sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O papa Francisco e os processos de nulidade de casamento


Sua santidade tem dado mostras de que pretende mesmo mexer nos processos de nulidade de casamento. As mudanças se traduzem em dois pontos principais: simplificação do procedimento jurídico e minoração ou mesmo eliminação das custas.  

Na audiência geral de quarta-feira, dia 8 de agosto de 2015, o bispo de Roma retomou o tema dos conúbios. Desta vez, Francisco ensinou energicamente que os casados em segunda união “não foram excomungados”. Explicou o vigário de Cristo que os bínubos (as pessoas recasadas) “fazem parte da Igreja”. Portanto, não se pode ser mais realista que o próprio rei, como diz o ditado, querendo excluir esses irmãos ou olhar para eles com preconceito!

Segundo a nova teologia matrimonial, que ganhou alentado impulso no atual pontificado, o matrimônio não é uma realidade pronta (“in fieri”), mas uma relação homem-mulher elaborada ao longo da convivência. A concepção de “uma só carne” não está restrita ao aspecto sexual, porque abrange a inteira relação entre os cônjuges. 

Família: Amor e Missão


Na segunda semana de agosto, a Igreja no Brasil celebra a Semana Nacional da Família. Neste ano ela cresce em importância na medida em que serve para motivar as comunidades a entrarem em sintonia com a Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos em Roma, nos dia 4 a 25 de outubro, com a finalidade de aprofundar “a vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.

Ao que tudo indica, o acento do Sínodo vai ser, ao mesmo tempo, a afirmação da beleza do matrimônio indissolúvel e o convite ao uso da misericórdia para com as famílias feridas e frágeis. “Trata-se de partir das situações concretas das famílias, acompanhando com atenção e cuidado os seus filhos mais frágeis, marcados pelo amor ferido e confuso, restituindo-lhes confiança e esperança”. Por isso, “a Igreja convida a reconhecer os valores presentes nas uniões civis e pré-matrimoniais” e intensificar o acompanhamento pastoral aos “casais separados, aos divorciados e aos abandonados”. Igualmente pede às comunidades que sejam “acolhedoras para os casais em dificuldade e em risco de separação”.

Mesmo propondo o uso da misericórdia, a igreja afirma a indissolubilidade do Matrimónio, como “ideal de vida apesar de todas as dificuldades sociais e culturais, para comunicar a esperança”. Igualmente rejeita o casamento entre pessoas do mesmo sexo, pedindo, no entanto, respeito “à dignidade de todas as pessoas, independente da sua tendência sexual”.

O tema da Semana Nacional da Família de 2015 - O amor é a nossa missão: a família plenamente viva -, é o mesmo tema do 8° Encontro Mundial das Famílias com o Papa, previsto para os dias 22 a 27 de setembro, na Filadélfia, Estados Unidos. 

Relações homoafetivas como "iguais em direitos" aos matrimônios heterossexuais?


É sempre muito interessante manter um olhar no passado, ao avaliar o futuro. E quando este olhar vem de fora, vem de alguém que, embora atingido pelo passado, não somente não fez parte da esfera de poder que tomou as decisões que pautaram o presente, como acreditou nelas, foi atingido por elas e as viu desabrochar para o bem e para o mal.

Falo, portanto, aqui, como jurista que, olhando para as grandes tendências da ciência do direito hodierna, percebe que há um sério paralelo entre os desenvolvimentos que nos levaram exatamente ao ponto em que estamos no direito, e que ocorreram nas academias e faculdades de direito, nos tribunais e institutos jurídicos, por um lado, e os grandes passos dados no âmbito da teologia moral dentro da Igreja, desde, digamos, a década de sessenta até hoje; os paralelos são interessantíssimos, e um estudo mais aprofundado é algo que os historiadores ainda nos estão devendo.

O âmbito limitado do presente artigo é muito curto para tanto, mas exploraremos, em especial, dois aspectos que poderiam ser aprofundados num estudo assim. Limitar-me-ei, aqui, a 1) um rápido paralelo entre as discussões ocorridas no âmbito do direito de família, no lado jurídico, e aqueles ocorridos no âmbito da moral sexual, do lado teológico, e 2) um rápido paralelo entre as discussões ocorridas no âmbito da laicidade estatal, do lado jurídico, e aquelas ocorridas no âmbito da teologia fundamental quanto à “transcendentalidade” de uma “opção fundamental por Deus”, que provocou as noções de “cristão anônimo” e de “religião transcendental e categorial”, no lado teológico.

Esta discussão, faço-a aqui com a absoluta falta de autoridade, quanto aos aspectos teológicos, de quem é um mero leigo, um jurista, cuja informação teológica não passa de cultura geral adquirida na qualidade de “católico reconvertido à fé” depois de mais velho; portanto, sujeito às críticas que se faz aos amadores, neste âmbito. Ora, mas se a palavra “amador” é derivada da raiz “amor”, mesmo o leigo mais “amador” pode alegar, em seu favor, quando trata de assuntos assim, pelo menos com o pretexto de que, uma vez que Deus é amor, a sua luz pode chegar aos amadores. 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Papa: "Encontrar e acolher Jesus dá significado a vida".


PAPA FRANCISCO
ANGELUS

Praça São Pedro
Domingo, 2 de Agosto de 2015


Amados irmãos e irmãs, bom dia!

Prosseguimos neste domingo a leitura do capítulo seis do Evangelho de João. Depois da multiplicação dos pães, o povo pôs-se à procura de Jesus e finalmente encontra-o junto de Cafarnaum. Ele compreende bem o motivo de tanto entusiasmo em segui-lo e revela-o com clareza: «Vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes» (Jo 6, 26). Na realidade, aquelas pessoas seguem-no pelo pão material que no dia anterior lhes tinha saciado a fome, quando Jesus fizera a multiplicação dos pães; não compreenderam que aquele pão, partido para tantos, para muitos, era a expressão do amor do próprio Jesus. Deram mais valor àquele pão do que ao seu doador. Diante desta cegueira espiritual, Jesus evidencia a necessidade de ir além da doação e descobrir, conhecer o doador. O próprio Deus é o dom e também o doador. E assim daquele pão, daquele gesto, as pessoas podem encontrar Quem o dá, que é Deus. Convida a abrir-se a uma perspectiva que não é só das preocupações diárias do comer, do vestir, do sucesso, da carreira. Jesus fala de outro alimento, fala de um alimento que não é corruptível e que é bom procurar e acolher. Ele exorta: «Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o Filho do homem vos dará» (v. 27). Ou seja, procurai a salvação, o encontro com Deus.

E com estas palavras, quer-nos fazer compreender que, além da fome física o homem tem em si outra fome — todos nós temos esta fome — uma fome mais importante, que não pode ser saciada com um alimento qualquer. Trata-se da fome de vida, da fome de eternidade que só Ele pode satisfazer, porque é «o pão da vida» (v. 35). Jesus não elimina a preocupação nem a busca do alimento diário, não, não elimina a preocupação de tudo o que pode tornar a vida mais progredida. Mas Jesus recorda-nos que o verdadeiro significado da nossa existência terrena consiste no fim, na eternidade, consiste no encontro com Ele, que é dom e doador, e recorda-nos também que a história humana com os seus sofrimentos e as suas alegrias deve ser considerada num horizonte de eternidade, ou seja, no horizonte do encontro definitivo com Ele. E este encontro ilumina todos os dias da nossa vida. Se pensarmos neste encontro, neste grande dom, os pequenos dons da vida, também os sofrimentos, as preocupações serão iluminadas pela esperança deste encontro. «Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede» (v. 35). E esta é uma referência à Eucaristia, o maior dom que sacia a alma e o corpo. Encontrar e acolher Jesus, «pão de vida», em nós, confere significado e dá esperança ao caminho muitas vezes sinuoso da vida. Mas este «pão de vida» é-nos dado com uma tarefa, ou seja, para que possamos por nossa vez saciar a fome espiritual e material dos irmãos, anunciando o Evangelho por toda a parte. Com o testemunho da nossa atitude fraterna e solidária para com o próximo, tornamos Cristo e o seu amor presentes no meio dos homens.

A Virgem Santa nos ampare na busca e no seguimento do seu Filho Jesus, o pão verdadeiro, o pão vivo que não se corrompe e dura eternamente.

Fundação AIS pede um tempo de oração hoje pelos cristãos perseguidos


Há imensas datas, imensos rostos desta tragédia, mas a fuga de milhares de cristãos da planície de Nínive, no dia 6 de Agosto de 2014 ficará para sempre escrito na História como um dos símbolos maiores da perseguição aos cristãos nos tempos recentes.

Dia 6 de Agosto. Perante a chegada iminente dos homens de negro do auto-proclamado “Estado Islâmico” e a deserção das forças iraquianas e curdas dos “peshmergas”, que asseguravam a defesa da região, milhares de pessoas não tiveram outra alternativa senão a fuga.

A cidade de Mossul esvaziou-se num instante num caos indiscritível que prenunciava já os tempos de sofrimento que todas aquelas famílias passaram a viver. Milhares de homens, mulheres e crianças fugiram com o que tinham vestido. Não houve tempo para mais.

Para trás ficou o que tinham. As casas, as roupas, os haveres, as economias de uma vida. Para trás ficou uma parte da vida. Para sempre. Desde o dia 6 de Agosto do ano passado, milhares de pessoas tornaram-se refugiados, passaram a depender da ajuda da comunidade internacional para sobreviverem.

O desafio do Islã hoje


Para entender melhor o que significa a festa do Ramadã e toda a situação de guerra no Oriente Médio, no contexto muçulmano e dos cristãos orientais, entrevistamos o Pe. Samir Khalil Samir, SJ, pró-reitor e interim do Pontifício Instituto Oriental, que explicou aos leitores de ZENIT o que publicamos abaixo.

 ***

ZENIT: O que é o Ramadã?

- Padre Samir: o Ramadã é um mês de jejum e oração que os muçulmanos fazem todos os anos, durante um mês lunar como nos antigos calendários. Jejua-se desde o amanhecer, pelas 5hs da manhã, até o anoitecer.

ZENIT: É como o jejum quaresmal?

- Padre Samir: Exatamente como os cristãos orientais fazem o jejum hoje, não só os monges, mas também as famílias. No Egito, na Igreja Copta, os cristãos não colocam nada na boca, nem de comer nem de beber, a partir da meia-noite até as duas da tarde, e os monges até o anoitecer. E depois fazem um jantar muito leve, e nada de carne, nem manteiga ou queijo, nada produzido com animais. Para os cristãos a quaresma são uns 47 dias, porque o domingo não conta como jejum.

ZENIT: Então, existe um significado muito semelhante?

- Padre Samir: Sim, é muito parecido, uma penitência que é feita para purificar-se, e normalmente a tradição espiritual muçulmana convida os fieis a utilizar a noite para meditar o Corão. Na verdade poucas pessoas do povo o fazem, só alguns ímãs sufis, que correspondem aos místicos.

Para os muçulmanos e os cristãos, mas também para os judeus e outras religiões, é um tempo para estar cada vez mais perto dos pobres e dos sofredores. A diferença com o jejum cristão é que no Ramadã come-se mais do que em qualquer outro período do ano, e é um período festivo. Em certo sentido, pode-se dizer que de tarde se recupera o que não se pode comer durante o dia, também quando vai dormir ou meia noite ou às duas da manhã. Este é o costume normal dos muçulmanos nos países árabes que conheço.

ZENIT: Os Muçulmanos veem a religião como uma mensagem de paz?

- Padre Samir: No Alcorão existem fragmentos que falam de paz e outros que falam de guerra, contra os inimigos da fé. Contra os incrédulos, o Alcorão diz: sejam rápidos e matem-nos onde os encontrarem” "(Alcorão 4, 89) e"sejam rápidos e matem-nos no local onde os encontrem” (Alcorão 4, 91).

Segundo a tradição, na segunda parte de sua vida, entre 622 e 632, data de sua morte, Maomé fez uns sessenta ataques contra as caravanas, de saques (a palavra vem do árabe Ghazwa) por várias razões. O Alcorão também diz aos muçulmanos: "Vocês têm no Mensageiro de deus um modelo perfeito (Uswatun hasanatun)" (33,21).

A razão para essa violência é variada: de um lado pode ser a de garantir a sobrevivência, ou roubar, ou para comprar escravos e escravas, etc. Em uma palavra: pela pilhagem. Portanto, foi ‘revelado’ a Maomé o capítulo 8, chamado de "A pilhagem” (al-Anfal), pelo qual Deus revela ao Seu mensageiro que tem direito ao quinto de todo o espólio na primeira eleição! (Alcorão 8, 41). Os ataques podem ser destinados à conversão das tribos árabes que não acreditaram no único Deus.

Temos duas biografias muçulmanas de Maomé escritas por volta do 750: uma se intitula a biografia do Profeta (al-Sīrah al-Nabawiyyah) de Ibn Ishaq, e a outra O Livro dos saques (Kitab al-Maghazi) de al-Waqidi, onde descreve uns sessenta. Não é possível dizer que o Islã não conheça a guerra e não convide para a guerra. Mas não é possível dizer que o Islã seja somente guerra. Existe um e outro, de acordo com o momento da vida de Maomé.

E este é um dos grandes problemas dos nossos irmãos muçulmanos. Porque é fácil para alguns dizer que o Islã é uma religião de guerra, para converter todos para a única e verdadeira religião dentre as três reveladas (judaísmo, cristianismo e islamismo) e fazer a guerra em nome disso. Infelizmente vemos com o ISIS, com o Boko Haram, com o Al-Qaeda, e com muitos outros. 

Transfiguração do Senhor: a fortaleza dos apóstolos e de todos os fiéis até o fim do mundo.


Verdadeiro Homem

Um dos principais mistérios de nossa Fé é a encarnação do Verbo. Com efeito, quem poderia excogitar a possibilidade de uma das Pessoas da Santíssima Trindade unir sua natureza divina à humana, e - sem deixar de ser verdadeiro Deus - se tornar também verdadeiro Homem? Nunca, pelo simples raciocínio, nenhum homem - e nem mesmo algum Anjo - conceberia tal conúbio entre Criador e criatura. Para conhecermos esse belo e atraente mistério, era necessário que o próprio Deus no-lo revelasse.

O Redentor foi radical em assumir a humana condição, dentro da frágil contingência desta (excluído o pecado, como também qualquer defeito). Por exemplo, ao escolher as mais modestas circunstâncias para nascer: a total pobreza, uma gruta, o auge do inverno, tendo por berço apenas uma manjedoura.

São inúmeros os episódios do Evangelho nos quais transparece a natureza humana de Jesus: o ter de fugir para o Egito, levado por Maria e José, a fim de poupar-se da espada de Herodes; o trabalhar como humilde carpinteiro, até os 30 anos de idade, evitando chamar a atenção do povo; o fazer penitência durante 40 dias no deserto, suportando as agruras de um terrível jejum; o verter sangue no Jardim das Oliveiras, em meio ao temor e à angústia ante a Paixão; o externar fraqueza física durante sua flagelação e enquanto carregava a cruz ao alto do Calvário. Por fim, a sua morte, como a de qualquer ser humano, e no pior dos suplícios.

Como diz São Paulo: "Sendo Ele de condição divina, não reteve avidamente sua condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens" (Fl 2, 5-7).

Sem uma especial assistência da graça, seria inevitável para qualquer um, ao ouvir a narração desses fatos, concluir que Jesus não passava de uma mera criatura humana.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Decreto Episcopal sobre a distribuição da Sagrada Comunhão, o abraço da paz e a atuação dos Ministros Extraordinários da Comunhão.


DIOCESE DE BARRETOS

DECRETO EPISCOPAL SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DA 
SAGRADA COMUNHÃO SOB DUAS ESPÉCIES,
O ABRAÇO DA PAZ E A ATUAÇÃO DOS MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS
DA SAGRADA COMUNHÃO NAS CELEBRAÇÕES EUCARÍSTICAS

Desde o início do meu ministério episcopal em nossa Diocese de Barretos, observando como são distribuídas as sagradas espécies do Corpo e do Sangue do Senhor, o Rito do Abraço da Paz e a participação dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão no Rito da Comunhão, creio ser importante chamar a atenção dos irmãos padres, dos ministros e fiéis para o que a Igreja determina em relação a estas matérias.

No uso das minhas faculdades, na qualidade de moderador da Sagrada Liturgia na diocese e “Pontífice responsável pelo culto divino da Igreja particular” (Diretório para o Ministério Episcopal dos Bispos, n. 145), considerando a importância desta matéria, determino que, a partir da presente data sejam observadas em todas as paróquias, nas respectivas Igrejas Matriz e Capelas (Comunidades), Casas Religiosas e Casas de Formação, as seguintes orientações:

1)    SOBRE A SAGRADA COMUNHÃO SOB DUAS ESPÉCIES

De acordo com o que determina a Instrução REDEMPTIONIS SACRAMENTUM sobre alguns aspectos que se deve observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia , no que tange à comunhão sob as duas espécies (cf. nn. 100-107), sublinho que:

a) Não seja permitido ao comungante molhar por si mesmo a hóstia no cálice, nem que receba na mão a hóstia molhada; ou seja, para a distribuição da comunhão eucarística é somente permitida a comunhão na boca (cf. n.104);