A missa de sétimo dia do ator e humorista Paulo Gustavo foi celebrada na terça-feira dia 11 de maio ao pé do Cristo Redentor no Rio de Janeiro (RJ) com transmissão ao vivo pela TV. Paulo Gustavo, abertamente homossexual que vivia com o médico Thales Bretas com quem criava dois meninos, morreu no dia 4 de maio, aos 42 anos, de Covid-19. Ele estava internado desde 13 de março no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro.
Bretas, apresentado frequentemente pela mídia como “marido” do ator, discursou durante a missa. “O amor é transformador, e o nosso não só me evoluiu para sempre como alcançou milhares de famílias com o exemplo de tolerância, respeito e união”, disse. “Que sorte a minha viver um amor tão lindo, verdadeiro e correspondido, mesmo que por pouco tempo. Tínhamos tantos planos para tantos anos, acho que é para além dessa nossa encarnação”, referindo-se aparentemente à crença na reencarnação das almas que não é aceita pelo catolicismo.
A cineasta Susana Garcia, amiga e diretora de filmes de Paulo Gustavo falou do ator como um lutador em discurso durante a missa. “Em sua honra, seremos cada vez mais um imenso mar de força, determinação e coragem contra tudo que nega a vida”, disse a cineasta. “Você lutou contra o preconceito, contra o racismo, contra a homofobia! Você fazia esse país se curar através do riso”.
Bretas, como vários dos presentes, recebeu a comunhão do concelebrante, padre Jorge Luiz Neves, conhecido como padre Jorjão.
O Catecismo da Igreja Católica afirma no parágrafo 1385 que “aquele que tiver consciência dum pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação antes de se aproximar da Comunhão”. O mesmo catecismo define o homossexualismo como pecado grave.
Em entrevista à ACI Digital, padre Jorjão disse não ter acesso à consciência das pessoas para negar a Eucaristia.
Segundo o padre, antes da missa e do início da transmissão pela TV, o padre Omar Raposo, reitor do santuário do Cristo Redentor e celebrante principal, avisou “quem poderia comungar e como se comunga”, isto é, “teve todo um cuidado”.
Padre Jorjão disse que “não tinha como saber se ele (Bretas) se confessou ou não.
“Durante todo esse tempo que o Paulo Gustavo esteve internado ou até após a sua morte, ele pode ter se arrependido, se confessado. Quem poderá dizer se ele buscou a confissão nesses últimos dias?”, questionou.
Segundo o sacerdote, “se negasse a comunhão, poderia gerar um escândalo maior” e citou casos em que viu ser negada a comunhão e depois se soube que a pessoa poderia ter comungado.
“Pode receber a comunhão quem está em estado de graça”, disse padre Jorjão, e isso “foi avisado antes da Missa”. Entretanto, “é o fiel que vai saber se está em estado de graça ou não, o padre não tem como ler a consciência da pessoa. Se receber a comunhão sem estar em estado de graça, a responsabilidade é do fiel”.
À ACI Digital, o sacerdote citou as palavras de São Paulo: “Quem comer o pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, cada qual a si mesmo e então coma desse pão e beba deste cálice; pois quem come e bebe, sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação”.