Nesta semana, a mídia anunciou, como se fosse uma
coisa revolucionária e muito inusitada, que o Papa Francisco disse que a teoria
do Big Bang (que explica a origem do Universo) e a Teoria da Evolução (que
explica a origem das espécies) estão corretas.
O tom de “oh, que coisa incrível!” das manchetes,
somado à falta de conhecimento das massas sobre a Igreja, refletiu o sentimento
de surpresa geral. Mas gente… em 1951, há mais de 60 anos (!!!), o Papa
Pio XII já havia acolhido com extrema simpatia a Teoria do Big Bang, afirmando
que ela era perfeitamente compatível com o ensinamento da Igreja sobre a
criação do mundo pelas mãos de Deus. Maravilhado com a então chamada “Hipótese
átomo primordial”, ele disse:
“Realmente parece que a ciência moderna, olhando
para milhões de séculos atrás, conseguiu se tornar testemunha daquele
primordial Fiat lux, pelo qual do nada irrompe, com a matéria, um mar de
luz e radiação, enquanto as partículas químicas dos elementos se separam e se
reúnem em milhões de galáxias.” (…)
“…com a concretude própria das provas físicas, a
contingência do universo e a fundamentada dedução sobre a época em que o cosmo
saiu das mãos do Criador. A criação no tempo, então; e, portanto, um Criador:
Deus! É essa a voz, ainda que não explícita e nem completa, que Nós pedíamos à
ciência, e que a atual geração humana espera dela.” ( Discurso de Pio XII.
22/11/1951. Tradução: blog Tubo de Ensaio)
Como vocês veem, Pio XII não só aprovou a Teoria do
Big Bang, como se empolgou com ela além da conta. Ele chega até mesmo a dizer
que essa teoria era praticamente a prova científica da existência de Deus. Ao
ouvir isso, o “pai” da teoria, o Padre – é isso mesmo, PADRE – Georges Lamaître
fez chegar aos ouvidos do Papa um apelo do tipo: “Menos, Santidade… Meeeeeenos!”.
Quanto à teoria da evolução das espécies, o mesmo
Pio XII, em 1950, já havia dito que, desde que mantida a devida prudência, “o
magistério da Igreja não proíbe que nas investigações e disputas entre homens
doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo”
(Encíclica Humani Generis).
Temos que ser justos e dizer que ao menos
a Folha de São Paulo publicou uma matéria bem ponderada, apresentando
o parecer positivo de papas anteriores sobre essas teorias, como Pio XII, São
João Paulo II e Bento XVI.