Aproximam-se aqueles dias intensos nos quais celebraremos o mistério da nossa salvação. No próximo domingo, a Igreja tornará a vivenciar a entrada de Cristo em Jerusalém e viverá a partir de então, e com muita intensidade, aqueles dias tão fortes da Semana Santa e do Tríduo Sacro. Tão perto de tão grandes acontecimentos, é maravilhoso poder escutar essas palavras de Jesus na Missa de hoje: “E quando eu for levantado da terra atrairei todos os homens a mim” (Jo 12,33).
A cruz do Senhor atrai. Já disse e tornarei a repetir: erram todos aqueles cristãos que querem tirar a cruz do cristianismo, equivocam-se todos aqueles que querem apresentar um cristianismo light, sem exigências, a gosto do “cliente”. Certas comunidades, ditas cristãs, ao parecer muito interessadas no dinheiro dos “fregueses”, retalham a doutrina de Cristo e apresentam somente aquelas coisas que são consideradas agradáveis às pessoas atualmente.
No Evangelho (Jo 12,20-33) Jesus mostra que desejam vê-Lo: É o caminho da Cruz, o caminho da obediência a Deus, o caminho da semente lançada à terra, que não fica só, mas, morrendo, produz muito fruto. É chegada a hora de Jesus. Trata-se de sua Paixão e Ressurreição, pela qual Ele se lança totalmente no plano do Pai e realiza plenamente sua vontade.
“Chegou a hora – declara Ele – em que será glorificado o Filho do Homem” ( Jo 12, 23 ). Sim! Está para chegar a hora da glorificação do Filho do Homem, mas isto obrigará a passagem dolorosa através da Paixão e da Morte na Cruz. De fato, só assim se realizará o plano divino da salvação que é para todos, judeus e pagãos. Com efeito, todos são convidados a fazer parte do único povo da Aliança nova e definitiva. Nesta luz, compreendemos também a solene proclamação com que termina o trecho evangélico: “E quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12, 32), como também o comentário do Evangelista: “Assim falava para indicar de que morte deveria morrer” (Jo 12, 33). A Cruz: a altura do amor é a altura de Jesus e a esta altura Ele atrai a todos.
Para conhecer Jesus: devem morrer as seguranças humanas, o apego à própria vida é à sabedoria humana… Deve morrer tudo o que nos afasta do projeto de Jesus, que veio para que todos tenham vida em abundância.
Ao ser pregado na Cruz, Jesus é o sinal supremo de contradição para todos os homens! “Cristo, Senhor Nosso, foi crucificado e, do alto da Cruz, redimiu o mundo, restabelecendo a paz entre Deus e os homens. Jesus Cristo lembra a todos: “quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim” (Jo 12,32), se vós Me puserdes no cume de todas as atividades da terra, cumprindo o dever de cada momento, sendo Meu testemunho naquilo que parece grande e naquilo que parece pequeno, tudo atrairei a Mim. O Meu reino entre vós será uma realidade” (Cristo que Passa, 183). Cada cristão seguindo Cristo, há de ser uma bandeira hasteada, uma luz colocada no candeeiro: bem unido pela oração e mortificação à Cruz, em cada momento e circunstância da vida, há de manifestar aos homens o amor salvador de Deus Pai.
A cruz de Cristo atraiu cada um de nós e continuará atraindo, também através da vida santa de cristãos bem dispostos a servir a Deus em todos os momentos e a todos os seres humanos por amor a Deus. Isso acontecerá se a nossa vida estiver selada pela santa Cruz, que aponta e traz em si o mistério da Ressurreição do Senhor. Tudo isso custará sacrifício, mas… O que foi a entrega de Cristo na cruz senão uma oferta, um dom sagrado (sacrifício), ao Pai no Espírito?