domingo, 23 de novembro de 2014

WhatsApp, ajuda ou obstáculo para compreender Deus?


Não é a primeira vez que WhatsApp se torna notícia: no final de fevereiro de 2014, três dias após o famoso serviço de mensagem ter sido comprado pelo Facebook, parou de funcionar por algumas horas. As massivas reações refletidas nas redes sociais envolvendo o fato comprovaram a capacidade que WhatsApp tem de gerar uma claríssima dependência global.

WhatsApp é um programa que utiliza a Internet principalmente para enviar mensagens instantâneas e fotos. Ele é usado especialmente em telefones celulares.

WhatsApp voltou ao centro da atenção mundial quando, em meados de novembro de 2014 habilitou um sistema que permite saber se o destinatário das mensagens enviadas pelo sistema leu ou não: se o remetente vê em seu telefone dois “risquinhos azuis” significa que o receptor leu a mensagem.

Já em 2013, um estudo da "Cyberpsychology: Journal of Psychosocial Research on Cyberspace" mostrava que o WhatsApp tinha sido motivo para a ruptura de uns 28 milhões de casais. As pessoas enviavam mensagens, mas também esperavam uma resposta imediata. Com a nova modalidade de comprovar a leitura das mensagens essa "expectativa de resposta" fica ainda mais acentuada e, compreensivelmente, com consequências não só nas relações dos namorados.

Sabe-se que, como sugerido por alguns psicólogos (por exemplo, Henry Echeburúa, da Universidade do País Vasco) WhatsApp pode gerar o mesmo vício de uma droga. Uma droga que apresenta sintomas externos, como a incapacidade de não só ficar vendo permanentemente o telefone durante o dia, mas também durante a noite; droga que incapacita para relacionar-se e olhar nos olhos do outro; droga que faz experimentar sensações como a impressão de que o telefone vibra sempre ou que cria a necessidade de estar sempre conectado, disponível e reagindo imediatamente aos estímulos que vêm “do outro lado do telefone". De acordo com o estudo "A Comunicação dos estudantes por meio do WhatsApp”, um a cada três estudantes de 15 a 19 anos usa o WhatsApp em média durante seis horas por dia... 

Em geral, as redes sociais e serviços de mensagens instantâneas como o WhatsApp criaram uma "forma mentis" nova nos modos e tempos de interação humana. Sendo estes estímulos sincrônicos e intempestivos exigem, para muitos, uma forma de resposta nas mesmas categorias.

Que isso passe depois ao âmbito dos sentimentos só é um reflexo de que, na verdade, as experiências digitais supõem também reações afetivas que suscitam rejeição ou reforçam laços humanos porque, em última análise, as tecnologias são o que são os seres humanos que as usam. 

Falso cardeal engana fiéis em São Paulo


Aos Padres e Religiosos
Arquidiocese de São Paulo

Caríssimos,

Infelizmente, mais uma vez devo chamar a atenção para um falso “eclesiástico” em circulação pela cidade de São Paulo e outras localidades. Ele já se apresentou, em meados de outubro, na diocese de Mogi das Cruzes, como “monge cartuxo”; depois apresentou-se aqui em São Paulo, como “Visitador Apóstólico” de certa Abadia do interior do Estado... E usou a falsa identidade de “bispo de Osnabrück, Alemanha, Dom Franz-Josef Bode”, assinando com esse nome. Essa diocese existe e o seu bispo, de fato, tem esse nome; mas a foto do bispo é bem outra.

Apresenta-se ainda como “Fr. André Cardeal von Hohenzollern, Ordem dos Cartuxos, Arcebispo nomeado de São Paulo”. Fala com forte sotaque alemão; tem se apresentado com túnica e estola no braço...

De fato, trata-se de Wolfgang Schuler, um senhor alemão, perto dos 70 anos de idade, que já teve passagens pela polícia no Estado da Bahia, especialmente em Salvador, há alguns anos (2004; 2007); foi preso e extraditado para a Alemanha. Informações sobre ele podem ser lidas na Internet.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Papa Francisco: não deixar celebrar casamento com missa é "pecado de escândalo"


A Igreja nunca seja um comércio, pois a redenção de Cristo é gratuita. Esta foi a mensagem de hoje do Papa Francisco na missa em Santa Marta, na Festa Litúrgica da Apresentação da Virgem Santa Maria no Templo.

Na sua breve reflexão, o Papa sublinhou a Liturgia de hoje que propõe a passagem evangélica na qual Jesus expulsa os vendilhões do Templo, que transformam a casa de oração em covil de ladrões. Este gesto de Jesus é um verdadeiro ato de purificação: o Templo tinha sido profanado e, como tal, também o Povo de Deus, profanado com o grande pecado do escândalo. E o Papa acrescentou que este tipo de comportamento pode escandalizar o povo, mesmo hoje em dia. Quantas vezes, ao entrarmos na igreja, deparamos com uma lista de preços: batizados, bênçãos, intenções de Missa afirmou o Santo Padre que contou uma pequena história.

"Uma vez, recentemente ordenado, eu estava com um grupo de universitários, e um casal queria se casar. Tinham ido a uma paróquia: mas queria casar-se com Missa. E lá, o secretário paroquial disse: - ‘Não é possível’. Mas porque não se pode casar com Missa? Se o Concílio recomenda fazer sempre com a Missa...’. ‘Não é possível porque não podemos passar de 20 minutos’. - ‘Mas por quê’? – ‘Porque tem outros horários marcados’. – ‘Mas nós queremos a Missa’. – ‘Então vocês devem pagar dois horários’. E para casar com Missa tiveram que pagar dois horários. Este é um pecado de escândalo". 

Padre excomungado ataca Papa Francisco em vídeo


O padre Beto, que teve sua excomunhão aceita pela Santa Sé, fez um vídeo intitulado “E ai Papa?” no qual não esconde sua decepção com Francisco.

Posando de pobre vitima da Igreja opressora, Beto tenta chamar a atenção de Sua Santidade Francisco usando um tom irônico e agressivo. No vídeo o padre dispensa todos os títulos de veneração ao Papa e resolve falar de igual para igual. Alias, é importante perguntar: quem é o Papa na cabeça de Beto, não seria ele mesmo o Papa?. Talvez movido pelo sentimento que teria seu papado usurpado por Francisco, aponta o dedo para a câmera e diz: “O interessante é que você desde o inicio de seu papado vem se mostrando aberto a pelo menos ao dialogo. E, de repente vem a ratificação de minha excomunhão”.

Aproveitando para fazer seu marketing pessoal, afinal Francisco provavelmente não assistirá tal vídeo, Beto declara que é um teólogo e como tal teve que refletir de temas que “estão por aí” e conclui: “por que fui excomungado?”, indaga o pe. Beto. Evidentemente Beto se põe no papel de sociólogo, mas diz que essa “reflexão” é o papel de um teólogo.

Prosseguindo sua linha de desaforos, Beto declara que caso Francisco tenha assinado (como de fato fez) sua excomunhão, logo ele é incoerente, pois não excomunga os padres pedófilos. Ora, como bom teólogo, que declarou ser no vídeo, Beto deveria saber a diferença de graduação dos pecados e o porque existe uma medida disciplinar da excomunhão. Se estivesse feito uma catequese básica em qualquer paróquia, sabia que a excomunhão e o pecado grave se resolvem no confessionário.  Mas, Betinho não quer saber de voltar atrás e nos faz refletir: Afinal, é a fé que se dobra ao homem e assume o relativismo como única face possível ou é o homem que adere a fé e acredita, ao menos, em tudo que constitui o seu cerne? 

Solenidade de Cristo Rei


A celebração da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, fecha o Ano Litúrgico. Neste período, meditamos, sobretudo, no mistério de Sua vida, Sua pregação e o anúncio do Reino de Deus. Esta festa celebra Cristo como o rei bondoso e singelo que, como pastor, guia a sua Igreja peregrina para o Reino Celestial e lhe outorga a comunhão com este Reino para que possa transformar o mundo no qual peregrina. Neste final de semana, comemoramos ainda o Dia Nacional do Cristão Leigo e Leiga. Abriremos também a Campanha para a Evangelização: Cristo é a nossa Paz! Em nossa Arquidiocese iremos celebrar a Segunda Festa da Unidade Arquidiocesana, por isso estamos esperando as forças vivas da nossa Igreja na Catedral para o Dia da Unidade, entre 13hs e 19hs, com a celebração da Santa Eucaristia. Na semana que se iniciará também iremos comemorar o Dia Nacional de Ação de Graças. Em todas as nossas atividades deve reinar o Senhor Jesus Cristo!

Cristo Rei anuncia a Verdade e essa Verdade é a luz que ilumina o caminho amoroso que Ele traçou com sua Via Crucis para o Reino de Deus. "Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta minha voz." (Jo 18, 37). Jesus nos revela sua missão reconciliadora de anunciar a verdade ante o engano do pecado. Assim como o demônio tentou Eva com enganos e mentiras, agora Deus mesmo se faz homem e devolve à humanidade a possibilidade de retornar ao Reino, quando qual Cordeiro se sacrifica amorosamente na cruz.

Durante o anúncio do Reino, Jesus nos mostra o que este significa para nós como Salvação, Revelação e Reconciliação ante a mentira mortal do pecado que existe no mundo. Jesus responde a Pilatos quando este lhe pergunta se na verdade Ele é o Rei dos judeus: "Meu Reino não é deste mundo. Se meu Reino fosse deste mundo, meus súditos teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas meu Reino não é daqui" (Jo 18,36). Jesus não é o Rei de um mundo de medo, mentira e pecado, Ele é o Rei do Reino de Deus que traz e ao que nos conduz. A possibilidade de alcançar o Reino de Deus foi estabelecida por Jesus Cristo ao nos deixar o Espírito Santo, que nos concede as graças necessárias para obter a Santidade e transformar o mundo no amor. 

Discurso do Papa à conferência da FAO sobre nutrição


DISCURSO
Visita do Papa Francisco à sede da FAO, em Roma,
 por ocasião da Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição
Sede da FAO – Roma
Quinta-feira, 20 de novembro de 2014


Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores,

Com sentimento de respeito e apreço, apresento-me hoje aqui, na Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição. Agradeço-lhe, senhor Presidente, a calorosa acolhida e as palavras de boas-vindas que me dirigiu. Saúdo cordialmente o Diretor-Geral da FAO, o Prof. José Graziano da Silva, e a Diretora-Geral da OMS, a Dra. Margaret Chan, e alegra-me a sua decisão de reunir nesta Conferência representantes de Estados, instituições internacionais, organizações da sociedade civil, do mundo da agricultura e do setor privado, com a finalidade de estudar juntos as formas de intervenção para garantir a nutrição, assim como as mudanças necessárias que devem ser acrescentadas às estratégias atuais. A total unidade de propósitos e de obras, mas, sobretudo, o espírito de fraternidade, podem ser decisivos para soluções adequadas. A Igreja, como vocês sabem, sempre procura estar atenta e solícita em relação a tudo o que se refere ao bem-estar espiritual e material das pessoas, primeiramente das que vivem marginalizadas e estão excluídas, para que sua segurança e dignidade sejam garantidas.

1. Os destinos de cada nação estão mais do que nunca entrelaçados entre si, como os membros de uma mesma família, que dependem uns dos outros. Porém, vivemos numa época em que as relações entre as nações estão demasiadas danificadas pela suspeita recíproca, que às vezes se converte em formas de agressão bélica e econômica, mina a amizade entre irmãos e rechaça ou descarta quem já está excluído. Conhece bem esta realidade quem carece do pão cotidiano e de um trabalho decente. Esta é a situação do mundo, em que é preciso reconhecer os limites de visões baseadas na soberania de cada um dos Estados, entendida como absoluta, e nos interesses nacionais, condicionados frequentemente por poucos grupos de poder. Isso está bem explicitado na leitura da agenda de trabalho dos senhores, para elaborar novas normas e maiores compromissos para alimentar o mundo. Nesta perspectiva, espero que, na formulação desses compromissos, os Estados se inspirem na convicção de que o direito à alimentação só será garantido se nos preocuparmos com o sujeito real, ou seja, com a pessoa que sofre os efeitos da fome e da desnutrição.

Hoje em dia se fala muito em direitos, esquecendo com frequência os deveres; talvez nos preocupemos muito pouco com os que passam fome. Além disso, dói constatar que a luta contra a fome e a desnutrição é dificultada pela «prioridade do mercado» e pela «preeminência da ganância», que reduziram os alimentos a uma mercadoria qualquer, sujeita à especulação, inclusive financeira. E enquanto se fala de novos direitos, o faminto está aí, na esquina da rua, e pede um documento de identidade, ser considerado em sua condição, receber uma alimentação de base saudável. Pede-nos dignidade, não esmola.

Catequese do Papa sobre o chamado à santidade

CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 19 de novembro de 2014


Queridos irmãos e irmãs, bom dia,

Um grande dom do Concílio Vaticano II foi aquele de ter recuperado uma visão de Igreja fundada na comunhão e de ter interpretado também o princípio da autoridade e da hierarquia em tal perspectiva. Isto nos ajudou a entender melhor que todos os cristãos, enquanto batizados, têm igual dignidade diante do Senhor e têm em comum a mesma vocação, que é aquela à santidade (cfr Cost. Lumen gentium, 39-42). Agora nos perguntamos: em que consiste essa vocação universal a ser santos? E como podemos realizá-la?

1. Antes de tudo devemos ter bem presente que a santidade não é algo que nós procuramos, que obtemos com as nossas qualidades e as nossas capacidades. A santidade é um dom, é o dom que nos dá o Senhor Jesus, quando nos toma consigo e nos reveste de si mesmo, torna-nos como Ele. Na carta aos Efésios, o apóstolo Paulo afirma que “Cristo amou a Igreja e deu a si mesmo por ela, para torná-la santa” (Ef 5, 25-26). Bem, realmente a santidade é a face mais bela da Igreja, a face mais bela: é nos recobrir em comunhão com Deus, na plenitude da sua vida e do seu amor. Entende-se, então, que a santidade não é uma prerrogativa somente de alguns: a santidade é um dom que é oferecido a todos, ninguém excluído, pelo qual constitui o caráter distintivo de cada cristão.

2. Tudo isso nos faz compreender que, para ser santos, não é preciso necessariamente ser bispo, padre ou religioso: não, todos somos chamados a nos tornar santos! Tantas vezes, depois, somos tentados a pensar que a santidade seja reservada somente àqueles que têm a possibilidade de destacar-se dos assuntos ordinários, por dedicar-se exclusivamente à oração. Mas não é assim! Alguns pensam que a santidade é fechar os olhos e fazer cara de imagem. Não! Não é isto a santidade! A santidade é algo maior, mais profundo que Deus nos dá. Antes, é justamente vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho cristão nas ocupações de cada dia que somos chamados a nos tornar santos. E cada um nas condições e no estado de vida em que se encontra. Mas você é consagrado, é consagrada? Seja santo vivendo com alegria a tua doação e o teu ministério. É casado? Seja santo amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. É um batizado não-casado? Seja santo cumprindo com honestidade e competência o seu trabalho e oferecendo tempo ao serviço aos irmãos. “Mas, padre, eu trabalho em uma fábrica; eu trabalho como contador, sempre com os números, ali não se pode ser santo…” – “Sim, pode! Ali onde você trabalha você pode se tornar santo. Deus te dá a graça de se tornar santo. Deus se comunica a você”. Sempre em cada lugar é possível tornar-se santo, isso é, pode-se abrir a esta graça que nos trabalha por dentro e nos leva à santidade. Você é pai ou avô? Seja santo ensinando com paixão aos filhos ou aos netos a conhecer e a seguir Jesus. E é preciso tanta paciência para isto, para ser um bom pai, um bom avô, uma boa mãe, uma boa avó, é preciso tanta paciência e nesta paciência vem a santidade: exercitando a paciência. Você é catequista, educador ou voluntário? Seja santo tornando-se sinal visível do amor de Deus e da sua presença próxima a nós. Então: cada estado de vida leva à santidade, sempre! Na sua casa, na estrada, no trabalho, na Igreja, naquele momento e no teu estado de vida foi aberto o caminho rumo à santidade. Não desanimem de andar neste caminho. É o próprio Deus que nos dá a graça. O Senhor só pede isto: que nós estejamos em comunhão com Ele e a serviço dos irmãos. 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

CNBB divulga nota "Brasil pós-eleições: compromissos e desafios".


Brasil pós-eleições: compromissos e desafios

O Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília nos dias 18 e 19 de novembro de 2014, saúda a nação brasileira pela democracia e cidadania vivenciadas nas eleições de outubro deste ano. Cumprimenta a todos que participaram do processo eleitoral e os eleitos. Recorda-lhes a responsabilidade colocada sobre seus ombros de não frustrar as expectativas de quem os elegeu e seu compromisso com a ética, a verdade e a transparência no exercício de seu mandato, bem como o dever de servir a todo o povo brasileiro.

A campanha eleitoral deste ano ratificou o processo democrático brasileiro no qual partidos, candidatos e eleitores puderam debater suas ideias e projetos. Tornou mais visíveis, no entanto, graves fragilidades de nosso sistema político:  sua submissão ao poder econômico financiador das campanhas; o descompromisso de partidos e candidatos com programas, favorecendo debates com ataques pessoais; a prevalência da imagem dos candidatos produzida pelos marqueteiros; o desrespeito, em alguns casos, às leis que combatem a corrupção eleitoral.