O Instituto Plinio Corrëa de Oliveira lançou, neste dia 19 de abril de 2020, festa
litúrgica de Santo Expedido, o Santo “das causas justas e urgentes”, um
abaixo-assinado dirigido aos Bispos do Brasil, para que abram as Igrejas e
administrem os Sacramentos.
Angustiada súplica dos fiéis a seus Pastores
Até quando permaneceremos sem sacramentos e
assistência espiritual?
Excelências Reverendíssimas,
É com os olhos fixos na Mater Dolorosa que
lhes dirigimos filialmente esta súplica.
A situação pela qual passa o Brasil e boa
parte do mundo, por ocasião da atual peste chinesa, o coronavírus, arrisca
levar-nos a uma conjuntura que vai muito além do caos sanitário. Já estamos
em parte diante, e se vislumbra um aumento, do caos social, do caos econômico,
do caos institucional, mas, sobretudo, de uma grande orfandade espiritual.
Quando São Carlos Borromeu era
Cardeal-Arcebispo de Milão, uma terrível epidemia grassou na região.
Que medidas ele tomou?
Fez um apelo à oração privada e pública;
prestou assistência aos doentes; conduziu três procissões gerais “para
apaziguar a ira de Deus” e pregou sobre como os pecados atraem o castigo
divino.
Desta forma, essas pragas foram não apenas um
castigo, mas também uma oportunidade de conversão.
O que presenciamos atualmente no Brasil é o
oposto:- o fechamento das igrejas; a restrição à principal fonte da graça
divina, que são os Sacramentos; a impossibilidade de receber a comunhão, o
batismo, de celebrar o matrimônio; a diminuição drástica das visitas aos
doentes, que se veem privados da absolvição sacramental e da extrema-unção; a
quase total eliminação da assistência religiosa aos fiéis; a ausência de um
chamado a atos penitenciais, à conversão, à mudança de vida.
Essa atitude, tomada por grande número de
clérigos no Brasil, tem colocado em xeque:
A vida espiritual dos fiéis, já tão debilitada
pela imoralidade agressiva, pelo laicismo cínico e pela impiedade imperante;
A credibilidade de quem deveria pastorear o
rebanho, máxime em momentos difíceis.
Essa indigência religiosa se verifica no mesmo
momento em que vemos, com edificação, médicos e profissionais da saúde que, em
vez de pedirem o fechamento dos hospitais, atendem com abnegação os enfermos,
mesmo com o risco de contágio, fiéis ao juramento feito em suas formaturas.
Porventura, o cuidado com o corpo é mais
importante do que o cuidado com a alma?
Da mesma o forma, as farmácias e os hospitais
permanecem abertos, mesmo em locais onde o comércio foi fechado.
Nesses locais, é permitida a entrada de
clientes, desde que se tomem as medidas indicadas pelas autoridades. Por que
tal procedimento não vale para as igrejas? Não é obrigação ainda maior a dos
Pastores de cuidar da salvação eterna das almas?Até mesmo o governo
federal, por meio de um decreto cuja eficácia foi confirmada pelo STF,
reconheceu as atividades religiosas como essenciais ao País, não sendo lícito a
nenhum estado ou município impedir a abertura das Igrejas e a administração dos
sacramentos.
A medida de fechar igrejas e limitar o acesso
aos sacramentos, de forma generalizada e por tempo indefinido, é sem precedente
na História.
Ela nos privou do tríduo sacro da Semana Santa
e da Páscoa. O 3º Mandamento da Igreja, que prescreve a comunhão pascal, não
pôde ser cumprido por causa de um vírus. Abandonou-se o divino remédio, sob
o pretexto de combater a doença!
Ora, tais medidas começam inevitavelmente a
suscitar graves perplexidades em incontáveis fiéis: Se somos abandonados por
parte do clero durante uma epidemia proporcionalmente menor que outras
ocorridas no glorioso passado da Santa Igreja, o que acontecerá doravante em
situações semelhantes ou ainda piores?Como poderão confiar futuramente em
alguém que se furta ao seu dever de ofício de zelar pela salvação eterna para
colocar a própria saúde física acima da saúde espiritual de cidades inteiras?
Não se iludam, Excelências, pois a continuação
de tal conduta poderá resultar naquilo que o Pe. Yoannis Lahzi Gaid, secretário
pontifício, julgou seu dever advertir os Bispos:
“Na epidemia de medo em que vivemos por causa
do coronavírus, arriscamos nos comportar mais como assalariados que como
pastores [grifos nossos]. Eu penso nas pessoas que certamente vão abandonar
as igrejas quando este pesadelo passar, porque a Igreja os abandonou quando
precisavam. […] Que nunca se possa dizer: ‘eu não vou à igreja que não veio
a mim quando eu estava mais necessitado”. (Crux, 15/3/2020)
Vêm-nos à mente as pungentes “Lamentações” do
Profeta Jeremias ao descrever o estado em que ficou Jerusalém, a Cidade Santa
do Antigo Testamento, após a saída de seu povo levado em cativeiro:
“Como está abandonada a cidade antes tão povoada!
Ela chora pela noite adentro, lágrimas lhe inundam as faces, ninguém mais a
consola de quantos a amavam. […] Estão
de luto os caminhos de Sião, e ninguém mais vem às suas festas. Suas portas
todas estão desertas […] Nestes dias de males e vida árida nos recordamos das
delícias dos tempos idos”.
É porque vimos pedir a Vossas Excelências que
sejam reabertas as igrejas, que se retome a distribuição dos sacramentos,
sobretudo os do Batismo, da Eucaristia, da Confissão e da Unção aos Enfermos,
para que se possa aplicar ao clero brasileiro o famoso provérbio Amicus certus
in re incerta cernitur – o amigo certo se manifesta na ocasião incerta.
Para que os fiéis possam novamente repetir,
com o Salmo 121: “Laetatus sum in his quae dicta sum mihi, in domum Domini
ibimus” — “Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do Senhor”.
Esta é a súplica que lhes faz o Instituto
Plinio Corrêa de Oliveira e todos os católicos aflitos que a ele se unem.
São Paulo, 19 de abril de 2020
Festa litúrgica de Santo Expedito
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Templário de Maria
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