Uma festa estranha ao nosso patrimônio cultural,
que chega todos os anos envolvida em polêmica
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Final de outubro: o debate sobre a festa de Halloween na mídia católica é inevitável. Recorda-se sua origem pagã e seu vínculo com crenças pré-cristãs; inclusive se debate sobre suas possíveis conexões satânicas. Muitos pais católicos se preocupam quando seus filhos querem se fantasiar e sair pedindo doces aos vizinhos.
Meus parentes irlandeses não entendem por que sua querida festa familiar causa tanta polêmica aqui. Estas festas ancestrais que o cristianismo conservou – e às quais deu um novo sentido – chegam até nós de épocas em que as pessoas, precisamente porque acreditavam em Deus, tinham menos respeito aos demônios.
O Halloween seria apenas mais uma dessas festas, se não tivesse sido tocado pelo dedo mágico de Hollywood, transformando-se, assim, em uma imposição cultural, como o Papai Noel ou a Coca-Cola, e ocupando cada vez mais o espaço da nossa festa de Todos os Santos.
É compreensível que, sem ter a bagagem histórica e cultural que um irlandês tem, fiquemos preocupados com a avalanche de demônios, dráculas e zumbis que invade as ruas, especialmente quando há crianças em casa, às quais é muito difícil explicar "por que você não vai", quando os amiguinhos as convidam a participar da comemoração.
Para nós, que não comemoramos o Halloween desde pequenos, a festa parece invocar forças malignas para que venham possuir nossos lares.
O que fazer, então?
O Halloween que temos hoje é produto da globalização e, dada a rapidez com que a cultura se transforma, não sabemos se ele chegou para ficar. Mas certamente anatematizar não é a solução, pois isso não responde ao que nossos filhos vivem. Nós, que crescemos sem o Halloween, temos facilidade para rejeitar a festa, mas para as nossas crianças, amamentadas na cultura global, é mais difícil de compreender isso.
O cristianismo sempre teve uma atitude de acolhimento e discernimento diante da cultura. Talvez seja um bom momento para conversar com os filhos sobre os espíritos, a magia e os demônios, sobre a visão cristã da morte e do além, ensinando-lhes a moderação e a prudência na hora de se divertir, bem como a rejeição de práticas espíritas e esotéricas.
É hora de enfrentar os desafios que a globalização nos apresenta, com seriedade, mas também com firmeza e discernimento, dando aos nossos filhos as armas necessárias para que possam incidir na sociedade em que vivem.
Acima de tudo, não podemos deixá-los com medo, pois não é isso que Deus quer de nós. É preciso dar-lhes motivos para a esperança.
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Disponível em: Aleteia
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