Os números de depressão e suicídio tendem a
aumentar com o isolamento social e o pânico gerados pelas mídias em relação ao
coronavírus. Como psicóloga, tenho esta preocupação, pois não podemos separar o
ser humano da sua mente, já que são dimensões intimamente relacionadas e exigem
cuidados na promoção do equilíbrio.
O ser humano é um ser social, relacional.
Nascemos para interagir uns com os outros - amigos, familiares - e, como toda
espécie, não nos sentimos bem "aprisionados" em nossas casas,
especialmente quando isso acontece de forma abrupta, por causa de uma pandemia
por exemplo.
Tal condição causa sim danos à nossa psiquê.
Precisamos nesse momento repensar nossas medidas de proteção, a fim de aliviar
dores emocionais de pessoa que já se encontram fragilizadas por outros motivos.
Se nada for feito neste sentido poderemos estar diante de uma tragedia
anunciada de ordem psicopatológica.
Precisamos em tempos de pandemia aprender a
conviver com o coronavírus sem pânico. Sem radicalismo nas medidas de proteção,
mas com muita educação, senso de responsabilidade e prevenção em todos os
aspectos de higiene. Substituir medidas que soam autoritárias e focar na
conscientização das pessoas me parece o melhor caminho.
Os governos precisam entender que apesar do
coronavírus há outra "epidemia" silenciosa, a qual é entendida pela
OMS como o "mal do século": a depressão. Além dessa, o suicídio
também é outro grave problema diretamente associado ao contexto de vida da
população. Achar que estes males não podem agravar terrivelmente em um cenário
de desemprego, por exemplo, é ilusão.
Estima-se que atualmente 322 milhões de
pessoas no mundo possuem depressão. No Brasil
os números são alarmantes. Dados da OMS mostram que taxas de suicídio
foram 7% maiores no Brasil em 2016, último ano da pesquisa, do que em 2010.
Para cada 100 mil habitantes o aumento foi de 7% no país, ao contrário do
índice mundial, que caiu 9,8%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Embora os números mundiais estejam em queda,
os índices ainda são alarmantes: cerca de 800 mil pessoas acabam com suas vidas
todos os anos no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. Apesar
disso, não vemos na TV reportagens que abordam constantemente essa dura
realidade, não é mesmo?