domingo, 7 de dezembro de 2014

A crise política e a doutrina social da Igreja


Em momentos de crise, a sensação de insegurança se espalha com muita rapidez. E estamos vivendo um momento de crise: não somente de crise econômica, embora esta também se faça evidente, mas principalmente de crise ética, religiosa e, porque não dizer, civilizacional.

Em situações assim, não é incomum que aqueles que estão no poder procurem razões – fora de si mesmos – as quais imputar a responsabilidade pelo fato de que as coisas não estão indo bem. Uma estratégia muito comum de governantes que desacreditam na alternância de poder como princípio democrático é a de afirmar que as atuais estruturas políticas e sociais não são suficientes para que ele possa exercer o poder necessário para levar o povo para fora da crise. O governante grita por mais poder; presume-se legítimo não apenas para conduzir o povo para a prosperidade, mas ao paraíso na terra, o que só não aconteceria, alegam, porque sua capacidade de fazer o necessário para isto está atada por princípios e estruturas que o restringem, e o impedem de redimir o povo da crise.

Este é um fenômeno que parece estar se desenhando no Brasil: vê-se o partido do governo propondo uma reforma política logo após quase sofrer uma grande derrota eleitoral, e defendendo a extinção de estruturas políticas multicentenárias como o Senado da República, ou tentando bloquear o que vê como canais de possíveis derrotas para si em votações no congresso e em futuras eleições, que são a imprensa livre e a possibilidade de financiamento privado (aberto e contabilizado) de campanhas.

Ora, os princípios são criados e mantidos exatamente para nos guiar nas crises. Na prosperidade, ninguém discute princípios. No entanto, a ideia de que são os princípios, as estruturas democráticas, a liberdade de expressão ou a participação de agentes privados em campanhas eleitorais os verdadeiros responsáveis pela crise escamoteia o fato principal: isto não é verdade. As crises nascem e algum outro lugar, não das estruturas democráticas e sociais, e desconstruir estruturas democráticas e sociais nunca foi caminho para solução de crise, senão para, como parece óbvio, criar um governo autoritário e acabar com a democracia. 

Os dias de desvios de dinheiro no Vaticano acabaram


Recentemente, um jovem espanhol pediu-me que explicasse a natureza do trabalho que desempenho no Vaticano como prefeito da Secretaria para a Economia, bem como a situação econômica passada e presente da Santa Sé.

Por quê? Porque, como membro da Opus Dei e como estudante universitário de primeiro, ele queria ter condições de responder às perguntas de seus companheiros estudantes e defender a Igreja.

Um membro de uma delegação parlamentar britânica colocou a mesma questão de uma forma um pouco diferente: Por que as autoridades da Santa Sé permitiram que esta situação chegasse a este ponto, desconsiderando os padrões modernos contábeis, por tantas décadas?

Em minha resposta, comecei observando que esta pergunta era uma das primeiras que ocorreriam para nós, falantes de língua inglesa, mas que também era uma pergunta que bem poderia ser a última da lista para pessoas vindas de uma outra cultura, tal como a italiana.

Estes na Cúria estavam seguindo padrões há muito tempo estabelecidos. Assim como os reis haviam permitido a seus legisladores, príncipes e governadores uma liberdade de exercício quase completa para controlar as suas respectivas terras, desde que equilibrassem as contas, o mesmo fizeram os papas com os cardeais curiais (tal como eles ainda fazem com os seus bispos diocesanos).

Por causa do tamanho da comunidade católica, com cerca de três mil dioceses espalhadas por todos os continentes, o princípio de subsidiariedade – quer dizer, a gestão local da diocese e as finanças das ordens religiosas – é a única opção.

As responsabilidades da Secretaria para a Economia limitam-se à Santa Sé, ao Estado da Cidade do Vaticano e às quase 200 entidades diretamente subordinadas ao Vaticano. Mas alguns cardeais e bispos já se perguntaram, em voz alta, se o novo conjunto de procedimentos financeiros e planos de contabilidade, introduzidos em novembro neste ano no Vaticano, poderiam ser enviados às conferências episcopais nacionais para consideração e uso. Isso é algo para o futuro.

É importante ressaltar que o Vaticano não está quebrado. À parte dos fundos de pensão, que precisam ser fortalecidos para as demandas de 15 a 20 anos, a Santa Sé está com suas contas em dia, possuindo ativos e investimentos substanciais.

Na verdade, descobrimos que a situação está muito melhor do que parecia, porque algumas centenas de milhões de euros estavam escondidas em contas particulares e não apareciam nos balancetes. Uma outra questão, impossível de se responder, é se o Vaticano deva ter muito mais reservas. 

sábado, 6 de dezembro de 2014

A história da árvore de Natal: dos druidas à rainha Vitória


Eu tenho em casa uma árvore de Natal um tanto... eclética.

Dos seus ramos, pende uma variedade de enfeites que vão desde alguns que o meu marido fez quando era criança até outros que eu mesma fiz nos primeiros anos de casada, além de mais alguns que os nossos filhos foram acrescentando ao longo dos anos. E ainda há enfeites que ganhamos de presente e outros que compramos para comemorar ocasiões especiais. No meio de tudo isso, as luzes coloridas! Com o presépio embaixo e o anjo no topo, a cena está completa. Em muitos aspectos, esta árvore conta a história da nossa vida juntos. Ele jamais apareceria numa revista de decoração, é claro, mas eu aprendi a gostar muito da sua singularidade.

Ao refletir sobre o nosso símbolo familiar de Natal, eu me lembro, às vezes, de como surgiu a tradição das árvores de Natal dentro do cristianismo. Muito tempo atrás, alguns povos acreditavam que os ramos verdes afastavam os maus espíritos. Outros povos consideravam que o sol era um deus e achavam que o inverno acontecia porque o deus-sol ficava doente. Eles comemoravam o solstício de inverno porque, com os dias recomeçando a ficar mais longos, significava que o deus-sol estava melhorando. Os ramos verdes, assim, serviam como lembrete de que a primavera voltaria.

Segundo a tradição, São Bonifácio foi o primeiro a adaptar essas tradições ao cristianismo, no século VIII. Ele tentava converter os druidas, que adoravam árvores de carvalho como símbolos da divindade. Em vez do carvalho, ele começou a chamar a atenção para o abeto, cuja forma triangular ajudava a descrever a Santíssima Trindade e cujos ramos verdes apontam para o céu.

Credita-se a Martinho Lutero a popularidade da árvore de Natal na Alemanha. Numa noite de inverno, enquanto passeava e preparava um sermão, ele se impressionou a tal ponto com a beleza das estrelas que, ao voltar para casa, procurou recriar aquela beleza para a sua família, colocando pequenas velas nos ramos de uma árvore que tinha em casa. 

O que Francisco faria se renunciasse ao papado como Bento XVI?


Na primeira (e longa) entrevista que o papa Francisco concedeu a um meio de comunicação de Israel, ele abriu um pouco mais da sua vida pessoal, das suas frustrações e esperanças e da sua visão sobre o sacerdócio e o papado.

A entrevista foi realizada em partes, que, juntas, totalizaram 10 horas de conversa entre o papa e Henrique Cymerman, da Israel News. O jornalista ainda fez vários telefonemas ao papa: um deles logo após o ataque contra uma sinagoga de Jerusalém, no qual cinco pessoas foram mortas.

"Eu condeno com veemência qualquer tipo de violência em nome de Deus", disse Francisco ao jornalista. "Estou acompanhando a escalada preocupante da violência em Jerusalém e em outras comunidades da Terra Santa e rezo pelas vítimas e por todos os que sofrem com essa violência inaceitável, que não poupa nem os locais de culto. Do fundo do meu coração, eu exorto todas as partes envolvidas a renunciarem ao ódio e à violência e a trabalharem pela reconciliação e pela paz. É difícil construir a paz; mas viver sem paz é um pesadelo absoluto".

Refletindo sobre a sua visita deste ano à Terra Santa, viagem que, segundo ele, abriu os seus olhos para muitas coisas, Francisco revelou que estar na terra da Encarnação foi um momento de profundo impacto espiritual. “Quando eu experimento emoções fortes”, disse ele, “eu fico introvertido; e isso vai se intensificando aos poucos até ficar evidente para quem vê de fora”. 

Oração do advento: Estou te esperando


Senhor, estou te esperando...
Com uma mistura de esperança,
impaciência, inquietude e entusiasmo,
mas ao mesmo tempo misturados com certo medo
de que tudo continue igual,
de que nada mude na minha vida.

Continuo precisando te encontrar,
descobrir onde moras,
em que lugar te escondes,
onde buscar-te quando te perco.
Mas ao mesmo tempo sei que tu
me buscas em todo momento,
que buscas mil maneiras
de vir ao meu encontro.

Dá-me teus olhos para poder ver-te,
dá-me ouvidos de discípulo,
para poder escutar-te e seguir-te. 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Testemunho do ex-pastor protestante Marcus Grodi: O que é a Verdade?


SOU UM EX-PASTOR protestante. Como muitos outros que trilharam o caminho que leva a Roma via o território conhecido como protestantismo, eu nunca imaginei que um dia me converteria ao catolicismo.

Pelo temperamento e treinamento, sou mais pastor que estudioso. Então minha história de conversão para a Igreja Católica talvez não tenha os detalhes técnicos nos quais teólogos trafegam e com os quais alguns leitores se encantam. Mas espero que eu consiga explicar de forma precisa por que fiz o que fiz, e por que acredito de todo o meu coração que todos os protestantes deveriam fazer o mesmo. Não irei me ater aos detalhes dos meus primeiros anos, limitando-me a dizer apenas que fui criado por pais maravilhosos em um lar protestante. Vivi a maioria das experiências da infância e da adolescência de um típico “baby-boomer” (geração nascida entre 1946 e 1963).

Fui ensinado a amar Jesus e ir para igreja no domingo. Cometia também a maioria dos erros tolos que outras crianças da minha geração cometiam. Mas, depois de um período de rebeldia da adolescência, quando tinha 20 anos de idade, experimentei uma reconversão radical para Jesus Cristo. Mudei minha atenção, que estava até então voltada às seduções do mundo, para me tornar uma pessoa seriamente dedicada às orações e ao estudo da Bíblia. 

Como jovem adulto, renovei meu compromisso com Cristo, aceitando-O como meu Senhor e Salvador, orando para que Ele pudesse me ajudar a realizar a missão em vida que Ele havia escolhido para mim. Quanto mais eu procurava orar e estudar para seguir Jesus e moldar minha vida para Ele, mais eu sentia o desejo ardente de dedicar minha vida totalmente para servi-Lo. Gradualmente, de forma semelhante aos primeiros raios do sol que preenchem o horizonte escuro, a convicção de que o Senhor estava me chamando para me tornar pastor começou a surgir.

Essa convicção aumentava continuamente enquanto eu estava na faculdade e em seguida durante meu trabalho como engenheiro. Até que finalmente não pude mais ignorar o chamado. Eu estava convencido de que o Senhor queria que eu me tornasse um pastor, então deixei meu emprego e me matriculei no seminário teológico de Gordon-Conwell, nos arredores de Boston. Formei-me em Teologia e logo em seguida fui ordenado ministro protestante. Meu filho de seis anos de idade, Jon-Marc, recentemente memorizou o juramento de Lobinho (fase iniciante para se tornar escoteiro), que diz: “Eu ..... prometo fazer o meu melhor para realizar o meu dever para com Deus e para com meu país”. Essa promessa séria na juventude mais nitidamente expressa a importância da minha razão de desistir da minha carreira de engenheiro para servir, com essa atitude de abandono, inteiramente ao Senhor, exercendo o ministério em tempo integral.

Assumi meus deveres como pastor com seriedade, e queria executá-los corretamente e fielmente. Então, quando estivesse no final da minha vida, face a Face com Deus, eu poderia escutá-Lo dizer estas palavras muito importantes: “Muito bem, bom e fiel servidor” (Mt 25,21). Exercendo essa prazerosa vida de pastor protestante, sentia-me feliz e em paz comigo e com Deus. – Finalmente senti que havia chegado ao fim de uma jornada.

Nota Pastoral em relação a alguns erros litúrgicos

DOM ANTONIO CARLOS ROSSI KELLER
PELA GRAÇA DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
BISPO DE FREDERICO WESTPHALEN (RS)

Aos senhores padres da Diocese de Frederico Westphalen, bem como aos seminaristas e religiosos e religiosas, e a todo o povo fiel desta Diocese.

Paz e Benção no Senhor.

Como está estabelecido pela Instrução “Redemptionis Sacramentum”, na esteira dos documentos oficiais do Concílio Ecumênico Vaticano II bem como de todos os demais documentos de aplicação do mesmo Concílio Ecumênico, o Bispo diocesano é o moderador, promotor e custódio de toda a vida litúrgica. A ele corresponde dar normas obrigatórias para todos sobre matéria litúrgica, regular, dirigir, estimular e algumas vezes também repreender. Compete pois, ao Bispo diocesano, o direito e o dever de visitar e vigiar a liturgia nas igrejas e oratórios situados em seu território, também aqueles que sejam fundados ou dirigidos pelos citados institutos religiosos, se os fiéis recorrem a eles de forma habitual.

Tendo em vista alguns erros e abusos verificados em nossa Diocese, naturalmente por descuido, venho recordar, de forma pontual, algumas questões.

1. Na Celebração da Sagrada Eucaristia, bem como dos demais sacramentos, os ministros sagrados usem sempre as vestes litúrgicas próprias para a dignidade do Mistério que celebram. Para a celebração da Santa Missa, “Salvo indicação em contrário, a veste própria do sacerdote celebrante, para a Missa e outras ações sagradas diretamente ligadas com a Missa, é a casula ou planeta, que se veste sobre a alva e a estola. Do mesmo modo, o Sacerdote que, segundo as rubricas, veste a casula não deixe de colocar também a estola. Todos os Ordinários velarão para que se elimine qualquer uso contrário”. (Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 123). Portanto, está determinantemente proibido que se celebre a Santa Missa sem os paramentos prescritos pela Igreja, aceitando-se, no caso do Brasil como indulto, o uso da túnica com a estola na cor do dia.

2. “Nas celebrações litúrgicas, limite-se cada um, ministro ou simples fiel, exercendo o seu ofício, a fazer tudo e só o que é de sua competência, segundo a natureza do rito e as leis litúrgicas” (n. 28, CONSTITUIÇÃO CONCILIAR SACROSANCTUM CONCILIUM SOBRE A SAGRADA LITURGIA), e como ensina a “Instrução Geral sobre o Missal Romano”, n. 5, “Com efeito, a celebração da Eucaristia é uma ação de toda a Igreja, onde cada um deve fazer tudo e só o que lhe compete, segundo o lugar que ocupa no Povo de Deus”. Assim sendo, não é permitido que nas Celebrações Litúrgicas, especialmente na Celebração da Santa Missa, alguém que não seja ministro ordenado, sacerdote ou diácono, proclame o Santo Evangelho. Mesmo os seminaristas instituídos como Leitores e Acólitos, bem como os Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística, bem como religiosos não ordenados e religiosas não podem proclamar o Santo Evangelho nas Celebrações Litúrgicas dos Sacramentos, especialmente na Santa Missa.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Ativistas do Femen atacaram com cassetetes um presépio montado no centro do Grand Place, em Bruxelas.


Duas mulheres grupo radical totalitário pularam a pequena cerca de metal em torno do Belém e começou a bater nas imagens de Maria e José. Ao mesmo tempo, eles exibiram uma bandeira com uma frase ofensiva que supõe ser um protesto contra as medidas de austeridade orçamental do governo belga.

As duas mulheres finalmente pegaram as figuras de Belém, incluindo o Menino Jesus, e lançaram-nas há vários metros antes de serem presas.