quinta-feira, 13 de junho de 2013

Catequese do Papa Francisco: Povo de Deus


CATEQUESE
Praça São Pedro
Quarta-feira, 12 de junho de 2013


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje gostaria de concentrar-me brevemente sobre um dos termos com o qual o Concílio Vaticano II definiu a Igreja, aquele do “Povo de Deus” (cfr. Const. Dog. Lumen Gentium, 9; Catecismo da Igreja Católica, 782). E o faço com algumas perguntas, sobre as quais cada um poderá refletir.

1.    O que significa dizer ser “Povo de Deus”? Antes de tudo quer dizer que Deus não pertence propriamente a algum povo; porque Ele nos chama, convoca-nos, convida-nos a fazer parte do seu povo, e este convite é dirigido a todos, sem distinção, porque a misericórdia de Deus “quer a salvação para todos” (1 Tm 2, 4). Jesus não diz aos Apóstolos e a nós para formarmos um grupo exclusivo, um grupo de elite. Jesus diz: ide e fazei discípulos todos os povos (cfr Mt 28, 19). São Paulo afirma que no povo de Deus, na Igreja, “não há judeu nem grego… pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gal 3, 28). Gostaria de dizer também a quem se sente distante de Deus e da Igreja, a quem está temeroso ou indiferente, a quem pensa não poder mais mudar: o Senhor chama também você a fazer parte do seu povo e o faz com grande respeito e amor! Ele nos convida a fazer parte deste povo, povo de Deus.


2.    Como tornar-se membros deste povo? Não é através do nascimento físico, mas através de um novo nascimento. No Evangelho, Jesus diz a Nicodemos que é preciso nascer do alto, da água e do Espírito para entrar no Reino de Deus (cfr Jo 3, 3-5). É através do Batismo que nós somos introduzidos neste povo, através da fé em Cristo, dom de Deus que deve ser alimentado e crescer em toda a nossa vida. Perguntamo-nos: como faço crescer a fé que recebi no Batismo? Como faço crescer esta fé que eu recebi e que o povo de Deus possui?

3.    Outra pergunta. Qual é a lei do Povo de Deus? É a lei do amor, amor a Deus e amor ao próximo segundo o mandamento novo que nos deixou o Senhor (cfr Jo 13, 34). Um amor, porém, que não é estéril sentimentalismo ou algo vago, mas que é o reconhecer Deus como único Senhor da vida e, ao mesmo tempo, acolher o outro como verdadeiro irmão, superando divisões, rivalidades, incompreensões, egoísmos; as duas coisas andam juntas. Quanto caminho temos ainda a percorrer para viver concretamente esta nova lei, aquela do Espírito Santo que age em nós, aquela da caridade, do amor! Quando nós olhamos para os jornais ou para a televisão tantas guerras entre cristãos, mas como pode acontecer isso? Dentro do povo de Deus, quantas guerras! Nos bairros, nos locais de trabalho, quantas guerras por inveja, ciúmes! Mesmo na própria família, quantas guerras internas! Nós precisamos pedir ao Senhor que nos faça entender bem esta lei do amor. Quanto é belo amar-nos uns aos outros como verdadeiros irmãos. Como é belo! Façamos uma coisa hoje. Talvez todos tenhamos simpatias e antipatias; talvez tantos de nós estamos um pouco irritados com alguém; então digamos ao Senhor: Senhor, eu estou irritado com esta pessoa ou com esta; eu rezo ao Senhor por ele e por ela. Rezar por aqueles com os quais estamos irritados é um belo passo nesta lei do amor. Vamos fazer isso? Façamos isso hoje!

4.    Que missão tem este povo? Aquela de levar ao mundo a esperança e a salvação de Deus: ser sinal do amor de Deus que chama todos à amizade com Ele; ser fermento que faz fermentar a massa, sal que dá o sabor e que preserva da corrupção, ser uma luz que ilumina. Ao nosso redor, basta abrir um jornal – como disse – e vemos que a presença do mal existe, o Diabo age. Mas gostaria de dizer em voz alta: Deus é mais forte! Vocês acreditam nisso: que Deus é mais forte? Mas o digamos juntos, digamos juntos todos: Deus é mais forte! E sabem por que é mais forte? Porque Ele é o Senhor, o único Senhor. E gostaria de acrescentar que a realidade às vezes escura, marcada pelo mal, pode mudar, se nós primeiro levamos a luz do Evangelho sobretudo com a nossa vida. Se em um estádio, pensemos aqui em Roma no Olímpico, ou naquele de São Lourenço em Buenos Aires, em uma noite escura, uma pessoa acende uma luz, será apenas uma entrevista, mas se os outros setenta mil expectadores acendem cada um a própria luz, o estádio se ilumina.  Façamos que a nossa vida seja uma luz de Cristo; juntos levaremos a luz do Evangelho a toda a realidade.

5.    Qual é a finalidade deste povo? A finalidade é o Reino de Deus, iniciado na terra pelo próprio Deus e que deve ser ampliado até a conclusão, até a segunda vinda de Cristo, vida nossa (cfr Lumen gentium, 9). A finalidade então é a comunhão plena com o Senhor, a familiaridade com o Senhor, entrar na sua própria vida divina, onde viveremos a alegria do seu amor sem medidas, uma alegria plena.


Queridos irmãos e irmãs, ser Igreja, ser Povo de Deus, segundo o grande desígnio do amor do Pai, quer dizer ser o fermento de Deus nesta nossa humanidade, quer dizer anunciar e levar a salvação de Deus neste nosso mundo, que muitas vezes está perdido, necessitado de ter respostas que encorajem, que dêem esperança, que dêem novo vigor no caminho. A Igreja seja lugar da misericórdia e da esperança de Deus, onde cada um possa sentir-se acolhido, amado, perdoado, encorajado a viver segundo a vida boa do Evangelho. E para fazer o outro sentir-se acolhido, amado, perdoado, encorajado, a Igreja deve estar com as portas abertas, para que todos possam entrar. E nós devemos sair destas portas e anunciar o Evangelho.
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Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

Santo Antônio, rogai por nós!


No último dia 26 de maio, tive a grata alegria de reinaugurar a Igreja de Santo Antônio dos Pobres, no centro da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Naquela solene missa lembrei aos fiéis que nós temos uma noticia importante para a sociedade e essa notícia é dada através da pregação do Evangelho. É justamente isto que celebramos hoje: a vontade de sermos melhores, de vivermos em comunidade, de vermos no outro não um inimigo, mas um irmão.
Nesse sentido, estamos celebrando neste dia 13 de junho a festa de Santo Antônio, um santo muito querido e venerado em nossa cidade, arquidiocese, mas amado por todo o povo brasileiro, que o segue como grande apóstolo de Jesus Cristo! São muitas igrejas dedicadas a esse grande homem de Deus. Em especial recordamos a tradição dos franciscanos do Largo da Carioca – um marco nessa nossa centenária cidade.

Santo Antônio é representado com o lírio, símbolo da sua pureza, ou com o Menino Jesus no colo, em recordação de uma milagrosa aparição mencionada por algumas fontes literárias.  Santo Antônio foi prodigioso em santidade e dotado de rara inteligência e das qualidades cristãs mais excelsas: equilíbrio, zelo apostólico e fervor místico.
Durante seus sermões, Santo Antônio falava uma só língua, porém, frequentemente, era entendido por pessoas de outros países que falavam outros idiomas. Seu Provincial aproveitou-se desse fato miraculoso e o encarregou da ação apostólica contra os hereges na região da antiga Romagna e no norte da Itália. Ele tornou-se, então, um extraordinário pregador popular.
Santo Antônio propõe um verdadeiro itinerário de vida cristã. É tanta a riqueza de ensinamentos espirituais contida nos "Sermões", que o venerável Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de "Doutor evangélico", porque desses escritos sobressai o vigor e a beleza do Evangelho; que ainda hoje podemos lê-los com grande proveito espiritual.  Observamos nestes Sermões que Santo Antônio fala da oração como de uma relação de amor, que estimula o homem a dialogar docilmente com o Senhor, criando uma alegria inefável, que suavemente envolve a alma em oração.  
Santo Antônio recorda-nos que a oração precisa de uma atmosfera de silêncio que não coincide com o desapego do rumor externo, mas é experiência interior, que tem por finalidade remover as distrações causadas pelas preocupações da alma, criando o silêncio na própria alma.
Para Santo Antônio, a oração é articulada em quatro atitudes indispensáveis que como abrir com confiança o próprio coração a Deus; é este o primeiro passo do rezar, não simplesmente colher uma palavra, mas abrir o coração à presença de Deus; depois, dialogar afetuosamente com Ele, vendo-o presente comigo; a seguir, muito naturalmente, apresentar-lhe as nossas necessidades; por fim, louvá-Lo e agradecer-lhe.
Quando Santo Antônio pregava, as multidões acorriam ao local aonde seria a pregação. Até os comerciantes fechavam seus estabelecimentos e iam ouvi-lo. As cidades onde ele pregava paravam e a região em torno delas também parava. Houve caso de se juntar até 30 mil pessoas num só sermão! Os locais de culto tornavam-se pequenos para conter a multidão que vinha ao encontro de Santo Antônio. Então, ele ia falar nas praças públicas. E, quando terminava, "era necessário que alguns homens valentes e robustos o levantassem e protegessem das pessoas que vinham beijar-lhe a mão e tocar-lhe o hábito". O número de sacerdotes que o acompanhavam era pequeno para ouvirem as confissões daqueles que, tocados por seu sermão, queriam confessar-se e mudar de vida.
Ensina a historiografia católica que praticamente não havia coxo, cego ou paralítico que, depois de receber a sua bênção, não ficasse são. Foi grande o número de convertidos por ele. Em certa ocasião, converteu 22 ladrões que, apenas por curiosidade, tinham ido ouvi-lo...
Num mundo secularizado como o nosso vale relembrar o famoso milagre de Santo Antônio: para poder crer na presença real de Jesus na hóstia consagrada, quero um milagre, era o que dizia um ateu por todos os cantos onde andava. Para ele, o Santíssimo Sacramento era uma burla, uma chantagem. Numa ocasião, diante de toda a cidade, fez a Santo Antônio uma proposta arrogante: "Deixo minha mula sem comer durante três dias. Depois disso, trago o animal até essa praça e ofereço feno e aveia para ela. Enquanto isso, Frei Antônio, o senhor vai mostrar a ela a Hóstia Consagrada. Se a besta deixar a comida de lado e der atenção à Hóstia, se ela a reverenciar como se a adorasse, aí eu passo a acreditar. Passo a crer na presença de Jesus na Eucaristia! Santo Antônio aceitou a proposta". Três dias depois, na praça repleta, chega o homem puxando seu faminto animal. Santo Antônio também chegou. Respeitosamente, o Santo trazia uma custódia com o Santíssimo Sacramento. O incrédulo colocou o monte de feno e aveia próximos de onde estava Frei Antônio e, confiante, soltou o animal. Conforme o que se havia combinado, a mula deveria escolher sozinha entre o alimento e o respeito à Hóstia Consagrada. O suspense geral foi quebrado quando o animal, livre de seus cabrestos, calmamente dobrou seus joelhos diante da Custódia com o Santíssimo Sacramento. Um milagre suficiente para converter até hoje aqueles que repudiam a presença real de Jesus na Eucaristia.
Santo Antônio nos ensina o crer. Crer num mundo secularizado como o nosso! Crer e testemunhar Jesus Cristo ressuscitado! Neste mês em que o Papa Francisco nos convida, através do Apostolado da Oração: "Que nos ambientes onde mais se percebe a influência do secularismo, as comunidades cristãs possam promover com eficácia uma nova evangelização", eu proponho que tenhamos em Santo Antônio, timoneiro da santidade, a graça de pregar aquilo que vivemos, testemunhando a santidade de Cristo que Antônio testemunhou a todos os homens e mulheres de boa vontade.
Santo Antônio nos dá o exemplo da confiança em Deus, e pela sua palavra ele nos conduz ao coração da Santíssima Trindade. Santo Antônio, intercedei por nós!

† Orani João Tempesta, O. Cist. 
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

O pecado da fofoca

São Tiago apóstolo nos adverte: “Se alguém julga ser religioso, mas não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo: a sua religiosidade é vazia... Todos nós tropeçamos em muitas coisas. Aquele que não peca no uso da língua é um homem perfeito” (Tg 1, 26; 3, 2).
Na audiência geral de 22 de maio último, na qual estive presente, Sua Santidade o Papa Francisco ensinou que em Babel tiveram início a dispersão e a confusão das línguas, fruto da soberba e orgulho do homem; o efeito, porém, da obra do Espírito Santo é a unidade e a comunhão: “Em Pentecostes, estas divisões são superadas. Já não há orgulho em relação a Deus, nem fechamento de uns aos outros, mas abertura a Deus, saída para anunciar a sua Palavra: uma língua nova, do amor, que o Espírito Santo derrama nos corações (cf.Rm 5, 5)... A língua do Espírito, do Evangelho, é a língua da comunhão, que convida a superar fechamentos e indiferenças, divisões e oposições. Cada um deve se perguntar: como me deixo guiar pelo Espírito Santo, de modo que a minha vida e o meu testemunho de fé seja de unidade e comunhão? Levo a palavra de reconciliação e amor, que é o Evangelho, aos ambientes onde vivo? Às vezes parece repetir-se hoje o que aconteceu em Babel: divisões, incapacidade de compreensão, rivalidades, inveja e egoísmo. Que faço na minha vida? Crio unidade ao meu redor? Ou divido com mexericos, críticas e inveja. O que faço?”.

É uma preocupação recorrente na pregação do nosso Papa, desde os tempos de Cardeal: o vício de acusar, apontar e condenar com a língua, grande fator de divisão. Em espanhol, é cotillear; em bom português, fofocar. Ele citava Santo Agostinho: “Há homens de juízo temerário, detratores, maldizentes, murmuradores, suspeitosos do que não veem, procurando acusar do que nem mesmo suspeitam” (Sermão 47). E continuava: “O falatório nos leva a nos concentramos nas faltas e defeitos dos outros; desta maneira, acreditamos nos sentir melhores. A oração do publicano no Templo ilustra essa realidade (Lc 18, 11-12), e Jesus já nos havia advertido sobre ver o cisco no olho do outro, ignorando a trave em nosso próprio”.
“Falar mal dos outros é um mal para a Igreja toda, pois não fica ali, no mero comentário, passa para a agressão (pelo menos no coração). Santo Agostinho chama o murmurador de ‘homem sem remédio’: ‘os homens sem remédio são aqueles que deixam de cuidar de seus próprios pecados para reparar nos dos outros. Não buscam o que se há de corrigir, e sim o que podem criticar. E, ao não poder escusar a si mesmos, estão sempre dispostos a acusar os outros’ (Sermão 19)”.
“Não é raro encontrar nas comunidades grupos que lutam para impor a hegemonia de seu pensamento e de sua preferência. Isso costuma acontecer quando a caritativa abertura ao próximo é suprida por ideias de cada um. Já não se defende o todo da família, e sim a parte que me toca. Já não se adere à unidade que vai configurando o corpo de Cristo, e sim ao conflito que divide, parcializa, debilita...” (Jorge Mario Bergoglio, S.J., Sobre a acusação de si mesmo).

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Santo Antônio, modelo de fé e arauto da Nova Evangelização


O mês de junho apresenta um ciclo de santos populares que constituem os oragos (padroeiros das paróquias) das comunidades eclesiais, oportunizando um aumento do fervor religioso e festas de devoção.    Santo Antônio de Pádua é um dos que polariza mais adesões e centraliza mais pedidos de intercessão.
  
No entanto, o verdadeiro culto aos santos não se deve limitar ao uso da sua ajuda orante perante Deus, mas inspirar modelos e formas de seguimento a Cristo hoje. Contemplando a figura emblemática de Santo Antônio, descobrimos em primeiro lugar um gigante da fé, que soube pautar a sua vida desde criança, por uma busca constante de Deus e a fidelidade ao seu chamado.


Não nos surpreende a sua ordenação sacerdotal, a procura do martírio e a consequente entrada na ordem franciscana.    Tornou-se o guardião das Escrituras, pela sua erudição na Palavra de Deus e sua sabedoria em anunciá-la e aplicá-la.    Enfrentou com firmeza, respeito e mansidão as heresias da época, defendendo a santidade do matrimônio contra o priscilianismo, a presença real, substancial e verdadeira de Cristo no Santíssimo Sacramento, levando a conversão um homem cético ao ver em Rimini sua própria mula ajoelhada com as patas dianteiras diante do Ostensório. 


Testemunhou uma fé comprometida e atuante ao lutar pela aprovação da Lei, que eliminava a escravidão por dívidas, e combateu os juros escorchantes dos banqueiros, que atormentavam os pequenos.   Tornou-se um pregador ungido, microfone de Deus, arauto da Palavra, que convocava para a conversão de vida, restauração dos costumes e vivência da caridade cristã.   

Seu perfil missionário e itinerante, indo ao encontro das populações mais carentes e desatendidas, mostra o caminho da Nova Evangelização, para sacerdotes, religiosos e leigos que fieis aos sinais dos tempos atualizam a presença de Cristo, Bom Pastor, Enviado do Pai das misericórdias, para salvar e libertar, gerando e fazendo acontecer o Reino de justiça, amor, paz e fraternidade.    

Que Santo Antônio, fortaleça e ilumine nossa fé, empenhando-nos como sujeitos e protagonistas da Nova Evangelização em comunhão com os anseios do Papa Francisco. 


Deus seja louvado!



Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

Política, um dever do católico


O Papa Francisco recordou um ensinamento grave da Igreja acerca da participação dos leigos na política. Respondendo à pergunta de um jovem, o Santo Padre afirmou que "temos que nos envolver na política, porque ela é uma das formas mais altas de caridade". Questionou ainda as razões pelas quais ela está "suja": "está suja por quê? Por que os cristãos não se envolveram nela com espírito evangélico?". Para o Pontífice, o fiel não pode se fazer de Pilatos e lavar as mãos. "É fácil colocar a culpa nos outros, mas e eu, o que faço?", perguntou Francisco ao grupo de estudantes do Colégio Jesuíta da Itália, durante um encontro na última sexta-feira, 7 de junho, no Vaticano.
 
O alerta vem em boa hora, sobretudo quando se vê a aprovação de leis cada vez mais iníquas em países de longa tradição católica. Essa derrocada dos princípios cristãos deve-se, entre outras coisas, à negligência dos leigos e pastores e ao relativismo de muitos políticos que se dizem cristãos, mas na prática, professam outras doutrinas. Embora se tente dizer que é vedado à Igreja opinar sobre questões ligadas ao Estado, o Papa Bento XVI, por ocasião das eleições de 2010, lembrou aos bispos brasileiros que "quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas".

A legítima separação entre Igreja e Estado, instituída por Cristo quando disse "dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é Deus", não significa de maneira alguma que a moral oriunda da lei natural possa ser relativizada no campo político. E cabe aos cristãos impedir qualquer tentativa que caminhe neste sentido. Um documento da Congregação para Doutrina da Fé, assinado pelo então Cardeal Joseph Ratzinger em 2002, sobre a atuação dos leigos católicos na política ensina precisamente isso: "não pode haver, na sua vida, dois caminhos paralelos: de um lado, a chamada vida espiritual, com os seus valores e exigências, e, do outro, a chamada vida secular, ou seja, a vida de família, de trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura".

E aqui deve-se trazer à memória o testemunho contumaz de vários santos, como São Tomás More, que sofreram o martírio por se recusarem a obedecer leis contrárias à reta moral. Ensina o Catecismo da Igreja Católica que "se acontecer de os dirigentes promulgarem leis injustas ou tomarem medidas contrárias à ordem moral, estas disposições não poderão obrigar as consciências" (1903). Ademais, continua o Catecismo, "a recusa de obediência às autoridades civis, quando suas exigências são contrárias às da reta consciência, funda-se na distinção entre o serviço a Deus e o serviço à comunidade política", (2242).

Realizada na Irlanda a maior Marcha Pró-Vida no país
As passeatas francesas, conhecidas como "La Manif pour tous", contrárias ao "casamento" entre pessoas do mesmo sexo, as Marchas pela Vida que ocorrem nos Estados Unidos e, mais recentemente, na Irlanda, sendo as maiores dos últimos anos, são também um ótimo exemplo a ser seguido pelos demais leigos católicos. Outro fato louvável é a atuação da ministra do Trabalho e Assuntos Sociais na Alemanha, Úrsula Von der Leyen, que está rompendo paradigmas ao mostrar que é possível ter uma família numerosa, mesmo trabalhando. Úrsula é mãe de sete crianças e chama a atenção no seu país por saber conciliar os trabalhos políticos com os cuidados do lar. Segundo a ministra, "comprovamos que sem crianças um país não pode seguir existindo, por razões econômicas e também emocionais".

A história dos últimos vinte anos mostra de maneira incisiva o declive no qual se coloca a sociedade cristã, quando esta não assume de maneira responsável seus encargos na esfera política. Vê-se a ascensão de governos anticristãos coniventes com todo o tipo de perversidade e imoralidade. Essa crise tem uma razão, diria São Josemaria Escrivá. É uma crise de santos. Somente um testemunho santo e piedoso terá a força para barrar o avanço do mal.

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Referências:


  1. Nota doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política
  2. Visita "Ad Limina Apostolorum" degli ecc. mi presuli della Conferenza Episcopale del Brasile

Namorar é pensar no amanhã


O Dia dos Namorados movimenta muito dinheiro, desde cartões com mensagens românticas até joias valiosas; é um dos dias mais lucrativos do ano. Em resumo, há um incentivo para troca de presentes entre os apaixonados. 

Mas o Dia dos Namorados também é um bom momento para se pensar no amanhã. Pai e mãe nós não escolhemos, filhos também não, mas o companheiro(a) de viagem, que seguirá lado a lado conosco, durante a vida, é no tempo do namoro que o escolhemos. 

Escolher a pessoa certa, o futuro esposo ou esposa que vai fazer essa viagem de amor ao seu lado, é de grande responsabilidade, pois se trata de escolher a única pessoa que vai trilhar e construir, junto com você, um caminho de felicidade em meio às dificuldades, e sem fazer troca (não serviu ou não deu certo, não devolva o produto).


A pessoa escolhida não é um produto que se compra ou troca. Os cônjuges precisam ser conquistados e reconquistados todos os dias e em todas as várias fases do relacionamento, é necessário aprender esperar o processo do outro. 


O que você espera de um namoro? Construir uma vida juntos significa respeitar a individualidade de cada um e também estar atento para perceber se essa individualidade não está prejudicando o relacionamento. O risco nessa construção é o pensar só em si, “o prazer individual” em todas as áreas: sexual, profissional, espiritual, com as amizades... 

Encontro de Casais com Cristo, Equipes de Nossa Senhora e Pastoral Familiar, juntos em favor da família


Convocados pela Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família (CEPVF), no dia 09 de junho de 2013, os casais representantes nacionais do Encontro de Casais com Cristo (ECC), Equipes de Nossa Senhora (ENS) e Coordenação Nacional da Pastoral Familiar (PF), reuniram-se na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com a proposta de identificar e compartilhar ações evangelizadoras em favor da família.

Estavam presentes no encontro: o presidente da CEPVF e bispo de Camaçari, dom João Carlos Petrini; o bispo de Presidente Prudente (SP) e Assistente Eclesiástico Nacional do ECC, dom Benedito Gonçalves dos Santos, os assessores da CEPVF, padre Rafael Fornasier e padre  Wladimir Porreca; os casais da secretaria nacional do ECC, Aparecida e Joaquim Madalena, Marisa e Ésio Henrique Cardoso; e casal nacional das Equipes de Nossa de Senhora, Aparecida e Raimundo Araújo; e, por fim, o casal coordenador da Comissão Nacional Pastoral Familiar, Raimundo e Vera Leal.



Segundo dom Petrini, o encontro proporcionou a abertura de um trabalho conjunto entre movimentos, serviços, pastorais e associações, que atuam na valorização da família.

Na reunião, foi discutida a proposta de valorizar a atuação da família na Igreja e na sociedade, em especial na Semana Nacional da Família (SNF). De acordo o assessor da CEPVF, padre Wladimir Porreca, a proposta foi acolhida pelos participantes com o desejo de que a elaboração, a organização e a participação na SNF, possa acontecer com maior integração do ECC, das ENS e da PF, em todas as comunidades paroquiais.

Outro tema discutido, e acolhido entre os presentes, foi a proposta de elaborar, em conjunto, ações e eventos que se propõem a contribuir com a visibilidade da família no espaço público, bem como, incentivar e promover as comemorações do dia dos pais, das mães, dos avós e as datas festivas e civis.

Esta reunião constituiu o primeiro passo de um caminho de cooperação, aberto a outros movimentos, serviços e grupos de família.
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Fonte: CNBB

A teologia do corpo e a castidade, fontes espirituais do namoro


Na comemoração do dia dos namorados, percebe-se que esta palavra e denominação inclui várias experiências as vezes não compatíveis com o namoro cristão. Para começo de conversa, namorar significa criar e gerar vínculos amorosos na perspectiva da comunhão e vocação matrimonial. Namorar é ser capaz de construir um projeto conjugal de união oblativa, que una duas vidas para sempre.

O bem-aventurado João Paulo II, ensinou que o nosso corpo reflete o esplendor da Santíssima Trindade, os namorados são chamados a crescer na comunhão interpessoal e a se prepararem para um ato e estado de consagração total do amor, que chamamos de casamento. A sexualidade deve expressar a total entrega como dom na reciprocidade e fidelidade da aliança esponsal do matrimônio cristão.

A castidade é a virtude que purifica o olhar, as intenções, a mística de respeitar, amar e querer bem ao outro, valorizando-o em todo o seu ser como um presente precioso dado por Deus a nós.    Um amor verdadeiro e autêntico é capaz de esperar, de renunciar a tudo aquilo que está reservado para o momento pleno da conjugalidade marital, para desenvolver a ternura, delicadeza, e o arte de encantar ao futuro esposo/a. Pensar que atropelar ou descaracterizar a etapa do namoro, vai trazer algum aprendizado é o mesmo que querer ser amigo convivendo com a traição.

Diante do erotismo exacerbado e os apelos a pornografia e o sexo descompromissado, a castidade nos reconduz ao plano de Deus unindo o que o pecado separa, despertando para a beleza de um amor puro, incontaminado, integro e fiel que conta com a benção e a amizade de Jesus Nosso Senhor. Que Santo Antônio que une corações olhe para os namorados com amabilidade e desperte neles o verdadeiro amor nupcial, o amor que não passa.

Deus seja louvado !



Dom Roberto Franciso Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)