A Angola vem
passando nos últimos meses por uma dura crise econômico-financeira, atribuída a
baixa cotação do petróleo, que reflete na vida da população. Entretanto, mais
do que este fator que estaria causando à crise, outros elementos como a má
gestão e a corrupção agravam o cenário do país, segundo a Igreja local.
No início de
março, em uma reunião com parlamentares, o governador do Banco Nacional de
Angola (BNA), José Pedro de Morais, reconheceu que, devido à nova conjuntura, o
país está mais pobre. Segundo ele, desde 2015, o país registra de forma
acentuada, um desequilíbrio no mercado de divisas, que tem criado significativa
pressão cambial e a depreciação do kwanza, a moeda nacional angolana.
Porém, conforme
denunciaram os Bispos angolanos em uma carta pastoral divulgada na
quarta-feira, 9, “falta de ética, má gestão do erário público, corrupção
generalizada” também são as causas da crise que o país enfrenta, além da
“mentalidade de compadrio, nepotismo” e “discriminação derivada da
partidarização crescente da Função Pública, que sacrifica a competência e o
mérito”.
A esta situação
se acrescenta o agravamento da pobreza da população, a instabilidade econômica
que paralisa “paulatinamente os agentes econômicos, impossibilitando-lhes a
renovação de mercadorias, por falta de poder aquisitivo”.
“Aumenta assustadoramente o fosso entre os cada vez mais pobres e os poucos que
se apoderam das riquezas nacionais, riquezas muitas vezes adquiridas de forma
desonesta e fraudulenta”, advertem os Prelados, segundo os quais, o país
precisa lidar como uma “falta de critério no uso dos fundos públicos, gastos
exorbitantes, importação de coisas supérfluas que não aproveitam a comunidade”.