Nasci em
família de "católicos não-praticantes" e, tendo crescido sem nenhuma
instrução religiosa, na adolescência comecei aos poucos a descobrir a fé do meu
Batismo. No entanto, as dúvidas e uma fé imatura levaram-me ao
protestantismo. Eu já conhecia bem a Igreja Católica quando fui atraído para
lá, e cheguei a frequentar igrejas presbiterianas e pentecostais. Por algum
tempo, estudei autores clássicos e atuais da tradição protestante, e fiz amigos
neste meio (inclusive muitos cristãos piedosos e sérios). Também participei
ativamente dos cultos, embora nunca tenha sido inscrito como membro de nenhuma
igreja.
Aprendi
muitas coisas boas com o cristianismo protestante. Existem vários artigos de fé
que eles ensinam corretamente, como a autoridade e inspiração das
Escrituras, a providência de Deus sobre o mundo, a divindade de
Cristo e sua ressurreição, pontos importantes da moral cristã,
etc. Admiro a ênfase que colocam na confiança em Cristo e na necessidade de
conversão pessoal, e o modo apaixonado como alguns defendem esses artigos de
fé. Deixei os protestantes porque percebi a necessidade de algo mais para
seguir a Cristo plenamente – ser parte de Sua Igreja. Quanto a todas as coisas
que eles pregam e vivem corretamente, não tenho dificuldade em reconhecê-las.
O que me
levou ao protestantismo foi a mentalidade de querer investigar e entender
perfeitamente todas as questões teológicas possíveis. É claro que muitas
vezes eu ficava insatisfeito com a posição da Igreja Católica e então buscava
compor meu próprio sistema teológico. O protestantismo me atraiu justamente
pela promessa de "liberdade intelectual", que é inerente a ele. Por
algum tempo acreditei que a fé poderia desenvolver-se melhor sem as
amarras da tradição católica, porém mantendo o essencial - a partir das
Escrituras.
Mas o
resultado dessa busca, depois de muita reflexão, é que o protestantismo tem
grande dificuldade em manter este núcleo essencial da fé. Em vez de funcionar
como Igreja de Cristo, ele cria confusão. Isso vem da própria
mentalidade em que opera. E é isso que pretendo demonstrar a seguir. Este
artigo é um esforço de resumir os pontos principais de uma longa reflexão.