiu que são 362 transações ao longo dos últimos 6 anos: uma média de 60 por ano, também dentro da normalidade. A “pequena diferença”, neste caso, é de 129,47 vezes a menos do que o denunciado.
Austrália reconhece erro ao acusar Vaticano
Em comunicado, a AUSTRAC alega “um erro de código informático na origem do cálculo”. Também teria havido confusão entre operações do Vaticano e outras da Itália.
O suposto valor estratosférico tinha gerado escândalo mundial. A Conferência Episcopal da Austrália, compreensivelmente surpresa, chegou a pedir que o Papa Francisco abrisse uma investigação formal sobre o caso, pois os bispos não sabiam para onde teria ido tanto dinheiro.
Postura de parte da mídia
Sem surpresas, uma parte da mídia mundial fez grande alarde quando divulgou a acusação, mas está sendo bastante “discreta” na hora de corrigir a notícia falsa.
Entre as manchetes tendenciosas na hora de acusar, o tom de muitos sites “informativos” foi do tipo “Igreja fez transferências bilionárias e suspeitas”, ou “Igreja não sabe explicar transferências de 1,4 bilhão do Vaticano para a Austrália”.
Resposta do Vaticano
Apesar de apontar a “enorme discrepância” entre os valores reais e os que tinham sido noticiados erradamente, o Vaticano emitiu uma nota oficial reiterando “respeito pelas instituições” da Austrália e expressando “satisfação pela colaboração entre as entidades envolvidas”.
O Vaticano também informou que as transferências reais dizem respeito à administração normal da presença da Igreja na Austrália. Não custa lembrar que a Igreja administra de paróquias e escolas até creches e obras assistenciais.
O Papa Emérito Bento XVI havia impulsionado reformas na estrutura financeira do Vaticano para profissionalizar a gestão e implementar todas as normas internacionais de transparência. Essas reformas foram intensificadas no pontificado de Francisco, que deu continuidade ao trabalho de Bento.
Por sua vez, algumas autoridades da Austrália não têm agido de forma igualmente respeitosa para com o Vaticano e a Igreja Católica.
É preciso recordar, por exemplo, que a justiça australiana condenou injustamente o cardeal George Pell, em março de 2019, a 6 anos de prisão por alegados crimes de abuso sexual que nunca foram comprovados – tanto que a mesma justiça o absolveu por unanimidade ao revisar o caso em abril de 2020, libertando-o depois de mais de um ano indevidamente preso.
Além disso, o país também permite leis estaduais que atropelam a liberdade religiosa ao obrigarem sacerdotes católicos a revelarem segredos de confissão. É o caso dos Estados da Tasmânia e de Victoria, onde os padres correm o risco de ser condenados a até 3 anos de cadeia caso se neguem a revelar determinados segredos de confissões quando solicitados judicialmente.
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Aleteia
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