Imigrante invade Missa em Portugal, fala contra cristãos e manda padre calar a boca. O surreal episódio aconteceu neste domingo, 15 de novembro. A celebração estava sendo transmitida ao vivo pelo Facebook da igreja da Sagrada Família, no município de Entroncamento.
Por volta das 9h30, o invasor cruzou a igreja, caminhou livremente até o presbitério, ocupou o lugar do paroquiano que cantava o salmo no ambão e começou a declarar ao microfone:
“Vocês têm de sair de África. Não queremos cristianismo em África. Queremos construir a nossa África”.
O padre celebrante tentou interpelar o intruso, mas o homem ordenou rudemente ao sacerdote:
“Cala a boca!”
O celebrante buscou então um telefone celular na sacristia e chamou a polícia. Enquanto isso, a paróquia desligou o microfone, mas o invasor continuou falando em alta voz durante mais alguns instantes. Depois saiu tranquilamente porta afora.
Quando a polícia chegou, o homem já estava na rua em frente à igreja. Veículos de comunicação de Portugal informaram que o Comando Distrital de Santarém/Esquadra do Entroncamento divulgou nota sobre o ocorrido. Segundo essa nota, o próprio invasor comunicou aos policiais que tinha interrompido a celebração da Missa, pediu “muitas desculpas” e “justificou” o fato alegando ter “ingerido bebidas alcoólicas”. O comunicado da polícia acrescenta que o homem foi “identificado e encaminhado ao seu domicílio”.
Os dois lados – ou os vários lados do debate
Para se levar em conta de modo imparcial tanto o lado da comunidade católica quanto o do imigrante invasor da igreja, é preciso partir do fato de que esses lados podem ter muito mais em comum do que em contrariedade entre si quando se consideram todos os demais “lados” da história da África e da sua relação com a fé cristã. Há muitos fatos sistematicamente deixados de lado e outros tantos tergiversados de modo grosseiro.
Como bom ponto de partida, tanto o imigrante quanto a Igreja enxergam e denunciam a exploração do continente africano por interesses estrangeiros insensíveis à população local – e, em vários casos, francamente genocidas.
Igreja e África
O que passa longe de ser justo e verdadeiro, porém, é afirmar que o cristianismo seja a causa dessa exploração, por mais que, ao longo da história, alguns dos exploradores, colonizadores e escravizadores da África tenham se declarado cristãos.
A Igreja Católica condenou essa exploração explicitamente, como é possível conferir, por exemplo, neste artigo.
Cumplicidade histórica de elites africanas, europeias e americanas
Por outro lado, grandes cúmplices do tráfico de escravos africanos para as Américas, sobretudo para o Brasil, foram as próprias elites africanas, como é hoje reconhecido até mesmo por descendentes de escravos que buscam reconciliar-se com as suas origens.
É o caso de Zulu Araújo, que, aos 63 anos, em 2016, foi um dos 150 brasileiros convidados pela produtora Cine Group a identificar as suas origens mediante um exame de DNA. Após descobrir que é descendente do povo tikar, de Camarões, Zulu viajou ao país para conhecer a terra de seus antepassados. Lá conheceu o rei tribal, “homem alto e forte de 56 anos, casado com 20 mulheres e pai de mais de 40 filhos“, conforme matéria da BBC sobre o relato de Zulu. Ainda segundo a mesma matéria da BBC, o brasileiro perguntou ao rei africano “por que eles tinham permitido ou participado da venda dos meus ancestrais para o Brasil“.
E Zulu prossegue o depoimento: “O tradutor conferiu duas vezes se eu queria mesmo fazer aquela pergunta e disse que o assunto era muito sensível. Eu insisti. Ficou um silêncio total na sala. Então o rei cochichou no ouvido de um conselheiro, que me disse que ele pedia desculpas, mas que o assunto era muito delicado e só poderia me responder no dia seguinte. O tema da escravidão é um tabu no continente africano, porque é evidente que houve um conluio da elite africana com a europeia para que o processo durasse tanto tempo e alcançasse tanta gente. No dia seguinte, o rei finalmente me respondeu. Ele pediu desculpas e disse que foi melhor terem nos vendido, caso contrário todos teríamos sido mortos. E disse que, por termos sobrevivido, nós, da diáspora, agora poderíamos ajudá-los. Disse ainda que me adotaria como seu primeiro filho, o que me daria o direito a regalias e o acesso a bens materiais“.
Extremismo e terrorismo islâmico
Há bastante tempo, ademais, a ampla maioria do atos de violência perpetrados no continente africano por razões religiosas procede do fanatismo assassino de radicais islâmicos do próprio continente. Basta uma singela busca na internet por combinações de termos como África, violência, terrorismo, intolerância religiosa, perseguição aos cristãos, Boko Haram, Al-Shabab, Al-Qaeda, Irmandade Muçulmana, Estado Islâmico, Nigéria, Camarões, Somália, Sudão, Moçambique, Egito, Líbia e um longuíssimo e sangrento etcétera.
A propósito: grande parte das vítimas dessa violência são as minorias católicas e os missionários católicos que foram à África para criar e manter hospitais, orfanatos, creches e programas de alimentação. Entre os exemplos estão a praga dos sequestros de padres e seminaristas na Nigéria, fenômeno que pode ser conferido neste artigo de março de 2020, e a impune ação selvagem dos fanáticos islâmicos do Boko Haram, declaradamente comprometidos em exterminar a presença cristã para estabelecer um novo califado.
Neocolonialismo chinês
Em paralelo, um implacável neocolonialismo econômico vem sendo imposto à África em ritmo épico pela China comunista e ateia, sob os aplausos de boa parte do autoproclamado “mundo livre”.
Incoerência e hipocrisia
Em qualquer caso, as acusações genéricas contra o cristianismo proclamadas por um imigrante que invade uma igreja e intimida cristãos em Portugal não são apenas falsas: são hipócritas. Se esse homem está ali, afinal, é porque foi acolhido em terra estrangeira pela mesma cultura cristã que, em contrapartida, ele afirma que deve ser expulsa das terras que ele próprio deixou para trás. O nível de incoerência vai além do indignante: é assustador.
Cabe perguntar, aliás: o que ocorreria na terra natal desse imigrante se um cristão invadisse um templo de outra religião local, tomasse o microfone, mandasse o líder religioso do templo “calar a boca” e pregasse contra a presença de membros dessa mesma religião na Europa, dizendo que eles deveriam sair da Europa e que “não os queremos na Europa”?
Aliás, o que ocorreria na mídia ocidental se acontecesse tal episódio?
O que será feito em defesa dos cristãos?
O comunicado das autoridades portuguesas não esclarece que tipo de providências serão tomadas para garantir a segurança dos católicos não apenas em sua própria terra, mas, no mínimo, dentro das suas próprias igrejas.
De fato, enquanto as autoridades e as “personalidades” da vida pública europeia muito falam e pouco agem, os cristãos europeus vão se tornando alvo cada vez mais frequente de fanáticos intolerantes que exigem tolerância apenas dos outros.
Ajudar os imigrantes, sim – mas com quais políticas?
E cabe aqui mais uma pergunta incômoda: sendo patente a emergência migratória e sendo urgente ajudar milhões de migrantes que sofrem perseguição e miséria em seus países de origem, que tipo de políticas estão sendo implementadas pelas autoridades europeias para lhes dar apoio sem pôr em risco os cidadãos que os acolhem?
O silêncio diante desta pergunta fica ainda mais clamoroso toda vez que os cristãos europeus são alvejados e mesmo executados covardemente em sua própria terra e em suas próprias igrejas por aqueles que lhes solicitaram e deles obtiveram acolhimento.
3 ataques anticristãos por dia
Os brutais atentados recentes contra igrejas na França são um caso extremo, mas vexações aparentemente “inofensivas” contra os cristãos se multiplicam e fazem parte do cotidiano em diversos países do continente. A França, a propósito, computa em média 3 ataques anticristãos por dia, conforme se constata nos dados apresentados pelo artigo abaixo e, surpreendentemente, corroborados até pela mídia laica.
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