A consciência de fé teve necessidade de tempo para chegar a reconhecer esta verdade fundamental, pois na Sagrada Escritura Maria não é expressa formalmente sob o título “Mãe de Deus”.
Naquele tempo era contestado, pois parecia alusão às imagens pagãs dos nascimentos dos deuses e das mães dos deuses e ao criticá-lo relacionaram o mistério de Maria com Diana de Éfeso, “a Grande Mãe”, apontando-o como invenção gnóstico-pagã. Já a Igreja procurou “engavetar” isso, em vez de renunciar ao título.
Os nestorianos antigos negaram a Maria o título de Mãe de Deus, não para rebaixar Maria, antes argumentavam que Deus e o homem não tinham realizado em Cristo nenhuma unidade íntima e substancial, coisa que para eles era impossível.
Com efeito, negando o mistério mariano da maternidade divina, no fundo era atingido o Mistério de Cristo. Esta é uma prova de que Maria como Mãe de Deus é uma garantia do mistério homem-Deus.
O próprio Jesus no Evangelho, quando é declarada “bem-aventurada” a mulher que o carregou no seio (cf. Lc 11,27), responde chamando “bem aventurados aqueles que ouvem e põem em prática a Palavra de Deus” (cf. Lc 1,28;8,21;Mt 12,50; Mc 3,35), portanto, a Mãe de Jesus é o modelo original de todos os que acolhem a Palavra de Deus em um “coração honesto e bom” e “produzem fruto” (cf. Lc 8,15).
De fato, se Maria é a Mãe de Cristo segundo a carne, e Cristo é Cabeça da Igreja, seu Corpo Místico, Maria espiritualmente é Mãe deste Corpo a quem ela mesma pertence, a um nível eminente, como filha e irmã.
“Maravilhoso intercâmbio! O Criador assumiu uma alma e um corpo, nasceu de uma Virgem; feito homem sem obra de homem, dá-nos a sua Divindade”.
“Cristo pode nascer mil vezes em Belém, mas se não nascer em ti, permaneces eternamente perdido” (Ângelo Silésio + 1657).
“Como Ele fundou a cidade em que devia nascer, assim também criou a Mãe de quem devia nascer” (S. Agostinho; cf. Sf 3,14-15).