sábado, 22 de agosto de 2015

Vocação laical, presença, compromisso e esperança a serviço do Reino


O quarto domingo de agosto focaliza a vocação laical, isto é dos cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade que tentam ser luz do mundo e sal da terra. Ao celebrarmos os cinqüenta anos do Concilio Vaticano II e o jubileu de prata da Encíclica“Chritifideleslaici”, de São João Paulo II, descobrimos com alegria os avanços do laicato em consciência, organização e a ação, bem como a valorização da raiz batismal de seu ser e missão.

Notamos no entanto uma concentração dos leigos e leigas em espiritualidades e serviços internos da Igreja, perdendo consistência na linha de atuação e inserção no mundo. De fato há espaços chamados de "novos areópagos " ou de " átrio dos gentios " onde se tomam as decisões e se forjam os critérios de valor e referência da cultura contemporânea, que mostram a falta e carência de leigos cristãos, nesses âmbitos.

No contexto da Reforma Política e na Pastoral da Cidadania onde se tece a articulação dinâmica da fée a política, ainda é escassa e pouco renovada a liderança de cristãos que possam construir a alternativa do poder-serviço e uma política inclusiva, transparente e equitativa para com os pobres. No campo da comunicação se visibilizam práticas por vezes fragmentadas e pietistas que desconexas com a realidade são manipuladas e não estimulam o compromisso transformador do leigo. Mas este entorno de dificuldades não é empecilho para alegrar-nos com um processo crescente de consciência verificado na construção, elaboração e discussão do Documento 107 (sobre a missão dos leigos e leigas), a preparação do Ano do Laicato, e a participação nos Encontros e Assembleias do Conselho Nacional de Leigos do Brasil como em junho deste ano no Centro Gianeta, São Paulo. 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Por que o mundo LGBT passou a negar a existência da teoria do gênero?


O chamado “mundo LGBT” tem tido uma nova prioridade: negar a todo custo a existência da teoria de gênero.

Devemos reconhecer que, na verdade, eles nunca definiram as suas ideias como uma "teoria" propriamente dita, mas é legítimo usar esse termo porque o corpo de ideias que eles defendem pode ser enunciado a partir de duas convicções específicas.

A primeira declaração da teoria de gênero é que existiria uma sexualidade específica (ou "dado biológico") e um gênero distinto (ou "dado psicológico"). Ou seja: um ser humano pode ser masculino-homem ou feminino-mulher quando há coincidência entre o sexo biológico e o gênero; mas também poderia ser masculino-mulher ou feminino-homem, no caso em que o sexo biológico e o gênero não coincidem. Tudo isso é apresentado como "normal", palavra insistentemente presente na terminologia LGBT.

A segunda afirmação da teoria de gênero é que seria possível escolher de forma autônoma o gênero “preferido” (ou “sentido”), prescindindo do fato biológico. Teria sido a sociedade quem nos impôs os gêneros identificados à força com o dado biológico. A partir de agora, porém, deveríamos ficar cientes de que as crianças podem crescer “livres” desses “estereótipos” e ter a oportunidade de decidir “livremente” o seu gênero, mediante uma educação que não fizesse distinções entre meninos e meninas.

Estas afirmações fazem parte de uma teoria complexa que procura legitimar a “sexualidade mutável” ou “líquida” em nome de uma “autonomia sexual” que permita a cada um escolher a própria identidade sexual (com ou sem cirurgia de mudança de sexo).

Uma parcela relevante da ciência médica, no entanto, enxerga estas crenças como uma patologia mental, definindo o transexualismo como um "transtorno de identidade de gênero" no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais e explicando-o como "o desejo persistente das características físicas e dos papéis sociais que conotam o sexo biológico oposto". De acordo com o manual, portanto, existe apenas o sexo biológico; desejar ser diferente daquilo que naturalmente se é seria sintoma de um distúrbio mais profundo. 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

É possível trocar o nome de batismo?


Já passou pela minha mente a possibilidade de trocar meu nome. Tenho o nome da minha avó materna e, em vários momentos, já “reclamei” com a minha mãe por não ter colocado também o nome da minha bisavó. Foi então que surgiu a dúvida: é possível trocar de nome, já que o nome que temos desde que nascemos é o mesmo com o qual nos batizaram?

Sobre a pessoa física, no Código de Direito Canônico se diz o seguinte: “Pelo batismo, o homem é incorporado na Igreja de Cristo e nela constituído pessoa, com os deveres e direitos que, atendendo à sua condição, são próprios dos cristãos, na medida em que estes permanecem na comunhão eclesiástica e a não ser que obste uma sanção legitimamente infligida” (cânon 96).

Como se pode facilmente notar, a lei eclesial não deixa de considerar a pessoa física, nem supõe uma penalidade para quem quiser trocar ou corrigir o nome.

De fato, nem o nome nem sua possível mudança são mencionados nesse cânon, porque o que faz do indivíduo uma pessoa dentro da Igreja é o Batismo, e não o nome que se escolhe para recebê-lo.

Todo batizado é incorporado à Igreja em sua essência, não pelo seu nome. Ou seja, indiferentemente do fato de uma pessoa modificar ou não seu nome civilmente, isso não altera o selo recebido no Batismo, que, em dogmática, se chama “caráter”.

Sempre se pode trocar de nome sem que isso afete a realidade do batizado; é o caso dos papas e dos religiosos que recebem outro nome (de maneira voluntária), ao aceitar o cargo, receber a ordenação sacerdotal ou profissão de fé, ainda que, neste caso, a mudança de nome seja apenas simbólica: não há mudanças nem civilmente, nem em suas certidões de Batismo.

É por isso que não há razão alguma, do ponto de vista eclesial, que impeça a pessoa de trocar seu nome de batismo. 

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Papa: o trabalho é sagrado e traz dignidade à família


CATEQUESE
Sala Paulo VI – Vaticano
Quarta-feira, 19 de agosto de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Depois de ter refletido sobre o valor da festa na vida da família, hoje nos concentramos sobre o elemento complementar, que é aquele do trabalho. Ambos fazem parte do desígnio criador de Deus, a festa e o trabalho.

O trabalho, diz-se comumente, é necessário para manter a família, para crescerem os filhos, para assegurar aos próprios entes queridos uma vida digna. De uma pessoa séria, honesta, a coisa mais bela que se pode dizer é: “É um trabalhador”, é justamente uma pessoa que trabalha, é uma pessoa que, na comunidade, não vive às custas dos outros. Há tantos argentinos hoje, eu vi, e direi como dizemos nós: “Não vivem com a barriga pra cima”.

E, de fato, o trabalho, em suas mil formas, a partir daquela caseira, cuida também do bem comum. E onde se aprende esse estilo de vida trabalhador? Antes de tudo se aprende em família. A família educa ao trabalho com o exemplo dos pais: o pai e a mãe que trabalham pelo bem da família e da sociedade.

No Evangelho, a Sagrada Família de Nazaré aparece como uma família de trabalhadores, e o próprio Jesus é chamado de “filho do carpinteiro” (Mt 13, 55), ou até mesmo de “o carpinteiro” (Mc 6, 3). E São Paulo não deixa de avisar aos cristãos: “Quem não quer trabalhar, não coma” (2 Ts 3, 10). É uma boa receita para emagrecer, não trabalha, não come! O apóstolo se refere explicitamente ao falso espiritualismo de alguns que, de fato, vivem às custas dos seus irmãos e irmãs “sem fazer nada” (2 Ts 3, 11). O empenho do trabalho e a vida do espírito, na concepção cristã, não estão em contraste entre si. É importante entender bem isso! Oração e trabalho podem e devem estar juntos em harmonia, como ensina São Bento. A falta de trabalho danifica também o espírito, como a falta de oração danifica também a atividade prática. 

Quarta Aparição de Nossa Senhora nos Valinhos a 19 de agosto de 1917


Lúcia, Francisco e Jacinta, pastorinhos de Fátima, regressados de Vila Nova de Ourém, depois de o Administrador do conselho os ter levado, no próprio dia 13 de agosto de 1917, tiveram a quarta aparição de Nossa Senhora.

1.                 Data da aparição

Desde o ano de 1917, têm sido apresentadas várias datas desta aparição. O interrogatório de 21 de agosto, do Padre Manuel Marques Ferreira, pároco de Fátima, esclarece: “Disse Lúcia que viu Nossa Senhora, no domingo a seguir ao dia 13”1, isto é, a 19 de agosto. O Padre António dos Santos Alves, pároco das Cortes, Leiria, interrogou as videntes Lúcia e Jacinta, quando estiveram na Reixida, da mesma freguesia, entre 14 e 27 de setembro de 1917, e datou, num primeiro depoimento2, a aparição no dia 18 de agosto; num segundo depoimento, corrigiu: “no domingo imediato ao dia 13 de agosto”3. No primeiro interrogatório do Dr. Manuel Nunes Formigão, a 27 de setembro de 1917, Lúcia respondeu: ŦNesse mês [de agosto], vi-a só alguns dias depois [de 13 de agosto], a dezanove”4. Leonor de Avelar e Silva Constâncio, que assistiu ao interrogatório do Dr. Formigão, em 19 de outubro de 1917, refere: ŦSoubemos depois que as crianças […] diziam ter sido no dia 19 [de agosto], favorecidas com nova apariçãoŧ5. Maria da Conceição Stokler Parente, de Alcobaça, em carta de 16 de outubro de 1917, publicada em ŦA Ordemŧ, a 27 do mesmo mês, diz: ŦNo dia 19 [de agosto], apareceu Nossa Senhora às ditas crianças, noutro lugarŧ6. No dia 2 de  novembro, o Dr. Formigão interrogou a Lúcia, a Jacinta e o João Marto: ŦQue disse ela no domingo seguinte [ao dia 13 de agosto], quando te apareceu no sítio dos Valinhos?ŧ7

No estudo psicológico sobre os videntes, o mesmo Dr. Formigão afirma: ŦA 19 de agosto, no sítio dos Valinhos, a Senhora aparece-lhes improvisamente [sic]ŧ8. Maria Augusta Saraiva Vieira de Campos, em A Minha peregrinação a Fátima, publicado nos finais de novembro de 1917, diz a mesma coisa: ŦNo domingo imediato, 19 de agosto, a criança pediu à Senhora que a não deixasse ficar por mentirosa, no dia 13 de outubroŧ9. O ŦBoletim Popularŧ, de Matosinhos, publicou, em dezembro de 1917, um artigo sobre os acontecimentos de Fátima, em que se afirma: ŦNo dia 19 [de agosto], apareceu Nossa Senhora às ditas crianças, em outro lugarŧ10. A 6 de agosto de 1918, data final do processo paroquial de Fátima, o pároco repete o que tinha escrito em 1917: ŦNo dia dezenove, que fora domingo, andava a pastorear as ovelhas, no sítio chamado Valinhosŧ11 O Dr. Formigão, no opúsculo, Os episódios maravilhosos de Fátima, com imprimatur a 16 de junho de 192112, e em Os acontecimentos de Fátima, de 18 de março de 1923, continua a datar a aparição a 19 de agosto13. A partir de 1922, Lúcia parece inclinar-se para outro dia, no seu escrito do Vilar, Porto: ŦAssim se passaram três dias [em Vila Nova de Ourém]. […] Então vieram-nos pôr em casa do Senhor Prior. Chegando a nossa casa, fomos logo pastar as ovelhas para um sítio chamado Valinho. […] Chegando a Jacinta, deu um relâmpago e apareceu a Senhora em cima duma carrasqueira14 Quando Lúcia foi ouvida, no Porto, em 8 de julho de 1924, pela Comissão Canónica Diocesana, no depoimento que foi redigido em terceira pessoa, diz-se: [No dia 13, o administrador] Ŧinterrogou-as na administração; depois, levou-as para casa dele […]. Que no dia seguinte [dia 14], uma senhora de idade as interrogou sobre o segredo […]. Levaram-nos para casa do administrador e lá ficaram aquela noite no mesmo quarto. No dia seguinte [dia 15], foram à administração, interrogatórios de manhã e de tarde; à noite desse dia, ficaram lá e, no outro dia [dia 16], pelas 10 horas, de novo à administração, mandou-os sentar no carro e, no dia 15[sic], foram para casa, com o administrador, a casa do prior, deixando- -os na varanda. O povo fez muitas perguntas. Quando chegaram a casa, receberam ordem de ir para os Valinhos e ali, nesse mesmo dia, se deu a aparição, também sobre uma carrasqueiraŧ15. Nesta versão, acrescenta--se mais um dia ou dois. 

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Primeiro embate do sínodo dos Bispos: A lei natural


O próximo Sínodo dos Bispos foi precedido por um alvoroço da mídia que lhe atribui um significado histórico maior do que o seu âmbito eclesiológico de mera assembléia consultiva da Igreja. Alguns lamentam pela guerra teológica que o Sínodo anuncia, mas a história de todos os encontros episcopais (este é o significado etimológico do termo e do seu sinônimo “concílio”) sempre foi marcada por conflitos teológicos e debates ásperos sobre erros e divisões que ameaçavam a comunidade cristã desde o seu início.

Hoje a questão da comunhão para divorciados é só mais uma vertente de uma discussão que abrange conceitos doutrinários muito mais complexos, como o da natureza humana e da lei natural. Esse debate parece refletir na esfera antropológica, as especulações trinitárias e cristológicas que abalaram a Igreja durante o Concílio de Nicéia (325) e da Calcedônia (451). Naquela época se discutia para determinar a natureza da Santíssima Trindade, que é um só Deus em três Pessoas, e para definir em Jesus Cristo a Pessoa do Verbo, que subsiste em duas naturezas, a divina e a humana. A adoção por parte do Concílio de Nicéia, do termo grego homoousios, que em latim foi traduzido como consubstantialis e, logo após com o Concílio de Calcedônia, com as palavras “da mesma natureza” da substância divina, para afirmar a perfeita igualdade entre o Verbo e o Pai, marcou uma data memorável na história do Cristianismo e encerrou uma era de perplexidade, confusão, e drama de consciência semelhante àquela em que estamos inseridos. Naqueles anos, a igreja estava dividida entre a “direita” de Santo Atanásio e a “esquerda” dos seguidores de Ário (a definição é do historiador dos Concílios Karl Joseph von HEFELE). Entre os dois polos oscilava o terceiro partido dos semi-arianos, divididos em várias facções. Ao homoousios de Nicéia, que significa “da mesma substância” foi contraposto o termo homoiousios que significa “de substância semelhante”. Não se tratava de uma mera questão de terminologia. A diferença entre essas duas palavras, aparentemente insignificante, esconde um abismo: de uma parte a identidade com Deus, e da outra, uma certa analogia ou semelhança, o que faz de Jesus Cristo um simples homem.

A melhor reconstrução histórica deste período é a do cardeal John Henry Newman, em seu livro “Os arianos do IV século”(tr. Ele. Jaca Book, Milano 1981), um estudo aprofundado, que destaca a responsabilidade do clero e a coragem do “povo” na manutenção da fé ortodoxa. O diácono Atanásio, campeão da ortodoxia, ao ser eleito bispo, foi forçado por bem cinco vezes a abandonar sua diocese para percorrer o caminho do exílio. No ano 357 o Papa Libério excomungou Atanásio e dois anos mais tarde, os Concílios de Rimini e Selêucia, que constituíam uma espécie de grande concílio ecumênico representando o Ocidente e o Oriente, abandonaram o termo “consubstancial” de Nicéia e estabeleceram um equivocado meio-termo entre Santo Atanásio e os Arianos. Foi então que São Jerônimo cunhou a frase segundo a qual  “o mundo gemeu e percebeu com espanto que tinha se tornado Ariano”.

Atanásio e os defensores da fé ortodoxa foram acusados de ficarem presos a questões de palavras e de serem encrenqueiros e intolerantes. As mesmas acusações que agora são dirigidas àqueles que dentro e fora dos debates sinodais levantam uma voz de intransigente firmeza na defesa do ensinamento perene da Igreja sobre o matrimônio cristão, como é o caso dos cinco cardeais (Burke, Brandmüller, Caffara De Paolis e Müller) os quais, depois de terem se manifestado individualmente, reuniram suas ações em defesa da família em um livro que se tornou um manifesto, “Permanecer na verdade de Cristo: o casamento e a Comunhão na Igreja Católica”, que acaba de ser publicado pelas Edições Cantagalli Siena. A mesma editora Cantagalli foi responsável pela publicação de mais um texto fundamental, “Divorciados recasados. A práxis da Igreja primitiva” do jesuíta Henri CROUZEL. 

Enquanto católicos defendem a família contra a Ideologia de Gênero, representantes da Pastoral da Juventude (PJ) se opõem à Igreja Católica.


O Papa Bento XVI disse certa vez que os piores inimigos da Igreja são aqueles que estão no seu seio, mas que não obedecem o Magistério da Igreja e seus ensinamentos, pondo-se contra o que ela ensina.

Na última terça-feira (11/08/15), estive na Câmara dos Vereadores em São Paulo, a frente de um movimento católico em defesa da família contra a Ideologia de Gênero. Fiquei surpreso com a atitude de um grupo de representantes da PASTORAL DA JUVENTUDE (PJ), que, em frente à Câmara que, com cartazes, defendiam a Ideologia de Gênero.

Neste dia, como foi amplamente divulgado, a Câmara de Vereadores votou o Projeto PME – “Plano Municipal de Educação”, rejeitando por 42 votos contra 2, a introdução da perversa e subversiva “Ideologia de Gêneros”, no plano de educação das crianças.

Muitos católicos se concentraram na frente da Câmara Municipal de São Paulo, e numa ação disciplinada e bem organizada, demonstraram aos Vereadores os erros inconcebíveis da tal ideologia de Gêneros. Eu tive a oportunidade de estar ali com o Pe. Paulo Ricardo, Prof. Felipe Nery, Pe. José Eduardo, e outros, num caminhão de som, mostrando aos presentes os erros dessa perigosa ideologia que quer colocar na cabeça das crianças que não existe apenas o sexo masculino e feminino, mas que elas vão “fabricar” o seu tipo sexual mais para frente, não importando que seu corpo e sua alma seja masculino ou feminino.

Ora, os Bispos do Brasil todo se manifestaram amplamente contra tal ideologia perversa, destruidora da pessoa humana, do casamento, da família e do plano de Deus. Os bispos do Regional Norte 3 de CNBB (Tocantins e Norte de Goiás), disseram: “Existem organizações nacionais e internacionais muito ocupadas em destruir a família natural, constituída por um pai, uma mãe e seus filhos. Hoje um dos recursos mais perigosos para atentar contra a família se chama “ideologia de gênero”. 

Homilética: 21º Domingo Comum - Ano B: “A quem iremos?"



Hoje terminamos a leitura do capítulo seis de São João, sobre o discurso eucarístico. E terminamos com as reações dos presentes diante das palavras de Jesus: “Quem pode aguentar este discurso tão duro?”. É o mesmo dilema que pôs Josué aos seus ao entrar na terra prometida: “Preferem servir Javé ou os deuses falsos?” (1ª leitura).

Na primeira leitura está claro o dilema: eleger quem: Javé ou os deuses estrangeiros? Os deuses “além do rio” exigem menos, são mais cômodos, não proíbem isto ou aquilo; não impõem não roubar, não fornicar, não matar. O que exige a Aliança de Javé é muito mais duro que a frouxa moral dos deuses dos povos vizinhos. Josué, sucessor de Moisés, convoca todos em assembleia solene, para renovar a Aliança do Sinai, um tanto esquecida já, e lhes coloca um claro dilema: quem vocês querem servir, a Deus que os libertou do Egito ou aos deuses que vão encontrando nos povos vizinhos e que são mais permissivos? Porque continuam tendo a tentação terrível da idolatria. Nesse dia a resposta do povo a Josué foi: elegemos a Deus! E assim o povo de Siquém, reunido em assembleia com Josué, pôde entrar para possuir a terra prometida. Sabemos também que logo na sua história, o povo de Israel faltou muitas vezes ao que tinha prometido.       

Agora é Cristo quem pergunta aos que o seguiam: quereis ficar comigo ou ir embora? De novo o dilema. O que Jesus pedia aos seus não era fácil, porque supunha uma mudança de mentalidade e de vida. São livres. Jesus vê que alguns vão indo embora, assustados com as suas palavras e faz essa pergunta direta aos seus apóstolos. Em efeito, alguns vão embora e outros permanecem. Pedro, que não entende muito do que Jesus disse- como tampouco devia entender os demais- mas que tem uma fé e um amor enormes para com Cristo, responde dizendo: “A quem iremos?”. Optaram por Ele e ficam os doze que formarão a Igreja, mas já não ficam como antes, sem compromisso; agora sabem que o elegeram para toda a vida e para morte. Em Cafarnaum, foi a primeira comunidade apostólica ainda fiel a que disse, por boca de Pedro: “Senhor, a quem iremos?”. 

Compete a nós responder hoje a Cristo: quem vamos seguir: Ele e a sua doutrina ou o mundo com as suas propostas fáceis, tentadoras e embriagadoras? De novo o dilema. Também nós como o povo de Israel (1ª leitura) e como os primeiros discípulos de Jesus (evangelho) fomos eleitos. Eleitos como objetos do seu amor, admitidos na família de Deus no batismo, admitidos a sua mesma mesa na Eucaristia, admitidos à “feliz esperança” da vinda do seu Reino. Por parte nossa também nós elegemos a Deus. A prova disto: o nosso batismo, reafirmado na confirmação. A prova disto: recebemos a primeira comunhão. Prova disto: casamo-nos em Cristo pela Igreja. Porém, o que acontece com a gente? Somos instáveis. A nossa vida parece àquele pano de Penélope: é um continuo fazer e desfazer propósitos, um oscilar continuo entre os dois polos de atração que são Deus e o mundo com os seus ídolos. Servimos a dois senhores. Mas Deus detesta isto. Ou Ele ou o mundo. Deus é ciumento. E por isso, não estamos de acordo com a doutrina do matrimônio indissolúvel. E por isso não aceitamos a doutrina sobre a moral sexual e regulação da natalidade que a Igreja ensina e defende. E por isso fugimos da cruz, quando a vemos aparecer na esquina. E por isso, assentimos com o rabo do olho diante das ideologias que estão sendo servidas em bandeja para nós, por exemplo, a ideologia do gênero. E não aceitamos aquilo de oferecer o outro lado da face. E assim estamos: ajoelhando-nos diante de Deus e diante de Baal. Quantos passam de uma oração a uma blasfêmia! Saem da Igreja e vão aos lugares de perdição. É preciso fazer uma opção: ou Cristo ou o mundo. Ou o Evangelho de Cristo ou as máximas do mundo.