PAPA
FRANCISCO
AUDIÊNCIA
GERAL
Quarta-feira,
2 de Março de 2016
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No décimo quinto capítulo do Evangelho de
Lucas, encontramos as três parábolas da misericórdia: a da ovelha perdida (vv.
4-7), a da moeda reencontrada (vv 8-10.), e a grande parábola do filho pródigo,
ou melhor, do pai misericordioso (vv. 11-32). Hoje, seria bom que cada um de
nós pegasse o Evangelho, este capítulo XV do Evangelho de Lucas, e lesse as
três parábolas. Dentro do itinerário quaresmal, o Evangelho apresenta-nos esta
última parábola do Pai misericordioso, que tem como protagonista um pai com os
seus dois filhos. A narração nos apresenta algumas características desse pai: é
um homem sempre pronto a perdoar e que espera contra toda esperança.
Impressiona, principalmente, a sua tolerância perante a decisão do filho mais
jovem de sair de casa: poderia ter se oposto, sabendo a sua imaturidade, um
jovem moço, ou procurar algum advogado para não dar-lhe a herança, estando
ainda vivo. Mas, pelo contrário permite-lhe partir, ainda prevendo os possíveis
riscos. Assim atua Deus conosco: nos deixa livres, também para errar, porque
criando-nos nos deu o grande dom da liberdade. Depende de nós fazer um bom uso.
Este dom da liberdade que Deus nos dá sempre me admira!
Mas a separação daquele seu filho é só física; o
pai o leva sempre no coração; espera confiante o seu retorno; procura pelo
caminho na esperança de vê-lo. E um dia o vê aparecer no horizonte (cf. v. 20).
Mas isso significa que esse pai, a cada dia, subia no telhado para ver se o
filho voltava! Portanto, se comove ao vê-lo, corre ao seu encontro, o abraça, o
beija. Quanta ternura! E este filho tinha errado feio. Mas o pai o acolhia
assim mesmo.
A mesma atitude o pai também tem com o filho maior,
que sempre permaneceu em casa, e agora, está indignado e protesta porque não
entende e não compartilha toda aquela bondade com o irmão que tinha errado. O
pai sai ao encontro também deste filho e lhe recorda que eles sempre estiveram
juntos, compartilhando tudo (v. 31), mas é preciso acolher com alegria o irmão
que finalmente voltou para casa. E isso me faz pensar uma coisa: quando alguém
se sente um pecador, se sente realmente pequeno, ou, como ouvi alguém dizer –
muitos – : “Pai, eu sou uma sujeira!”, então é o momento de ir ao Pai. Pelo
contrário quando alguém se sente justo – “Sempre fiz as coisas bem…” – igualmente
o Pai vem procurar-nos porque aquela atitude de sentir-se justo é uma atitude
má: é a soberba! Vem do diabo. O Pai espera aqueles que se reconhecem pecadores
e vai procurar aqueles que se sentem justos. Esse é o nosso Pai!
Nesta parábola também é possível vislumbrar um
terceiro filho. Um terceiro filho? E onde? Está escondido! E aquele que “não
considera um privilégio ser como [o Pai], mas esvaziou a si mesmo, assumindo
uma condição de servo” (Fl 2,6-7). Este Filho-Servo é Jesus! É “a extensão dos
braços e do coração do Pai: Ele acolheu o pródigo e lavou os seus pés sujos;
Ele preparou o banquete para a festa do perdão. Ele, Jesus, nos ensina a ser
“misericordiosos como o Pai”.
A figura do pai da parábola revela o coração de
Deus. Ele é o Pai Misericordioso que em Jesus nos ama além de qualquer medida,
sempre aguarda a nossa conversão toda vez que erramos; espera muito o nosso
retorno quando nos distanciamos Dele pensando que podemos sem Ele; está sempre
pronto para abrir-nos os seus braços independente do que aconteça. Como o pai
do Evangelho, também Deus continua a considerar-nos os seus filhos quando
voltamos a Ele. E nos fala com tanta bondade quando nós achamos que somos
justos. Os erros que cometemos, embora sendo grandes, nem sequer arranham a
fidelidade do seu amor. No sacramento da Reconciliação podemos sempre de novo
recomeçar: Ele nos acolhe, nos restitui a dignidade de filhos seus e nos diz:
“Siga adiante! Esteja em paz! Levante, diga em frente!”
Neste momento da Quaresma que ainda nos separa da
Páscoa, somos chamados a intensificar o caminho interior de conversão.
Deixemo-nos alcançar pelo olhar cheio de amor do nosso Pai, e voltemos a Ele
com todo o coração, rejeitando qualquer pacto com o pecado. A Virgem Maria nos
acompanhe até o abraço regenerador com a Divina Misericórdia.
***
Depois do
Angelus
Queridos irmãos e irmãs,
Expresso a minha proximidade com as Missionárias da
Caridade, pela grande perda que as atingiu dois dias atrás com o assassinato de
quatro Religiosas em Aden, no Iemen, onde atendiam os anciãos. Rezo por elas e
pelas outras pessoas assassinadas no ataque, e pelos familiares. Estes são os
mártires de hoje! Não são capas de jornais, não são notícias: estes dão o seu
sangue pela Igreja. Essas pessoas são vítimas do ataque daqueles que as mataram
e também da indiferença, desta globalização da indiferença, que não se importa…
Que Madre Teresa acompanhe no paraíso estas suas filhas mártires da caridade, e
interceda pela paz e o sacro respeito pela vida humana.
Como um sinal concreto de compromisso com a paz e a
vida gostaria de citar e expressar admiração pela iniciativa dos corredores
humanitários para os refugiados, começada ultimamente na Itália. Este projeto
piloto, que une a solidariedade e a segurança, permite ajudar pessoas que fogem
da guerra e da violência, como as centenas de refugiados já transferidos para a
Itália, entre os quais crianças doentes, pessoas deficientes, viúvas de guerra,
com filhos e anciãos. Lembro-me também porque esta iniciativa é ecumênica,
recebendo apoio da Comunidade de Santo Egídio, Federação das Igrejas
Evangélicas Italianas, Igrejas Valdeses e Metodistas.
Saúdo todos vós, peregrinos vindos da Itália e de
tantos países, em particular os fiéis da Missão Católica de Hagen (Alemanha), bem
como aqueles de Timisoara (Roménia), Valencia (Espanha) e da Dinamarca.
Saúdo os grupos paroquiais de Taranto, Avellino,
Dobbiaco, Fane (Verona) e Roma; os meninos de Milão, Alemnno São Salvatore,
Verdellino-Zingonia, Latiano e os jovens de vigonovo; as Escolas “Dom Carlo
Costamagna” de Busto Arsizio e “Imaculada” de Soresina; os grupos de oração
“Santa Maria degli Angeli e da esperança”; a Confederação Nacional dos
Ex-alunos de escolas católicas.
Peço, por favor, uma lembrança na oração por mim e
pelos meus colaboradores, que a partir da noite de hoje até sexta-feira,
faremos os Exercícios Espirituais.
Desejo a todos um bom domingo. Bom almoço e até
mais!
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ZENIT
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