segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Que posição os fiéis devem adotar depois da comunhão?


Em sua coluna semanal sobre liturgia, o padre McNamara responde hoje a uma pergunta feita por um missionário italiano em Ruanda.

Eu gostaria de perguntar quais são as posições a manter durante as várias partes da celebração eucarística: de pé, sentados, ajoelhados... Em particular, depois de comungar, alguns esperam para sentar-se após o padre colocar o Santíssimo Sacramento no tabernáculo; outros voltam para o seu lugar e sentam-se imediatamente para adorar o Senhor que acabaram de receber. Obrigado. - E.B., Kigali

Os gestos e posturas que os fiéis devem assumir são tratados na Instrução Geral do Missal Romano, nº 43:

Os fiéis estão de pé: desde o início do cântico de entrada, ou enquanto o sacerdote se encaminha para o altar, até à oração coleta, inclusive; durante o cântico do Aleluia que precede o Evangelho; durante a proclamação do Evangelho; durante a profissão de fé e a oração universal; e desde o convite “Orai, irmãos”, antes da oração sobre as oblatas, até ao fim da Missa, exceto nos momentos adiante indicados.

Estão sentados: durante as leituras que precedem o Evangelho e durante o salmo responsorial; durante a homilia e durante a preparação dos dons ao ofertório; e, se for oportuno, durante o silêncio sagrado depois da Comunhão.

Estão de joelhos durante a consagração, exceto se razões de saúde, a estreiteza do lugar, o grande número dos presentes ou outros motivos razoáveis a isso obstarem. Aqueles, porém, que não estão de joelhos durante a consagração, fazem uma inclinação profunda enquanto o sacerdote faz a genuflexão depois da consagração.

Compete, todavia, às Conferências Episcopais, segundo as normas do direito, adaptar à mentalidade e tradições razoáveis dos povos os gestos e atitudes indicados no Ordinário da Missa. Atenda-se, porém, a que estejam de acordo com o sentido e o caráter de cada uma das partes da celebração. Onde for costume que o povo permaneça de joelhos desde o fim da aclamação do Sanctus até ao fim da Oração eucarística, é bom que este se mantenha.

Para se conseguir a uniformidade nos gestos e atitudes do corpo na celebração, os fiéis devem obedecer às indicações que, no decurso da mesma, lhes forem dadas pelo diácono, por um ministro leigo ou pelo sacerdote, de acordo com o que está estabelecido nos livros litúrgicos.


No tocante à pergunta desta semana, a frase-chave do parágrafo tem sido fonte de controvérsia, especialmente nos EUA. A tradução inglesa do texto diz que os fiéis podem ficar "sentados ou ajoelhados durante o silêncio sagrado depois da comunhão".

Alguns liturgistas e até bispos interpretaram estas palavras como uma proibição de se ajoelhar ou de sentar-se antes de se receber a comunhão. A polêmica levou o cardeal Francis George, como presidente da Comissão Litúrgica da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA, a pedir uma interpretação autêntica da Santa Sé, em 26 de maio de 2003.

O então prefeito da Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos, cardeal Francis Arinze, respondeu à pergunta em 5 de junho daquele mesmo ano (Prot 855/03/L):

Em muitos lugares, os fiéis estão acostumados a ficar de joelhos em oração pessoal ou sentados depois de regressar aos seus lugares após receberem, individualmente, a Sagrada Eucaristia durante a missa. As normas da terceira edição típica do Missal Romano proíbem esta prática?

A lógica é que o nº 43 da Instrução Geral do Missal Romano pretende estabelecer, dentro de amplos limites, uma certa uniformidade de posições a serem assumidas pela assembleia durante as várias partes da celebração da Santa Missa, mas, ao mesmo tempo, não estabelecê-las tão rigidamente a ponto de aqueles que desejam permanecer ajoelhados ou sentados não poderem fazê-lo.

Depois de receber esta resposta, o boletim da Comissão comentou: "Na aplicação da Instrução Geral do Missal Romano, as posições não devem ser reguladas de modo rígido, a ponto de se proibirem os indivíduos que comungam de se ajoelhar ou sentar-se após receber a Sagrada Comunhão" (p. 26).


O que é válido para Washington é aplicável também nos outros lugares: os fiéis podem se ajoelhar ou sentar-se depois de terem comungado.


Pe. Edward McNamara, LC, 
professor de teologia e diretor espiritual
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Fonte: ZENIT

O que fazer quando um familiar ou amigo está em uma seita?

Conheça algumas pautas para saber como agir,
sem jamais perder a esperança de ajudar a pessoa a discernir a verdade

É possível ajudar um familiar ou amigo a sair de uma seita. Não podemos perder a esperança. Porém, isso não significa um ato concreto, e sim um processo – muitas vezes longo e doloroso. Em tal processo, é preciso envolver a família, os amigos e os especialistas em seitas e psicologia clínica.
 
A seita não é um bom lugar

 
A seita, nenhuma seita, apesar de haver graus de periculosidade, jamais será um lugar adequado para se estar. Sabemos, além disso, que é possível sair de uma seita. Muitas pessoas permanecem, mas muitas outras conseguem sair.

 
Em suma, quando o grupo já não satisfaz as expectativas da pessoa, e esta percebe que lá fora ela pode se realizar, e além disso há um gatilho capaz de vencer o medo da mudança, a pessoa consegue sair. Não é fácil; é um processo difícil e doloroso. Inclusive, há seitas que impedem a saída dos seus membros, sob ameaças e coerções de todo tipo.

 
Diferentes tipos de seita, diferentes tipos de saída

 
Hoje em dia, dentro dos grupos sectários, existem muitos que são de estrutura menos rígida, mais "light", mais volúveis, permeáveis, tanto na forma de entrar como de sair. Falamos dos grupos, oficinas e atividades da Nova Era. Nelas, as pessoas entram e saem com grande liberdade, deixam um grupo ou guru e vão para outro, de maneira mais fácil que em uma seita organizada.

 
Vão perdendo o dinheiro de lugar em lugar, e satisfazendo desejos e frustrações de curso em curso, de oficina em oficina – com propostas pseudoespirituais, mágicas e de cura e interioridade. Não obstante, o que apresentamos aqui vale tanto para estas seitas New Age como para os grupos clássicos, mais organizados e estruturados.
 
A resistência a mudar para sair da seita

 
As seitas sempre enganam, mas também oferecem a promessa de suprir as necessidades dos adeptos. São necessidades não satisfeitas da pessoa, que a levam a continuar no grupo, inclusive apesar de ver as manipulações e enganos, mas justificando-os e permanecendo no grupo sectário.

 
As seitas são lugares que impedem, em maior ou menor medida, o fluxo e movimento de informação com o exterior; controlam os sentimentos, comportamentos e pensamentos do adepto mediante processos de prêmio e castigo, anulação do senso crítico e coerção psicológica; difundem a crença de que o exterior é ruim e o interior (o grupo) é bom, que só neles se encontra a verdade e lá serão salvos, que o líder é quem conhece os destinos e é onisciente, e que só ele é capaz de dar luz e respostas. O medo de romper os laços com a seita às vezes é um grande impedimento para muitas pessoas.

 
Algumas pautas gerais para ajudar uma pessoa a sair de uma seita

 
Apresentamos alguns princípios gerais, que deverão ser colocados em prática em cada caso concreto dentro do processo de ajuda.

 
- Grande envolvimento dos familiares, amigos, professores, agentes de pastoral, padres etc., que possam ser de ajuda e confiança para o afetado.

 
- Contar com a ajuda de especialistas em seitas, psicólogos e, às vezes, de advogados, segundo as necessidades de cada caso.

 
- Não é um ato, mas um processo, às vezes lento e doloroso, com recaídas e retrocessos. Não perder a esperança. A entrada não foi pontual, mas gradual. Por isso, é preciso ir com calma, conhecendo todas as causas que levaram a pessoa à seita.
 
- Às vezes, o afetado estava fugindo de uma situação familiar ou social, ou buscando o que não tinha no seu ambiente. É preciso sanar e restabelecer as condições prévias para acomodar a pessoa no ambiente do qual talvez fugiu.

 
- Não qualificar o grupo como seita, pois isso sempre tem uma conotação negativa. Falar apenas de "grupo".

 
- A pessoa deve ir, pouco a pouco, reconhecendo o grupo como seita, mas sozinha, nunca de maneira diretiva por parte de outros.

 
- Jamais cortar a comunicação com o afetado. Estar disponíveis para que ele possa conversar e se abrir com confiança. Escutar, e não ficar dando lições.

 
- Oferecer sempre proximidade e amor incondicional à pessoa. Os adeptos costumam permanecer na seita por medo da reação dos seus familiares e amigos, se ele voltar.

 
- No começo, a pessoa pode estar muito distante dos padrões, formas, concepções, ideias, linguagem dos seus familiares e amigos. É preciso ser pacientes. O afetado foi prejudicado em seu senso crítico e em seus sentimentos; foi reeducado e manipulado.

 
- O diálogo será mais frequente, íntimo e profundo com o tempo. Isso acontecerá de forma natural e gradual – talvez com retrocessos e recaídas. Tentar não abordar temas conflituosos ou profundos demais; buscar conversar sobre assuntos gerais e cotidianos, sobretudo se as relações familiares foram dissolvidas e estão se reconstruindo.
 
- Isso supõe um interesse real pelas atividades e pelo grupo sectário no qual a pessoa está ou esteve. Ela precisa sentir que seus familiares e amigos se interessam pelas suas coisas.

 
- Estar disponíveis, mas sem pular etapas; não exagerar em ligações e torpedos. A pessoa recuperará a confiança e vencerá seus medos aos poucos.

 
- Conforme for obtendo informação do grupo sectário e dos processos de captação vividos, é preciso comunicar isso aos especialistas, para receber orientações de como proceder.
 
- Valorizar o que o grupo oferece de positivo, mas mostrar (ainda que indiretamente) que nem tudo é tão perfeito nessa agrupação, ou que existem mais motivações e finalidades que as simples e aparentes. Mas quem deve ir percebendo a realidade global é a pessoa afetada.

 
- Por outro lado, nas seitas, a maioria das pessoas que as integram desconhece o que se faz na cúpula e como se manipula. Ajudar o afetado a diferenciar os integrantes das bases (muitos dos quais já são seus amigos agora) dos líderes das seitas.

 
- Evitar buscar culpados, nem com relação ao afetado, nem com relação aos familiares. A ajuda psicológica e terapêutica também deverá incidir nos demais familiares, para ajudar neste processo.

 
- Não dar dinheiro à pessoa, mas ajudá-la concretamente no que precisar (alimento, hospedagem, roupas etc.). Mas nunca dar-lhe dinheiro, porque este poderá ser destinado à seita.

 
- As seitas costumam reeducar os adeptos fazendo-lhes ler suas histórias de maneira negativa. Para curar isso, é preciso lembrar das coisas boas do passado, bem como ajudar a pessoa a reencontrar velhos amigos.

 
- Ajudar a pessoa a projetar-se de maneira feliz, livre e autônoma, em um futuro que ela construirá à margem do grupo sectário.

 
- Se necessário, buscar assessoria jurídica (em casos de doações ao líder ou ao grupo, perdas financeiras, testamentos etc.).

 
- O procedimento pode ver-se frustrado com a volta da pessoa à seita. Para que todo este processo de ajuda seja eficaz, é importante contar com a ajuda de especialistas no assunto, e não tentar fazer tudo sozinho.

 
- Certamente, rezar pela pessoa, pedindo a ajuda de Deus para o bom desenvolvimento deste processo.

 
A quem pedir ajuda?

 
Rede Ibero-americana de Estudo das Seitas (RIES).

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BIBLIOGRAFIA

LIVROS:
-José Mª Baamonde, La manipulación psicológica de las sectas, Paulinas, Madrid, 2003.
-Varios autores de la RIES, "Sectas y familia", Revista Familia, Instituto Superior de Ciencias de la Familia, Universidad Pontifica de Salamanca, nº 44, Salamanca, 2012.

-Manuel Guerra, Las sectas. Su dimensión humana, sociopolítica, ética y religiosa, EDICEP, Valencia, 2011.


ÁUDIOS:
-Vicente Jara, "Conoce las sectas", Radio María España, programas "Ayudando a salir de la secta" (I) [http://estrategia.info/ries/?p=episode&name=2011-08-06_d-cd-2011-03-12.mp3], 
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Disponível em: Aleteia

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Papa dedica Catequese a Maria: "modelo de fé, caridade e união com Cristo".


PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 23 de Outubro de 2013


Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Continuando as catequeses sobre a Igreja, hoje gostaria de contemplar Maria como imagem e modelo da Igreja. E faço-o, retomando uma expressão do Concílio Vaticano II. Lê-se na Constituição Lumen gentium: «A Mãe de Deus é o modelo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava santo Ambrósio» (n. 63).

1.            Comecemos a partir do primeiro aspecto: Maria, como modelo de fé. Em que sentido Maria representa um modelo para a fé da Igreja? Pensemos em quem era a Virgem Maria: uma jovem judia que, com todo o seu coração, esperava a redenção do seu povo. Mas naquele coração de jovem filha de Israel havia um segredo, que Ela mesma ainda não conhecia: no desígnio de amor de Deus, estava destinada a tornar-se a Mãe do Redentor. Na Anunciação, o Mensageiro de Deus chama-lhe «cheia de graça», revelando-se este desígnio. Maria responde «sim» e, a partir daquele momento, a fé de Maria recebe uma luz nova: concentra-se em Jesus, o Filho de Deus que dela recebeu a carne e em quem se realizam as promessas de toda a história da salvação. A fé de Maria é o cumprimento da fé de Israel, pois nela está concentrado precisamente todo o caminho, toda a senda daquele povo que esperava a redenção, e neste sentido Ela é o modelo da fé da Igreja, que tem como fulcro Cristo, encarnação do amor infinito de Deus.

Como viveu Maria esta fé? Viveu-a na simplicidade dos numerosos trabalhos e preocupações de cada mãe, como prover à comida, à roupa, aos afazeres de casa... Precisamente esta existência normal de Senhora foi o terreno onde se desenvolveram uma relação singular e um diálogo profundo entre Ela e Deus, entre Ela e o seu Filho. O «sim» de Maria, já perfeito desde o início, cresceu até à hora da Cruz. Ali a sua maternidade dilatou-se, abarcando cada um de nós, a nossa vida, para nos orientar rumo ao seu Filho. Maria viveu sempre imersa no mistério do Deus que se fez homem, como sua primeira e perfeita discípula, meditando tudo no seu coração, à luz do Espírito Santo, para compreender e pôr em prática toda a vontade de Deus.

Podemos interrogar-nos: deixamo-nos iluminar pela fé de Maria, que é nossa Mãe? Ou então pensamos que Ela está distante, que é demasiado diversa de nós? Nos momentos de dificuldade, de provação, de obscuridade, olhamos para Ela como modelo de confiança em Deus que deseja, sempre e somente, o nosso bem? Pensemos nisto, talvez nos faça bem voltar a encontrar Maria como modelo e figura da Igreja nesta fé que Ela tinha!


2.            Venhamos ao segundo aspecto: Maria, modelo de caridade. De que modo Maria é para a Igreja exemplo vivo de amor? Pensemos na sua disponibilidade em relação à sua prima Isabel. Visitando-a, a Virgem Maria não lhe levou apenas uma ajuda material — também isto — mas levou-lhe Jesus, que já vivia no seu ventre. Levar Jesus àquela casa significava levar o júbilo, a alegria completa. Isabel e Zacarias estavam felizes com a gravidez, que parecia impossível na sua idade, mas é a jovem Maria que lhes leva a alegria plena, aquela que vem de Jesus e do Espírito Santo e que se manifesta na caridade gratuita, na partilha, no ajudar-se, no compreender-se.

Nossa Senhora quer trazer também a nós, a todos nós, a dádiva grandiosa que é Jesus; e com Ele traz-nos o seu amor, a sua paz e a sua alegria. Assim a Igreja é como Maria: a Igreja não é uma loja, nem uma agência humanitária; a Igreja não é uma ONG, mas é enviada a levar a todos Cristo e o seu Evangelho; ela não leva a si mesma — seja ela pequena, grande, forte, ou frágil, a Igreja leva Jesus e deve ser como Maria, quando foi visitar Isabel. O que lhe levava Maria? Jesus. A Igreja leva Jesus: este é o centro da Igreja, levar Jesus! Se, por hipótese, uma vez acontecesse que a Igreja não levasse Jesus, ela seria uma Igreja morta! A Igreja deve levar a caridade de Jesus, o amor de Jesus, a caridade de Jesus.

Falamos de Maria, de Jesus. E nós? Nós que somos a Igreja? Qual é o amor que levamos aos outros? É o amor de Jesus que compartilha, perdoa e acompanha, ou então é um amor diluído, como se dilui o vinho que parece água? É um amor forte ou frágil, a ponto de seguir as simpatias, procurar a retribuição, um amor interesseiro? Outra pergunta: Jesus gosta do amor interesseiro? Não, não gosta, porque o amor deve ser gratuito, como o seu. Como são as relações nas nossas paróquias, nas nossas comunidades? Tratamo-nos como irmãos e irmãs? Ou julgamo-nos, falamos mal uns dos outros, cuidamos cada um dos próprios «interesses», ou prestamos atenção uns dos outros? São perguntas de caridade!

3.            E, brevemente, um último aspecto: Maria, modelo de união com Cristo. A vida da Virgem Santa foi a existência de uma mulher do seu povo: Maria rezava, trabalhava, ia à sinagoga... Mas cada gesto era realizado sempre em união perfeita com Jesus. Esta união alcança o seu apogeu no Calvário: aqui Maria une-se ao Filho no martírio do coração e na oferenda da sua vida ao Pai, para a salvação da humanidade. Nossa Senhora fez seu o sofrimento do Filho, aceitando com Ele a vontade do Pai naquela obediência fecunda, que confere a vitória genuína sobre o mal e a morte.

É muito bonita esta realidade que Maria nos ensina: estarmos sempre unidos a Jesus. Podemos perguntar: recordamo-nos de Jesus só quando algo não funciona e temos necessidades, ou a nossa relação é constante, uma amizade profunda, mesmo quanto se trata de o seguir pelo caminho da cruz?

Peçamos ao Senhor que nos conceda a sua graça, a sua força, a fim de que na nossa vida e na existência de cada comunidade eclesial se reflicta o modelo de Maria, Mãe da Igreja. Assim seja!


Saudações

Amados peregrinos de língua portuguesa, dirijo uma cordial saudação a todos, particularmente aos grupos brasileiros de Belo Horizonte, Braço do Norte e Jundiaí. Este mês de Outubro encoraja-nos a perseverar na reza diária do Terço, possivelmente em família, para que se reflicta também na Igreja doméstica o modelo de Maria. O segredo da sua paz e confiança estava nesta certeza: «A Deus, nada é impossível». Desça, pois, sobre vós e vossas famílias a Bênção do Senhor!

Finalmente, dirijo um pensamento carinhoso aos jovens, aos doentes e aos recém-casados. O mês de Outubro recorda-nos o compromisso de cada um na missão de anunciar o Evangelho.
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Fonte: Santa Sé

Por que o Halloween preocupa os católicos?

Uma festa estranha ao nosso patrimônio cultural,
que chega todos os anos envolvida em polêmica

Final de outubro: o debate sobre a festa de Halloween na mídia católica é inevitável. Recorda-se sua origem pagã e seu vínculo com crenças pré-cristãs; inclusive se debate sobre suas possíveis conexões satânicas. Muitos pais católicos se preocupam quando seus filhos querem se fantasiar e sair pedindo doces aos vizinhos.
Meus parentes irlandeses não entendem por que sua querida festa familiar causa tanta polêmica aqui. Estas festas ancestrais que o cristianismo conservou – e às quais deu um novo sentido – chegam até nós de épocas em que as pessoas, precisamente porque acreditavam em Deus, tinham menos respeito aos demônios.

O Halloween seria apenas mais uma dessas festas, se não tivesse sido tocado pelo dedo mágico de Hollywood, transformando-se, assim, em uma imposição cultural, como o Papai Noel ou a Coca-Cola, e ocupando cada vez mais o espaço da nossa festa de Todos os Santos.

É compreensível que, sem ter a bagagem histórica e cultural que um irlandês tem, fiquemos preocupados com a avalanche de demônios, dráculas e zumbis que invade as ruas, especialmente quando há crianças em casa, às quais é muito difícil explicar "por que você não vai", quando os amiguinhos as convidam a participar da comemoração.

Para nós, que não comemoramos o Halloween desde pequenos, a festa parece invocar forças malignas para que venham possuir nossos lares.

O que fazer, então?

Desmentindo equívocos históricos: Lutero, Sagrada Escritura e Igreja

O erro do protestantismo é pensar que a Igreja se acha dona, 
e não servidora da Palavra de Deus, 
explica Dom De Gasperín nesta entrevista

O hoje bispo emérito de Querétaro (México), Dom Mario De Gasperín, viveu o Concílio Vaticano II como sacerdote recém-ordenado e como estudante de Bíblia na Universidade Gregoriana de Roma. Ao longo da sua vida sacerdotal e episcopal, foi um constante incentivador do estudo da Palavra de Deus, e uma das mentes mais brilhantes da Conferência Episcopal Mexicana.
 
Nos últimos anos, ele vem escrevendo uma série de mais de 30 reflexões sobre o Concílio Vaticano II e o Ano da Fé no El Observador, recordando aquele encontro da Igreja com a mudança de época, e sobre o Ano da Fé lançado por Bento XVI para recolher os frutos do Concílio – sendo um deles precisamente o encontro com as confissões protestantes.
 
Qual foi a reflexão do Concílio sobre a reforma protestante?
 
Entre as tarefas do Concílio Vaticano II, estava o diálogo com os irmãos protestantes, como parte integrante do movimento ecumênico. Lutero tinha tentado reformar a Igreja da sua época. Segundo ele, a Igreja se colocou atrás de três muralhas: a supremacia do poder eclesiástico sobre o secular; a superioridade do concílio sobre os fiéis; e a interpretação da Bíblia submetida à Igreja.
 
Nestes três campos, a Igreja hierárquica tinha a faca e o queijo na mão e ninguém podia alçar a voz, muito menos para reformá-la. Esta "tripla muralha" era a que ele pretendia derrubar; dedicou sua vida a isso e não poupou esforços nem meios para consegui-lo, recorrendo inclusive ao poder secular.


No centro de tudo está a interpretação da Bíblia, não é?

 
Daqui surge a acusação protestante à Igreja Católica, de querer submeter a Bíblia ao seu domínio e à sua vontade. Com isso, ela se declara – diziam os reformadores – superior à Sagrada Escritura e dona da Palavra de Deus, o que é inaceitável.
 
Lutero pretendia libertar a Bíblia desta escravidão. Por isso, propôs e declarou, como princípio interpretativo da Bíblia, o livre exame, ou seja, a interpretação individual da Escritura. Cada um deve lê-la e interpretá-la segundo a inspiração do Espírito Santo. O cristão deve se guiar somente pela Bíblia. A expressão latina sola Scriptura significa que "a Sagrada Escritura se interpreta por si mesma" e não está submetida ao magistério da Igreja.
 
Isso, evidentemente, não era o sentido da Igreja...
 
A Sagrada Escritura é o livro da Igreja e para a Igreja; portanto, deve ser lida em sintonia com a Igreja, sob a guia dos seus pastores. A estes, diz São Paulo, Deus confiou a tarefa de "conservar o depósito da fé" e transmiti-lo íntegro às novas gerações.
 
Dessa maneira, o magistério da Igreja não se proclama superior ou manipulador da Palavra de Deus, e sim seu servidor.
 
Então, a ideia do Concílio era colocar as coisas em ordem: primeiro a Palavra, depois o magistério?
 
O magistério eclesiástico serve a Palavra de Deus, interpretando-a de acordo com a tradição eclesial, recebida dos apóstolos e do próprio Jesus Cristo. É dessa forma, diz o Concílio, que o povo cristão inteiro, unido aos seus pastores, persevera sempre na doutrina apostólica, na união, na Eucaristia e na oração, como fazia a primeira comunidade cristã. É um serviço à unidade e à verdade, e evita o individualismo e a fragmentação.
 
Qual é a missão da Igreja, neste sentido?
 
A primeira atitude da Igreja, especialmente dos pastores, é a de escutar com atenção e respeito a santa Palavra de Deus.
 
E obedecê-la...
 
Com esta atitude humilde, o Concílio começa a falar sobre a Revelação Divina. Diz que o Concílio escuta com devoção a Palavra de Deus e a proclama com valentia, obedecendo as palavras de João: o que vimos e ouvimos, nós lhes anunciamos, para que também vocês vivam nesta nossa união com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.
 
Dá a impressão de um Concílio que, mais que escutar a si mesmo, esteve atento ao que Deus lhe dizia...
 
A primeira coisa que o Concílio faz é escutar a Palavra de Deus. E o faz com devoção e obediência. Não tem medo de proclamar esta Palavra ao mundo inteiro, para que, quem a escutar e acreditar, tenha a vida eterna.
 
Lutero se equivocou?


A Igreja não é dona, mas fiel servidora da Palavra de Deus.
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Disponível em: Aleteia

Deixam a Igreja e vão para as seitas. Será que voltam sozinhos?

Uma visão ingênua do êxodo de católicos rumo às seitas na América Latina

Há sacerdotes e agentes de pastoral que têm uma visão extremamente ingênua do problema pastoral que representa o êxodo dos católicos às mais variadas seitas e grupos proselitistas.

Costumam compará-lo com o fenômeno das ondas marítimas, que vão e vêm constantemente: "A apologética já não está na moda; é uma perda de tempo. É verdade que muitos abandonam a Igreja, mas depois de quatro ou cinco anos, percebem seu erro e voltam".

 
Por que dizemos que esta é uma visão ingênua? Porque parece ignorar as tendências manifestadas por diversas pesquisas e confirmadas pelos mais variados censos populacionais em todo o continente americano.


Quais são estas tendências?
 
- Crescem exponencialmente os grupos proselitistas pela chegada de novos integrantes procedentes do catolicismo.

 
- Cresce o número dos que se dizem católicos, mas que já não têm senso de pertença à Igreja e cultivam poucos vínculos com ela. É fácil constatar isso na participação na Missa dominical.

 
- Cresce o número dos que se declaram sem religião.

 
- O catolicismo diminui proporcionalmente.



Retorno espontâneo?

 
É verdade que existem ex-católicos que voltam à Igreja. Mas vale a pena lembrar que aqueles que voltam não o fazem sem motivo. Eles voltam porque encontraram sites, livros, folhetos e material didático impresso ou audiovisual que lhes ajudaram a esclarecer as inúmeras dúvidas semeadas em suas mentes e corações pelo proselitismo sistemático dos grupos não católicos.

 
Voltam porque conheceram alguém com formação adequada para resolver seus interrogantes e inquietudes sobre a Igreja Católica e a Sagrada Escritura. Em muitos casos, não se trata, portanto, de uma volta espontânea, no estilo do filho pródigo (Lc 15, 11-31). O mais comum é que seja o resultado do esforço contínuo que diversas pessoas e instituições fazem no âmbito bíblico e apologético, em uma perspectiva evangelizadora.
 
No geral, são iniciativas feitas a título pessoal, sem o apoio concreto das estruturas eclesiais e muitas vezes nadando contra a corrente, entre a indiferença, a rejeição e a oposição.

 
O que aconteceria se implementássemos uma pastoral específica com estas características, com o apoio decidido das dioceses, decanatos, paróquias, seminários, centros de formação para leigos e outras instituições eclesiais?
 
O que aconteceria se, além desta necessária pastoral de retorno, se implementasse uma pastoral preventiva, que freasse desde já o êxodo massivo de católicos, aproveitando ao máximo as estruturas eclesiais, especialmente a catequese pré-sacramental? Porque "é melhor prevenir que remediar".

 
Por outro lado, é necessário passar de uma pastoral meramente cultual e de conservação a uma pastoral de busca e conquista, segundo o modelo que Jesus nos apresenta na parábola da ovelha perdida (Mt 18, 10-14; Lc 15, 1-7) e no grande mandamento da missão que nos deixou antes de voltar ao Pai (Mt 28, 18-20; Mc 16, 15).

 
O êxodo de católicos às mais variadas propostas religiosas não é um assunto sem importância. Da resposta que dermos a esta problemática pode depender o futuro da fé católica no nosso continente.


 
Então, vamos trabalhar, conscientes de que o que fazemos é algo transcendente para a vida de toda a Igreja.
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Fonte: Aleteia