O novo Bispo de Chur, Suíça, Dom Joseph Bonnemain deu a Santa Comunhão a três protestantes em sua própria ordenação no último 19 de março, Solenidade de São José. A informação foi dada pela página web dos bispos suíços.
“Na presença do [cardeal Kurt Koch], Joseph Bonnemain deu a Santa Comunhão a três personalidades reformadas: a presidente da Igreja Reformada Protestante Suíça, Rita Famos; o presidente do conselho da igreja de Zurique, Michel Müller - e o conselheiro do governo de Zurique, Mario Fehr", diz a página.
Em resposta ao pedido de comentário da CNA, o escritório de Dom Bonnemain respondeu com uma breve declaração em 22 de março, e apontou o cânon 844 §4 do Código de Direito Canônico da Igreja Católica em sua defesa.
O código citado pelo bispo diz: “Se existir perigo de morte ou, a juízo do Bispo diocesano ou da Conferência episcopal, urgir outra necessidade grave, os ministros católicos administram licitamente os mesmos sacramentos também aos outros cristãos que não estão em plena comunhão com a Igreja católica, que não possam recorrer a um ministro da sua comunidade e o peçam espontaneamente, contanto que manifestem a fé católica acerca dos mesmos sacramentos e estejam devidamente dispostos”.
"A aplicação dessas normas em relação às pessoas individuais concretas durante uma celebração pública leva em conta as circunstâncias existentes e a atitude pessoal do indivíduo. A mídia, dadas as considerações de privacidade, não é o lugar para comentar tal assunto", respondeu a diocese aos questionamentos da agência CNA.
Bonnemain é um clérigo bastante familiarizado com o código de direito canônico. O Bispo de 72 anos e membro do Opus Dei já atuou como vigário judicial e canônico da catedral desta diocese suíça.
Um especialista jurídico da Universidade Católica da América, Pe. James Bradley, disse ao grupo ACI que "o cânon 844 §4 diz respeito à administração lícita dos sacramentos da penitência, da Eucaristia, e da unção dos enfermos aos que não foram batizados, além dos ortodoxos e outras confissões cristãs".
"Existem cinco condições para que isso seja um ato perfeitamente lícito", explicou o Pe. Bradley à CNA por e-mail.
"O primeiro é o perigo de morte, ou alguma necessidade grave. Além disso, são necessárias todas as seguintes condições: a pessoa que procura o sacramento deve ser incapaz de se aproximar do ministro da sua própria confissão; o indivíduo deve manifestar a fé católica no sacramento solicitado; a pessoa deve solicitar o sacramento por iniciativa própria; e a pessoa deve ter a devida disposição".
Falando à CNA sob condição de anonimato, outro especialista em direito canônico que reside em Roma, confirmou esta afirmação acrescentando que era difícil imaginar como essas condições poderiam ter se aplicado naquela ocasião e por que o novo bispo apela a este cânon para justificar o ato.
Após reportagens internacionais críticas às ações do novo bispo, o portal financiado pela conferência dos bispos suíços, "kath.ch", também defendeu veementemente o ato do novo bispo, alegando que um antecessor havia feito a mesma coisa e referindo-se ao famoso caso do Cardeal Joseph Ratzinger e do Irmão Roger Schutz da Comunidade Taizé.
No entanto, esse caso "obviamente não pode ser comparado" com o que ocorreu, relatou o canonista em Roma consultado pela CNA.
Assim como relatou a CNA Deutsch, agência do grupo ACI para a língua alemã, a diocese de Chur, que também compreende a cidade de Zurique, tem um histórico de altas tensões internas. O novo bispo – que na própria ordenação deu a comunhão aos políticos protestantes e se inclinou para pedir a bênção da assembleia– anunciou que sua prioridade era curar divisões em uma diocese "doente".