segunda-feira, 22 de junho de 2015

Uma outra proposta da homossexualidade desde a visão cristã do mundo - Antropologia teológica


É sabido que Deus a todos criou por amor. O ato criacional de Deus não está destacado de sua substância, senão que é um desdobrar daquilo que Deus é em si mesmo. A natureza criada - e nela o ser humano como Coroa da obra da criação - possui em si uma certa imperfeição. Não em relação a si mesma, mas, em relação a Deus. Deus é perfeito e em relação a Ele tudo o mais não é. Deus é Absoluto, e em relação a Ele tudo o mais é relativo. Desde este ponto de vista, a obra criada é imperfeita e relativa sempre a Deus. Aqui entro no delicado e controverso assunto da homossexualidade.

Um jovem me diz: "padre, porque Deus criou o homossexual nesta sua condição se Deus é amor?" E ainda: "Se Deus sabe de antemão que a homossexualidade é pecado, porque então cria alguém homossexual?" Perguntas difíceis, mas, muito pertinentes que podem nos ajudar a compreender um pouco mais daquilo que é o projeto de Deus para o ser humano. Em primeiro lugar Deus não cria uma pessoa para ser assassino, outra para ser estuprador, outra para ser ladrão e outra para ser homossexual. A natureza criada - que não é Deus - é por si mesma imperfeita. Uma árvore não é simétrica. Nem nosso próprio corpo o é. Se perfeição for simetria e se, em relação à criação o objeto referencial da simetria for a perfeição de Deus, então ninguém é perfeito, pois, nenhum ser humano por santo que seja nunca se aproximará da essência divina senão por graça do próprio Deus que se lhe revela. Assim, já se pode descartar a hipótese de que Deus tenha criado intencionalmente uma pessoa para que ela sofra. Se esta hipótese for levada adiante, haverá que se admitir a existência do mal em Deus. Admitir a existência do mal em Deus é o pecado dos anjos decaídos que se tornaram demônios. Deus é o Bem e nele nunca há mal algum. Conforme o argumento ontológico de Santo Anselmo, Deus é aquele que nada de maior, excelente, belo, verdadeiro e puro pode ser pensado. Se, deste modo, Deus é a essência em existência, logo, nele não há nenhuma possibilidade para conceber o mal e criá-lo. Portanto, afirmar que Deus possa criar alguém para fazê-lo sofrer com esta ou aquela realidade humana, é ilógico uma vez que Deus não pode conceber o sofrimento como mal ou desejo sádico.

A segunda questão da primeira pergunta referente à criação do homem - e em questão o homossexual - é: Deus não cria o homem condicionado a ser isto ou aquilo, como se afirmou anteriormente. No texto que escrevi sobre a liberdade afirmo que somos dotados do livre-arbítrio por Deus desde a criação. Portanto, escolhemos o que queremos para a nossa vida. Tal escolha pode ser ou não conforme o plano de Deus. Acusar Deus de ser mal, despótico, sádico e um criador de marionetes é não ter a maturidade necessária nem a liberdade presumida para assumir a própria vida e as próprias escolhas. Noutras palavras: é ser um bebê chorão apontando o dedo pra todo mundo e acusando a todos - e até a pobre da pedra - de ter tropeçado e arrancado o tampo do dedão.

domingo, 21 de junho de 2015

A encíclica de Francisco diz não à ideologia de gênero


Que o papa Francisco está bem atento às questões relacionadas com as raízes biológicas e antropológicas do homem, já era claro faz tempo. Em várias ocasiões durante as últimas semanas, o papa recordou a necessidade de salvaguardar a complementaridade entre homem e mulher, chamando-a de "vértice da criação de Deus".

Esta sensibilidade do papa se refletiu também na encíclica “Laudato sì”. Numa passagem crucial do texto, ele destaca que "não se pode propor uma relação com o ambiente que prescinda da relação com as outras pessoas e com Deus". Tal atitude, avisa Francisco, evitando qualquer equívoco ambientalista, não passaria de "individualismo romântico disfarçado de beleza ecológica e um sufocante fechar-se na imanência". Em suma, o respeito pelo homem precede e antecipa o respeito pelo meio ambiente.

Já na catequese de 5 de junho de 2013, Dia Mundial do Meio Ambiente, o Santo Padre salientou que "cultivar e salvaguardar" são conceitos que não compreendem apenas "a relação entre nós e o meio ambiente, entre o homem e a criação", mas envolvem "também as relações humanas". Daí a necessidade, sentida por Francisco, de redescobrir uma "ecologia humana", termo usado pela primeira vez por São João Paulo II na “Centesimus Annus”. O papa polonês observou que, "para além da destruição irracional do ambiente natural, deve-se lembrar a destruição ainda mais grave do ambiente humano, que está longe de receber a atenção necessária".

A ligação entre aquele aviso da “Centesimus Annus” e as solicitações do papa Francisco está no discurso que Bento XVI pronunciou no Bundestag, o parlamento federal alemão, em setembro de 2011. "O homem também tem uma natureza que ele deve respeitar e que não pode manipular à vontade. O homem não é apenas uma liberdade que ele cria para si mesmo. O homem não cria a si mesmo. Ele é espírito e vontade, mas é também natureza, e a sua vontade é justa quando ele respeita a natureza, a escuta e aceita a si mesmo como aquilo que é e que não foi ele quem criou". 

Fundação AIS convida portugueses a rezar pela libertação do padre Mourad, sequestrado na Síria


Dia 21 de Junho, precisamente um mês após o sequestro do padre Jacques Mourad, na Síria, a Fundação AIS lança uma campanha de oração, a nível internacional, pela libertação deste sacerdote.

O padre Mourad, de que se desconhece completamente o paradeiro, foi sequestrado, juntamente com um seu colaborador, Boutros Hanna Dekermenjian, em Al Qaryatayn, na Síria, a 21 de Maio.

A notícia do rapto deste sacerdote deixou consternada a população local, que apreciava particularmente o trabalho que vinha desenvolvendo, em especial junto das populações mais necessitadas, idosos e crianças, sendo conhecido como “um amigo dos muçulmanos”.

Prior do Mosteiro de Mar Elias, Jacques Mourad terá sido levado, no dia 21 de Maio, por quatro homens armados que o obrigaram a entrar num automóvel.

Dias antes do rapto, o Mosteiro de São Elias acolhera numerosos refugiados oriundos da cidade de Palmira que, entretanto, caíra nas mãos dos jihadistas do “Estado Islâmico”. 

O médico e a senhora


Uma senhora humilde foi ao médico, e depois de realizar alguns exames o médico falou:

- A senhora é crente, não é?

- Sou sim!

- Eu gosto de crentes, só tem um problema: Eles falam muito de Jesus e esquecem de Maria. (Silêncio)

- Doutor, posso te fazer uma pergunta?

- Sim

- Se eu chegasse aqui, sua secretária me dissesse que o senhor não estava, mas que sua mãe estava acha que eu ia querer ser atendida por ela?

- Claro que não, o médico sou eu não ela.

- Pois é doutor, quem morreu na cruz por mim foi Ele não ela! (Silêncio)

- É verdade senhora! Mas deixe eu lhe perguntar uma coisa.

- Sim 

sábado, 20 de junho de 2015

Bispos divulgam mensagem sobre a redução da maioridade penal


MENSAGEM DA CNBB SOBRE 
A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

 “Felizes os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados” (Mt 5,6).

Temos acompanhado, nos últimos dias, os intensos debates sobre a redução da maioridade penal, provocados pela votação desta matéria no Congresso Nacional. Trata-se de um tema de extrema importância porque diz respeito, de um lado, à segurança da população e, de outro, à promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente. É natural que a complexidade do tema deixe dividida a população que aspira por segurança. Afinal, ninguém pode compactuar com a violência, venha de onde vier.

É preciso, no entanto, desfazer alguns equívocos que têm embasado a argumentação dos que defendem a redução da maioridade penal como, por exemplo, a afirmação de que há impunidade quando o adolescente comete um delito e que, com a redução da idade penal, se diminuirá a violência.

No Brasil, a responsabilização penal do adolescente começa aos 12 anos. Dados do Mapa da Violência de 2014 mostram que os adolescentes são mais vítimas que responsáveis pela violência que apavora a população. Se há impunidade, a culpa não é da lei, mas dos responsáveis por sua aplicação. 

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), saudado há 25 anos como uma das melhores leis do mundo em relação à criança e ao adolescente, é exigente com o adolescente em conflito com a lei e não compactua com a impunidade.  As medidas socioeducativas nele previstas foram adotadas a partir do princípio de que todo adolescente infrator é recuperável, por mais grave que seja o delito que tenha cometido. Esse princípio está de pleno acordo com a fé cristã, que nos ensina a fazer a diferença entre o pecador e o pecado, amando o primeiro e condenando o segundo.  

Testemunho de ex-pastor protestante: “O Demônio é protestante”, ele “converte” as pessoas através da Bíblia.


Em uma entrevista para a revista Cristandade, Luis Miguel Boullón faz uma breve resenha de seu processo de conversão ao Catolicismo. De ministro protestante a Católico fervoroso, sofreu o abandono da família e seus amigos.

“O Demônio é protestante", foi a primeira frase que pronunciei, depois de minha conversão, àqueles que me escutaram por mais de doze anos como seu pastor. Foi sensacional o escândalo! Alguns já tinham notado que minhas férias foram muito precipitadas e talvez até exageradamente prolongadas. Foi um dos afastamentos mais raros, inclusive para minha própria família que me percebeu reticente nas práticas habituais de casa, como, por exemplo, a leitura e explicação da Bíblia. Surgiram brigas demasiadas por causa de minha nova maneira de pensar.

“No princípio era o Verbo”

Lembro-me de experiências vividas, das minhas primeiras manifestações de raiva ao ler um artigo nesta revista quando era protestante, que agora, aprecio tanto, da qual me honro publicando este trabalho. Eu achava que o texto era muito radical em suas afirmações, muito profundo para o que eu estava acostumado a ler.

Acredito ter meditado no problema umas cinco ou seis semanas. Até que resolvi pedir auxílio à paróquia da Igreja Católica, que ficava perto de minha Igreja. Atendeu-me um sacerdote com um olhar penetrante e muito amável. Eu abordei vários assuntos de interesse comum e ele me pediu tempo para inteirar-se melhor da abordagem das doutrinas da Igreja.

Na verdade, fiquei um pouco desarmado, mas conseguimos conversar quase o tempo todo. Quase... porque, nas questões de doutrina começou ele a acuar-me. Comecei a responder-lhe como de costume citando, com exatidão, uma passagem bíblica atrás de outra tentando mostrar o erro.

- Pastor Boullón - me disse logo - não avançaremos muito discutindo com a Bíblia na mão. Sabe o senhor que o demônio foi o primeiro a antecipar-se a todos na prática do crime... e por isso, foi também o primeiro evangélico?

Não gostei dessa observação. Ele estava me insultando, chamando-me de demônio. Sem me deixar explicar o que pensava, adiantou-se:

- Sim... foi o primeiro evangélico. Recorde-se de que o demônio buscou tentar a Cristo com a Bíblia na mão!

- Mas Cristo lhe respondeu com a Bíblia, eu disse.

- Então, o senhor me dá razão, pastor... os dois argumentaram com a Bíblia, só que Jesus a utilizou bem... e lhe tapou a boca.

Pegou sua Bíblia, leu-me o que já sabia: Enquanto o Senhor conversava com o demônio, ele o levou a Jerusalém e colocando-o no alto do templo lhe repetiu o Salmo 90,11-12 "Porque está escrito que Deus mandou aos seus anjos que te guardem e o leve em suas mãos para que não tropece em alguma pedra". Mas o Senhor lhe respondeu com Deuteronômio 6,16: Mas também está escrito: "Não tentarás ao Senhor teu Deus" e o demônio se distanciou confundido.

Eu também me distanciei, como o demônio, confundido. Tive raiva por ter sido chamado de demônio. E pior: ser tratado como o demônio no deserto.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

"As armadilhas da teoria de gênero", explicadas por um bispo italiano


"Como pastor da Igreja, eu não posso deixar de convidar os cristãos e as pessoas de boa vontade a refletirem sobre o grave perigo que o nosso país está correndo com a teoria de gênero nas escolas", diz uma carta divulgada por dom Giovanni D'Ercole, bispo de Ascoli-Piceno, na Itália, sobre as ideologias que se infiltram na vida política e social do país.

"O grande risco é que o homem se esqueça de ter sido criado à imagem de Deus e afirme ser a criatura dos próprios instintos, renegando até a sacralidade do seu corpo. Por trás de uma terminologia ‘asséptica’, esconde-se, infelizmente, uma visão antropológica segundo a qual já passou o tempo em que a humanidade se dividia naturalmente em dois sexos: masculino e feminino, homem e mulher".

"Esta reflexão sobre a família não pode nem deve nos deixar indiferentes", afirma D'Ercole; "deve interessar a todos e de uma forma séria, sejamos crentes ou não". O bispo convida os leitores, em seguida, a participarem da manifestação organizada pela Comissão “Defendamos nossos Filhos” e agendada para este sábado, 20 de junho, na Piazza San Giovanni in Laterano, de Roma, a partir das 15h30 do horário local.

A iniciativa é promovida por "quem se preocupa com o destino da família e com o futuro das novas gerações, independentemente de afiliações religiosas e culturais. Convido aqueles que puderem a participar" e "confirmo a minha plena adesão pessoal".

A manifestação cidadã, continua o prelado, "é um momento de grande valor para a Itália; talvez seja o último recurso para evitar que em nossas escolas, como já se tentou fazer, seja introduzida essa educação sexual baseada na teoria de gênero. Se isto acontecer, seria efetivamente tirado das famílias o direito constitucional de educar os seus filhos de forma independente na afetividade e na sexualidade". 

Do “Francisco marxista” ao “Francisco ecologista”.


Como explicar que um Papa, pela primeira vez, fala de ecologia num documento do “magistério” da Igreja? O Papa é o chefe espiritual (e político) de mais de um bilhão de homens e mulheres católicos em todos os continentes. Compartilha, com o outro bilhão de cristãos (evangélicos, protestantes, anglicanos, ortodoxos), a narração bíblica da criação (no Gênesis), que impõe ao homem dominar e proteger a terra e todos os frutos de uma natureza criada por Deus.

Da noite dos tempos, o Papa intervém, em tempo oportuno (e com frequência inoportuno!), nos afazeres terrestres, fala de tudo o que diz respeito à humanidade, sua grandeza e suas fraquezas, condena as guerras e a opressão, exalta os pobres, milita “pela vida”, prega a favor da justiça social, por um mundo mais justo, um gênero humano mais solidário. E precisamos esperar este dia 18 de junho de 2015 para que um Papa publicasse, finalmente, uma encíclica, quase inteiramente escrita por seu próprio punho, dedicada ao ambiente, à “salvaguarda da Criação” e daquela que com razão define “a casa comum”, com as relações entre os seres vivos num mundo vivo, as ameaças ecológicas e climáticas que pesam sobre o futuro do planeta e sobre o destino da humanidade.

Tomada de consciência

Alguns o deplorarão, como aqueles bons católicos tradicionalistas (não necessariamente integralistas) que ainda identificam a ecologia com uma batalha dos “esquerdistas”, dos filhos do ’68 e do Larzac. São a favor de uma “ecologia humana” (defesa da vida, da lei natural, da família, luta contra o aborto e o matrimônio para todos), mas desconfiam de uma “ecologia ambiental e global”. O Papa será também criticado – e a coisa já começou nos Estados Unidos – por todos os conservadores céticos sobre as causas das mudanças climáticas, para os quais o aquecimento não é, em primeiro lugar, o resultado da atividade humana e social, mas de dados puramente naturais.

Mas muitos outros ficarão bem felizes com esta (tardia) tomada de consciência na cúpula da Igreja. Todos aqueles, certamente, crentes e ateus, que, no mundo militante, estão na vanguarda das batalhas ecológicas. Também todos aqueles que, nas comunidades cristãs, têm uma experiência direta, em particular no mundo rural, no qual se protege – ou se destrói – o elo com a vitalidade dos seres da natureza. Enfim, todos aqueles que compartilham desta sensibilidade cristã ao tema bíblico da “salvaguarda da Criação”, indissociável das outras lutas evangélicas pela “paz” e a “justiça”. Sobre isto, os cristãos protestantes e ortodoxos sempre estiveram mais na frente dos católicos. Desde 1990, o Conselho mundial das Igrejas (com sede em Genebra) reunia em Seul uma assembleia geral sobre o tema “Justiça, paz e salvaguarda da Criação”. Os católicos não estavam presentes. A eclipse, sobre este tema, da doutrina católica, demasiado presa apenas pela “ecologia humana”, iludiu por muito tempo os teólogos da vanguarda. Como o patriarca ortodoxo de Constantinopla, chamado o “patriarca verde”, está na chefia de muitas associações de defesa do ambiente.

Certamente se poderá dizer que os predecessores do Papa Francisco foram totalmente mudos sobre o argumento. Mas Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI ligavam os desafios ecológicos à esfera da “moral”, ou seja, dos interrogativos sobre a família e sobre a bioética. Para eles, a “degradação” do mundo era uma constatação entre as outras, consciente ou não, do projeto de Deus para a humanidade e para a Criação. Em sua encíclica sobre a “caridade” (Caritas in veritate [Caridade na verdade] de junho de 2009, Bento XVI punha em discussão os entusiasmos de uma globalização que perturba todos os esquemas de desenvolvimento, os modelos econômicos e as estruturas sociais até as “bases” materiais da existência do planeta. Mas defendia em primeiro lugar uma “ecologia do homem”, no qual a liberdade e a responsabilidade individual se articulavam com o desenvolvimento. “Existe uma ecologia do homem”, sublinhava ele ainda em 2011, diante do Bundestag em Berlim.