quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Tatuar-se: por quê?


A tatuagem se tornou comum nas sociedades ocidentais. Parece paradoxal, mas é precisamente em tempos de comportamentos fugazes e ideais inconstantes que a tatuagem se destaca como um sinal de “identidade” e um símbolo do “para sempre”.

A tatuagem muda o nosso olhar sobre o corpo: se contemplamos o Davi de Michelangelo ou qualquer outra representação clássica de corpo a partir da harmonia do conjunto, na tatuagem olhamos para a particularidade e nela intuímos o conjunto.

Significados

Cada desenho traz consigo um significado, como as andorinhas e o desejo de escapar, ou os motivos marinhos e sua relação com o medo da morte ao longo da navegação… Há caveiras, demônios e símbolos ligados ao lado escuro da existência, ou cobras, panteras e leões que remetem à transgressão e à força, ou borboletas, flores de lótus e pavões que dão ênfase à interação entre as cores. Há tatuagens que evocam o imaginário exótico: samurais, gueixas, monstros mitológicos… Há grupos que usam as tatuagens como marcas da sua identidade social.

Alguns números

Estima-se que 3,3% das pessoas tatuadas tenham tido complicações, reações alérgicas ou infecções, mas este número parece subestimado. 17% dos tatuados declaram ter-se arrependido e 4% procuraram formas de apagar tatuagens.

Ministérios da Saúde, como o italiano, proibiram alguns pigmentos sintéticos (em especial o preto e o vermelho) por causa do seu risco de contaminação; as cores naturais, por outro lado, têm uma ação autoesterilizadora. 18% das substâncias utilizadas para tatuar a pele estão contaminadas com microorganismos ou fungos. 

Santo André Corsini


André nasceu em Florença, na Itália, em 1301, filho de família nobre e famosa. Antes de o dar à luz, sua mãe sonhou que seu filho nascia lobo, mas se transformava em cordeiro ao entrar numa igreja carmelita. Assim foi a vida de André: um jovem de vida desregrada e moralmente falha converteu-se com os apelos da mãe e tornou-se um santo carmelita.

Concluiu os estudos religiosos em Paris, ordenou-se sacerdote e, ainda em vida, operou vários prodígios, portador que era do dom da cura e da profecia. Escolhido para ser bispo, André escondeu-se, mas um menino de seis anos indicou seu esconderijo, dizendo que Deus o queria a seu serviço. Não pode recusar o episcopado.

Durante os anos em que ali atuou, foi amado pelo povo e respeitado pelas autoridades. Na noite de Natal de 1372 teve um desmaio e recebeu, em sonho, a notícia de que morreria em 6 de janeiro. A partir daí foi dominado por uma febre que não mais o deixou até que a profecia se cumpriu.

Santo André Corsini é o padroeiro da cidade de Florença.

ORAÇÃO


Senhor, dissestes que seriam chamados filhos de Deus todos os que trabalham pela paz, concedei-nos, por intercessão de Santo André, admirável promotor da paz, a graça de trabalharmos, sem desfalecer, pela instauração daquela justiça que garante aos homens uma paz firme e verdadeira. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Catequese do Papa Francisco: Deus, misericórdia e justiça


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia,

A Sagrada Escritura nos apresenta Deus como misericórdia infinita, mas também como justiça perfeita. Como conciliar as duas coisas? Como se articula a realidade da misericórdia com as exigências da justiça? Poderia parecer que são duas realidades que se contradizem; na realidade não é assim, porque é justamente a misericórdia de Deus que leva a cumprimento a verdadeira justiça. Mas de qual justiça se trata?

Se pensamos na administração legal da justiça, vemos que quem se considera vítima de uma injustiça se dirige ao juiz no tribunal e pede que seja feita justiça. Trata-se de uma justiça retributiva, que inflige uma pena ao culpado, segundo o princípio de que a cada um deve ser dado aquilo que lhe é devido. Como diz o livro dos Provérbios: “Quem pratica a justiça é destinado à vida, mas quem persegue o mal é destinado à morte” (11, 19). Também Jesus fala da parábola da viúva que ia repetidamente ao juiz e lhe pedia: “Faz-me justiça contra o meu adversário” (Lc 18, 3).

Este caminho, porém, ainda não leva à verdadeira justiça, porque, na realidade, não vence o mal, mas simplesmente contém seu avanço. É, em vez disso, respondendo a ele com o bem que o mal pode ser realmente vencido.

Eis, então, outra maneira de fazer justiça que a Bíblia nos apresenta como caminho-mestre a percorrer. Trata-se de um procedimento que evita o recurso ao tribunal e prevê que a vítima se dirija diretamente ao culpado para convidá-lo à conversão, ajudando-o a entender que está fazendo o mal, apelando à sua consciência. Deste modo, finalmente reconhecido o próprio erro, ele pode se abrir ao perdão que a parte lesada lhe está oferecendo. E isso é belo: após a persuasão daquilo que é o mal, o coração se abre ao perdão, que lhe é oferecido. Este é o modo de resolver os contrastes dentro das famílias, nas relações entre esposos ou entre pais e filhos, onde o ofendido ama o culpado e deseja salvar a relação que o liga ao outro. Não cortar aquele relacionamento, aquela relação.

Certo, este é um caminho difícil. Requer que quem sofreu o erro esteja pronto a perdoar e deseje a salvação e o bem de quem o ofendeu. Mas somente assim a justiça pode triunfar, porque, se o culpado reconhece o mal feito e deixa de fazê-lo, eis que não há mais o mal e aquele que era injusto se torna justo, porque perdoado e ajudado a reencontrar o caminho do bem. E aqui entra justamente o perdão, a misericórdia. 

Infectadas pelo vírus Zika brasileiras optam pelo "aborto preventivo" dos seus bebês


Mulheres casadas, com educação de nível superior e boas condições financeiras que queriam ser mães. Engravidaram, mas foram diagnosticadas com o vírus Zika. Diante dos elevados números de casos de bebês com microcefalia decorrente desta infecção, tomaram uma decisão pelo suposto bem maior: abortar antes mesmo do diagnóstico da malformação.

Esses casos foram relatados em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, do dia 31 de janeiro. Segundo a publicação, médicos contaram sobre gestantes que estavam entre a sexta e a oitava semana e resolveram interromper a gravidez clandestinamente usando o misoprostol (Citotec), cuja venda está proibida nas farmácias desde 1998.

Segundo a Folha procedimentos para abortar custam entre R$5.000 e R$15.000, em clínicas particulares, dependendo do estágio da gestação.

A reportagem cita o caso de duas grávidas de São Paulo, atendidas pelo infectologista Artur Timerman. O médico contou que, após confirmado que estavam com Zika, elas o perguntaram sobre os riscos de o bebê ter microcefalia. Dr. Timerman disse ter explicado que havia sim um risco, mas ele não saberia estimar a porcentagem de certeza. Diante disso, elas decidiram abortar. “Em nenhum momento eu disse faça ou não faça”, afirmou o médico.

Outro caso foi assinalado pelo ginecologista Ana (que preferiu não dar o sobrenome). Ela recordou que, no Nordeste do país, atendeu três mulheres que, após a confirmação do Zika, optaram pelo aborto. A médica constatou: “Não quiseram esperar para ver”.

Diante desses casos chamados muitas vezes de “abortos preventivos”, a presidente do Movimento Brasil Sem Aborto e doutora em microbiologia, Lenise Garcia, declarou em entrevista ao site da Arquidiocese de Brasília que a interrupção da gravidez por causa da microcefalia pode ser considerada eugenia (seleção da espécie).

“Inclusive, tecnicamente, a legislação de vários países que permitem o aborto de crianças com malformação chama esse aborto de eugênico”, afirmou a especialista.

No Brasil, a prática do aborto é despenalizada em três casos. Quando a gravidez é resultante de estupro, o aborto deve contar com a autorização da gestante ou de um responsável e deve acontecer até a 20ª semana. Quando à risco à vida da mãe e se não houver outro meio de salvá-la, o aborto pode ser feito em qualquer ponto da gravidez. E, o último caso foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012 e diz respeito aos fetos com anencefalia.

Sobre a associação entre os casos de anencefalia e os de microcefalia, Dra. Garcia sublinhou que a jurisprudência da primeira não pode ser utilizada na segunda, uma vez que são situações diferentes.

A especialista explicou que “a decisão do STF que autorizou o aborto de anencéfalos foi bem específica em falar em ‘incompatibilidade com a vida’”, por outro lado, “o próprio Conselho Federal de Medicina disse em nota que ‘no caso de fetos com diagnóstico de microcefalia, em princípio, não há incompatibilidade com a vida’”.

A presidente do Movimento Brasil sem Aborto ressaltou ainda que mesmo em relação à anencefalia, o termo usado pelo STF para justificar sua decisão “é impróprio, uma vez que temos várias crianças anencéfalas que viveram vários anos”. “Mas certamente a expressão não se aplica para a microcefalia” reforçou.

“Crianças com deficiência devem ser especialmente protegidas e ajudadas, e não descartadas”, afirmou Dra. Lenise ao site da Arquidiocese de Brasília, acrescentando que “as suas famílias também merecem todo o apoio”.

De acordo com ela, “o aborto nunca é uma solução, pois mata uma criança inocente, deixando marcas físicas e principalmente psíquicas e espirituais na mãe e nos outros envolvidos”. 

Parlamento Europeu pode qualificar como genocídio ações do Estado Islâmico


No próximo 4 de fevereiro o plenário do Parlamento Europeu votará uma resolução em que poderiam qualificar como “atos de genocídio”, os crimes e atrocidades que está cometendo o grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS) na Síria e Iraque.

Segundo a organização internacional Ajuda á Igreja Que Sofre (AIS), esta resolução é o resultado do debate que teve lugar neste último 20 de janeiro, quando boa parte dos eurodeputados qualificaram como genocídio o extermínio de minorias religiosas, em particular cristãos e yazidis nestes países.

Nesse sentido, no dia 27 de janeiro, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa adotou quase de maneira unânime a resolução “2091 (2016) Combatentes estrangeiros na Síria e Iraque” em que se reconhecia que “os indivíduos que atuem em nome da entidade terrorista que se chama a si mesma de Daesh” “perpetraram atos de genocídio e outros graves crimes puníveis sob o Direito Internacional”.

Além disso, a Assembleia também “recorda que sob o Direito internacional os estados têm uma obrigação positiva de prevenir o genocídio, e, portanto, deveriam fazer o máximo possível para evitar que seus próprios cidadãos tomem parte em tais atos”.

Neste sentido destaca-se as declarações do eurodeputado sueco Lars Adaktusson, que impulsionou esta resolução no Parlamento Europeu, quem afirmou: “sou responsável por uma resolução que pede aos estados membros da UE definir os abusos contra cristãos e yazidis como genocídio e deste modo atuar no marco de Nações Unidas para desenvolver as necessárias intervenções humanitárias e militares”.

Resoluções similares foram aprovadas em outros Parlamentos, como é o caso da Lituânia, onde se adotou a resolução sobre o genocídio dos cristãos e outras minorias religiosas no Oriente Médio e Norte da África. Iniciativas similares estão sendo impulsionadas no Congresso dos Estados Unidos. 

Homilética: 5º Domingo Comum - Ano C: "Três Vocações".


Deus tem um plano para cada um de nós! Ao longo da história, Deus sempre chama pessoas e as envia para realizar o seu plano de amor.

A Isaías, Deus se revelou quando ele estava em oração no templo (cf. Is 6, 1-8). Inicialmente, Isaias se sente pequeno e indigno. Deus então pergunta: “Quem vou enviar?” Isaías, sensível ao apelo de Deus, aceita: “Eis-me aqui, envia-me.”

Vemos aqui os passos da vocação: A iniciativa é sempre de Deus.

A primeira reação é sempre a mesma: “não sou capaz.” “Não sou digno.”

Mas, quando confiamos em Deus e nos colocamos numa atitude de disponibilidade, Deus nos purifica e fortalece, e acabamos, com a graça de Deus, dando conta do recado.

Outra vocação é a de São Paulo.

Em 1cor 15, 1-11, Paulo conta a sua vocação (seu chamado).

Ele se considera o “último” dos apóstolos… como um “abortivo.”

Mas no encontro com Cristo, a caminho de Damasco, responde: “Senhor, que queres que eu faça?”

No Evangelho (Lc 5, 1-11) temos o chamado dos primeiros apóstolos.

Jesus entra na barca de Pedro e fala ao povo.

Pedro se sente indigno… e Jesus: “Não tenhas medo!” Jesus convida: “De hoje em diante tu serás pescador de homens.”

Pedro, Tiago e João largam tudo e O seguem.

Pedro diz a Jesus que tinham trabalhado a noite inteira e não haviam pescado nada. “A resposta de Simão parece razoável. Costumam pescar a essas horas e, precisamente naquela ocasião, a noite tinha sido infrutífera. Para que haviam de pescar de dia? Mas Pedro tem fé: “Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes” (Lc 5,5). Resolve proceder como Cristo lhe sugeriu; compromete-se a trabalhar, fiado na Palavra do Senhor” (São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, 261).

Apesar do cansaço, apesar de a ordem de pescar ter partido de quem não era homem do mar, e ter-se dirigido a uns pescadores que sabiam da inoportunidade da hora para essa tarefa e da ausência de peixes, tomam as redes nas mãos. Agora por pura confiança no Mestre, cuja, autoridade e poder Pedro já conhecia. Pedro confia e obedece!

Em toda a ação apostólica, há dois requisitos indispensáveis: a fé e a obediência. De nada serviriam o esforço, os meios humanos, as noites em claro, se estivessem desligados do querer divino… Sem obediência, tudo é inútil diante de Deus. De nada serviria entregarmo-nos com brio e garra a um empreendimento apostólico se não contássemos com o Senhor. Até aquilo que é mais valioso nas nossas obras se tornaria estéril se prescindíssemos do desejo de cumprir a vontade de Deus. “Deus não necessita do nosso trabalho, mas da nossa obediência”, ensina São João Crisóstomo.

Pedro fez o que o Senhor lhe tinha mandado e recolheram tal quantidade de peixes que a rede se rompia. O fruto da tarefa que tem por norte a fé é abundantíssimo. E ,só quando se reconhece a inutilidade própria e se confia em Deus, sem deixar de empregar, ao mesmo tempo, todos os meios humanos disponíveis, é que o apostolado se torna eficaz e os frutos abundantes, pois “toda a fecundidade no apostolado depende da união vital com Cristo” (Concílio Vat. II, AA, 4).

Rezemos muito pelos sacerdotes, esses homens valiosos que deixaram tudo e seguiram o Senhor. Eles não se decidiram pelo sacerdócio porque não tinham outra coisa a fazer. Ao contrário, muitos antes de serem padres já tinham inclusive uma profissão, outros tinham as suas namoradas, outros viam um futuro intelectual brilhante diante de si, outros eram de família humilde… homens preciosos e entregues ao Amor de Deus! Os sacerdotes são conscientes de que a felicidade só se encontra no serviço de Deus e pedem insistentemente ao Senhor a graça de serem cada vez mais fiéis, já que o segredo da felicidade é a fidelidade. Os sacerdotes sabem que podem dar às pessoas de hoje o que tanto procuram: o fundamento, o centro e o fim da felicidade humana, que é Jesus Cristo.

A vocação sacerdotal pode parecer uma loucura e algumas moças talvez até diriam que é um desperdício de rapazes. Verdadeiramente, a vocação sacerdotal é uma “loucura de amor”. Não se trata de deixar de amar, mas de ser um aristocrata do amor. O coração do sacerdote é grande demais para ser entregue a uma só mulher, daí a necessidade que ele tem de entregar-se a todos num serviço sacrificado e alegre, todos encontram lugar no coração do sacerdote: mulheres, homens, crianças, velhos e velhas, jovens, pobres e ricos. Todos, ao passar pelo coração do padre, chegam ao coração de Deus. Que durante esse ano de graça amemos mais o sacerdócio de Jesus Cristo e que muitos jovens se deixem contagiar com essa loucura do amor e se decidam a “amar o Amor”. Deus continua chamando operários para a Messe: Uns são chamados para serem profetas como Isaías, e pescadores de homens como Pedro. Qual é a nossa resposta? Peçamos ao Senhor a graça de acolhermos com a generosidade…

-de Isaías: “Eis-me aqui… envia-me…”

-de Paulo: “Senhor, que queres que eu faça?”

-dos primeiros Apóstolos: “Largaram tudo e O seguiram.”

Cristo, hoje, pode contar com você?

Há ou não há um lobby para ampliar a legalização do aborto com o pretexto do Zika Vírus?


No Brasil, já são 3.448 casos investigados de microcefalia, além dos 270 comprovados. Neste cenário, um grupo de ativistas indicou que apresentará ao Supremo Tribunal Federal (STF) ação para pedir o direito ao aborto em gestações de bebês com tal síndrome. Em resposta, o presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, Prof. Hermes Rodrigues Nery, denuncia que “o governo brasileiro e fundações internacionais usam o Zika vírus para alargar a agenda do aborto no país”.

Segundo entrevista concedida à BBC Brasil pela antropóloga Debora Diniz, do Instituto de Bioética Anis, o mesmo grupo de advogados e acadêmicos que apresentou em 2004 o pedido de aprovação do aborto em casos de anencefalia (aprovado em 2012) entrará agora com uma ação em relação à microcefalia.

O grupo argumentará que o Estado é “responsável pela epidemia de Zika”, uma vez que não erradicou o mosquito transmissor, o Aedes Aegypti, e que as mulheres não podem ser “penalizadas pelas consequências de políticas públicas falhas”. Além disso, alegará que a ilegalidade do aborto e a falta de políticas públicas de erradicação do mosquito ferem a Constituição Federal no que diz respeito ao direito à saúde e à seguridade social.

Entretanto, não citam o direito à vida, também expresso na Constituição, conforme explica à ACI Digital o Prof. Nery. “O direito à vida é o primeiro e o principal de todos os direitos humanos e a pessoa humana deve ser protegida, amada, defendida, desde o primeiro instante, na concepção” disse ele, ao ressaltar que “não há embasamento jurídico sólido para esse que é o pior de todos os atentados contra a vida humana”.

Confira a seguir a entrevista completa com o Prof. Nery:

Você está cansado de ouvir acusações de que os católicos adoram imagens?


“Por que nós, católicos, temos imagens de quem adoramos, ou seja, de Deus? De onde nasceu essa ideia?” (Noemí F.Q., via Facebook)


O uso de imagens e quadros religiosos em igrejas e dentro de casa é muito difundido desde tempos imemoriais. A questão das imagens sagradas costuma ser bastante polêmica; e na relação entre a Igreja e as pessoas que pretendem seguir a Cristo fora dela, a polêmica se acirra mais ainda, porque essas pessoas, entre muitos outros erros, acham que a Igreja católica adora imagens, o que não é verdade. 
 
Para esclarecermos o assunto, vamos repassar a história sagrada. Comecemos observando que, no Antigo Testamento, era severamente proibido o culto a todo tipo de imagens ou representações plásticas da divindade.
 
O primeiro mandamento do decálogo afirma com palavras contundentes: “Não farás para ti outros deuses diante de mim. Não farás escultura nem imagem alguma… Não te prostrarás perante elas nem lhes darás culto, porque eu, Javé, teu Deus, sou um Deus cioso…”. (Ex 20, 3-5). Fica proibido, portanto, todo tipo de imagens apresentadas como divindade.
 
Esse mandamento começa dizendo: “Não farás para ti outros deuses diante de mim”. Ou, dito de outra maneira: “Não faças nenhum ídolo”. Apesar desta proibição tão clara, porém, e imediatamente depois de prometer que iria cumprir a lei, o povo fabrica um bezerro de ouro e o adora como se fosse um deus: “Este é o teu Deus, Israel, aquele que te tirou do Egito” (Ex 32,8). Era justamente contra isso que Deus tinha advertido o seu povo. E é por causa deste pecado de idolatria que Deus decide destruir o povo. Só a intercessão de Moisés consegue a piedade e o perdão de Deus (Ex 32, 1-14).  E Deus dá um alerta aos israelitas também quanto às imagens que eles venham a encontrar entre os povos pagãos: “Queimareis as esculturas dos seus deuses e não cobiçareis o ouro nem a prata que as recobrem” (Dt 7,25).
 
Naturalmente, esta proibição permanece de pé no Novo Testamento com a mesma intenção e com o mesmo objetivo. A Bíblia mostra que os cristãos também evitaram o uso de imagens que pudessem ser objeto de adoração. São Paulo diz, em seu discurso em Atenas: “Se somos estirpe de Deus, não podemos pensar que a divindade se pareça com imagens de ouro ou de prata ou de pedra, esculpidas pela destreza e pela fantasia de um homem” (At 17, 29). O apóstolo São João também declara: “Filhos meus, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5,21). Para a Igreja nascente, é bem claro que a adoração deve ser tributada somente a Deus. Por isso, no Império Romano, muitos cristãos foram martirizados: por se recusarem a adorar os ídolos.
 
Agora, levemos em conta que os ídolos não são necessariamente esculturas ou imagens. Também há ídolos imateriais, sutis e muito capazes de nos absorver, nos quais nos refugiamos e colocamos a nossa vã segurança. São ídolos que conservamos bem escondidos em nosso íntimo: a ambição material, o desejo de celebridade, o afã de poder, a sexualidade desordenada, a ilusão de ser os únicos amos da nossa vida, algum pecado ao qual estamos especialmente apegados e muitos outros ídolos afins. Em todos os casos, qualquer ídolo nos afasta de Deus e nos distrai do nosso autêntico objetivo de vida: a salvação.
 
Qual é o motivo da proibição do Antigo Testamento?
 
A verdadeira razão dessa proibição é que Deus é o único Deus. Ele não se resigna a ser, por exemplo, o primeiro entre os deuses. Ele é o único. Por conseguinte, os deuses ou ídolos não são nada. Isaías ridiculariza os ídolos e aqueles que os adoram (Is 44, 9-20).
 
Era proibido representar a Deus com imagens para que as pessoas não achassem que Deus tivesse a forma de uma criatura ou fosse um objeto. No fundo, o mandamento zela pelo bem do povo, para que o próprio povo não se condene adorando um erro. O que não se aceita, portanto, é recorrer a objetos materiais e depositar neles a plena confiança que devemos ao Deus único, vivo e verdadeiro. Deus não é um ser material, mas uma realidade espiritual. Por isso é que o povo não pode adorar sequer representações materiais do verdadeiro Deus, porque corre o perigo de confundir o Deus verdadeiro com a imagem que o representa, chegando a crer que se trata de um Deus material.