quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Secretário Geral comenta pedido de retirada da expressão "Deus seja louvado" das cédulas de reais.



A expressão “Deus seja louvado” pode ser retirada das cédulas da moeda brasileira. Isto é o que pede uma ação da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), em São Paulo. O principal argumento utilizado é o de que o Brasil é um país laico e, portanto, não deve estar vinculado a qualquer manifestação religiosa. Os comentários do secretário foram feitos ao Jornal Folha de São Paulo.

De acordo com a assessoria de comunicação da PRDC, no ano passado, houve uma representação questionando a permanência da frase nas cédulas de reais. Durante a fase de inquérito, a Casa da Moeda informou que cabe privativamente ao Banco Central (Bacen) “não apenas a emissão propriamente dita, como também a definição das características técnicas e artísticas” das cédulas. Já o Bacen afirmou que o fundamento legal para a existência da expressão “Deus seja louvado” nas cédulas é o preâmbulo da Constituição, que afirma que ela foi promulgada “sob a proteção de Deus”.

“Deveríamos nos preocupar com coisas muito mais essenciais. Muitas pessoas dar-se-ão conta da frase somente depois desta ação. Não é novidade esse tipo de ação! A frase, agora, recordará a presença de Deus na vida do povo brasileiro”, afirma o secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Ulrich Steiner. 

A ação também pede que seja concedido à União o prazo de 120 dias para que as cédulas comecem a ser impressas sem a frase, sob pena de multa diária de R$ 1,00 caso a União não cumpra a decisão de retirar a expressão religiosa das cédulas. A multa teria caráter simbólico.

O pedido da PDCR ainda alega que a expressão “constrange a liberdade de religião de todos os cidadãos que não cultuam Deus, como os ateus e os que professam a religião budista, muçulmana, hindu e as diversas religiões de origem africana”.

Para dom Leonardo, a expressão “não constrange, mas pode incomodar aos que afirmam não crer”. “As pessoas que vivem a sua fé, em suas diversas expressões, certamente não se sentem constrangidas, pois vivem da grandeza da transcendência. É que fé não é em primeiro lugar culto a um deus, mas relação. Se a frase lembra uma relação, poderia lembrar que o próprio dinheiro deve estar a serviço das pessoas, especialmente dos pobres, na partilha e na solidariedade. Se assim for, Deus seja louvado!”, afirma o bispo.
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Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/10816-secretario-geral-comenta-pedido-de-retirada-da-expressao-deus-seja-louvado-das-cedulas-de-reais

A São Luís que temos, a cidade que queremos.



A Comissão Justiça e Paz articula-se com as Pastorais Sociais da Arquidiocese de São Luís para promoverem a 3ª edição do Dezembro de Paz, que acontecerá nos dias 6 e 7 de dezembro, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, na Praia Grande, no horário das 14h00 às 21h00.

O evento se voltará, neste ano, para a 5ª Semana Social Brasileira, e tem por objetivo discutir a cidade de São Luís, nestes 400 anos, em que celebramos, também, a chegada do Evangelho em nossa terra. 

Dentro do foco da programação nacional, a CJP, juntamente com as Pastorais Sociais, quer trabalhar "a cidade que temos e a cidade que queremos", com a participação efetiva desses segmentos.

Ao final, um documento com as propostas será entregue ao prefeito eleito de São Luís e o compromisso dos participantes de exercerem o controle social da nova administração municipal. Veja no blog a programação do evento.
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Fonte: http://www.arquidiocesedesaoluis.com.br/2012/11/14/a-sao-luis-que-temos-a-cidade-que-queremos-2034.htm

A melhor Cerveja



Segundo noticiou O Globo de 4 de novembro último, foi eleita a melhor cerveja do mundo, por milhares de fãs de mais de 60 países, a Westvleteren 12. A sua qualidade e raridade são tais que, para se comprar uma modesta cota de duas caixas de Westvleteren 12, na cidade do mesmo nome na Bélgica, é preciso telefonar antes para o fabricante, cadastrar o número de telefone e placa do carro, que serão usados para que o candidato não tente repetir a compra pelos dois meses seguintes, e ir buscar pessoalmente as preciosas garrafas. Os admiradores não têm dúvidas de que tamanho esforço e dedicação valem a pena. Os importadores de fora, quando a têm, vendem-na a R$ 180,00 a garrafa.

A Westvleteren 12 é produzida unicamente pelos monges trapistas do Mosteiro Saint Sixtus (www.westvleteren.com). Bem, assim como Jesus não foi culpado pelos que talvez tenham abusado do excelente vinho miraculoso das Bodas de Caná, os monges trapistas não são culpados se alguém bebe sem sobriedade a sua preciosa e especial cerveja.
O que é interessante, e mostra porque é tão rara essa cerveja, apesar de tão boa, é que os monges só fazem a quantidade necessária para sustentar o mosteiro, e nenhuma a mais. Ano passado, tiveram que produzir mais para consertar o muro da abadia, que estava ruindo.

Só produzem o necessário para viver. Não visam o lucro supérfluo. Isso passa pela cabeça de qualquer pessoa hoje, no mundo atual consumista, materialista e cobiçoso, que faz do lucro o motivo de tudo?! As pessoas de hoje, nós mesmos, contentamo-nos com o necessário e o conveniente, ou queremos sempre mais e mais, até as coisas mais supérfluas?!

São Paulo Apóstolo nos adverte: “Nos últimos tempos... os homens serão egoístas, gananciosos (no original grego: amigos de si mesmo, amigos do dinheiro)” (2 Tm 3,2); “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm 6. 9-10). Sim, do amor desordenado ao dinheiro vêm a avareza, os roubos, as desavenças, os ódios, as invejas, as traições, as impurezas, os adultérios, os crimes de toda espécie: “Nada é mais criminoso do que o avarento, pois chega a pôr à venda a própria alma” (Eclo 10, 9).

Jesus, no sermão da montanha, resumo do seu Evangelho, nos ensina: “Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6, 24). O cristão, discípulo de Cristo, pode usar do dinheiro, mas não servir ao dinheiro. Servir a alguém ou algo é considera-lo como seu senhor, como seu deus, a quem se dedica a vida, a quem se sacrifica tudo o mais. Por isso, quem serve ao dinheiro, a ele sacrifica a honra, a moral, o pudor, o corpo, a saúde e a vida.

Santo Agostinho dizia que o dinheiro é algo tão vil que Deus o dá até para os maus! Usemos bem do dinheiro, sem servirmos a ele e sem colocar nele a razão do nosso viver: “Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no céu... Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6, 19-21).

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Os violentos terão lugar com Deus?



São Paulo está sofrendo os efeitos de uma escalada de violência chocante. Já virou rotina, toda manhã, com as primeiras notícias do dia, conhecer o balanço dos assassinatos da noite anterior. Mata-se sobretudo na calada da noite, uma vez que é um ato condenável. Tristes notícias de sangue e dor. A violência mais radical consiste em tirar a vida de pessoas, inocentes ou não.

E não se mata somente no município de São Paulo, mas em todas as cidades da área metropolitana, de Santa Isabel a Santana do Parnaíba, de Caieiras às cidades do ABC. Talvez agora nos demos conta mais exatamente daquilo que já vinha acontecendo há muito tempo, mas ninguém observava que em toda a área da grande São Paulo morriam todos os cerca de 10 pessoas por assassinato! 

E não é de hoje que se sabe das situações explosivas em que vivem vastas áreas da metrópole, com insuficiente presença e ação do Estado, com um excesso de problemas sociais a resolver, abandonadas ao mundo do crime, que alicia e envolve inteiras populações. Era previsível que isso teria conseqüências. Há uma necessidade imensa de investimentos nas extensas periferias pobres de nossa área metropolitana.

Enquanto isso, continuam a morrer pessoas cada dia; entre elas, muitos jovens, pessoas inocentes que acabam pagando pelo simples fato de estarem no lugar errado e na hora errada. Soldados morrem pelo fato de serem soldados. E tantas famílias sofrem! Até quando isso vai durar? A violência só gera um círculo vicioso de violência, ódio e sofrimento. Ela não é a solução para as diferenças.

A violência sistemática é sintoma de uma crise cultural e civilizatória grave, onde se obscureceram, ou perderam valores essenciais do convívio humano, como o senso da honestidade e da justiça, e o respeito pela dignidade da pessoa e seus direitos mais fundamentais, sobretudo à integridade física e à vida. A vida de uma pessoa está valendo muito pouco, mata-se por motivos fúteis, ou mesmo sem motivos.

A perda ou falta de valores e suas conseqüências só podem ser corrigidas mediante a proposta de valores verdadeiros. Está bem na hora de manifestarmos novamente bem forte, para toda a cidade ouvir, a advertência da Lei de Deus: “não matarás!” Quem matar seu próximo deverá dar contas disso a Deus. E mesmo se alguém disser – “eu não creio em Deus e não preciso me preocupar com isso” – nada muda. Não crer nem reconhecer a Deus não tira a existência de Deus. Deus continua existindo e cada um, crente ou não, deverá dar contas a Deus sobre sua vida e seus atos.

O Evangelho obriga-nos a estar do lado dos não-violentos e a sermos promotores da paz. Duas bem-aventuranças devem ser recordadas sempre: “felizes os mansos, pois eles possuirão a terra; felizes os que promovem a paz, pois serão chamados filhos de Deus!”. Os prepotentes e violentos terão sua conduta reprovada e seus projetos serão frustrados; os valentões não triunfarão, mas os mansos e não violentos. Ao mesmo tempo, os promotores da paz têm uma bela promessa: terão lugar perto de Deus e serão reconhecidos como “filhos” pelo Deus da Paz; ao invés disso, como lembra São Paulo, os violentos não entrarão no céu. Junto de Deus, não há lugar para os violentos.

A sensibilização das consciências faz parte da educação para a paz. E o anúncio do Evangelho de Cristo, mediante a ajuda do Espírito Santo, pode mover à conversão também os espíritos violentos.

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

"Deus seja Louvado" poderá ser vetado



MPF em SP pede retirada da frase 'Deus seja louvado' das notas de reais

Procuradoria pediu à Justiça que termine à União a retirada da expressão. Ação pede prazo de 120 dias para que notas sejam impressas sem frase.

A Procuradoria da República no Estado de São Paulo pediu à Justiça Federal que determine a retirada da expressão “Deus seja louvado” das cédulas de reais.

A ação pede, em caráter liminar, que seja concedido à União o prazo de 120 dias para que as cédulas comecem a ser impressas sem a frase, anunciou nesta segunda-feira (12) a procuradoria. Dessa forma, a medida não gerará gastos aos cofres públicos, diz o Ministério Público Federal em São Paulo.

“O Estado brasileiro é laico e, portanto, deve estar completamente desvinculado de qualquer manifestação religiosa”, cita a procuradoria, como um dos principais argumentos da ação.

Uma das teses da ação é que a frase “Deus seja louvado” privilegia uma religião em detrimento das outras. Como argumento, o texto cita princípios como o da igualdade e o da não exclusão das minorias.

O procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jefferson Aparecido Dias, reconhece que a maioria da população segue religiões de origem cristã (católicos e evangélicos), mas lembra que o país é um Estado laico. “Imaginemos a cédula de real com as seguintes expressões: 'Alá seja louvado', 'Buda seja louvado', 'Salve Oxossi', 'Salve Lord Ganesha', 'Deus Não existe'”, argumenta.


A ação também pede à Justiça Federal que estipule multa diária de R$ 1,00 caso a União não cumpra a decisão. A multa teria caráter simbólico, “apenas para servir como uma espécie de contador do desrespeito que poderá ser demonstrado pela ré, não só pela decisão judicial, mas também pelas pessoas por ela beneficiadas”. 

Representação

A procuradoria disse que recebeu, em 2011, uma representação questionando a frase nas notas. No inquérito, a Casa da Moeda informou ao órgão que cabe ao Banco Central a emissão e a “definição das características técnicas e artísticas das cédulas”.

A inclusão da expressão nas cédulas aconteceu em 1986, por determinação do então presidente José Sarney, de acordo com informações do Ministério da Fazenda passadas à procuradoria. Em 1994, com o Plano Real, a frase foi mantida pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, supostamente por ser “tradição da cédula brasileira”, apesar de ter sido inserida há poucos anos, diz.

Ainda segundo a procuradoria, para o BC o fundamento legal para a existência da frase nas cédulas é o preâmbulo da Constituição, que afirma que ela foi promulgada “sob a proteção de Deus”.

O procurador Dias lembra, em nota, que não existe lei autorizando a inclusão da expressão religiosa nas cédulas brasileiras.

"DEUS SEJA LOUVADO" é uma expressão presente na parte inferior esquerda de todas as cédulas de real atuais no Brasil. Ela existe desde a década de 1980, quando o então presidente da República, José Sarney, solicitou ao Banco Central que ela fosse incluída na moeda do cruzado. As primeiras notas com a inscrição foram impressas em 24 de fevereiro de 1986, quando o decreto foi apresentado ao BC. Assim, a expressão permaneceu ao longo tempo, incluindo as cédulas de real. Apesar das constantes discussões e solicitações por parte da sociedade civil de que a frase seja removida, ela continua a ser impressa pelo BC, inclusive nas novas cédulas, em impressão desde 2010.
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Fonte: http://turmadocrisma.blogspot.com.br/2012/11/deus-seja-louvado-podera-ser-vetado.html

CNBB apresenta versão oficial da tradução do Hino do Ano da Fé



Após um cuidadoso trabalho de tradução e revisão, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga a versão oficial do Hino da Fé para o Brasil. Trata-se de uma iniciativa das Comissões Episcopais Pastorais para a Liturgia e para a Doutrina da Fé, para que a canção seja usada pela Igreja no Brasil durante este Ano da Fé.

Clique aqui para conhecer a letra e as partituras do Hino Oficial do Ano da Fé.

A seguir, reproduzimos o texto enviado pelas comissões, com um breve comentário sobre a canção.


CREIO, Ó SENHOR!
Breve comentário ao hino do Ano da Fé

Conhecemos bem o quanto a música e o canto são importantes para a compreensão e o aprofundamento das ideias, e o quanto são úteis para a divulgação de campanhas e de projetos. Seguindo o convite do Santo Padre, “queremos celebrar este Ano de forma digna e fecunda” (PF, 8). Por isso, o Ano da Fé não poderia ficar sem seu hino. Dele esperamos que ajude a marcar este “tempo de particular reflexão e redescoberta da fé” (PF, 4).

Divulgado pelo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, o hino circulou rapidamente pela internet, inclusive em uma versão portuguesa. Os assessores das Comissões Episcopais Pastorais para a Liturgia e para a Doutrina da Fé prepararam esta versão brasileira. Depois de avaliada pelos presidentes dessas Comissões e pelo Secretário Geral da CNBB, tornamos pública, para que seja usada pela Igreja no Brasil durante este Ano da Fé.

A súplica do pai que apresentou seu filho para ser curado por Jesus – “Eu creio, mas aumentai a minha fé” (Mc 9,24) – é assumida por todos nós. Desse modo, o hino é um grande pedido pela renovação e pelo crescimento da fé. Há uma particularidade a ser notada: a primeira parte da súplica está no singular: “creio, ó Senhor”.  E a segunda parte está no plural: “aumenta nossa fé”. Assim se destacam os vários aspectos da fé, que são aprofundados pelo Papa no número 10 da Porta Fidei: ao mesmo tempo ela é pessoal e eclesial, é um ato pessoal e tem conteúdo “objetivo”.

Outro elemento que se destaca pela repetição é a expressão “caminhamos”, que ocorre no início de cada estrofe. Na mesma Porta Fidei, Bento XVI nos recorda que, uma vez atravessado o limiar da porta, por meio do batismo, abre-se diante de nós um caminho que dura a vida toda e que se conclui com a passagem para a vida eterna (PF, 1). O povo brasileiro se identifica muito com as romarias, peregrinações, procissões e caminhadas. Elas são um símbolo da peregrinação espiritual que toda a nossa existência cristã: “não temos aqui cidade permanente, mas andamos à procura da que está para vir” (Hb 13,14). O modo como caminhamos é destacado de modo diferente a cada nova estrofe: cheios de esperança, frágeis e perdidos, cansados e sofridos, sob o peso da cruz, atentos ao chamado, com os irmãos e as irmãs. É um caminho feito em companhia, desafiador, é certo, mas dirigido pelas marcas dos passos de Nosso Senhor, como bem recorda a estrofe 4.
O caminhar da Igreja é marcado, portanto, pelos mistérios da vida de Cristo, reflexos do grande Mistério Pascal. Na sequência, nos são recordados: o Advento, o Natal, a Quaresma, a Páscoa, Pentecostes e o Reino definitivo. Do mistério do Filho de Deus feito homem é que a Igreja vive permanentemente. É a comunhão com Ele que orienta e anima toda a caminhada eclesial ao longo da história e, na grande comunhão dos santos, é também o que anima cada um dos fieis, pessoalmente.

Alguns títulos de Cristo são evocados, junto com os mistérios. Filho do Altíssimo, estrela da manhã, mão que cuida e que cura, o Vivente que não morre, Palavra, esperança da chegada. Desse modo o Mistério do Filho de Deus feito nosso irmão impregna toda a existência dos cristãos, na Igreja. Assim ele nos anima no caminho e nos conduz para a meta.

Esse caminhar é feito em companhia. Como companheiros são recordados, na sequência das estrofes: os Santos que “caminham entre nós”, Maria, “a primeira dos que creem”, os pobres que “esperam à porta”, os humildes que “querem renascer”, a Igreja que “anuncia o Evangelho”, o mundo, no qual se encontram sinais do Reino que “está entre nós”. Esta grande companhia de fé nos permite muitas e profundas reflexões: a comunhão dos santos, o significado da presença da Mãe de Jesus na vida da Igreja, os pobres, nos quais podemos servir ao próprio Cristo e pagar-lhe amor com amor, o espírito das bem-aventuranças expresso nos “humildes”. Como resume a última estrofe, trata-se da companhia de fé, de esperança e de amor que é a Igreja.

A consciência de que o hino expressa a súplica da Igreja que quer ser renovada na fé é expressa nos termos com os quais se conclui cada estrofe: pedimos, oramos, invocamos, suplicamos, rogamos, clamamos. A renovação eclesial e o impulso para a nova evangelização, objetivos principais do Ano da Fé (PF, 7-8), não serão alcançados simplesmente por nosso esforço. São dons da graça divina, que devemos suplicar com humildade e buscar com toda energia.

Valha-nos sempre a proteção da Virgem Maria, bem-aventurada porque acreditou (Lc 1,45).

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Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/comissoes-episcopais/liturgia/10788-cnbb-apresenta-versao-oficial-da-traducao-do-hino-do-ano-da-fe

O Fim do Mundo



Muita gente está assustada com as previsões feitas para o dia 12/12/2012.(sic)*Isto não passa de mais um momento de sensacionalismo, daquilo que é próprio de uma cultura cheia de vulnerabilidade e insegurança. Dizem ser o “dia galáctico”, até interpretado como “fim do mundo”. Apenas digo ser verdade que a profecia não é verdade.

O profeta Daniel descreve o fim dos tempos e a evidência da ressurreição (Dn 12,1-3). Mas tal realidade só pode acontecer por uma intervenção decisiva de Deus, quando cada pessoa receberá o destino de acordo com o seu proceder na terra: uns para a vida eterna e outros para a ignomínia eterna.
Daniel cita a sabedoria como aquilo que constrói o destino das pessoas. Quem age com meios violentos não consegue fazer prevalecer o direito de Deus. É a partir daí que vai acontecer o julgamento divino, “que tarda, mas não falha”. O que vai ficar é a justiça divina e a glória para quem a faz acontecer.

A meta da história está centrada no fato de que é Deus quem a dirige, levando consigo a ideia de seu triunfo final sobre todo o mal. Isto significa que o mundo tem uma meta, a consumação do plano de Deus. Cabe às pessoas uma atitude de vigilância, porque há uma certeza de que o Senhor virá.

Na visão bíblica, parece não existir fim do mundo, mas fim dos tempos, que vai coincidir com o retorno de Jesus Cristo na glória de sua ressurreição. Ele virá para julgar o mundo e a história. O povo eleito, disperso por toda a terra, será reunido e os justos estarão definitivamente com o Senhor.

O cristão deve ter em mente que o fim é acontecimento presente, que influencia seu pensar, julgar e agir. Um presente que é passageiro, transitório, mas apoiado na firmeza da Palavra do Senhor. Só Deus pode determinar o que chamamos de fim dos tempos. O dia vai chegar, mas isto não está nas mãos dos homens, mas de Deus.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)



*Correção feita por nós: previsão feita para o dia 21/12/2012.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Pela Não Violência Já!



Novamente a cidade de São Paulo, mais especificamente a Região Brasilândia voltou a ser manchete de jornais, nestes últimos dias, em razão do número de mortes, ocorridas nos bairros Carumbé, Cruz das Almas, Guarani, Damasceno, Morro Doce e adjacentes. A população sofre intensamente com a insegurança que se instalou, devido ao conflito entre facções criminosas e a Polícia Militar. Muitos bairros sofrem com o toque de recolher, já no período da tarde, e com os assassinatos que se dão pelas madrugadas adentro.

O temor maior é de que medidas arbitrárias venham a agravar ainda mais a triste realidade destas famílias que choram a perda de seus entes queridos e, sofrem com a onda da violência que se alastra sem poupar ninguém.

Nestes bairros estão muitas paróquias e comunidades que são obrigadas, a mudar os horários de celebrações e encontros, cancelar reuniões, devido a falta de segurança e ao clima de total ameaça que vive a população.
Lamentamos o fato de que esta situação já era prevista e não faltaram aqueles que advertiram as autoridades para medidas a serem tomadas para que fossem evitadas. Muitas comunidades, hoje, assistem “um festival de assassinatos”. É o caso das comunidades do Jardim Ângela, Campo Limpo, Capão Redondo e Jardim São Luiz que num prazo de uma semana, segundo a comunidade local, assistiram a morte de quarenta e nove jovens, entre quatorze e vinte e nove anos.

Quem convive nesses bairros sabe da precariedade em que vivem estas populações. Falta-lhes tudo! Os recursos dispensados para atender as necessidades destes bairros são irrisórios, tendo em vista a enorme demanda de saúde, educação, trabalho, moradia, lazer e segurança que estas comunidades necessitam!

Tememos pelo amanhã! Alguns episódios num passado recente nos deixam traumatizados, imaginando que poderemos assistir hoje, cenas de truculência contra a população mais pobre e desprotegida. Seria lamentável a criminalização das populações da periferia da cidade de São Paulo, ou seja, que os ‘culpados’ da barbárie que sofremos fossem os negros, os pobres e os jovens.

Nestes últimos meses, assistimos na cidade de São Paulo, algumas situações que nos fazem pensar, como por exemplo, a série de incêndio de favelas, situadas em bairros e terrenos cobiçados pela especulação imobiliária.

Já há algum tempo a Pastoral Carcerária vem chamando a atenção para a super população no sistema carcerário do Estado de São Paulo, que duplicou no primeiro semestre deste ano.

Não são menos graves também as denúncias que veem dos adolescentes, vítimas de espancamento, maus tratos, humilhações vexatórias em entidades criadas para garantir-lhes proteção e permitir-lhes a reintegração à sociedade.

Como se vê a “onda” de crimes na cidade de São Paulo, nestes últimos dias, é fruto do descaso, da falta de políticas públicas, investimentos nos serviços básicos, defesa dos direitos humanos, promoção da vida com dignidade para todos.

É lamentável ver que a Polícia Militar esteja tornando-se única vítima deste cenário, quando na verdade, não é! Lamentamos a morte das dezenas de policiais nestas últimas semanas. Muitos deles pais de família, preocupados com o bem estar das pessoas, mortos no exercício de sua missão.

Mas, fere-nos ouvir que há grupos de extermínio formados por policiais civis e militares, pagos para matar indiscriminadamente. Não são poucas as famílias que choram a morte de seus filhos inocentes, que morreram não por causa de uma bala perdida, mas por causa de policiais que matam pelo prazer de matar, sem escrúpulo algum!

Creio que precisamos unir esforços! Além da parceria dos governos federal e estadual no plano de combate à violência, anunciado nesta semana, creio que é urgente uma parceria entre Governo e Sociedade Civil para conter a violência e remediá-la nas suas causas.

Nos episódios da “Operação Sufoco” (Cracolândia), “Pinheirinho” (São José dos Campos) a queixa que mais se ouviu foi a falta de atenção às entidades envolvidas com as populações atingidas, o descaso com que foram tratadas as organizações populares, que convivem diuturnamente com a realidade das crianças, adolescentes e jovens; com a População de Rua, com a recuperação de jovens vítimas do crack e do álcool e outros mais.

O apelo mais veemente que podemos fazer neste momento é que todos os envolvidos nesta cruel realidade possam sentar-se e, criarem juntos estratégias para superar a dor e a insegurança em que vivem as populações atingidas pela violência exacerbada. Urge encontrarem-se Governo e Sociedade Civil; Polícia Militar e Entidades Sociais e as organizações populares para encontrar o melhor caminho para superar a barbárie que vivemos?

Oxalá o sangue dos muitos inocentes, derramado injustamente nestes dias, seja o clamor para que outras vidas não sejam ceifadas e famílias sejam poupadas de chorar a morte de seus filhos, vítimas de um mundo tão pouco irmão!



Dom Milton Kenan Júnior
Bispo-auxiliar de São Paulo (SP)