Em meio as correrias de Dezembro, a Liturgia
manda-nos um convite para serenar nossos corações iniciando nossa preparação
para o encontro com o Senhor, seja pela vigilância, nos dois primeiros Domingos
do Advento, seja pela alegria da proximidade do Natal, nos dois outros Domingos
do Advento. Um convite especial, digamos, por um motivo importante: o início do
Ano Santo da Misericórdia, no dia 8 de dezembro. Além disso, a Liturgia nos
presenteia com a grande celebração da Salvação, festejando a alegria do Santo
Natal de Jesus Cristo.
Preparai o caminho para o encontro com Senhor, no
final dos tempos
Com as mesmas luzes do 1º Domingo do Advento, que
foi celebrado no último Domingo de Novembro, O 2º Domingo do Advento favorece a
preparação espiritual da abertura do Ano Santo da Misericórdia, no dia 8 de
dezembro, dois dias depois deste Domingo. Como o povo que recebeu a missão de
testemunhar a misericórdia divina, pela libertação, a celebração do 2º Domingo
do Advento envia os celebrantes a participar da mesma missão: testemunhar e
concretizar a misericórdia divina no meio da sociedade de nossos dias.
Testemunhar que Deus é misericordioso e concretizar a misericórdia sendo
misericordiosos como Deus é misericordioso.
Com este 2º Domingo do Advento as “celebrações
vigilantes”, iniciadas com as últimas celebrações do Tempo Comum, cedem espaço
ao contexto da preparação próxima do Natal, no 3º e 4º Domingos do Advento.
Alegrai-vos sempre no Senhor; Ele está perto.
No 3º Domingo do Advento, a alegria toma conta da
celebração para fortalecer os corações vacilantes para encorajar diante das
dificuldades que a vida nos leva a deparar. Trata-se, pois, de uma alegria que
revigora a alma dos celebrantes pela paz e pela força que somente Deus pode
dar. Neste sentido, vale a pena perceber que João Batista não pede práticas
ascéticas, nem ritos especiais ou orações poderosas; pede apenas uma mudança de
coração que consiste em evitar a corrupção, não ser injusto, e o afastamento da
violência. Este é o melhor modo de se preparar para o Natal e crescer na
fidelidade do discipulado.
Quem viveu isto de modo intenso e exemplar foi a
Virgem Maria, a “Bendita entre as mulheres”. A alegria espiritual, a alegria
interior é percebida no coração de Maria de modo claro. A intenção que Lucas
deixa transparecer, no Evangelho do 4º Domingo do Advento, é evidenciar como
Isabel e Maria, mulheres pobres e mulheres que viviam no meio do povo, estão
unidas pelo mesmo desígnio divino. A visita de Maria evidencia a força da fé,
proclamada pela acolhedora Isabel: “bem-aventurada aquela que acreditou, porque
será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. É aqui que nos deparamos com um
grande segredo da espiritualidade do Natal: tornar-se um bem-aventurado crendo
que o Senhor visita o seu povo na mais completa pobreza, como evidenciado no
quadro da visitação de Nossa Senhora à sua prima Isabel. Pobreza que, aqui, não
significa miséria, mas que rima com simplicidade, com humildade e com ternura.
Virtudes de um coração alegre e cheio de paz por não estar apegado aos bens
materiais.