terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Papa no Angelus: O pecado nos afasta de Deus


ÂNGELUS
Praça São Pedro - Vaticano
Domingo, 11 de janeiro de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Celebramos hoje a festa do Batismo do Senhor, que conclui o tempo do Natal. O Evangelho descreve o que aconteceu na margem do Jordão. No momento em que João Batista batiza Jesus, o céu se abre. "No momento em saía da água – disse São Marcos- viu os céus abertos” (1,10). Recorda-se a súplica dramática do profeta Isaías: "Se tu rasgasses os céus e descesses." (Is 63,19). Esta súplica foi ouvida no Batismo de Jesus. Com isto, acabou o tempo dos ‘céus fechados’, que indica a separação entre Deus e o homem, consequência do pecado. O pecado nos afasta de Deus e rompe a ligação entre a terra e o céu, determinando, assim, a nossa miséria e a falência de nossas vidas. Os céus abertos indicam que Deus deu a sua graça para que a terra dê os seus frutos (cf. Sl 85,13). Assim a terra tornou-se a morada de Deus entre os homens e cada um de nós tem a oportunidade de encontrar o Filho de Deus, experimentando todo o amor e a misericórdia infinita.  Podemos realmente encontra-lo nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia. Podemos reconhecê-lo na face dos nossos irmãos, em particular nos pobres, nos doentes, nos presos, nos refugiados: estes são a carne viva de Cristo sofredor e a imagem visível do Deus invisível.

Com o Batismo de Jesus não apenas os céus se rasgam, mas Deus fala novamente, fazendo ressoar a sua voz: "Tu és o meu Filho muito amado; em ti ponho a minha afeição" (Marcos 1, 11). A voz do Pai proclama o mistério que se esconde no homem batizado pelo precursor.

Os 7 Sacramentos da Igreja: 7º Sacramento - Matrimônio

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

A CELEBRAÇÃO
DO MISTÉRIO CRISTÃO

SEGUNDA SECÇÃO
OS SETE SACRAMENTOS DA IGREJA

ARTIGO 7

O SACRAMENTO DO MATRIMÓNIO

1601. «O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, entre os baptizados foi elevado por Cristo Senhor à dignidade de sacramento» (93) .

I. O matrimónio no desígnio de Deus

1602. A Sagrada Escritura começa pela criação do homem e da mulher, à imagem e semelhança de Deus (94), e termina com a visão das «núpcias do Cordeiro» (Ap 19, 9) (95). Do princípio ao fim, a Escritura fala do matrimónio e do seu «mistério», da sua instituição e do sentido que Deus lhe deu, da sua origem e da sua finalidade, das suas diversas realizações ao longo da história da salvação, das suas dificuldades nascidas do pecado e da sua renovação «no Senhor» (1 Cor 7, 39), na Nova Aliança de Cristo e da Igreja (96).

O MATRIMÓNIO NA ORDEM DA CRIAÇÃO

1603. «A íntima comunidade da vida e do amor conjugal foi fundada pelo Criador e dotada de leis próprias [...]. O próprio Deus é o autor do matrimónio» (97). A vocação para o matrimónio está inscrita na própria natureza do homem e da mulher, tais como saíram das mãos do Criador. O matrimónio não é uma instituição puramente humana, apesar das numerosas variações a que esteve sujeito no decorrer dos séculos, nas diferentes culturas, estruturas sociais e atitudes espirituais. Tais diversidades não devem fazer esquecer os traços comuns e permanentes. Muito embora a dignidade desta instituição nem sempre e nem por toda a parte transpareça com a mesma clareza (98), existe, no entanto, em todas as culturas, um certo sentido da grandeza da união matrimonial. Porque «a saúde da pessoa e da sociedade está estreitamente ligada a uma situação feliz da comunidade conjugal e familiar» (99).

1604. Deus, que criou o homem por amor, também o chamou ao amor, vocação fundamental e inata de todo o ser humano. Porque o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (100) que é amor (1 Jo 4, 8.16). Tendo-os Deus criado homem e mulher, o amor mútuo dos dois torna-se imagem do amor absoluto e indefectível com que Deus ama o homem. É bom, muito bom, aos olhos do Criador (101). E este amor, que Deus abençoa, está destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra comum do cuidado da criação: «Deus abençoou-os e disse-lhes: "Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a"» (Gn 1, 28).

1605. Que o homem e a mulher tenham sido criados um para o outro, afirma-o a Sagrada Escritura: «Não é bom que o homem esteja só» (Gn 2, 18). A mulher, «carne da sua carne» (102), isto é, sua igual, a criatura mais parecida com ele, é-lhe dada por Deus como uma ,auxiliar» (103), representando assim aquele «Deus que é o nosso auxílio» (104). «Por esse motivo, o homem deixará o pai e a mãe, para se unir à sua mulher: e os dois serão uma só carne» (Gn 2, 24). Que isto significa uma unidade indefectível das duas vidas, o próprio Senhor o mostra, ao lembrar qual foi, «no princípio», o desígnio do Criador (105): «Portanto, já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19, 6).

O MATRIMÓNIO SOB O REGIME DO PECADO

1606. Todo o homem faz a experiência do mal, à sua volta e em si mesmo. Esta experiência faz-se também sentir nas relações entre o homem e a mulher. Desde sempre, a união de ambos foi ameaçada pela discórdia, o espírito de domínio, a infidelidade, o ciúme e conflitos capazes de ir até ao ódio e à ruptura. Esta desordem pode manifestar-se de um modo mais ou menos agudo e ser mais ou menos ultrapassada, conforme as culturas, as épocas, os indivíduos. Mas parece, sem dúvida, ter um carácter universal.

1607. Segundo a fé, esta desordem, que dolorosamente comprovamos, não procede da natureza do homem e da mulher, nem da natureza das suas relações, mas do pecado. Ruptura com Deus, o primeiro pecado teve como primeira consequência a ruptura da comunhão original do homem e da mulher. As suas relações são distorcidas por acusações recíprocas (106); a atracção mútua, dom próprio do Criador (107), converte-se em relação de domínio e de cupidez (108): a esplêndida vocação do homem e da mulher para serem fecundos, multiplicarem-se e submeterem a terra (109) fica sujeita às dores do parto e do ganha-pão (110).

1608. No entanto, a ordem da criação subsiste, apesar de gravemente perturbada. Para curar as feridas do pecado, o homem e a mulher precisam da ajuda da graça que Deus, na sua misericórdia infinita, nunca lhes recusou (111). Sem esta ajuda, o homem e a mulher não podem chegar a realizar a união das suas vidas para a qual Deus os criou «no princípio».

O MATRIMÓNIO SOB A PEDAGOGIA DA LEI

1609. Na sua misericórdia, Deus não abandonou o homem pecador. As penas que se seguiram ao pecado, «as dores do parto» (112), o trabalho «com o suor do rosto» (Gn 3, 19), constituem também remédios que reduzem os malefícios do pecado. Depois da queda, o matrimónio ajuda a superar o auto-isolamento, o egoísmo, a busca do próprio prazer, e a abrir-se ao outro, à mútua ajuda, ao dom de si.

1610. A consciência moral relativamente à unidade e indissolubilidade do matrimónio desenvolveu-se sob a pedagogia da antiga Lei. A poligamia dos patriarcas e dos reis ainda não é explicitamente rejeitada. No entanto, a Lei dada a Moisés visa proteger a mulher contra um domínio arbitrário por parte do homem, ainda que a mesma Lei comporte também, segundo a palavra do Senhor, vestígios da «dureza do coração» do homem, em razão da qual Moisés permitiu o repúdio da mulher (113).

1611. Ao verem a Aliança de Deus com Israel sob a imagem dum amor conjugal, exclusivo e fiel (114), os profetas prepararam a consciência do povo eleito para uma inteligência aprofundada da unicidade e indissolubilidade do matrimónio (115). Os livros de Rute e de Tobias dão testemunhos comoventes do elevado sentido do matrimónio, da fidelidade e da ternura dos esposos. E a Tradição viu sempre no Cântico dos Cânticos uma expressão única do amor humano, enquanto reflexo do amor de Deus, amor «forte como a morte», que «nem as águas caudalosas conseguem apagar» (Ct 8, 6-7).

O MATRIMÓNIO NO SENHOR

1612. A aliança nupcial entre Deus e o seu povo Israel tinha preparado a Aliança nova e eterna, pela qual o Filho de Deus, encarnando e dando a sua vida, uniu a Si, de certo modo, toda a humanidade por Ele salva (116), preparando assim as «núpcias do Cordeiro» (117).

1613. No umbral da sua vida pública, Jesus realiza o seu primeiro sinal –a pedido da sua Mãe – por ocasião duma festa de casamento (118). A Igreja atribui uma grande importância à presença de Jesus nas bodas de Caná. Ela vê nesse facto a confirmação da bondade do matrimónio e o anúncio de que, doravante, o matrimónio seria um sinal eficaz da presença de Cristo.

1614. Na sua pregação, Jesus ensinou sem equívocos o sentido original da união do homem e da mulher, tal como o Criador a quis no princípio: a permissão de repudiar a sua mulher, dada por Moisés, era uma concessão à dureza do coração (119): a união matrimonial do homem e da mulher é indissolúvel: foi o próprio Deus que a estabeleceu: «Não separe, pois, o homem o que Deus uniu» (Mt 19, 6).

1615. Esta insistência inequívoca na indissolubilidade do vínculo matrimonial pôde criar perplexidade e aparecer como uma exigência impraticável (120). No entanto, Jesus não impôs aos esposos um fardo impossível de levar e pesado demais (121), mais pesado que a Lei de Moisés. Tendo vindo restabelecer a ordem original da criação, perturbada pelo pecado, Ele próprio dá a força e a graça de viver o matrimónio na dimensão nova do Reino de Deus. É seguindo a Cristo, na renúncia a si próprios e tornando a sua cruz (122), que os esposos poderão «compreender» (123) o sentido original do matrimónio e vivê-lo com a ajuda de Cristo. Esta graça do Matrimónio cristão é fruto da cruz de Cristo, fonte de toda a vida cristã.

1616. É o que o Apóstolo Paulo nos dá a entender, quando diz: «Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela, a fim de a santificar» (Ef 5, 25-26): e acrescenta imediatamente: «"Por isso o homem deixará o pai e a mãe para se unir à sua mulher e serão os dois uma só carne". É grande este mistério, digo-o em relação a Cristo e à Igreja» (Ef 5, 31-32).

1617. Toda a vida cristã tem a marca do amor esponsal entre Cristo e a Igreja. Já o Baptismo, entrada no povo de Deus, é um mistério nupcial: é, por assim dizer, o banho de núpcias (124) que precede o banquete das bodas, a Eucaristia. O Matrimónio cristão, por sua vez, torna-se sinal eficaz, sacramento da aliança de Cristo com a Igreja. E uma vez que significa e comunica a graça desta aliança, o Matrimónio entre baptizados é um verdadeiro sacramento da Nova Aliança (125).

A VIRGINDADE POR AMOR DO REINO

1618. Cristo é o centro de toda a vida cristã. A união com Ele prevalece sobre todas as outras, quer se trate de laços familiares, quer sociais (126). Desde o princípio da Igreja, houve homens e mulheres que renunciaram ao grande bem do matrimónio, para seguirem o Cordeiro aonde quer que Ele vá (127), para cuidarem das coisas do Senhor, para procurarem agradar-Lhe para saírem ao encontro do Esposo que vem (128). O próprio Cristo convidou alguns a seguirem-n'O neste modo de vida, de que Ele é o modelo:

«Há eunucos que nasceram assim do seio materno; há os que foram feitos eunucos pelos homens; e há os que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder entender, entenda!» (Mt 19, 12).

1619. A virgindade por amor do Reino dos céus é um desenvolvimento da graça baptismal, um sinal poderoso da preeminência da união com Cristo e da espera fervorosa do seu regresso, um sinal que lembra também que o matrimónio é uma realidade do tempo presente, que é passageiro (130).

1620. Quer, o sacramento do Matrimónio, quer a virgindade por amor do Reino de Deus, vêm do próprio Senhor. É Ele que lhes dá sentido e concede a graça indispensável para serem vividos em conformidade com a sua vontade (131). A estima pela virgindade por amor do Reino (132) e o sentido cristão do matrimónio são inseparáveis e favorecem-se mutuamente:

«Denegrir o Matrimónio é, ao mesmo tempo, diminuir a glória da virgindade: enaltecê-lo é realçar a admiração devida à virgindade [...] Porque, no fim de contas, o que só em comparação com um mal parece bom, não pode ser um verdadeiro bem: mas o que ainda é melhor do que bens incontestados, esse é que é o bem por excelência» (133)

La Croce: um novo jornal que não terá medo de causar escândalo


A partir de 13 de janeiro de 2015, os leitores italianos vão encontrar nas bancas uma nova voz. Uma voz que, para citar o seu fundador Mario Adinolfi, "não cantará junto com o coro e irá contra toda mistificação". E não sofrerá de falta de coragem: num momento histórico que não tem nada de cor-de-rosa para os pequenos editores, o jornal “La Croce” [“A Cruz”] decidiu renunciar ao financiamento público e embarcar nesta aventura sem ter por trás nenhum rico empreendedor. É um sinal de confiança no futuro; de confiança no fato de que um número crescente de leitores está cansado dos "mitos do progresso" em questões como o aborto, a eutanásia, a teoria de gênero e os chamados "novos direitos". “La Croce” vai desafiar esses "mitos" propondo "uma cultura da vida e da família". E não só isso: todos os dias, o jornal abarcará toda a realidade, da política à economia, da cultura ao esporte.

Na véspera da estreia nas bancas, Adinolfi apresenta o “La Croce” para ZENIT.


ZENIT: Vamos começar com o que eu chamo de “escolha corajosa”: o que motivou você a se lançar nesta aventura sem financiamento público e sem grandes grupos por trás?

Adinolfi: A necessidade de fazer desse jeito. Eu escrevi um pequeno livro, “Voglio la mamma” [“Eu quero a minha mãe”], para um público de poucas centenas de amigos. De repente, descobri que muitas pessoas queriam falar dos temas-tabu que eu tinha encarado no livro, do ponto de vista que eu tinha proposto. Milhares, dezenas de milhares de pessoas se reuniram comigo numa turnê massacrante de 125 reuniões em oito meses, que, no fundo, foram só para repetir em conjunto que nós temos algo a dizer sobre os temas essenciais do nascer, do amar e do morrer. Queremos falar "contra os mitos do progresso", como o aborto, a eutanásia, a paternidade ou maternidade homossexual, a ideologia de gênero, e dizer que somos a favor da cultura da vida e da família, sempre em apoio dos mais frágeis e realmente carentes de direitos. Não aceitamos a visão antropológica de quem quer transformar as pessoas em coisas: os filhos em objetos de compra e venda, as mulheres em barrigas que podem ser alugadas, os idosos e os doentes em produtos deteriorados que devem ser eliminados, os ainda não nascidos em produtos invisíveis que podem ser jogados fora ou usados para fazer experimentações.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Je suis Hipócrita


Este será apenas um breve comentário sobre o terrível massacre ocorrido na França. Antes de mais nada, quero deixar registrado que condeno os terríveis ataques perpetrados por radicais islâmicos ao pasquim francês "Charlie Hebdo". Faço questão de deixar isso bem claro antes mesmo de comentar, para evitar possíveis problemas ocasionados justamente pelos mesmos motivos que pretendo denunciar em meu comentário a seguir.

Pois bem, como sabemos, os líderes (criadores/diretores e cartunistas) de um "jornal" francês foram brutalmente assassinados por radicais islâmicos na última quarta-feira (07 de janeiro), gerando indignação em todo o mundo. Para solidarizar-se com as vítimas da tragédia, uma das principais formas difundidas em todo o mundo é a exibição de cartazes com os dizeres "je suis Charlie" (todos somos Charlie). Após expressar minha tristeza e indignação diante da barbárie em si (o brutal assassinato dos integrantes do Charlie Hebdo), quero também deixar claro que - e penso que todos os católicos deveriam fazer o mesmo - "não sou Charlie Hebdo", isto é, não me identifico, não os represento e tampouco sou representado por eles! O motivo pelo qual digo isso? Simples: o pasquim Charlie Hebdo é, na realidade, um jornaleco que tem como principal "diferencial" atacar gratuitamente aos outros sob pretexto da tal "liberdade de expressão". Seus ataques visam, sobretudo, a religião - e "mais sobretudo ainda" a religião católica". Para eles, quanto mais desrespeitosas fossem suas publicações, mais "engraçadas" elas seriam.

O massacre de Charlie Hebdo: combatemos por algo maior do que nós


Muito já se falou a respeito do horrível atentado que a redação da Charlie Hebdo sofreuontem em Paris. No meio de uma infinidade de comentários (para dizer o mínimo) superficiais que inundaram os nossos meios de comunicação, gostaria de fazer um apanhado daquilo que considero mais relevante sobre o assunto.

A primeira coisa que acho importante desmistificar é essa necessidade doentia – socialmente exigida e, em alguns casos, até mesmo auto-imposta – de se “tomar partido”, de preferência o mais rápida e veementemente possível. Ora, não nos é necessário, absolutamente, escolher um lado entre os dois que se chocaram, ontem, na capital francesa! Sem dúvidas a comoção é enorme e, por conta disso, é razoável que o raciocínio se nos embote um pouco; contudo, é preciso resistir, e caminhar com bastante cuidado.

Porque, no afã de condenar a chacina estúpida, corre-se o risco de chancelar o deboche religioso que era a marca registrada da revista francesa. Não, nós não defendemos uma liberdade de expressão absoluta e intocável – que inclua o direito de agredir, ofender, escarnecer. Por outro lado, ao repudiar o escárnio da Charlie Hebdo, arriscamo-nos a justificar o assassinato cometido pelos terroristas. Não, nós não defendemos um direito de exterminar os que nos desagradam – segundo o qual os ofendidos possam sentenciar à morte e executar por conta própria os seus ofensores.

Aquilo que a revista se notabilizou por fazer não é humor nem liberdade de expressão, e sim agressão gratuita. Aquilo que os criminosos fizeram ontem em Paris não foi justiça nem defesa legítima, e sim violência absurda. Não é preciso achar lindo o que faziam os cartunistas assassinados para condenar com ardor o seu assassinato. Não é preciso considerar heróis os terroristas para rechaçar com vigor as charges cretinas que a revista satírica veiculava. Não aceitamos a blasfêmia. Mas tampouco aceitemos que a blasfêmia seja punida por particulares – muito menos com a morte.

Cerca de 2000 pessoas poderiam ter sido assassinadas pelos extremistas do Boko Haram na Nigéria


Fontes do governo da Nigéria denunciaram que o grupo extremista islâmico Boko Haram atacou 16 regiões da cidade nortenha de Baga, incendiando moradias e assassinando os habitantes que não conseguiram fugir, por isso se teme que sejam mais de dois mil mortos.

Conforme informou a BBC, Musa Alhaji Bukar Kukawa, chefe do governo local, “assinalou que os atacantes incendiaram a maior parte do lugar acrescentando que até 2.000 pessoas poderiam ter morrido no primeiro ataque ocorrido no sábado passado”.

Milhares de pessoas fugiram para Maiduguri, a capital do estado de Borno, e outras para o Chad. Entretanto, teme-se que o número de mortos aumente já que segundo relatórios “muitas pessoas se afogaram quando tentavam cruzar o lago Chad”.

Filipinos se preparam para visita do Papa Francisco com intensas orações


O Papa Francisco volta para Ásia cinco meses depois de sua visita à Coréia do Sul, nesta ocasião o Papa visitará Sri Lanka e Filipinas de 12 a 19 de janeiro, onde os fiéis lhe esperam com grande devoção e –no caso dos filipinos-, com orações intensas.

“Filipinos que nestes dias retornaram de seu país disseram-me ontem à noite que nestas semanas tem havido uma intensa oração uníssona em preparação para a visita do Papa”, explicou o Secretário de Estado Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, em declarações ao jornal da Santa Sé, L’Osservatore Romano.

“Sabemos que os filipinos estão presentes em muitos países da Ásia, América e Europa, portanto, são muitas as potencialidades de evangelização por parte das Filipinas, o importante é que a Igreja neste país acolha esta mensagem e este impulso dado pelo Papa Francisco para ser uma Igreja em saída: uma Igreja que sente a missão de evangelização e de anúncio do Evangelho”, acrescentou. 

Discurso do Papa ao corpo diplomático junto à Santa Sé


DISCURSO
Audiência com o corpo diplomático creditado
junto à Santa Sé para a apresentação dos votos para o Ano Novo
Sala Régia do Palácio Apostólico
Segunda-feira, 12 de janeiro de 2014


Excelências, Senhoras e Senhores!

Obrigado pela vossa presença neste habitual encontro que me permite, no início de cada novo ano, dirigir a vós, às vossas famílias e aos povos que representais uma cordial saudação com votos de todo o bem. Um sentimento de particular gratidão desejo manifestar ao Decano, senhor Jean-Claude Michel, pelas amáveis palavras que me dirigiu em nome de todos, bem como a cada um de vós pelo empenho constante que pondes em favorecer e incrementar, com espírito de mútua colaboração, as relações entre os vossos países e as organizações internacionais por vós representados e a Santa Sé. No decurso do último ano, tais relações puderam consolidar-se quer pelo aumento da presença de Embaixadores residentes em Roma, quer através da assinatura de novos Acordos bilaterais de carácter geral, como o acordo assinado em Janeiro passado com os Camarões, e de Convenções específicas, como as subscritas com Malta e a Sérvia.

Hoje, desejo fazer ressoar fortemente uma palavra que nos é muito cara: paz! Esta chega até nós pela voz da multidão angélica, que a anuncia na noite de Natal (cf. Lc 2, 14) como dom precioso de Deus e, ao mesmo tempo, no-la indica como responsabilidade pessoal e social que nos deve encontrar solícitos e operosos. Mas, ao lado da paz, o presépio fala-nos doutra realidade dramática: a rejeição. Nalgumas representações iconográficas tanto do Ocidente como do Oriente – penso, por exemplo, no esplêndido ícone da Natividade de Andrej Rublëv –, o Menino Jesus não aparece reclinado num berço, mas deposto num sepulcro. A imagem, que pretende associar as duas festas cristãs principais – o Natal e a Páscoa –, mostra que, a par da jubilosa recepção motivada pelo novo nascimento, existe todo o drama do desprezo e rejeição até à morte na cruz de que foi objecto Jesus.

Os próprios relatos do Natal mostram-nos o coração duro da humanidade, que sente dificuldade em receber o Menino. Logo desde o princípio, também Ele é descartado, deixado fora ao frio, forçado a nascer num estábulo, porque não havia lugar na hospedaria (cf. Lc 2, 7). E, se assim foi tratado o Filho de Deus, ainda pior o são muitos dos nossos irmãos e irmãs. Há uma índole da rejeição que nos assemelha e que induz a olhar o próximo, não como um irmão a acolher, mas como alguém deixado fora do nosso horizonte de vida pessoal, transformando-o antes num concorrente, num súbdito a dominar. Trata-se duma mentalidade geradora daquela cultura do descarte que não poupa nada e ninguém, desde as criaturas irracionais aos seres humanos e até ao próprio Deus. De tal cultura nasce uma humanidade ferida, continuamente dilacerada por tensões e conflitos de toda a espécie.

Exemplo disso mesmo, nos relatos evangélicos da infância, é o rei Herodes, que, sentindo a sua autoridade ameaçada pelo Menino Jesus, manda matar todos os meninos de Belém. Isto faz imediatamente acudir ao pensamento o Paquistão, onde há um mês foram trucidadas, com ferocidade inaudita, mais de cem crianças. Às suas famílias, desejo renovar as minhas condolências pessoais e a certeza da minha oração por tantos inocentes que perderam a vida.