quarta-feira, 9 de março de 2016

Santa Catarina de Bolonha


Santa Catarina de Bolonha viveu no século XV. Nasceu em Ferrara em 1413, Itália. Filha de um agente diplomático do Marquês de Ferrara, aos onze anos foi indicada como a dama de honra da filha do Marquês. Com isso, compartilhou com ela o seu treinamento e ensino. Quando a filha casou-se ela quis que Catarina continuasse ao seu serviço, mas Catarina abandonou a corte para ser uma Franciscana. Tinha apenas catorze anos.

Catarina estava decidida a viver uma vida de perfeição e era admirada pelas companheiras. Ela começou a ter visões de Cristo e escreveu as suas experiências. Através dos esforços do Papa Nicolau Quinto, o convento das Clarissas em Ferrara erigiu uma clausura e Catarina foi indicada como Irmã Superiora. A reputação da Comunidade pela sua santidade e austeridade era largamente difundida. Enfim, ela foi indicada como Superiora em um novo convento em Bolonha.

A sua vida chegou até nós envolta de fatos extraordinários. Assim, contam que no Natal de 1456 recebeu, das mãos de Nossa Senhora, o Menino Jesus.

Sua maior preocupação era cumprir a vontade de Deus e servir os irmãos, especialmente os mais necessitados. É considerada uma das grandes místicas da Idade Média.

Em 1463 Catarina ficou muito doente e veio a falecer. Morreu plenamente reconciliada com Deus.

Seu corpo foi exumado 18 dias mais tarde por causa de curas a ela atribuídas e ainda por causa de um doce perfume exalado de seu túmulo. Seu corpo foi encontrado incorrupto e até hoje permanece perfeito na Capela do convento das Clarissas Pobres em Bolonha. Foi canonizada em 1712.  

ORAÇÃO


Senhor nosso Deus, que deste Santa Catarina de Bolonha como modelo e guia a numerosas virgens, concedei que conservemos sempre bem vivo aquele espírito seráfico, que ela ensinou com sabedoria e confirmou com magníficos exemplos de santidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

terça-feira, 8 de março de 2016

Homilética: 5º Domingo da Quaresma - Ano C: “Acusados pela própria consciência”


No Evangelho (Jo 8, 1-11) temos uma comovente cena da vida de Jesus: os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério! Segundo a Lei de Moisés tais pessoas deviam ser apedrejadas. Aproveitaram a situação, para deixar o Cristo numa situação embaraçosa: “Mestre, que vamos fazer dessa mulher, perdoá-la ou apedrejá-la, como manda a nossa lei?” Para os escribas e fariseus, era uma oportunidade para testar a fidelidade de Jesus às exigências da Lei. Para Jesus, foi a oportunidade para revelar a atitude de Deus frente ao pecado e ao pecador. Perguntaram ao Mestre: “Que dizes?”(Jo 8,4).

O Salvador faz uma coisa absolutamente inédita, não prevista na lei antiga: não pronuncia qualquer sentença mas, após uma pausa silenciosa, um momento de tensão deveras emotiva, tanto por parte dos acusadores como da acusada, afirma simplesmente: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (Jo 8,7). Todos os homens são pecadores; por isso ninguém tem o direito de se arvorar em juiz dos outros. Só um tem esse direito: o Inocente, o Senhor, mas nem sequer usa dele, preferindo exercer o Seu poder de Salvador: “Ninguém te condenou?… Também Eu não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais” (Jo 8, 10-11). Somente Cristo, que veio para entregar a Sua vida pela salvação dos pecadores, pode libertar a mulher do seu pecado e dizer-lhe: “não tornes a pecar”. A Sua palavra é portadora da graça que nasce do Seu sacrifício

Ao dizer: quem de vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra; foi como se Jesus tivesse tirado a tampa da consciência de cada um; Jesus sabia o que estava no coração de cada um.

O silêncio se tornou pesado e insuportável; os mais velhos começaram a se retirar em silêncio, talvez por medo de que Jesus começasse a cavar em sua vida passada, para ver se estavam realmente sem pecado, sem aquele pecado que no Decálogo chamava-se “desejar a mulher do próximo”. Foi o silêncio, não o fato de Jesus escrever no chão que os deixou inquietos.

A mulher adúltera foi percebendo que estava diante de alguém que a compreendia de verdade, mas não aprovava o seu pecado. “Ninguém te condenou?”, diz Jesus à mulher. Responde ela: Ninguém, Senhor! E Jesus: Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.

Cristo é o único sem pecado; o único portanto, que podia arremessar a primeira pedra…, mas renuncia ao direito de condenar porque, como o Pai, não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva” (Ez 33,11). Quanta nova confiança deve ter infundido, na mulher, aquele Vai, pois significa: volta a viver, a esperar, volta para a casa; retoma a tua dignidade; dize aos homens, com tua presença entre eles, que não há somente a Lei, há também a Graça.

Podemos estar certos: a experiência daquele perdão, daquela compreensão infinita por parte de Jesus, reergueu aquela mulher, lhe encheu o coração com a experiência de um amor novo, tão diferente daquele que a tinha iludido em seu adultério.

Não tenho dúvida que o irmão que tem esse texto diante dos olhos nesse exato momento sabe o que é o exame de consciência. Ao examinarmo-nos todos os dias, deveríamos pedir ao Senhor que nos ajude a ver as nossas atitudes como ele as vê: os nossos pensamentos, as nossas palavras, os movimentos mais íntimos do nosso coração e todas as nossas ações. Desta maneira, a acusação que a consciência provoca em nós diante duma ação má, começará e terminará em Deus provocando uma espécie de tristeza salutar: “a tristeza segundo Deus produz um arrependimento salutar de que ninguém se arrepende, enquanto a tristeza do mundo produz a morte” (2 Cor 7,10).

O exame de consciência, especialmente para os que começam a fazer essa prática piedosa, poderia reduzir-se a três perguntas. A primeira: o que eu fiz de bom no dia de hoje? Essa pergunta ajuda não só a dar glória a Deus por todo o bem que ele nos fez, mas também a ser otimistas e não ficar pensando que tudo vai mal. Não é falta de humildade reconhecer os nossos talentos e dons se esse reconhecimento vai acompanhado de ação de graças: obrigado, Senhor! Segunda pergunta: o que eu fiz de mal? Neste momento veremos, com calma e dor de amor, que ofendemos o nosso Deus que é amor, que somos ingratos, que pecamos: perdão, Senhor! A terceira pergunta inclui o desejo de alcançar algumas metas na vida espiritual: o que eu posso fazer melhor? Muitas coisas, mas é preciso especificar: amanhã não xingarei, terei mais paciência com o meu patrão, não ficarei olhando as mulheres que passam pela rua, não darei “patadas” nos outros etc.

Na caminhada rumo à Páscoa, nesse tempo da Quaresma, façamos um bom exame de consciência! Olhemo-nos com o olhar com que Deus nos vê e, então, sentiremos, sim, a necessidade de correr a Jesus, mas para pedir o perdão para nós e não a condenação para os outros. O perdão para si mesmo também, e sobretudo, daquela culpa – se , por acaso, alguém se encontra culpado – que Jesus perdoou à adúltera; esta é uma culpa devastadora, um cristão não pode conviver tranquilo e longamente com este peso de consciência sem arruinar com ele, além da própria família, também a própria fé. Peça: ajuda-me, Senhor! Termine com um ato de contrição: “Senhor Jesus, Filho de Deus, tende piedade de mim, que sou um pecador.” Amanhã, será um dia melhor. Ah, se você percebeu que precisa se confessar, não perca tempo: peça o Sacramento da Confissão, ainda hoje se possível.

4ª Dor de Nossa Senhora: Encontro com Jesus a caminho do Calvário


1. Como o amor é também o sofrimento de uma mãe 

Para avaliar a grandeza da dor de Maria perdendo Seu Filho pela morte, devemos - na frase de S. Bernardino representar-nos vivamente o amor que a tal Mãe consagrava a tal Filho. Todas as mães sentem como próprias as dores dos filhos. A mulher cananéia, quando pediu ao Senhor lhe livrasse a filha do demônio, disse tão somente: Senhor, tem compaixão de mim; minha filha está atormentada pelo demônio (Mt 15, 22). Que mãe, porém, jamais amou a seu filho, quanto Maria amou a Jesus? Era-Lhe Jesus Filho e Deus ao mesmo tempo. Que viera ao mundo para atear em todos os corações o fogo do amor divino, foi o que o próprio Salvador protestou: Eu vim trazer fogo à terra; e que quero senão que ele se acenda? (Lc 12, 49). 

Ora, de que chamas devia ter Ele abrasado o coração de Sua santa Mãe, tão puro e limpo de todo o afeto mundano? Em suma, como o disse a Santíssima Virgem a S. Brígida, Seu coração, pelo amor, estava unido completamente ao de Seu Divino Filho. Este misto de serva e Mãe, de Filho e Deus, ateou no coração de Maria um incêndio composto de mil incêndios. Porém em mar de dores converteu-se toda essa fogueira de amor, quando chegou a dolorosa Paixão de Jesus. Escreve por isso S. Bernardino:Se ajuntássemos as dores do mundo, não igualariam todas elas às penas da Virgem gloriosa. Segundo a sentença de Ricardo de S. Lourenço, tanto maior foi o Seu sofrimento vendo padecer o Filho, quanto maior Lhe era a ternura com que O amava. E isso especialmente ao encontrá-lO com a cruz às costas, rumo ao Calvário. Vamos contemplar agora essa quarta espada de dor. 

2. Agonia da Virgem no começo da Paixão de seu Filho 

Inundados de lágrimas andavam os olhos de nossa Mãe, ao ver chegar o momento da Paixão e ao notar que faltava pouco tempo para perder o Seu Filho. Um suor frio Lhe cobria o corpo, causado pelo vivo terror que a assaltava à idéia do próximo e doloroso espetáculo. Assim lemos nas revelações de S. Brígida.* 

* A passagem fala propriamente do Salvador. Algum texto mutilado é que levou o santo autor  referi-lo a Nossa Senhora (Nota do tradutor).

Finalmente chegou o dia marcado e Jesus despediu-Se, chorando, de Sua Mãe, antes de ir ao encontro da morte. O Oficio da Compaixão de Maria, que figura entre as obras de S. Boaventura, assim descreve o procedimento da Santíssima Virgem na noite em que foi preso o Salvador: "Passastes em claro a noite, enquanto repousavam os outros". Pela manhã, vieram os discípulos, uns após outros, trazer-Lhe notícias de Jesus, cada qual mais aterradora. Verificaram-se então as palavras de Jeremias:Chorou sem cessar durante a noite, e as suas lágrimas correm pelas faces; não há quem a console entre todos os seus amados (Jr 1, 2). Quem Lhe falava dos maus tratos feitos a Seu Filho, em casa de Caifás. Quem Lhe descrevia os desprezos recebidos no palácio de Herodes. Mas deixo tudo para chegar ao nosso ponto. Finalmente veio João e anunciou a Maria que o iníquio Pilatos tinha condenado Jesus à morte da cruz. De juiz injustíssimo o chamo eu, porque o iníquio condenou o Senhor com os mesmos lábios que Lhe reconheceram a inocência, diz S. Leão Magno. Ah! Mãe dolorosa, disse-Lhe João, já Vosso Filho foi condenado à morte; já O levam para o Calvário carregando Ele mesmo a cruz aos ombros. 

Assim escreveu depois no seu Evangelho: E levando a cruz aos ombros, saiu para aquele lugar que se chama Calvário (Jo 19, 17). Se quereis vê-lO, Senhora, e dar-Lhe o último adeus, vinde comigo à rua por onde deve passar.  

O bem da caridade


Diz o Senhor no Evangelho de João: Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13,35). E também se lê numa Carta do mesmo Apóstolo: Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. Quem não ama, não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor (1Jo 4,7-8).

Examine-se a si mesmo cada um dos fiéis, e procure discernir com sinceridade os mais íntimos sentimentos de seu coração. Se encontrar na sua consciência algo que seja fruto da caridade, não duvide que Deus está com ele; mas se esforce por tornar-se cada vez mais digno de tão grande hóspede, perseverando com maior generosidade na prática das obras de misericórdia.

Se Deus é amor, a caridade não deve ter fim, porque a grandeza de Deus não tem limites.

Para praticar o bem da caridade, amados filhos, todo tempo é próprio. Contudo, estes dias da Quaresma, a isso nos exortam de modo especial. Se desejamos celebrar a Páscoa do Senhor com o espírito e o corpo santificados, esforcemo-nos o mais possível por adquirir essa virtude que contém em si todas as outras e cobre a multidão dos pecados.

Ao aproximar-se a celebração deste mistério que ultrapassa todos os outros, o mistério do sangue de Jesus Cristo que apagou as nossas iniquidades, preparemo-nos em primeiro lugar mediante o sacrifício espiritual da misericórdia; o que a bondade divina nos concedeu, demo-lo também nós àqueles que nos ofenderam.

Seja, neste tempo, mais larga a nossa generosidade para com os pobres e todos os que sofrem, a fim de que os nossos jejuns possam saciar a fome dos indigentes e se multipliquem as vozes que dão graças a Deus. Nenhuma devoção dos fiéis agrada tanto a Deus como a dedicação para com os seus pobres, pois nesta solicitude misericordiosa ele reconhece a imagem de sua própria bondade.

Não temamos que essas despesas diminuam nossos recursos, porque a benevolência é uma grande riqueza e não podem faltar meios para a generosidade onde Cristo alimenta e é alimentado. Em tudo isso, intervém aquela mão divina que ao partir o pão o faz crescer, e ao reparti-lo multiplica-o.

Quem dá esmola, faça-o com alegria e confiança, porque tanto maior será o lucro quanto menos guardar para si, conforme diz o santo Apóstolo Paulo: Aquele que dá a semente ao semeador e lhe dará pão como alimento, ele mesmo multiplicará vossas sementes e aumentará os frutos da vossa justiça (2Cor 9,10), em Cristo Jesus, nosso Senhor, que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.


Dos Sermões de São Leão Magno, papa
(Sermo 10 de Quadragesima, 3-5: PL 54,299-301)
(Séc.V) 



Um plano diabólico contra a Eucaristia


A encarnação de Deus é um evento fundamental para o gênero humano. Depois da aliança com Noé e Abraão, depois da libertação do Egito, depois de todos os profetas terem anunciado a mensagem salvífica e a promessa de uma redenção definitiva, Aquele que é desde sempre e para sempre fez-Se um de nós para nos elevar, assim, à condição de filhos do Pai (cf. Jo 1, 12). São João explica o significado desse acontecimento singular com palavras belíssimas: "Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos Ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados" (1 Jo 4, 10). O homem pode agora amar porque recebeu o amor de quem o é por natureza, de quem Se desfez de sua dignidade real, assumindo um corpo de carne, para curar o coração humano, ferido pelo pecado. Essa é a alegria do Evangelho.

Jesus Cristo, "verdadeiro Deus e verdadeiro homem", redimiu a natureza humana em todas as suas dimensões. Por causa da culpa original, cujo salário é a morte, nenhum homem poderia mais alcançar a vida eterna (cf. Rm 6, 23). Os portões do Céu haviam se fechado e nada, senão o sacrifício do cordeiro de Deus (cf. Hb 7, 26), poderia abri-los novamente. Na cruz, Cristo humilhado entrega-Se em um verdadeiro holocausto — não simbólico, como eram os sacrifícios do Antigo Testamento —, pelo qual perdoa cada falta dos homens para conceder-lhes de novo a posse da vida eterna. Jesus padeceu uma dor fora das possibilidades de um homem qualquer, a fim de resgatar-nos das mãos do diabo.

É natural, portanto, que as pessoas pensem ser a morte de cruz a mais grave das humilhações de Cristo. Mas Ele não Se limitou ao sacrifício cruento do madeiro. Na noite anterior à sua morte, reuniu-Se com os apóstolos na celebração de sua derradeira páscoa. Os relatos bíblicos contam que, tomando o pão e o vinho, Jesus deu graças, elevou-os ao céu e disse: "Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim […] Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós" (Lc 22, 19-20).

Com a instituição da Santa Missa, isto é, da celebração eucarística, Jesus antecipou sua paixão; tornou-Se alimento para a nossa alma. É por isso que os santos são unânimes em dizer que, ao esconder-Se sob o véu do sacramento, no pão e no vinho, Jesus humilhou-Se ainda mais do que na encarnação, pois enquanto nesta, por um lado, Ele assumiu o corpo do homem, que é "imagem e semelhança de Deus" (Gn 1, 27), na Eucaristia, por outro, colocou-Se totalmente aos seus cuidados, na fragilidade das partículas eucarísticas. "Mais humilhação e mais aniquilamento na Hóstia Santíssima; mais que no estábulo, e que em Nazaré, e que na cruz. Por isso, como estou obrigado a amar a Missa!", assim resumia São Josemaria Escrivá [1].

O Santo Sacrifício da Missa é a mais perfeita das celebrações de culto a Deus. Tamanha é a reverência da Igreja à sua sacra liturgia, que ela não se preocupa em exagerar no louvor e no zelo. Pelo contrário, o Magistério convida-nos insistentemente a uma opção preferencial pela Eucaristia, pois dela extraímos as forças necessárias ao apostolado com nossos irmãos, mormente com aqueles que mais sofrem. É neste sentido que se deve compreender este discurso surpreendente de São Bernardo de Claraval: "Fica sabendo, ó cristão, que mais se merece participar devotamente de uma Santa Missa do que distribuir todas as riquezas aos pobres ou fazer peregrinações por toda a terra" [2]. É claro que São Bernardo — de cuja regra monástica podemos extrair um exímio exemplo de austeridade e atenção aos pobres — não desmerecia o trabalho social; mas, antes, fazia valer aquelas palavras sempre válidas de Nosso Senhor: "Nem só de pão vive o homem, mas [...] de tudo o que sai da boca do Senhor" (cf. Mt 4, 4; Lc 4, 4; Dt 8, 3). 

São João de Deus


São João de Deus nasceu no dia 08 de março de 1495, em Montemor-o-Novo, Portugal. Fugiu de sua casa aos oito anos de idade e durante sua vida foi pastor, soldado, vaqueiro, pedreiro, mascate, enfermeiro, livreiro e santeiro. Conta-se que sua mãe morreu de tristeza e de saudade do filho desaparecido, e que seu pai se fez monge. Viajou por toda a Europa, e quando retornou, em 1538 montou uma livraria em Granada, Espanha.

Neste mesmo ano, São João d'Ávila estava em Granada pregando o Evangelho e São João de Deus teve a oportunidade de ouvi-lo pregar. Impressionado com o sermão sobre o mártir São Sebastião começou a gritar pedindo perdão e misericórdia a Deus pelos seus pecados, e decidiu vender tudo o que possuía.

Ficou conhecido como louco, pois andava maltrapilho, e vagava pelas ruas, batendo no peito e confessando seus pecados. Levaram-no à presença de São João d'Avila, que o encaminhou a um hospício da redondeza aconselhando-o a dedicar-se as coisas de Deus. Sua melhora foi logo notada.

Conseguiu sair do hospício em 1539. Passou a ajudar aos outros doentes do hospício, dedicando totalmente sua vida aos desvalidos como enfermeiro. Fundou vários hospitais, onde os doentes eram tratados como seres humanos e como filhos de Deus. Juntaram-se a ele, colaboradores que deram origem aos Irmãos dos Enfermos.

Em 1549 contraiu uma grave doença que escondeu dos médicos com medo que não o deixassem mais trabalhar. Foi descoberto quando já não conseguia mais esconder os sinais da enfermidade, mas mesmo assim só conseguia pensar em ajudar os outros. Morreu em 1550 no dia 08 de março, de joelhos a rezar. Leão XII e declarou "Patrono dos Hospitais".  

ORAÇÃO


Ó Deus de bondade, dai-nos sempre a mesma serenidade que destes a São João de Deus, para que possamos zelar com dedicação e paciência dos doentes e sofredores que necessitam de nosso auxílio. Pedimos isso em nome de Cristo, vosso Filho e Senhor nosso. Amém!

segunda-feira, 7 de março de 2016

Nenhum brasileiro deve se omitir neste momento, exorta Bispo


Hora difícil do nosso País!
Mas, também hora de pensar, de refletir com seriedade.

Como filho desta Pátria, não posso e não quero ficar calado!
Nenhum brasileiro deveria se omitir neste momento!

É preciso se manifestar ordeiramente, mas com coragem e compromisso em relação à nossa Pátria! É o futuro do Brasil que está em jogo!

Como brasileiro, sinto orgulho pela atuação do Ministério Público Federal, pela Polícia Federal e pelo Juiz Sérgio Moro!

Parabéns a eles! Parabéns a boa parte dos meios de comunicação pela coragem de uma cobertura investigativa e independente!

Por outro lado, sinto uma tristeza imensa por ver que os políticos do nosso País - políticos que o povo elegeu! - não estão à altura dos acontecimentos! Nossos representantes, de modo geral, estão totalmente desacreditados; além de pesadas dúvidas e algumas certezas quanto à (des)honestidade de vários deles, dão um triste testemunho de falta de amor ao País e de descompromisso com o povo que os elegeu! Que pena: deu tanto trabalho alcançar a democracia! E agora testemunhar um Congresso Nacional moralmente periclitante!

Não esqueçamos disto nas próximas eleições! 

O Pai Misericordioso deixa-nos livres, disse o Papa


PAPA FRANCISCO

AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 2 de Março de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No décimo quinto capítulo do Evangelho de Lucas, encontramos as três parábolas da misericórdia: a da ovelha perdida (vv. 4-7), a da moeda reencontrada (vv 8-10.), e a grande parábola do filho pródigo, ou melhor, do pai misericordioso (vv. 11-32). Hoje, seria bom que cada um de nós pegasse o Evangelho, este capítulo XV do Evangelho de Lucas, e lesse as três parábolas. Dentro do itinerário quaresmal, o Evangelho apresenta-nos esta última parábola do Pai misericordioso, que tem como protagonista um pai com os seus dois filhos. A narração nos apresenta algumas características desse pai: é um homem sempre pronto a perdoar e que espera contra toda esperança. Impressiona, principalmente, a sua tolerância perante a decisão do filho mais jovem de sair de casa: poderia ter se oposto, sabendo a sua imaturidade, um jovem moço, ou procurar algum advogado para não dar-lhe a herança, estando ainda vivo. Mas, pelo contrário permite-lhe partir, ainda prevendo os possíveis riscos. Assim atua Deus conosco: nos deixa livres, também para errar, porque criando-nos nos deu o grande dom da liberdade. Depende de nós fazer um bom uso. Este dom da liberdade que Deus nos dá sempre me admira!

Mas a separação daquele seu filho é só física; o pai o leva sempre no coração; espera confiante o seu retorno; procura pelo caminho na esperança de vê-lo. E um dia o vê aparecer no horizonte (cf. v. 20). Mas isso significa que esse pai, a cada dia, subia no telhado para ver se o filho voltava! Portanto, se comove ao vê-lo, corre ao seu encontro, o abraça, o beija. Quanta ternura! E este filho tinha errado feio. Mas o pai o acolhia assim mesmo.

A mesma atitude o pai também tem com o filho maior, que sempre permaneceu em casa, e agora, está indignado e protesta porque não entende e não compartilha toda aquela bondade com o irmão que tinha errado. O pai sai ao encontro também deste filho e lhe recorda que eles sempre estiveram juntos, compartilhando tudo (v. 31), mas é preciso acolher com alegria o irmão que finalmente voltou para casa. E isso me faz pensar uma coisa: quando alguém se sente um pecador, se sente realmente pequeno, ou, como ouvi alguém dizer – muitos – : “Pai, eu sou uma sujeira!”, então é o momento de ir ao Pai. Pelo contrário quando alguém se sente justo – “Sempre fiz as coisas bem…” – igualmente o Pai vem procurar-nos porque aquela atitude de sentir-se justo é uma atitude má: é a soberba! Vem do diabo. O Pai espera aqueles que se reconhecem pecadores e vai procurar aqueles que se sentem justos. Esse é o nosso Pai!

Nesta parábola também é possível vislumbrar um terceiro filho. Um terceiro filho? E onde? Está escondido! E aquele que “não considera um privilégio ser como [o Pai], mas esvaziou a si mesmo, assumindo uma condição de servo” (Fl 2,6-7). Este Filho-Servo é Jesus! É “a extensão dos braços e do coração do Pai: Ele acolheu o pródigo e lavou os seus pés sujos; Ele preparou o banquete para a festa do perdão. Ele, Jesus, nos ensina a ser “misericordiosos como o Pai”.

A figura do pai da parábola revela o coração de Deus. Ele é o Pai Misericordioso que em Jesus nos ama além de qualquer medida, sempre aguarda a nossa conversão toda vez que erramos; espera muito o nosso retorno quando nos distanciamos Dele pensando que podemos sem Ele; está sempre pronto para abrir-nos os seus braços independente do que aconteça. Como o pai do Evangelho, também Deus continua a considerar-nos os seus filhos quando voltamos a Ele. E nos fala com tanta bondade quando nós achamos que somos justos. Os erros que cometemos, embora sendo grandes, nem sequer arranham a fidelidade do seu amor. No sacramento da Reconciliação podemos sempre de novo recomeçar: Ele nos acolhe, nos restitui a dignidade de filhos seus e nos diz: “Siga adiante! Esteja em paz! Levante, diga em frente!”

Neste momento da Quaresma que ainda nos separa da Páscoa, somos chamados a intensificar o caminho interior de conversão. Deixemo-nos alcançar pelo olhar cheio de amor do nosso Pai, e voltemos a Ele com todo o coração, rejeitando qualquer pacto com o pecado. A Virgem Maria nos acompanhe até o abraço regenerador com a Divina Misericórdia.

*** 
Depois do Angelus