HOMILIA
Viagem
do Papa Francisco à Turquia
Missa
na Catedral Santo Espírito
Sábado,
29 de novembro de 2014
No Evangelho, ao homem sedento de salvação, Jesus
apresenta-Se como a fonte onde saciar a sede, a rocha da qual o Pai faz brotar
rios de água viva para todos os que crêem n’Ele (cf. Jo 7, 38). Com esta
profecia, proclamada publicamente em Jerusalém, Jesus preanuncia o dom do
Espírito Santo que os seus discípulos hão-de receber após a sua glorificação,
isto é, depois da sua morte e ressurreição (cf. v. 39).
O Espírito Santo é a alma da Igreja. Ele dá a vida,
suscita os diversos carismas que enriquecem o povo de Deus e sobretudo cria a
unidade entre os crentes: de muitos faz um único corpo, o corpo de Cristo. Toda
a vida e missão da Igreja dependem do Espírito Santo; Ele tudo realiza.
A própria profissão de fé, como nos recorda São
Paulo na primeira Leitura de hoje, só é possível porque sugerida pelo Espírito
Santo: “Ninguém pode dizer: ‘Jesus é Senhor’, senão pelo Espírito Santo” (1 Cor
12, 3b). Quando rezamos, fazemo-lo porque o Espírito Santo suscita a oração no
coração. Quando rompemos o círculo do nosso egoísmo, saímos de nós mesmos e nos
aproximamos dos outros para encontrá-los, escutá-los, ajudá-los, foi o Espírito
de Deus que nos impeliu. Quando descobrimos em nós uma capacidade inusual de
perdoar, de amar a quem não gosta de nós, foi o Espírito que Se empossou de
nós. Quando deixamos de lado as palavras de conveniência e nos dirigimos aos
irmãos com aquela ternura que aquece o coração, fomos de certeza tocados pelo
Espírito Santo.
É verdade! O Espírito Santo suscita os diversos
carismas na Igreja; à primeira vista, isto parece criar desordem, mas na
realidade, sob a sua guia, constitui uma imensa riqueza, porque o Espírito
Santo é o Espírito de unidade, que não significa uniformidade. Só o Espírito
Santo pode suscitar a diversidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar
a unidade. Quando somos nós a querer fazer a diversidade e fechamo-nos nos
nossos particularismos e exclusivismos, trazemos a divisão; e quando somos nós
a querer fazer a unidade de acordo com os nossos projectos humanos, acabamos
por trazer a uniformidade e a homologação. Se, pelo contrário, nos deixamos guiar
pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade não se tornam jamais
conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja.