sábado, 7 de dezembro de 2013

Francisco de Assis e a reforma da Igreja por meio da santidade


O propósito destas três meditações do Advento é preparar-nos para o Natal na companhia de Francisco de Assis. Dele, nesta primeira meditação, gostaria de destacar a natureza do seu retorno ao Evangelho. O teólogo Yves Congar, em seu estudo sobre "Verdadeira e falsa reforma na Igreja” vê em Francisco o exemplo mais claro de reforma da Igreja pelo caminho da santidade[1]. Gostaríamos de procurar compreender em que consistiu a sua reforma pelo caminho da santidade e o que o seu exemplo implica para cada época da Igreja, inclusive a nossa.

1.     A conversão de Francisco

Para entender um pouco da aventura de Francisco é preciso partir da sua conversão. Desse evento existem, nas fontes, diferentes descrições com notáveis diferenças entre si. Felizmente temos uma fonte absolutamente confiável que nos dispensa de escolher entre as várias versões. Temos o mesmo testemunho de Francisco no seu Testamento, a suaipsissima vox, como se diz das palavras certamente ditas por Cristo no Evangelho. Diz:

«O Senhor concedeu a mim, irmão Francisco, que começasse a fazer penitência assim: quando eu estava nos pecados parecia-me muito amargo ver os leprosos: e o próprio Senhor conduziu-me entre eles e fui misericordioso para com eles. E ao afastar-me deles, o que me parecia amargo foi-me trocado por doçura de alma e corpo. E, depois, demorei só um pouco e saí do mundo” » (FF 110).

É sobre esse texto que justamente se baseiam os historiadores, mas com um limite intransponível para eles. Os historiadores, mesmo os mais bem intencionados e mais respeitosos com as peculiaridades da vida de Francisco, como era, entre os italianos Raoul Manselli, não conseguem entender o porquê último da sua mudança radical. Detêm-se – e com razão, por causa do seu método - na porta, falando de um "segredo de Francisco", destinado a permanecer assim para sempre.

O que se consegue constatar historicamente é a decisão de Francisco de mudar o seu status social. De pertença à classe superior, que contava na cidade por nobreza e riqueza, ele escolheu colocar-se no extremo oposto, compartilhando a vida dos últimos, daqueles que não eram nada, os assim chamados “menores”, atingidos por todos os tipos de pobreza.

Os historiadores justamente insistem no fato de que Francisco não escolheu a pobreza e muito menos o pauperismo; escolheu os pobres! A mudança é motivada mais pelo mandamento; “Ama o teu próximo como a ti mesmo”, que pelo conselho: “Se queres ser perfeito, vai’, vende tudo o que tens e dá aos pobres, depois vem e segue-me”. Era a compaixão pela pobre gente, mais do que a busca da própria perfeição que o movia, a caridade mais do que a pobreza.

Tudo isso é verdade , mas ainda assim não toca o fundo do problema. É o efeito da mudança, não a sua causa. A escolha verdadeira é muito mais radical: não se tratou de escolher entre riqueza e pobreza, nem entre ricos e pobres, entre a pertença a uma classe mais do que a outra, mas de escolher entre si mesmo e Deus, entre salvar a própria vida ou perdê-la pelo Evangelho.

Houve alguns (por exemplo, em tempos mais recentes, Simone Weil ), que chegaram a Cristo por meio do amor aos pobres e houve outros que chegaram aos pobres partindo do amor por Cristo. Francisco pertence a este segundo grupo. A razão profunda da sua conversão não é de natureza social, mas evangélica. Jesus tinha formulado a lei uma vez por todas com uma das frases mais solenes e mais certamente autênticas do Evangelho:

"Se alguém quer vir após mim , negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá , mas quem perder a sua vida por minha causa a encontrará " (Mt 16 , 24-25) .

Francisco, beijando o leproso, negou-se a si mesmo naquilo que era mais “amargo” e repugnante à sua natureza. Fez violência a si mesmo. O detalhe não escapou ao seu primeiro biógrafo que descreve assim o episódio:

"Um dia um leproso parou diante dele: fez violência a si mesmo, aproximou-se dele e o beijou. A partir daquele momento decidiu desprezar-se sempre mais, até que pela misericórdia do Redentor obteve plena vitória”[2].

Francisco não foi voluntariamente aos leprosos, motivado por humana e religiosa compaixão. “O Senhor, escreve, levou-me no meio deles”. É nesse pequeno detalhe que os historiadores não sabem – nem poderiam – dar um juízo, e de fato é a origem de tudo. Jesus tinha preparado o seu coração para que a sua liberdade, no momento certo, respondesse à graça. O sonho de Spoleto tinha servido para isso e a pergunta de se preferia servir o servo ou o patrão, a doença, a prisão em Perugia e aquele mal-estar estranho que não lhe permitia mais encontrar alegria nas diversões e lhe fazia procurar lugares solitários.

Embora sem pensar que se tratasse de Jesus em pessoa sob as aparências de um leproso (como mais tarde tentou-se fazer, pensando no caso análogo da vida de São Martinho de Tours[3]), naquele momento o leproso para Francisco representava em todos os aspectos Jesus. Não tinha ele dito: “O fizestes comigo”? Naquele momento escolheu entre si mesmo e Jesus. A conversão de Francisco é da mesma natureza daquela de Paulo. Para Paulo, em um certo momento, aquilo que antes tinha sido “lucro” mudou e tornou-se "perda", "por amor de Cristo" (Fil 3, 5ss); para Francisco aquilo que tinha sido amargo converteu-se em doçura, também aqui “por Cristo”. Depois deste momento, ambos podem dizer: “Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim".

Tudo isso nos obriga a corrigir uma certa imagem de Francisco popularizada pela literatura posterior e aceita por Dante na Divina Comedia. A famosa metáfora das núpcias de Francisco com a Senhora Pobreza que deixou marcas profundas na arte e na poesia franciscanas pode ser enganosa. Não apaixona-se por uma virtude, nem mesmo pela pobreza; apaixona-se por uma pessoa. As núpcias de Francisco foram, como aquelas de outros místicos, um casamento com Cristo.

Aos companheiros que lhe perguntavam se ele pretendia ter uma mulher, vendo-o uma noite estranhamente ausente e brilhante, o jovem Francisco respondeu : "Terei a esposa mais nobre e bela que vocês jamais viram”. Esta resposta é muitas vezes mal interpretada. Do contexto aparece claro que a esposa não é a pobreza, mas o tesouro escondido e a pérola preciosa, ou seja, Cristo. “Esposa, comenta Celano que narra o episódio, é a verdadeira religião que ele abraçou; e o reino dos céus é o tesouro escondido que ele procurou”[4].

Francisco não se casou com a pobreza, nem sequer com os pobres; casou-se com Cristo e foi por amor a ele que se casou, por assim dizer “em segundas núpcias” com a Senhora pobreza. Assim será sempre na santidade cristã. Na base do amor pela pobreza e pelos pobres, ou está o amor por Cristo, ou os pobres serão, de um modo ou de outro, instrumentalizados e a pobreza se tornará facilmente um fato polêmico contra a Igreja, ou uma ostentação de maior perfeição com relação a outros na Igreja, como aconteceu, infelizmente, também em alguns dos seguidores do Poverello. Em ambos os casos, faz-se da pobreza a pior forma de riqueza, aquela da própria justiça.

Onda de violência na Argentina: Igreja diz que causa não é pobreza, mas vandalismo


Por causa da onda de violência que assolou a província argentina de Córdoba, o novo bispo auxiliar local, dom Pedro Javier Torres, nomeado em 16 de novembro, descreveu os atos de violência como “saques e criminalidade, e não atos de um movimento social que reage contra a fome”.

“Tudo isso não aconteceu por causa da pobreza e da procura de comida, mas por causa da delinquência na província”. 

A situação em Córdoba se tornou caótica depois de um pedido de reajuste salarial da polícia. Os policiais entraram em greve e alguns grupos de vândalos e delinquentes aproveitaram para saquear lojas de todo tipo. Parte da população se juntou aos saques.

Não foram saqueados apenas os supermercados e os pontos de venda de alimentos, mas também lojas de eletrodomésticos e de produtos supérfluos. Em muitos casos, os roubos foram cometidos com violência e com a destruição dos locais. Enfrentamentos violentos aconteceram entre os vândalos e as famílias que queriam proteger seus estabelecimentos comerciais. 

O depósito da Cáritas em Córdoba também foi saqueado durante a onda de vandalismo, de acordo com a vice-diretora da entidade, Ana Campoli.


Falando na televisão local, dom Torres denunciou as autoridades argentinas pelo “abandono total da província por parte do governo central, coisa que nos dói muito”. Ele considerou “justo e digno de ser escutado” o pedido da polícia de Córdoba, mas afirmou também que “o fim não justifica os meios. É necessário dar um basta a essa anarquia”. 

A Conferência Episcopal Argentina enviou hoje uma mensagem ao arcebispo e à população de Córdoba expressando “solidariedade e apoio diante dos graves fatos ocorridos na província”.

O texto do Conselho Permanente, enviado à Agência Fides, declara: “Peçamos que nosso Senhor inspire serenidade e calma neste tempo de Advento, e que Maria, Rainha da paz, proteja todos os cordobeses”.


O fato aconteceu no dia 24 de novembro de 2013, na porta central da Catedral de San Juan, na Argentina. O templo foi cercado por jovens católicos, que com o rosário nas mãos, passaram a ser agredidos e insultados por feministas, ativistas pró-aborto e casamento gay. Após inúmeros ataques, o grupo queimou um boneco que representava o Papa Francisco.

Imagens extremamente duras e desagradáveis:


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Texto disponível em: ZENIT

Mandela e o aborto!


Que ainda em vida Nelson Mandela tenha se tornado uma referência ética, não me surpreende... Não por quem ele fosse, mas por quem dá tais títulos nos dias atuais. Aos "santos" dos dias atuais - gente como Al Gore, Bill Gates, Steven Jobs e outros mais - basta-lhes apenas agradar ao mundo. Mandela sai deste mundo e mesmo antes de sair já constava nos livros de história como um destes "santos".

Sinto discordar da onda de unanimidade que provavelmente varrerá nossa imprensa e principalmente a mídia social, alvo fácil de todo pensamento politicamente correto produzido atualmente.

Mandela e seu partido, African National Congress (ANC), por décadas têm uma relação muito próxima ao Partido Comunista da África do Sul, que, como é corriqueiro entre os esquerdistas, encara o aborto como direito da mulher, sem, claro, fazer qualquer referência à humanidade do nascituro. Eis um trecho do posicionamento deste partido em relação ao assunto:

"The South African Communist Party believes that every woman has the right to control over her own body and thus the right to make independent reproductive decisions. In addition, every woman therefore should have the right to choose whether or not she wishes to terminate a pregnancy." 

"[O Partido Comunista da África do Sul acredita que toda mulher tem direito ao controle sobre seu próprio corpo e também direito a tomar decisões independentes sobre sua vida reprodutiva. Somado a isto, toda mulher deveria ter o direito a escolher se ou não deseja terminar uma gravidez.]"


Já Mandela, que sempre direcionou politicamente o ANC, deu a seguinte declaração sobre o aborto

"As mulheres têm o direito de decidir o que querem fazer com seus corpos."

Tanto a declaração do Partido Comunista Sul-Africano como as palavras de Nelson Mandela reverberam o discurso do abortismo internacional, que se lixa para os "corpos" dos nascituros, seres humanos como qualquer um de nós. 

Mas Mandela não ficou apenas nas palavras... Após ganhar a histórica eleição na qual foi eleito presidente em 1994, Mandela e seu então ministro da Saúde, Nkosazana Dlamini-Zuma, apresentaram ao parlamento de seu país um projeto de legislação, posteriormente aprovado, que tornou a legislação sul-africana relacionada ao aborto uma das mais liberais do mundo. Adicionado a isto, Mandela, seu partido e coligados tiveram um preponderante papel na confecção da nova constituição sul-africana, por ele assinada em 1996, que deu relevante papel aos"direitos reprodutivos", um conhecido eufemismo para abortos, esterilizações, etc.

Para se ter uma idéia da liberalidade da legislação introduzida por Mandela, até 12 semanas de gestação nem mesmo é necessário um médico para fazer o procedimento, sequer uma enfermeira, bastando para tanto uma simples parteira. Mais um detalhe: o acesso ao aborto é garantido para mulheres de qualquer idade, mesmo menores. Resultado disto? O número de abortos na África do Sul teve um aumento gigantesco enquanto que, bem ao contrário do que previam os abortistas, também o número de mortes maternas teveaumento.

Esta é a obra de Nelson Mandela em relação aos seres humanos mais fragilizados que estão entre nós, os não-nascidos. Suas ações tiveram, tem e terão um efeito desastroso para seu país e para a humanidade em geral. Se muitas mulheres se vêem pressionadas e em momento de desespero e falta de perspectiva recorrem ao aborto, é exatamente esta mulher que deveria ser amparada pela sociedade. E são políticos como Nelson Mandela, que têm os instrumentos para minimizar este drama e escolhem não agir assim, preferindo muito mais o caminho fácil dos tais "direitos reprodutivos" enquanto lavam as mãos pelo sangue derramado dos inocentes, qual um Pilatos do mundo pós-moderno.

Que Nelson Mandela encontre a misericórdia e a proteção do Senhor Deus, a mesma proteção que ele negou aos não-nascidos através de sua atuação política.
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Papa: "Para anunciar Cristo, internet não basta. Anúncio requer relações humanas diretas"


O Papa Francisco recebeu esta manhã, no Vaticano, os participantes da Plenária do Pontifício Conselho para os Leigos, que se reuniram por três dias para debater o tema “Anunciar Cristo na era digital”.

Em seu discurso, o Pontífice usou uma expressão utilizada por João Paulo II, de que “chegou a hora do laicato”, e recordou alguns eventos organizados pelo Dicastério nos últimos meses cujos protagonistas foram os leigos. Entre eles, citou o seminário sobre os 25 anos da Encíclica Mulieris dignitatem, lembrando que a mulher se encontra na linha de frente na batalha pela proteção do humano na crise cultural do nosso tempo, e a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro, que definiu como “uma verdadeira festa da fé”.

O tema debatido na Plenária, a era digital, disse o Papa, é um campo privilegiado para a ação dos jovens, para os quais a rede é, por assim dizer, conatural. A Internet é uma realidade difundida, complexa e em contínua evolução, e o seu desenvolvimento repropõe a questão sempre atual da relação entre a fé e a cultura”. 

Entre as oportunidades que a rede oferece, afirmou o Pontífice, devemos fazer como pede São Paulo: “Discerni tudo e ficai com o que é bom”, cientes de que, certamente, “encontraremos moedas falsas, ilusões perigosas e ciladas e evitar. Mas, guiados pelo Espírito Santo, descobriremos também preciosas oportunidades para conduzir os homens à face luminosa do Senhor”.

Para Francisco, entre as possibilidades oferecidas pela comunicação digital, a mais importante diz respeito ao anúncio do Evangelho. Não se trata somente de adquirir competências tecnológicas, mas antes de tudo encontrar mulheres e homens reais, muitas vezes feridos ou perdidos, para oferecer a eles verdadeiras razões de esperança.


“A internet não basta, a tecnologia não é suficiente”, afirmou, recordando que o anúncio requer relações humanas autênticas e diretas. 

Todavia, a presença da Igreja na rede não é inútil, pelo contrário, é indispensável estar presente, sempre com estilo evangélico, para indicar o caminho que leva Àquele que é a resposta. E concluiu:


“A Igreja está sempre em caminho, em busca de novas vias para o anúncio do Evangelho. A contribuição e o testemunho dos leigos se demonstram sempre mais indispensáveis.”
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Tudo o que um papa diz é infalível?

O que um católico deve saber quando lê uma notícia sobre o Papa na mídia

Nesta era da comunicação global, a Igreja, tranquila mestra de comunicação durante dois milênios, adverte que a figura do Papa nunca havia sido tão observada quanto agora.
 
Se os últimos papas, conscientes da importância das comunicações, entraram na aldeia global sem intermediários, como faz o Papa Francisco, ao deixar-se entrevistar por vários veículos de comunicação, e o jornalista interpreta e elabora a seu critério o material obtido, a desorientação pode ser grande. Isso foi o que aconteceu no caso da entrevista concedida a Eugenio Scalfari e ao jornal italiano de esquerda “La Repubblica”.
 
Diante desta situação, por outro lado inevitável, se a Igreja quer estar nos meios de comunicação, os cristãos precisam formar mais ainda seu senso crítico, para discernir sobre a informação que recebem, inclusive sobre o Papa. Não podemos nos esquecer de que existe uma obrigação moral, mais ainda no caso dos cristãos, de informar-se bem, na medida do possível, antes de formar sua opinião.
 
Sobre este tema, a Aleteia conversou com o Pe. Ramiro Pellitero, conhecido professor de teologia na Universidade de Navarra (Espanha), especialista em eclesiologia e teologia pastoral, e membro da CatholicTheologicalSocietyofAmerica.
 

Tudo o que um papa diz é infalível?

 
É claro que não. Primeiramente, infalível, em termos absolutos, só Deus é. A Igreja participa da infalibilidade divina em algumas condições, que são, segundo a tradição da própria Igreja: as declarações de um concílio ecumênico presidido pelo Papa; a definição “ex cathedra” de um papa, quando proclama um novo dogma; os ensinamentos dos bispos em comunhão com o Papa; o que pertence à fé do povo de Deus (chamado de “senso fidei”), em comunhão com os seus pastores.
 
Passamos de uma tradição milenar de comunicação eclesial pausada e medida a uma superexposição midiática dos papas, o que os torna cada vez mais próximos, mais “humanos” e menos “sacralizados” que em épocas passadas. No entanto, isso não significa que o Papa seja menos infalível em seus pronunciamentos. Como podemos entender esta nova situação?
 
Fora das condições de infalibilidade anteriormente comentadas, o Papa continua sendo o Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, e todos os seus ensinamentos devem ser escutados pelos católicos com muito respeito e consideração.
 
As afirmações papais contidas em documentos como encíclicas, exortações etc., terão mais ou menos valor doutrinal segundo sua relação com as verdades da fé cristã.
 
Um valor ainda mais diferente têm suas afirmações em livros ou entrevistas, segundo sua relação com doutrinas já proclamadas pela Igreja como tais. Mas, nestes casos, como já aconteceu com João Paulo II e Bento XVI, o Papa se submete à crítica (sobretudo a uma crítica saudável e construtiva) dos especialistas nas diversas matérias, e inclusive a qualquer pessoa.
 
Talvez um dos problemas seja a compreensão do que é a opinião pública dentro da Igreja, especialmente entre os próprios cristãos. Pode ou deve haver uma opinião pública? Quais seriam seus limites?
 
Especialmente desde a época do Concílio Vaticano II, vem se falando da necessidade de uma “opinião pública” dentro da Igreja. Se entendermos bem este conceito, trata-se de algo saudável e conveniente, mas que tem seus limites.
 
E os limites estão na revelação cristã. Se algo pertence claramente à revelação e foi declarado como tal pela Igreja, cabe continuar aprofundando e desenvolvendo seus conteúdos, mas sempre na mesma linha.
 
Na nova exortação apostólica, o Papa fala de renovar as estruturas, de conversão pastoral, inclusive do próprio papado, e de não ter medo de revisar os costumes que foram úteis em outras épocas, mas que hoje podem já não ser mais adequados para a evangelização. Devemos entender que isso inclui a comunicação?
 
Uma exortação apostólica como a “Evangeliigaudium”, especialmente se chega depois de um sínodo universal, tem um grande valor, igual ou maior que uma encíclica, no conjunto dos ensinamentos de um papa – sem querer, com isso, dizer que tem o mesmo valor que os dogmas já declarados pela Igreja.
 
Além disso, esta exortação tem um grande sentido programático. As expressões mencionadas por você são propostas que o Papa apresenta com toda a sua força de pastor e mestre, ainda que, insisto, tenham valores diferentes inclusive dentro do próprio documento, segundo se refiram a temas que pertencem aos núcleos da fé ou da vida cristã.
 
Com relação ao caso concreto da comunicação, pelo que o Papa faz, primeiro, e depois pelo que ele diz, podemos entender que também propõe certa mudança de estilo.

 
Em suma, trata-se de um falar combinado com uma escuta (e o Papa escuta muito), para dar testemunho da tradição cristã, e esta tradição tem muitos caminhos. Dessa maneira, também aprendemos o valor do testemunho, da vida e da palavra que precisamos dar da nossa fé, como cristãos, tudo isso unido a uma preocupação efetiva pelos outros, sobretudo pelos mais pobres e necessitados.
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Disponível em: Aleteia

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

CONIC emite nota pelos 16 Dias de Ativismo


O QUE DEUS EXIGE DE NÓS? (Mq 6.6-8)


Desde o dia 25 de novembro se realizam os 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra a mulher. Organizações de mulheres, de direitos humanos, universidades e comunidades religiosas promovem debates, reflexões e outros tipos de ações com o objetivo de chamar atenção para os diferentes tipos de violência contra mulheres.

Como Igrejas não podemos nos calar! Segundo um estudo realizado entre 2001 e 2010, foram assassinadas 40 mil mulheres em nosso país. No ano de 2010, a média de assassinatos foi de 4,5 para cada 100 mil mulheres. Para o ano de 2013, a projeção é que 4.717 mulheres serão assassinadas. Mais do que números, estes índices revelam uma violência fundamentada em uma cultura que há muito naturalizou a violência contra a mulher.

Enquanto Igrejas, cabe-nos refletir sobre nossa tarefa diante desta realidade. A pergunta do profeta Miqueias “O que Deus exige de nós?” nos provoca a identificarmos as ações concretas com vistas a contribuirmos para a transformação das relações humanas violentas.


No contexto dos 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra a mulher, vale igualmente chamar a atenção para outra violência de gênero, que são as agressões sofridas pela população LGBT. Dados revelam que apenas no ano de 2012 foram cometidos 338 assassinatos por motivação homofóbica ou transfóbica.

A violência contra mulheres e LGBTs  é uma realidade que expõe uma face nada simpática de nosso país, conhecido como a terra da tolerância. É necessário falar abertamente sobre nossas limitações em conviver com o diferente.

A Lei Maria da Penha é uma forma concreta de minimizar os impactos da violência contra a mulher. Agora, urge uma Lei que contribua para minimizar as consequências do preconceito homofóbico e transfóbico. A aprovação do PLC 122/06 pode significar um passo concreto nesta direção.

A violência é contrária ao Evangelho, portanto, todo o discurso, inclusive religioso, que legitima ou justifica estas formas de violência está em contradição com a Boa Nova. O que Deus exige de nós, cristãos e cristãs diante destes dados de violência? É a pergunta sobre a qual queremos refletir nestes 16 Dias de Ativismo.




Como explicar a morte e intercessão de Nossa Senhora?

A intercessão e mediação de Nossa Senhora em nada “substitui" 
ou "anula” a única e essencial Mediação de Jesus

A Igreja acredita que Nossa Senhora morreu, tanto assim que em Jerusalém venera seu túmulo e sua imagem adormecida. O Papa João Paulo confirma isso em uma de suas Catequeses sobre a Virgem Maria.

Após sua morte, Deus a ressuscitou e a levou para o céu de corpo e alma; é dogma da Assunção de Nossa Senhora proclamado pelo Papa Pio XII em 1950. Aquela que deu a carne ao Filho de Deus humanado não poderia se corromper na terra; além do que não tinha o pecado original.

A intercessão e mediação de Nossa Senhora no céu por cada um dos seus filhos e pela Igreja, em nada “substitui’ ou ‘anula” a única e essencial mediação de Jesus, como São Paulo explica em 1Tm 2,4. Jesus é a única Ponte (Pontífice) entre Deus e os homens porque somente Ele é Deus e homem ao mesmo tempo.

Mas Deus quer mediadores e intercessores auxiliares, cooperadores, através da Mediação de Jesus, sem a qual nenhuma outra tem eficácia, nem dos santos e nem da Virgem Maria.


Assim explica o Concílio Vaticano II: “a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia” (LG, 60). “Longe, portanto, de ser um obstáculo ao exercício da única mediação de Cristo, Maria põe antes em evidência a sua fecundidade e a sua eficácia. Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia” (LG, 60).


"O exemplo de Mandela inspire as novas gerações", diz papa Francisco.


O papa Francisco escreveu na manhã desta sexta-feira, 06, ao presidente da República Sul-Africana, Jacob Zuma, uma mensagem expressando seu pesar pela morte do líder e símbolo da luta anti-racista Nelson Mandela.

A seguir, a íntegra da mensagem.



“Soube com tristeza da morte do ex-presidente Nelson Mandela e envio minhas preces e condolências à família Mandela, aos membros do Governo e a todo o povo da África do Sul. Encomendando a alma do falecido às infinitas bênçãos de Deus, peço ao Senhor que console e apoie todos os que choram por esta perda. Louvo o firme compromisso demonstrado por Nelson Mandela ao promover a dignidade humana de todos os cidadãos da nação e forjar uma nova África do Sul, construída sobre os alicerces firmes da não-violência, da reconciliação e da verdade. Rezo para que o exemplo do ex-Presidente inspire as gerações da África do Sul a colocar a justiça e o bem comum no topo de suas aspirações políticas. Com estes sentimentos, invoco sobre todos os povos da África do Sul os dons divinos da paz e prosperidade”.