Lúcia, Francisco e Jacinta, pastorinhos de Fátima,
regressados de Vila Nova de Ourém, depois de o Administrador do conselho os ter
levado, no próprio dia 13 de agosto de 1917, tiveram a quarta aparição de Nossa
Senhora.
1.
Data da aparição
Desde o ano de 1917, têm sido apresentadas várias
datas desta aparição. O interrogatório de 21 de agosto, do Padre Manuel Marques
Ferreira, pároco de Fátima, esclarece: “Disse Lúcia que viu Nossa Senhora, no
domingo a seguir ao dia 13”1, isto é, a
19 de agosto. O Padre António dos Santos Alves, pároco das Cortes, Leiria,
interrogou as videntes Lúcia e Jacinta, quando estiveram na Reixida, da mesma
freguesia, entre 14 e 27 de setembro de 1917, e datou, num primeiro depoimento2, a aparição no dia 18 de agosto; num segundo
depoimento, corrigiu: “no domingo imediato ao dia 13 de agosto”3. No primeiro interrogatório do Dr. Manuel Nunes
Formigão, a 27 de setembro de 1917, Lúcia respondeu: ŦNesse mês [de agosto],
vi-a só alguns dias depois [de 13 de agosto], a dezanove”4. Leonor de Avelar e Silva
Constâncio, que assistiu ao interrogatório do Dr. Formigão, em 19 de outubro de
1917, refere: ŦSoubemos depois que as crianças […] diziam ter sido no dia 19
[de agosto], favorecidas com nova apariçãoŧ5. Maria da Conceição Stokler
Parente, de Alcobaça, em carta de 16 de outubro de 1917, publicada em ŦA
Ordemŧ, a 27 do mesmo mês, diz: ŦNo dia 19 [de agosto], apareceu Nossa Senhora
às ditas crianças, noutro lugarŧ6. No dia 2 de novembro, o Dr. Formigão interrogou a Lúcia, a
Jacinta e o João Marto: ŦQue disse ela no domingo seguinte [ao dia 13 de
agosto], quando te apareceu no sítio dos Valinhos?ŧ7
No estudo psicológico sobre os videntes, o mesmo Dr.
Formigão afirma: ŦA 19 de agosto, no sítio dos Valinhos, a Senhora aparece-lhes
improvisamente [sic]ŧ8. Maria Augusta Saraiva Vieira de Campos, em A Minha
peregrinação a Fátima, publicado nos finais de novembro de 1917, diz a mesma
coisa: ŦNo domingo imediato, 19 de agosto, a criança pediu à Senhora que a não
deixasse ficar por mentirosa, no dia 13 de outubroŧ9. O ŦBoletim Popularŧ, de
Matosinhos, publicou, em dezembro de 1917, um artigo sobre os acontecimentos de
Fátima, em que se afirma: ŦNo dia 19 [de agosto], apareceu Nossa Senhora às
ditas crianças, em outro lugarŧ10. A 6 de agosto de 1918, data final do
processo paroquial de Fátima, o pároco repete o que tinha escrito em 1917: ŦNo
dia dezenove, que fora domingo, andava a pastorear as ovelhas, no sítio chamado
Valinhosŧ11 O Dr. Formigão, no opúsculo, Os episódios maravilhosos de Fátima,
com imprimatur a 16 de junho de 192112, e em Os acontecimentos de Fátima, de 18
de março de 1923, continua a datar a aparição a 19 de agosto13. A partir de
1922, Lúcia parece inclinar-se para outro dia, no seu escrito do Vilar, Porto:
ŦAssim se passaram três dias [em Vila Nova de Ourém]. […] Então vieram-nos pôr
em casa do Senhor Prior. Chegando a nossa casa, fomos logo pastar as ovelhas
para um sítio chamado Valinho. […] Chegando a Jacinta, deu um relâmpago e
apareceu a Senhora em cima duma carrasqueira14 Quando Lúcia foi ouvida, no
Porto, em 8 de julho de 1924, pela Comissão Canónica Diocesana, no depoimento
que foi redigido em terceira pessoa, diz-se: [No dia 13, o administrador]
Ŧinterrogou-as na administração; depois, levou-as para casa dele […]. Que no
dia seguinte [dia 14], uma senhora de idade as interrogou sobre o segredo […].
Levaram-nos para casa do administrador e lá ficaram aquela noite no mesmo
quarto. No dia seguinte [dia 15], foram à administração, interrogatórios de
manhã e de tarde; à noite desse dia, ficaram lá e, no outro dia [dia 16], pelas
10 horas, de novo à administração, mandou-os sentar no carro e, no dia 15[sic],
foram para casa, com o administrador, a casa do prior, deixando- -os na
varanda. O povo fez muitas perguntas. Quando chegaram a casa, receberam ordem
de ir para os Valinhos e ali, nesse mesmo dia, se deu a aparição, também sobre
uma carrasqueiraŧ15. Nesta versão, acrescenta--se mais um dia ou dois.