Além de ser sucessor do apóstolo Pedro, o Papa "é o Vigário de Jesus Cristo porque ele O representa na
terra, e faz as suas vezes no governo da Igreja",
preleciona o Catecismo de São Pio X.
Após
a Sua ascensão aos céus, a fim de assentar-se à direita de Deus, como diz o
Credo, Cristo não abandonou a humanidade à própria sorte. Após a máxima
intervenção do Senhor na história humana, com a encarnação do Seu próprio
Filho, fica para os homens como que uma continuidade desta presença de Jesus –
e ela se manifesta concretamente na Igreja.
Quando
se fala de Igreja, é claro que não se fala simplesmente do clero, dos ministros
ordenados que estão configurados de modo mais perfeito a Cristo sacerdote. Está a se falar de todo o conjunto dos fiéis "que respondem à
Palavra de Deus e se tornam membros do Corpo de Cristo"01. E,
no entanto, todo católico confessa sua fé na Igreja apostólica, isto é, na
Igreja construída "sobre o fundamento dos apóstolos" (Ef 2, 20). Foi
a partir dos doze primeiros discípulos escolhidos por Jesus que cresceu toda a
comunidade cristã, hoje tão numerosa quanto as estrelas do céu (cf. Gn 15, 5).
De
fato, muitas são as passagens na Escritura indicando esta predileção de Jesus
pelos apóstolos. Ultimamente, muitas pessoas – teólogos, inclusive – têm
questionado a existência da hierarquia na Igreja, chegando mesmo a dizer que
esta é uma instituição humana, concebida unicamente para "oprimir" ou
"empoderar" grupos específicos de pessoas. Mas, será isso mesmo? Quem
lança um olhar sincero para os Evangelhos é obrigado a admitir que o desejo de
constituir uma ordem hierárquica não partiu de ninguém menos que o próprio
Jesus. Como ensina o Servo de Deus, o Papa Paulo VI:
"O
fato de Jesus Cristo ter querido que a sua Igreja fosse governada com espírito
de serviço não significa que a Igreja não deva ter um poder de governo
hierárquico: as chaves que foram entregues a Pedro dizem alguma coisa, dizem
muito; como a frase de Jesus que comunica aos Apóstolos a Sua divina
autoridade, quase como se quisesse identificar-se com eles: 'Quem vos ouve é a
Mim que ouve, e quem vos rejeita é a Mim que rejeita', (Lc 10, 16), mostra-nos
o poder, sempre pastoral e destinado ao bem da Igreja, mas forte e eficaz, de
que estão revestidos aqueles que representam a Cristo, não por eleição da base,
ou por encargo da comunidade, mas por transmissão apostólica, através do
Sacramento da sagrada Ordem" 02.
Se é verdade que o Senhor transmitiu aos apóstolos um encargo
particular, distinto dos demais cristãos, concedeu a São Pedro, de quem o Papa
é sucessor, uma missão ainda maior. Como ensina São Leão Magno, "a um só
apóstolo está confiado o que a todos os apóstolos é comunicado"03.