No dia do nosso batismo, quando crianças, o padre pergunta aos pais: “Pedistes o Batismo para vossos filhos. Devereis educá-los na fé ... Estais conscientes disto?” Respondem: “Estamos”. Depois aos padrinhos: “Deveis ajudar os pais a cumprir sua missão. Estais dispostos a fazê-lo?”. Respondem: “Estamos”. Por fim, “credes na Santa Igreja Católica ...?”. Respondem: “Cremos”.
Pois bem, com estas respostas, os pais e padrinhos assumem o compromisso cristão de ajudarem a criança batizada a crescer na fé cristã e nesta Igreja Católica que a acolheu para marcar-lhe com o selo definitivo da graça divina.
Mas, como os pais vão dar provas concretas de que estão conscientes do compromisso cristão, e, portanto, da fé professada, se vão à igreja católica só no dia do batismo do filho? Ou nos 15 anos da filha? Ou na missa de 7º dia de um parente?
E pior, o que dizer dos católicos que mandam batizar a criança por motivações erradas, tais como: para que ela não vire bicho, ou para que tenha um padrinho rico, ou para que a tradição continue na família?!
Uma planta que não se rega, ela murcha, seca e morre. Igualmente, a vida cristã, cuja semente da graça batismal está em cada um, se não for regada com a participação da Missa, com a Eucaristia, com a escuta da Palavra de Deus, com a vida sacramental, enfim, com o testemunho da própria fé partilhada na comunidade eclesial, o que acontece? A vida cristã do católico se torna estéril, porque infecunda; torna-se morta, porque sem vida; torna-se apagada, porque sem conteúdo; perde a credibilidade, porque falta o testemunho, enfim, não brilha nem atrai. Resultado, “enfraquecendo-se a vida cristã, enfraquece-se também a pertença à Igreja Católica”[1].
Ora, diga-me como é possível ser católico deste jeito? É claro que as pesquisas referentes a católicos evasivos só podem aumentar. Contudo, é bom saber que nelas estarão incluídos só os católicos de direito – os que foram batizados e têm seus nomes no livro de registro da paróquia –, nunca os de fato – os que, além de direito, praticam sua fé com veemência.
Para tanto, é oportuno destacar também que o desconhecimento da fé cristã recebida dos Apóstolos e continuada na missão da Igreja Católica ao longo de 21 séculos é um dos motivos determinantes que impede o católico de amar mais sua Igreja e, assim, de viver com mais firmeza e convicção a própria fé católica.
Sobre isto, vamos aos fatos: se o católico desconhece a importância e grandeza da Eucaristia na vida cristã, será que ele vai à missa aos domingos? Se o católico desconhece o valor do sacramento da Penitência e seu efeito de graça atuante na vida do pecador, será que ele vai ao encontro do sacerdote para fazer a confissão? Se o católico desconhece o valor e o sentido do batismo recebido na Igreja Católica, será que ele vai se comprometer com sua fé? Certamente, não.
Santo Agostinho, no século IV, buscando dar uma resposta sobre a discussão entre fé e razão dissera: Fidens quaerens intellectum, isto é, a fé que busca compreender.
Isto implica afirmar que nossa fé precisa ser amadurecida, compreendida e aprofundada. O católico que amadurece na fé e sabe dar-lhe razões nunca faz este tipo de discurso: só vou à igreja quando eu estiver com vontade, ou eu me confesso sozinho com Deus quando vou me deitar, e basta. Pois bem, isto não é fé. Isto é comodismo espiritual!
E mais, o católico convicto da própria fé nunca deixa sua Igreja Católica por outros grupos religiosos. Isto porque se a verdadeira Igreja de Cristo é continuidade com Sua missão, e Sua missão passa pela Eucaristia, porque Ele desejou ardentemente celebrar a Ceia com seus discípulos; passa pelo perdão dos pecados, porque Ele ordenou a seus Apóstolos que perdoassem a todos, então onde não há celebração da Eucaristia, sacramento da Confissão, aí não há também continuidade com a missão de Cristo na terra, e sim ruptura ou outra coisa qualquer do tipo: “Estai alerta para que ninguém vos enrede com sua filosofia e com doutrinas falsas, baseando-se em tradição humana e remontando às forças elementares do mundo, sem se fundamentar em Cristo”[2]. Logo, o católico não trocará sua fé por outra “fé”.
Quando o católico desconhece a beleza da doutrina católica – doutrina esta que se caracteriza pela sua unidade e comunhão de um único e mesmo credo, válido tanto para o católico do sertão do Maranhão quanto para o Papa lá em Roma –, ele perde também o encanto da própria fé, e, com isso, acaba-se tornando presa fácil nas mãos de grupos religiosos, os quais também por ignorância só sabem falar mal de Maria, nossa mãezinha do Céu, e das imagens.
Fundamentalmente, conhecer a Igreja Católica é tomar consciência de que o DEPÓSITO DA FÉ firma-se na Sagrada Escritura, na Tradição e no Magistério da Igreja. Qualquer católico, ao partir desta tríade, vai encontrar com muita consistência e precisão as razões de sua fé. Com efeito, é sempre em atenção contínua a esta tríade que a Igreja Católica vivificada pela ação do Espírito Santo conduz e orienta seus filhos na fé e na moral.
Se todos os que foram batizados na Igreja Católica deixarem de ser católicos de arquibancada, de raridade, de eventos e de uma “fé que busca consolação subjetiva”[3], asseguro: nunca vão abandonar a Igreja Católica. Afinal, “nela temos tudo o que é bom, tudo o que é motivo de segurança e de consolo!”[4].
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[1] Cf. Documento de Aparecida, n. 100b.
[2] Cl 2, 8.
[3] TESSORE, Dag. Bento XVI (questões de fé, ética e pensamento na obra de Joseph Ratzinger). São Paulo: Claridade, 2005. p. 29.
[4] Documento de Aparecida, n. 246.
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Frei Luis Leitão pertence a Província Capuchinha Nossa Senhora do Carmo. Atualmente reside no Pós-Noviciado de Filosofia e também é o vice-diretor geral do IESMA(Instituto de Estudos Superiores do Maranhão).