terça-feira, 27 de outubro de 2015

Sínodo reafirma doutrina da Igreja e ressalta beleza da família


Os trabalhos sobre o Sínodo dos Bispos terminaram na noite de sábado, 24, no Vaticano e o relatório final, produto da reflexão de todos os padres sinodais, reafirmou a doutrina católica sobre o matrimônio, sua indissolubilidade; e ressaltou a beleza da família e do plano de Deus para ela.

O texto, composto por 94 numerais foi votado um por um. Todos foram passados com os dois terços requeridos como mínimo: neste caso 177 votos.

No numeral 1, votado unanimemente por todos os bispos presentes (260 votos), o Sínodo agradece “ao Senhor pela generosa fidelidade com que tantas famílias cristãs respondem a sua vocação e missão, inclusive ante os obstáculos, as incompreensões e os sofrimentos”.

Nesse mesmo numeral, os bispos reunidos no Sínodo recordam as palavras do Papa Francisco na homilia de abertura do dia 4 de outubro, quando explicou que Deus criou o homem e a mulher. O Senhor, disse logo o Santo Padre nessa ocasião, “une os corações de duas pessoas que se amam e os une na unidade e na indissolubilidade”.

“Isto significa que o objetivo da vida conjugal não é somente viver juntos, mas também amar-se para sempre. Jesus restabelece assim a ordem original e originária (…) Somente à luz da loucura da gratuidade do amor pascal de Jesus será compreensível a loucura da gratuidade de um amor conjugal único e usque ad mortem” (até a morte).

No numeral 5, aprovado por 256 votos, os bispos ressaltam: “Hoje também o Senhor chama o homem e a mulher ao matrimônio, acompanha-os em sua vida familiar e se oferece a eles como dom inefável”.

No numeral 23, intitulado “Migrantes, prófugos e perseguidos”, aprovado por 253 votos contra 4 votos, os bispos afirmam que “a história da humanidade é uma história de migrantes: esta verdade está inscrita na vida dos povos e das famílias. Também nossa fé o reafirma: todos somos peregrinos”.

Este numeral indica ainda que quando a migração é forçada e é “consequência de situações de guerra, perseguição, pobreza, injustiça, marcada pelas aventuras de uma viagem que põe com frequência em perigo a vida, traumatiza as pessoas e desestabiliza a família”. “O acompanhamento aos migrantes exige uma pastoral específica com as famílias em migração, mas também com os membros dos núcleos familiares que ficam nos lugares de origem”, adicionou. 

Sínodo dos bispos abre portas para integrar divorciados recasados


O Sínodo de Bispos sobre a Família votou com ampla maioria um documento final de 94 parágrafos, que propõe “a integração” na Igreja dos divorciados que voltarem a se casar, após a análise de “caso a caso”.

O texto foi entregue ao papa Francisco, que o divulgou ao público imediatamente.

Os 270 “padres sinodais”, entre bispos e cardeais, que representam os bispos de todo o mundo, aprovaram a suspensão de várias proibições aos divorciados que se casarem novamente, entre elas a de serem padrinhos de batismo e de casamento.

Os padres sinodais insistem, contudo, em que é necessário um “discernimento”, um exame “caso a caso”, para autorizar o acesso aos sacramentos, como a comunhão e a confissão.

Com isso, os bispos fizeram algum movimento no sentido de uma Igreja mais acolhedora com os casais que vivem juntos e com os católicos em situação irregular, ecoando o pedido do papa argentino a favor de uma instituição que pare de julgar e de condenar.

Três parágrafos tiveram um consenso menor – sobretudo, os de número 85 e 86, dedicados a temas bastante sensíveis para a Igreja Católica. Superando a maioria mínima necessária de dois terços (177), os parágrafos 85 e 86 estão entre os menos votados, com 178 votos a favor e 80 contra.

Nesses parágrafos, os bispos sinodais propõem que “os batizados que tiverem se divorciado e voltado a se casar civilmente sejam reintegrados à comunidade cristã, na medida do possível, evitando gerar escândalo”. O texto não especifica se poderão realizar a comunhão.

“Os divorciados que voltarem a se casar não devem se sentir excomungados e podem viver e envelhecer como membros vivos da Igreja, sentindo-a como uma mãe que acolhe sempre”, acrescenta o texto.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, lembrou que se trata de propostas dirigidas ao papa, que decidirá se será necessário elaborar um documento papal sobre a família.

“Não se pode negar que, em algumas circunstâncias, a responsabilidade (da crise do casal) pode ser menor, ou anulada (…) As consequências de alguns atos não podem recair sobre todos por igual”, defendem os prelados, ao se referirem aos divorciados.

No encerramento do sínodo, o papa Francisco elogiou a liberdade de expressão que reinou ao longo das três semanas de trabalho e criticou abertamente “os métodos não de todo benévolos” empregados pelos setores conservadores contra suas propostas de reforma. 

Espiritismo cristão? Não existe!


Por que católicos vivem postando frases de Chico Xavier? Para quê? Ainda que seja correta e a frase faça sentido, para quem não sabe e nem vê perigo em ser espírita, esta pode ser uma maneira de fazer crer que a doutrina que Xavier defende deve e pode ser coisa boa, a ser seguida e praticada.

Chico Xavier é um médium que fala com os mortos (a necromancia, a evocação dos mortos, é 'abominação' para nós, católicos). Quando ele afirma que "quem acredita realmente em sua religião não tem tempo nem necessidade de criticar a fé dos outros", há aí uma evidente contradição.

Os espíritas dedicam grande parte de seu tempo a ofender o cristianismo, particularmente a Igreja Católica, acusando-a de deturpar e manipular as Sagradas Escrituras. A Igreja teria retirado da Bíblia a referência à reencarnação*, anunciada, segundo eles, pelo próprio Cristo, ao referir-se a João Batista como nova encarnação de Elias. Bobagem.

Aliás, criticam a Igreja mas, quando Allan Kardec criou a doutrina espírita, a primeira providência foi apropriar-se da figura de Jesus Cristo, orientando para que o espiritismo 'fingisse' ser cristão para angariar adeptos.  

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Os casais em segunda união após o Sínodo


Pelo que se depreende da leitura da Relatio Synodi, divulgada aos 24 de outubro de 2015, há novas perspectivas para os divorciados recasados. A norma geral, fundamentada principalmente na exortação Familiaris Consortio (1985), de são João Paulo II, continua sendo não permitir que frequentem os sacramentos os irmãos que, objetivamente falando, se encontrem em estado de pecado grave. Esta é a situação dos que se divorciaram e convolaram a novas núpcias, sem obter a declaração de nulidade do primeiro casamento.

Os recasados, no entanto, veem uma luz no fim do túnel, à medida que o documento final do Sínodo estimula a verificação de caso a caso, para se aferir a responsabilidade subjetiva. Este é um procedimento de confessionário que, de certa forma, fora adotado com frequência. De fato, o confessor faz as vezes de Deus para o penitente contrito. Mas, a grande novidade reside no apoio que o Sínodo está dando a esse tipo de solução. Isto provoca toda a diferença!

Outro ponto bastante relevante diz respeito à insistência com a qual o documento final e o próprio papa Francisco explicam que os divorciados não estão excomungados. Ora, em sendo assim, os divorciados recasados têm de ser aceitos na paróquia onde residem e, se autorizados pelo confessor, devem comungar nessa comunidade, com os demais paroquianos e não em local distante, para não escandalizarem os casais regulares, como se costumava fazer até aqui. 

Papa lembra refugiados e afirma que Igreja não os abandona


PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Praça de São Pedro
Domingo, 25 de outubro 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Esta manhã, com a Santa Missa celebrada na Basílica de São Pedro, concluiu-se a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a família. Convido todos a dar graças a Deus por estas três semanas de trabalho intenso, animado pela oração e por um espírito de verdadeira comunhão. Foi difícil, mas foi um verdadeiro dom de Deus, que certamente trará muitos frutos.

A palavra "sínodo" significa "caminhar juntos". E o que vivemos foi a experiência da Igreja em caminho, especialmente com as famílias do povo santo de Deus espelhado pelo mundo. Por isso me impressionou a Palavra de Deus que vem a nós hoje na profecia de Jeremias. Ele diz: “Eis que eu os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes: são uma grande multidão os que retornam". E o profeta acrescenta: "Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces; eu os conduzirei por torrentes d’água, por um caminho reto onde não tropeçarão, pois tornei-me um pai para Israel"(31,8-9).

Esta Palavra de Deus nos diz que o primeiro a querer caminhar conosco, a querer fazer "sínodo" conosco, é Ele, nosso Pai. Seu "sonho", desde sempre e para sempre, é formar um povo, reuni-los, levá-los para a terra da liberdade e da paz. Este povo é constituído de famílias: "a mulher grávida e a parturiente"; é um povo que, enquanto caminha leva adiante a vida, com a bênção de Deus.

É um povo que não exclui os pobres e os desfavorecidos, na verdade, os inclui. O Profeta diz: "Entre eles os cegos e os coxos". É uma família de famílias, aonde quem se cansa não é marginalizado, não é deixado para trás, mas caminha junto com os outros porque este povo caminho com o passo dos últimos; como se faz nas famílias e como nos ensina o Senhor, que se fez pobre com os pobres, pequeno com os pequenos, último com os últimos. Não o fez para excluir os ricos, os maiores e primeiros, mas porque este é o único modo para salvá-los, para salvar todos: andar com os pequenos, com os excluídos, com os últimos.

Confesso-lhes que comparei esta profecia do povo em caminho com as imagens dos refugiados em marcha nas estradas da Europa: uma realidade dramática dos nossos dias. Também a eles Jesus diz: ‘Partiram no pranto, eu os consolarei após o sofrimento’. Estas famílias que sofrem, extirpadas de suas terras, também estiveram conosco no Sínodo, em nossa oração e nos nossos trabalhos, por meio da voz de alguns pastores presentes na Assembleia. Estas pessoas, em busca de dignidade, essas famílias que procuram a paz, permanecem conosco, a Igreja não as abandona, porque fazem parte do povo que Deus quer libertar da escravidão e conduzir à liberdade.

Assim, nesta Palavra de Deus, se reflete tanto a experiência sinodal que vivemos, como o drama dos refugiados em marcha nas estradas da Europa. O Senhor, por intercessão da Virgem Maria, nos ajude também a colocar na prática as indicações emersas em fraterna comunhão.

Depois do Angelus

Com quem Caim se casou?


Algumas pessoas ficam intrigadas com o casamento de Caim. Perguntam: Se no início da criação, Deus criou Eva e Adão, eles tiveram Caim e Abel. O primeiro matou o segundo, e Caim se casou… De onde surgiu a esposa dele, se havia só Adão, Eva e Caim?

Antes de tudo é preciso lembrar que o Gênesis não é um livro de ciências naturais e nem de história, de geografia e nem de etnologia, mas apenas um livro que revela verdades fundamentais sobre o mundo e o homem. Na Catequese feita pelo Papa Bento XVI, no dia 06 de fevereiro de 2013, explicou como o Gênesis deve ser interpretado:

“Como devemos compreender as narrações de Gênesis? A Bíblia não quer ser um manual de ciências naturais; quer, em vez disso, fazer compreender a verdade autêntica e profunda das coisas. A verdade fundamental que os relatos de Gênesis nos revelam é que o mundo não é um conjunto de forças entre conflitantes, mas tem a sua origem e a sua estabilidade no Logos, na Razão eterna de Deus que continua a sustentar o universo”.

Lendo a narração da morte de Abel por seu irmão Caim (Gn 4, 1-16) vemos que o autor já supõe um estado avançado da humanidade, onde os homens já domesticam os animais, Abel é pastor, e já cultivavam a terra; Caim é agricultor (4,2). É o período neolítico da humanidade, bem depois da Criação do homem em Adão e Eva. Caim funda uma cidade (4,17), tem medo de se encontrar com outros homens que o possam matar, etc.

Bispo polonês suspende do sacerdócio o “monsenhor gay” que escandalizou o Vaticano


O Bispo de Pelplin (Polônia), Dom Ryszard Kasyna, suspendeu do sacerdócio em definitiva o “monsenhor gay” Krzystof Charamsa, que revelou sua homossexualidade e sua vida em casal um dia antes do início do Sínodo da Família.

O Bispo polonês tomou esta decisão devido à situação de escândalo da Charamsa e aos postulados contrários à Igreja, respeito ao celibato e a homossexualidade, que o agora ex-sacerdote defende.

Com a suspensão, Charamsa também está proibido de usar a vestimenta própria dos sacerdotes.

O Bispo comunicou sua decisão através de uma carta enviada a Charamsa que agora vive em Barcelona (Espanha) com o homem com quem mantém uma relação. 

domingo, 25 de outubro de 2015

Uma fé que não sabe radicar-se na vida das pessoas, permanece árida, diz Papa.


SANTA MISSA DE ENCERRAMENTO
DA XIV ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica Vaticana
XXX Domingo do Tempo Comum, 25 de Outubro de 2015


As três leituras deste domingo apresentam-nos a compaixão de Deus, a sua paternidade, que se revela definitivamente em Jesus.

O profeta Jeremias, em pleno desastre nacional, enquanto o povo é deportado pelos inimigos, anuncia que «o Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel» (31, 7). E por que o fez? Porque Ele é Pai (cf. 31, 9); e, como Pai, cuida dos seus filhos, acompanha-os ao longo do caminho, sustenta «o cego e o coxo, a mulher grávida e a que deu à luz» (31, 8). A sua paternidade abre-lhes um caminho desimpedido, um caminho de consolação depois de tantas lágrimas e tantas amarguras. Se o povo permanecer fiel, se perseverar na busca de Deus mesmo em terra estrangeira, Deus mudará o seu cativeiro em liberdade, a sua solidão em comunhão: e aquilo que o povo semeia hoje em lágrimas, recolhê-lo-á amanhã com alegria (cf. Sal 125, 6).

Com o Salmo, também nós manifestámos a alegria que é fruto da salvação do Senhor: «A nossa boca encheu-se de sorrisos e a nossa língua de canções» (125, 2). O crente é uma pessoa que experimentou na sua vida a acção salvífica de Deus. E nós, pastores, experimentamos o que significa semear com fadiga, por vezes em lágrimas, e alegrar-se pela graça duma colheita que sempre ultrapassa as nossas forças e as nossas capacidades.

O trecho da Carta aos Hebreus apresentou-nos a compaixão de Jesus. Também Ele «Se revestiu de fraqueza» (cf. 5, 2), para sentir compaixão por aqueles que estão na ignorância e no erro. Jesus é o Sumo Sacerdote grande, santo, inocente, mas ao mesmo tempo é o Sumo Sacerdote que tomou parte nas nossas fraquezas e foi provado em tudo como nós, excepto no pecado (cf. 4, 15). Por isso, é o mediador da nova e definitiva aliança, que nos dá a salvação.

O Evangelho de hoje liga-se directamente à primeira Leitura: como o povo de Israel foi libertado graças à paternidade de Deus, assim Bartimeu foi libertado graças à compaixão de Jesus. Jesus acaba de sair de Jericó. Mas Ele, apesar de ter apenas iniciado o caminho mais importante, o caminho para Jerusalém, detém-Se ainda para responder ao grito de Bartimeu. Deixa-Se comover pelo seu pedido, interessa-Se pela sua situação. Não Se contenta em dar-lhe uma esmola, mas quer encontrá-lo pessoalmente. Não lhe dá instruções nem respostas, mas faz uma pergunta: «Que queres que te faça?» (Mc 10, 51). Poderia parecer uma pergunta inútil: que poderia um cego desejar senão a vista? E todavia, com esta pergunta feita «face a face», directa mas respeitosa, Jesus manifesta que quer escutar as nossas necessidades. Deseja um diálogo com cada um de nós, feito de vida, de situações reais, que nada exclua diante de Deus. Depois da cura, o Senhor diz àquele homem: «A tua fé te salvou» (10, 52). É belo ver como Cristo admira a fé de Bartimeu, confiando nele. Ele acredita em nós, mais de quanto acreditamos nós em nós mesmos.

Há um detalhe interessante. Jesus pede aos seus discípulos que vão chamar Bartimeu. Estes dirigem-se ao cego usando duas palavras, que só Jesus utiliza no resto do Evangelho. Primeiro, dizem-lhe «coragem!», uma palavra que significa, literalmente, «tem confiança, faz-te ânimo!» É que só o encontro com Jesus dá ao homem a força para enfrentar as situações mais graves. A segunda palavra é «levanta-te!», como Jesus dissera a tantos doentes, tomando-os pela mão e curando-os. Os seus limitam-se a repetir as palavras encorajadoras e libertadoras de Jesus, conduzindo directamente a Ele sem fazer sermões. A isto são chamados os discípulos de Jesus, também hoje, especialmente hoje: pôr o homem em contacto com a Misericórdia compassiva que salva. Quando o grito da humanidade se torna, como o de Bartimeu, ainda mais forte, não há outra resposta senão adoptar as palavras de Jesus e, sobretudo, imitar o seu coração. As situações de miséria e de conflitos são para Deus ocasiões de misericórdia. Hoje é tempo de misericórdia!