O Papa Francisco lançou na sexta-feira, 16, a Carta Apostólica Traditionis Custodes, na qual limita muito as possibilidades de uso da liturgia pré-conciliar (que chamamos de Missa Tridentina) e vai além, revogando boa parte das permissões concedidas por Bento XVI na Summorum Pontificum.
Mas por que Francisco fez isso? As respostas estão na carta que ele lançou junto com o novo documento.
Vamos começar pela Traditionis Custodes (em português, significa “Guardiões da Tradição”), uma clara referência aos bispos, que se tornam o ponto central dessa história, pois agora têm a responsabilidade de autorizar e regular todas as atividades que envolvam a Missa Tridentina.
Esse poder de regulação é maior do que simplesmente autorizar as missas. Os bispos deverão nomear os padres que serão autorizados a celebrar no Missal de Pio V, assim como já acontece no caso das celebrações dos ritos orientais. Os padres que forem ordenados após a data de lançamento da Traditionis Custodes terão ainda mais dificuldade, pois precisarão de autorização da Santa Sé para estas celebrações.
Mas não é apenas isso. Francisco também proíbe a celebração da Missa Tridentina nas igrejas paroquiais e obriga que suas leituras sejam feitas na língua vernácula (no nosso caso, o português), utilizando-se as traduções atuais aprovadas pelas Conferências Episcopais. Aqui no Brasil, isso significa o dever de seguir os textos dos lecionários usados nas missas “normais”, traduzidos e aprovados pela CNBB.
O Papa também proibiu a formação de novos “grupos tradicionais” e recomendou que os bispos verifiquem a pertinência de manter os que já existem.
Em suma, foi quase uma revogação da Summorum Pontificum de Bento XVI.
MAS POR QUE O PAPA FEZ ISSO?
Essa resposta é claramente encontrada na carta que ele dirige a todos os bispos, na qual se diz triste e preocupado com o mau uso feito pelas concessões dadas por Bento XVI.
Francisco deixa claro que não há uma rejeição a nada que seja pré-conciliar, mas entendeu que precisava dar uma resposta aos grupos que vêm utilizando a Missa Tridentina como uma forma de criar guetos na Igreja Católica.
Passados treze anos [da promulgação da Summorum Pontificum], instruí a Congregação para a Doutrina da Fé a enviar [aos bispos] um questionário sobre a aplicação do “Motu Proprio Summorum Pontificum”. As respostas recebidas revelaram uma situação que me entristece e preocupa, confirmando a necessidade de intervenção. Infelizmente, o objetivo pastoral dos meus Predecessores que tinham a intenção «empregar todos os esforços para que aqueles que verdadeiramente desejam a unidade possam permanecer nesta unidade ou redescobri-la», muitas vezes foi seriamente negligenciada. Uma possibilidade oferecida por São João Paulo II e, com magnanimidade ainda maior, por Bento XVI, para recompor a unidade do corpo eclesial em relação às várias sensibilidades litúrgicas, foi utilizada para aumentar distâncias, endurecer diferenças, construir contrastes que ferem a Igreja e dificultam o seu progresso, expondo-a ao risco de divisões. - Carta de Francisco aos Bispos, 16/07/2021
A carta fala ainda da necessidade de se enxergar a unidade da Igreja através da sua liturgia e reforça o papel dos bispos como verdadeiros guardiões da Tradição.
Eu sei que tem muita gente de bem contrariada com isso, mas não se pode negar que muitos tradicionalistas radicais vivem atacando o papa tanto pelas costas quanto publicamente. Agora, com uma canetada, o Papa deu a resposta que eles merece. Desenhando:
Mas por que Francisco fez isso? As respostas estão na carta que ele lançou junto com o novo documento.
Vamos começar pela Traditionis Custodes (em português, significa “Guardiões da Tradição”), uma clara referência aos bispos, que se tornam o ponto central dessa história, pois agora têm a responsabilidade de autorizar e regular todas as atividades que envolvam a Missa Tridentina.
Esse poder de regulação é maior do que simplesmente autorizar as missas. Os bispos deverão nomear os padres que serão autorizados a celebrar no Missal de Pio V, assim como já acontece no caso das celebrações dos ritos orientais. Os padres que forem ordenados após a data de lançamento da Traditionis Custodes terão ainda mais dificuldade, pois precisarão de autorização da Santa Sé para estas celebrações.
Mas não é apenas isso. Francisco também proíbe a celebração da Missa Tridentina nas igrejas paroquiais e obriga que suas leituras sejam feitas na língua vernácula (no nosso caso, o português), utilizando-se as traduções atuais aprovadas pelas Conferências Episcopais. Aqui no Brasil, isso significa o dever de seguir os textos dos lecionários usados nas missas “normais”, traduzidos e aprovados pela CNBB.
O Papa também proibiu a formação de novos “grupos tradicionais” e recomendou que os bispos verifiquem a pertinência de manter os que já existem.
Em suma, foi quase uma revogação da Summorum Pontificum de Bento XVI.
MAS POR QUE O PAPA FEZ ISSO?
Essa resposta é claramente encontrada na carta que ele dirige a todos os bispos, na qual se diz triste e preocupado com o mau uso feito pelas concessões dadas por Bento XVI.
Francisco deixa claro que não há uma rejeição a nada que seja pré-conciliar, mas entendeu que precisava dar uma resposta aos grupos que vêm utilizando a Missa Tridentina como uma forma de criar guetos na Igreja Católica.
Passados treze anos [da promulgação da Summorum Pontificum], instruí a Congregação para a Doutrina da Fé a enviar [aos bispos] um questionário sobre a aplicação do “Motu Proprio Summorum Pontificum”. As respostas recebidas revelaram uma situação que me entristece e preocupa, confirmando a necessidade de intervenção. Infelizmente, o objetivo pastoral dos meus Predecessores que tinham a intenção «empregar todos os esforços para que aqueles que verdadeiramente desejam a unidade possam permanecer nesta unidade ou redescobri-la», muitas vezes foi seriamente negligenciada. Uma possibilidade oferecida por São João Paulo II e, com magnanimidade ainda maior, por Bento XVI, para recompor a unidade do corpo eclesial em relação às várias sensibilidades litúrgicas, foi utilizada para aumentar distâncias, endurecer diferenças, construir contrastes que ferem a Igreja e dificultam o seu progresso, expondo-a ao risco de divisões. - Carta de Francisco aos Bispos, 16/07/2021
A carta fala ainda da necessidade de se enxergar a unidade da Igreja através da sua liturgia e reforça o papel dos bispos como verdadeiros guardiões da Tradição.
Eu sei que tem muita gente de bem contrariada com isso, mas não se pode negar que muitos tradicionalistas radicais vivem atacando o papa tanto pelas costas quanto publicamente. Agora, com uma canetada, o Papa deu a resposta que eles merece. Desenhando: