segunda-feira, 25 de maio de 2015

Referendo gay na Irlanda "reflete a cultura dominante e criará muitos problemas”, diz arcebispo.


O arcebispo de Dublin, Diamuid Martin, prelado que provém das fileiras da diplomacia vaticana e que conhece muito bem os mecanismos internacionais, depois de sua nomeação à chefia da diocese da capital irlandesa, precisou combater uma não fácil batalha contra aqueles que queriam acobertar os abusos contra menores cometidos pelos clérigos. Comentando calorosamente o resultado do referendum e a esmagadora vitória do sim ao casamento gay, Martin não se deixa cair no vitimismo, mas reconhece a significativa disparidade que existe entre a Igreja e a sociedade irlandesa.  

Esperava uma avalanche de sim ao matrimônio gay?

Entendi que havia vencido o "sim" quando vi que a afluência era muito alta. Havia fila desde as primeiras horas de abertura das urnas. Realmente muitos jovens que trabalham fora entraram na Irlanda para votar. O 'sim' tinha o apoio oficial de todos os partidos, somente pouquíssimos políticos se expressaram, a título pessoal, a favor do 'não'. O primeiro ministro e todos os líderes fizeram campanha pelo 'sim' nas ruas e nos bares gay.

A direita católica acusou-o de não ter feito o suficiente para a frente do não. O que replica?

A maioria que emergiu em quase todos os recantos do País surpreendeu também aqueles que propunham o referendum. O ministro da Saúde disse que não foi um referendo, mas uma revolução cultural. A Igreja deve interrogar-se quando começou esta revolução cultural e por que alguns no seu interior se recusaram a enxergar esta mudança. É necessário também rever a pastoral juvenil: o referendo foi vencido com o voto dos jovens e 90 por cento dos jovens que votaram 'sim' frequentou escolas católicas. 

A Comunhão Eucarística na mão


Em síntese: A Comunhão Eucarística foi ministrada nas mãos dos comungantes até o século IX. Verificaram-se, porém, abusos e irreverências, que levaram a Igreja a preferir dar a Eucaristia na boca dos fiéis. Em nossos dias a praxe antiga foi restaurada sob certas condições, que visam a garantir o respeito ao Ssmo. Sacramento. Uma Declaração recente da Santa Sé enfatiza o direito, dos fiéis, de receber a Comunhão na boca desde que o desejem.



Foi proposta à Congregação para o Culto Divino a seguinte pergunta:

«Nas dioceses em que é permitido distribuir a Comunhão nas mãos dos fiéis, pode o sacerdote ou o ministro extraordinário da S. Eucaristia obrigar os comungantes a receber a Comunhão nas mãos e não sobre a língua?»

Eis a resposta publicada no boletim Notitiae (março-abril de 1999), órgão oficial da Congregação para o Culto Divino:

«Dos documentos da Santa Sé depreende-se claramente que nas dioceses em que o pão eucaristico é depositado nas mãos dos fiéis, a estes fica absolutamente garantido o direito de o receber sobre a língua. Aqueles que obrigam os comungantes a receber a santa Comunhão unicamente nas mãos como também aqueles que recusam aos fiéis a Comunhão nas mãos nas dioceses que utilizam tal indulto, procedem contrariamente às normas estabelecidas.

Segundo as normas referentes à distribuição da Santa Comunhão, estejam os ministros ordinários e extraordinários particularmente atentos a que os fiéis consumam imediatamente a partícula consagrada, de modo que ninguém se afaste com as espécies eucarísticas nas mãos.

Em todo caso, é para desejar que todos tenham presente que a tradição secular consiste em receber a Comunhão sobre a língua. O sacerdote celebrante, caso exista perigo de sacrilégio, não dê a Comunhão nas mãos dos fiéis e exponha-lhes as razões por que assim procede» (Notitiae nº 392.393/1999).

Este texto nos dá a ocasião de percorrer as grandes linhas da história da Comunhão na mão.

domingo, 24 de maio de 2015

Uma pessoa, um voto.


Uma pessoa, um voto. Este tem sido o princípio das democracias liberais. Não é o caso de discutir aqui se é um bom ou um mau princípio, mas apenas de lembrar a sua configuração histórica na teoria política. Com base neste princípio é que surgiram as principais leis eleitorais contemporâneas, e também por causa deste princípio surgiu uma outra tendência contemporânea: mais poderoso, numa sociedade, é aquele que, além do seu único voto pessoal, pode influenciar, determinar ou mesmo exigir do outro que vote desta ou daquela maneira. Esta pessoa torna-se um líder político.

Este princípio de “uma pessoa, um voto” não vale para as relações internas da Igreja Católica. Aqui, temos como fundamento de autoridade o amor de Deus, que nos revelou Sua face em Jesus Cristo e nos deixou uma fé a receber e um caminho a viver – uma moral. Tampouco entrarei aqui na questão espinhosa a respeito da especificidade da moral cristã frente às chamadas “éticas seculares” ou “laicais”. Há apenas duas coisas a dizer sobre isto agora: nós, católicos, sempre acreditamos que a razão prática retamente exercida jamais poderia chegar a verdades éticas diversas daquelas diretamente reveladas por Deus, porque Deus é, ao mesmo tempo, o autor da razão e o autor da fé. Então não temos o que temer de qualquer “ética secular” ou “laical”, porque acreditamos no poder da razão humana. A segunda coisa a dizer é que há, sem dúvida, uma especificidade da moral cristã sobre qualquer ética secular ou laica: trata-se da Graça de Deus que habita no cristão, e torna-lhe possível, e até mesmo alegremente desejável, reconhecer as verdadeiras normas éticas e obedecê-las. De qualquer modo, a própria moral evangélica reconhece que há um âmbito de discussão legítima, de opinião válida, quanto à gestão das coisas terrenas, no qual nenhuma autoridade, nem mesmo religiosa, pode impor suas opiniões aos fiéis, senão orientá-lo a pensar retamente.

Na estrutura da democracia, no interior de um estado de Direito, ter um voto significa poder expor seus próprios pontos de vista quanto à gestão das coisas temporais, e não somente votar de acordo com esse ponto de vista, mas poder influenciar os outros a fazê-lo, também. Mas uma característica contemporânea do jogo político tem modificado muito este quadro: a ideia de que as pessoas votam mal, de forma geral, e que isto decorre de que as pessoas não são suficientemente educadas porque de algum modo o “sistema” as oprime, as religiões as deturpam, o dinheiro as compram, os patrões as aterrorizam, os esposos as dominam, etc. Por outro lado, alguns políticos começam a justificar sua própria corrupção, sua própria roubalheira, como resultado de um sistema político injusto, em que os seus supostos “nobres ideais populares” o levam a ter que roubar muito dos cofres públicos para não ser derrotado pelos “reacionários desonestos” que são financiados pelo “capital” e pelos “grandes interesses internacionais”. Assim, começa a espraiar-se, pela sociedade, a ideia de que uma reforma política é necessária. Não estou falando em tese, aqui. Esta é, concretamente, a situação do Brasil, hoje.

A partir da noção de que uma reforma política é necessária, há dois caminhos: 

Pentecostes: "Onde parece haver divisão, o Espírito Santo traz a união"


Estamos terminando o tempo Pascal e estamos celebrando Pentecostes. Assim como os judeus celebravam essa festa, na qual agradeciam a Deus pelos primeiros frutos das plantações, nós também agradecemos a Deus por esse “primeiro fruto” da semente que Jesus plantou no mundo com sua vida, morte e ressurreição, que é o dom do Espírito Santo. Nos lembramos daquela época inicial da Igreja e elevamos nossas preces agradecendo que esse dom continua atual e se renova de alguma maneira a cada celebração Litúrgica.

Estamos no tempo do Espírito Santo. Ele é a alma da Igreja, é quem nos guia com suas moções até a “verdade total” (Jo 16, 13), como prometeu Jesus. Uma das características de nosso tempo que o Espírito Santo está suscitando é a diversidade de carismas, de comunidades e de espiritualidades que, a serviço da Igreja, ajudam a que os homens se encontrem com o amor de Deus e possam ser santos.

Essa diversidade pode, muitas vezes, parecer uma falta de unidade. Como podem grupos com estilos diferentes fazerem parte de uma mesma espiritualidade? O Espírito Santo é a resposta. Nele está a diferença entre a Torre de Babel que sempre podemos voltar a construir e a Igreja de Jesus que caminha rumo a Pátria Eterna, ao encontro definitivo com Deus.

Relembremos melhor o que foi Babel para podermos viver com maior gratidão esse Dom que Deus nos dá em seu Espírito. 

Babel é, segundo o Papa emérito Bento XVI, “a descrição de um reino no qual os homens concentraram tanto poder que pensaram que já não precisavam de fazer referência a um Deus distante e deste modo eram tão fortes que podiam construir sozinhos um caminho que leva ao céu para abrir as suas portas e pôr-se no lugar de Deus”.

Papa: A mãe Igreja não fecha as portas para ninguém


PAPA FRANCISCO
 REGINA COELI

Praça São Pedro
Domingo, 24 de Maio de 2015

Queridos irmãos e irmãs, bom dia.

A festa de Pentecostes nos faz reviver o início da Igreja. O Livro dos Atos dos Apóstolos narra que cinquenta dias depois da Páscoa, na casa onde se encontravam os discípulos de Jesus, veio do céu um ruído, como o agitar-se de um vendaval impetuoso, e todos ficaram repletos do Espírito Santo (2,1-2). Os discípulos foram completamente transformados por essa efusão e o medo cedeu o lugar para a coragem, o fechamento para o anúncio e toda dúvida foi expulsa pela fé, cheia de amor. É o batismo da Igreja que começa assim o seu caminho na história, guiada pela força do Espírito Santo.

Este evento, que mudou o coração e a vida dos Apóstolos e dos discípulos, se repercutiu fora do Cenáculo. Aquela porta que ficou fechada durante cinquenta dias se abriu plenamente e a primeira comunidade cristã, não mais fechada em si mesma, começa a falar às multidões de várias proveniências sobre as grandes coisas que Deus fez (cfr v.11), ou seja, sobre a Ressurreição de Cristo que foi crucificado. Cada um dos presentes ouve os discípulos falar em sua própria língua. O dom do Espírito restabelece a harmonia das línguas que tinha sido perdida em Babel e prefigura a dimensão universal da missão dos Apóstolos. A Igreja não nasce isolada, nasce universal, una e católica, com uma identidade precisa, mas aberta a todos, não fechada, e que abraça o mundo inteiro, sem excluir ninguém. A mãe Igreja não fecha as portas para ninguém, para ninguém! Nem mesmo para o mais pecador, para ninguém! E faz isso pela força, pela graça do Espírito Santo. A mãe Igreja abre, escancara suas portas para todos, porque é mãe.

O Espírito Santo derramado no Pentecostes, no coração dos discípulos é o início de uma nova época: a época do testemunho e da fraternidade. É uma época que vem do alto, de Deus, como as chamas de fogo que pousaram sobre a cabeça de cada discípulo. Era a chama do amor que queima toda amargura; era a língua do Evangelho que atravessa os confins impostos pelos homens e toca os corações da multidão, sem distinção de língua, raça ou nacionalidade. Com o dia de Pentecostes, o Espírito Santo é derramado continuamente também hoje sobre a Igreja e sobre cada um de nós para sairmos de nossa mediocridade e de nossos fechamentos e comunicar ao mundo o amor misericordioso do Senhor. Comunicar o amor misericordioso do Senhor: esta é a nossa missão! Também nos foi dado como dom a "língua" do Evangelho e o "fogo" do Espírito Santo para proclamarmos Jesus ressuscitado, vivo e presente em nosso meio, para aquecer o nosso coração e também os corações dos povos e os conduzir para mais perto Dele, caminho, verdade e vida.

Confiemo-nos à materna intercessão de Maria Santíssima, que estava presente como Mãe em meio aos discípulos no Cenáculo: é a mãe da Igreja, a mãe de Jesus que se tornou a mãe da Igreja. Confiemo-nos a ela para que o Espírito Santo desça abundantemente sobre a Igreja de nosso tempo, encha os corações de todos os fiéis e acenda neles o fogo do seu amor. 

Papa: O mundo precisa de homens e mulheres repletos do Espírito Santo


SANTA MISSA NA SOLENIDADE DE PENTECOSTES
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica Vaticana
Domingo, 24 de Maio de 2015


«Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós (...) Recebei o Espírito Santo» (Jo 20, 21.22): diz-nos Jesus. A efusão do Espírito, que tivera lugar na tarde da Ressurreição, repete-se no dia de Pentecostes, corroborada por sinais visíveis extraordinários. Na tarde de Páscoa, Jesus aparece aos Apóstolos e sopra sobre eles o seu Espírito (cf. Jo 20, 22); na manhã de Pentecostes, a efusão acontece de forma estrondosa, como um vento que se abate impetuoso sobre a casa e irrompe na mente e no coração dos Apóstolos. Como resultado, recebem uma força tal que os impele a anunciar, nas diferentes línguas, o evento da Ressurreição de Cristo: «Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas» (Act 2, 4). Juntamente com eles, estava Maria, a Mãe de Jesus, a primeira discípula, e ali se torna Mãe da Igreja nascente. Com a sua paz, com o seu sorriso, com a sua maternidade, acompanhava a alegria da jovem Esposa, a Igreja de Jesus.

A palavra de Deus – especialmente neste dia – diz-nos que o Espírito age nas pessoas e comunidades que estão repletas d’Ele, fá-las capazes de receber Deus («capax Dei» – dizem os Santos Padres). E que faz o Espírito Santo por meio desta capacidade nova que nos dá? Guia para a verdade completa (Jo 16,13), renova a terra (Sal 103/104) e produz os seus frutos (Gal 5, 22-23). Guia, renova e dá frutos.

No Evangelho, Jesus promete aos seus discípulos que, quando Ele tiver regressado ao Pai, virá o Espírito Santo que os «há-de guiar para a verdade completa» (Jo 16, 13). Chama-Lhe precisamente «Espírito da verdade», explicando que a sua acção será introduzi-los sempre mais na compreensão daquilo que Ele, o Messias, disse e fez, nomeadamente da sua morte e ressurreição. Aos Apóstolos, incapazes de suportar o escândalo da Paixão do seu Mestre, o Espírito dará uma nova chave de leitura para os introduzir na verdade e beleza do evento da Salvação. Estes homens, antes temerosos e bloqueados, fechados no Cenáculo para evitar repercussões da Sexta-feira Santa, já não se envergonharão de ser discípulos de Cristo, já não tremerão perante os tribunais humanos. Graças ao Espírito Santo, de que estão repletos, compreendem «a verdade completa», ou seja, que a morte de Jesus não é a sua derrota, mas a máxima expressão do amor de Deus; um amor que, na Ressurreição, vence a morte e exalta Jesus como o Vivente, o Senhor, o Redentor do homem, o Senhor da história e do mundo. E esta realidade, de que são testemunhas, torna-se a Boa Notícia que deve ser anunciada a todos. 

Pastoral dos Nômades divulga nota sobre o Dia Nacional dos Ciganos


24 DE MAIO: DIA NACIONAL DOS CIGANOS

A Pastoral dos Nômades do Brasil parabeniza todo o povo cigano pelo seu dia! Agradece também a todos os seus Agentes de Pastoral que dão suas vidas para levar Cristo a estes nossos irmãos e irmãs “invisíveis”.

Hoje é dia de festejarmos, de nos alegrarmos por esta data especial! Não obstante, é também dia de convidarmos os ciganos e não-ciganos, dentro e fora da Igreja, a refletir sobre a realidade cigana no Brasil.

A Igreja no Brasil, através de suas diretrizes, nos convida a apoiar as iniciativas de inclusão social e os direitos das minorias (DGAE 117). Diante disso, unamos nossa voz aos milhares de ciganos e ciganas que lutam em defesa de seus direitos, principalmente o direito de ir e vir e permanecer; o direito da inviolabilidade de suas barracas e a preservação de sua cultura.

A Pastoral dos Nômades coloca-se contra toda forma de discriminação e racismo contra o povo cigano. Povo este que há muito vem contribuindo com valores abandonados pelos não-ciganos, como, por exemplo, a valorização da cultura, não se deixando levar por modismos, além da valorização da criança e do idoso, tendo sempre a família como base de toda sua ação. 

As Tensões entre o Estado Monárquico e a Igreja


A união entre "o trono e o altar" estavam descritas na Constituição de 1824, porque a religião católica era a religião oficial do Império. Desta forma o Estado tinha o direito de conceder ou negar validade a decretos eclesiásticos caso estivessem contrários à Constituição e isto era causa potencial de conflito entre a Corte e o Clero.

O Imperador podia interferir nas questões da Igreja através dos direitos que lhe eram concedidos pelo Padroado e pelo Beneplácito. O Padroado permitia ao Monarca sugerir nomes para os cargos eclesiásticos mais importantes, dependendo apenas de uma confirmação do Papa. O Beneplácito estipulava que todas as Bulas Papais, mesmo as que se referissem a assuntos estritamente religiosos deveriam ser submetidos ao Imperador e só após sua aprovação seriam colocadas em vigor. Muitos padres recebiam proventos do Governo e funcionavam como funcionários públicos.

O conflito teve origem nas novas diretrizes do Vaticano, a partir de 1848, no pontificado de Pio IX, que estabeleciam o predomínio espiritual da Igreja no mundo. Em 1870 o poder do Papa foi reforçado com os resultados do Concílio Vaticano que proclamou o dogma da infalibilidade papal. No Brasil a política do Vaticano incentivou uma maior disciplina religiosa e gerou uma reivindicação por maior autonomia da Igreja diante do Estado. 

O conflito nasceu quando o Bispo de Olinda, Dom Vital, resolveu colocar em prática, em 1872, a Bula Sylabbus, publicada por Pio IX oito anos antes e que não havia sido aprovada pelo Imperador. A bula proibia a ligação entre católicos e maçons, que era prática habitual, havia maçons nas irmandades religiosas e a maçonaria tinha influência nos círculos dirigentes da Igreja.