domingo, 26 de junho de 2016

Santa Sé se distancia das declarações de bispo chinês “arrependido” de ser fiel a Roma


O porta-voz vaticano, Pe. Federico Lombardi, rechaçou que a Santa Sé tenha algo a ver com as declarações atribuídas ao bispo chinês Dom Tadeo Ma Daqin – em cujo blog assinala que se arrepende de ter renunciado à igreja controlada pelo governo – e assinalou que o Papa Francisco reza e acompanha com especial atenção a vida dos católicos chineses e do Prelado, condenado à prisão domiciliar pelo regime comunista de Pequim.

Dom Ma Daqin foi ordenado Bispo Auxiliar de Xangai (China) no dia 7 de julho de 2012, depois de um consenso entre a Santa Sé e o governo comunista que, através da denominada “igreja patriótica” busca controlar os católicos do país.

Entretanto, nesse dia Dom Ma Daqin anunciou que deixaria suas responsabilidades como vice-presidente da Associação Católica Patriótica Chinesa (ACPC) em Xangai, como membro do comitê permanente deste organismo. “Depois da ordenação de hoje, dedicarei todos meus esforços ao ministério episcopal. É um inconveniente para mim continuar servindo no cargo da ACPC”, expressou.

Isto fez com que o governo o condenasse à prisão domiciliar no seminário de Sheshan. Deste então, o Prelado não pôde celebrar uma Missa pública. Do mesmo modo, o Colégio de bispos chineses –controlado pelo governo e não reconhecido pelo Vaticano – o castigou retirando por dois anos a permissão para exercer publicamente o sacerdócio. Isto aconteceu em junho de 2014.

Durante este tempo, o Prelado tentou entrar em contato com os paroquianos através de seu blog, tornando-se para os católicos fiéis a Roma um símbolo da resistência frente às pressões do regime comunista.

Entretanto, no último dia 12 de junho, Dom Ma Daqin escreveu um artigo que faz referência a Dom Aloysius Jin Luxian, bispo oficial de Xangai falecido em 2013 e do qual era coadjutor. No texto, Dom Ma Daqin expressa seu arrependimento por ter renunciado à ACPC. “Durante algum tempo sofri o deslumbramento de elementos estrangeiros pelos quais disse e cometi erros para a ACPC. Depois de ter refletido, percebi que não foram atos sensatos”, escreveu.

Estas palavras, segundo informações da página ‘Vatican Insider’, “causaram diversas interrogações nos ambientes eclesiais dentro e fora da China. Algumas pessoas se perguntam se estas frases de retratação e de reconhecimento do papel da Associação Patriótica sejam verdadeiramente atribuídas ao bispo, e outras se perguntam qual será o eventual objetivo de uma saída assim”.

Por sua vez, ‘Asia News’ assinalou que “vários sacerdotes e alguns bispos se perguntam se esta mudança não terá sido sugerida pelo próprio Vaticano para facilitar o diálogo com o governo chinês, perguntando-se se a carta de Bento XVI aos católicos chineses – que julga a AP como ‘incompatível com a doutrina católica’ continue tendo valor”.

Anunciamos a Cristo em toda a terra


Ai de mim se não evangelizar! Fui enviado por Ele, pelo próprio Cristo, precisamente para isso. Sou apóstolo, sou testemunha. Quanto mais longínqua está a meta, quanto mais difícil se torna a missão, tanto mais fortemente a caridade me impele. Devo pregar o seu nome: Jesus é Cristo, o Filho de Deus vivo, o revelador de Deus invisível, o Primogênito de toda a criatura, o fundamento de todas as coisas; Ele é o Mestre da humanidade e o seu Redentor, que nasceu, morreu e ressuscitou por nós. 

Ele é o centro da história e do mundo; é Aquele que nos conhece e nos ama, o companheiro e amigo da nossa vida, o homem da dor e da esperança; Ele é, enfim, Aquele que há de vir, e que um dia será o nosso juiz e também, como esperamos, a plenitude eterna da nossa vida e a nossa felicidade. 

Nunca mais acabaria de falar d’Ele. Cristo é a luz, a verdade, ou melhor, é o caminho, a verdade e a vida; é o pão e a fonte da água viva, para a nossa fome e para a nossa sede; é o pastor, o nosso guia, o nosso modelo, o nosso conforto, o nosso irmão. Como nós, e mais do que todos nós, Ele foi pequeno, pobre, humilde, trabalhador, oprimido e paciente. Foi para nós que Ele falou, realizou milagres e inaugurou um novo reino, em que os pobres são bem-aventurados, em que a paz é o princípio da convivência, em que os puros de coração e os que choram são exaltados e consolados, em que os sedentos de justiça são saciados, em que os pecadores podem ser perdoados, em que todos são irmãos. 

Jesus Cristo! Já ouvistes falar d’Ele, ou melhor, a maior parte de entre vós já Lhe pertenceis, já sois cristãos. Pois bem. A vós, cristãos, repito o seu nome, ao mesmo tempo que O anuncio a todos: Jesus Cristo é o princípio e o fim, o alfa e o ómega, o rei do novo mundo, o segredo da história, a chave dos nossos destinos, o mediador, a ponte entre a terra e o Céu. Ele é, por antonomásia, o Filho do homem, porque é o Filho de Deus, eterno e infinito, e simultaneamente o Filho de Maria, a bendita entre todas as mulheres, sua Mãe segundo a carne e nossa Mãe pela participação no Espírito do Corpo místico. 

Jesus Cristo! Lembrai-vos: este é o nosso anúncio perene, este é o pregão que fazemos ressoar em toda a terra e por todos os séculos dos séculos.



Das homilias do Papa Paulo VI
(Homilia proferida em Manila no dia 29 de Novembro de 1970)

Após aborto espontâneo, mãe se surpreende ao ver um “bebezinho perfeitamente formado".


“Como a gravidez estava em um estágio inicial, eu esperava que me dessem uma bolha. Mas em lugar disso eu recebi um bebezinho perfeitamente formado”, disse ela ao LifeSiteNews (NotiFam) em uma entrevista exclusiva.

“E ele surpreendeu a todos nós. As enfermeiras apenas repetiam: ‘Ele é tão perfeito, tão perfeito,” disse ela.

Jessica e seu marido, Ray, souberam da nova gravidez em abril do ano passado. Começaram, com muito ânimo, a fazer planos para acomodar o novo membro da família. Teriam de comprar aquela van grande cuja compra vinham adiando o quanto podiam.

Mas no meio de julho Jessica começou a sangrar. Ela tinha esperança de que esse não seria seu segundo aborto espontâneo.

“Acordei sentindo uma dor insuportável. Havia uma poça de sangue em torno de mim na cama. Eu sabia que aquilo provavelmente não era um bom sinal”, disse ela.

Já que seu marido estava passando a noite perto do local onde trabalha, a cerca de uma hora de sua casa, a mãe dela a levou ao hospital. O filho mais velho do casal ficou na casa de um amigo, enquanto os dois mais novos acompanharam a mãe e a avó até o hospital.

Quando chegaram, o médico confirmou aquilo que Jessica mais temia.

“Levaram-me até uma sala de ultrassom onde verificaram como estava o bebê. Eu apenas vi aquela tela negra e soube o que aquilo devia significar. Naquele momento, tive a impressão de que provavelmente meu filho já havia sido expelido junto com o sangue. Apenas pensei que não havia prestado atenção nele, que ele havia sido despejado no banheiro ou algo do tipo. Pensar naquilo devastou meu coração”, ela disse.

Noah Smith,
vítima de um aborto espontâneo
 na 13ª semana de gravidez.
Quando o médico disse a Jessica que eles precisavam retirar o bebê, inicialmente ela não entendeu o que aquilo significava.

“O médico disse que o bebê não havia sido expelido, pois estava parado no meio do caminho”.

O médico ajudou Jessica a expelir o bebê na própria sala de ultrassom.

“O médico disse: ‘É um menino’, e eu disse: ‘Você consegue identificar?’”

“Quando me perguntaram se eu queria abraçá-lo, eu disse: ‘É claro que sim’”. 

Jesus nos pede estar unidos para oferecer com coerência o Evangelho, diz Papa




Viagem do Papa Francisco à Armênia – 24 a 26 de junho de 2016
Encontro ecumênico e oração pela paz
Praça da República de Yerevan
Sábado, 25 de junho de 2016

Venerado e caríssimo Irmão, Patriarca Supremo e Catholicos de Todos os Armênios,
Senhor Presidente,
Queridos irmãos e irmãs!
A bênção e a paz de Deus estejam convosco!

Desejei ardentemente visitar esta amada terra, o vosso país, o primeiro que abraçou a fé cristã. É uma graça para mim poder encontrar-me nestas alturas, onde, sob a vista do Monte Ararat, o próprio silêncio parece falar-nos; onde os khatchkar – as cruzes de pedra – narram uma história única, permeada de fé rochosa e de sofrimento imenso; uma história rica de magníficas testemunhas do Evangelho, de quem vós sois os herdeiros. Vim peregrino de Roma para vos encontrar e exprimir um sentimento que me vem do fundo do coração: é o afeto do vosso irmão, é o abraço fraterno da Igreja Católica inteira, que vos ama e está solidária convosco.

Nos anos passados, graças a Deus, foram-se intensificando as visitas e os encontros entre as nossas Igrejas, sempre muito cordiais e frequentemente memoráveis; quis a Providência que, precisamente no dia em que aqui se recordam os santos Apóstolos de Cristo, estejamos de novo juntos para reforçar a comunhão apostólica entre nós. Estou muito grato a Deus pela «real e íntima unidade» entre as nossas Igrejas [cf. João Paulo II, Homilia na Celebração Ecuménica, Ierevan, 26 de setembro de 2001: Insegnamenti, XXIV/2 (2001), 466) e agradeço-vos pela vossa fidelidade ao Evangelho, muitas vezes heroica, que é um dom inestimável para todos os cristãos. Ao encontrarmo-nos, não temos uma troca de ideias, mas uma troca de dons (cf. Idem, Carta enc. Ut unum sint, 28): recolhemos aquilo que o Espírito semeou em nós, como um dom para cada um (cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 246). Partilhamos com grande alegria os numerosos passos dum caminho comum já muito adiantado, e olhamos verdadeiramente com confiança para o dia em que, com a ajuda de Deus, estaremos unidos junto do altar do sacrifício de Cristo, na plenitude da comunhão eucarística. Rumo a esta meta tão desejada «somos peregrinos, e peregrinamos juntos (…) abrindo o coração ao companheiro de estrada sem medos, nem desconfianças» (ibid., 244).

Neste trajeto, precedem-nos e acompanham-nos muitas testemunhas, nomeadamente tantos mártires que selaram com o sangue a fé comum em Cristo: são as nossas estrelas no céu, que brilham sobre nós e indicam o caminho que nos falta percorrer na terra, rumo à plena comunhão. Dentre os grandes Padres, gostaria de referir o santo Catholicos Nerses Shnorhali. Nutria um amor extraordinário pelo seu povo e as suas tradições e, ao mesmo tempo, sentia-se inclinado para as outras Igrejas, incansável na busca da unidade, desejoso de atuar a vontade de Cristo: que os crentes «sejam um só» (Jo 17, 21). Realmente a unidade não é uma espécie de vantagem estratégica que se deve procurar por interesse mútuo, mas aquilo que Jesus nos pede, sendo nossa obrigação cumpri-lo com boa vontade e todas as nossas forças para se realizar a nossa missão: oferecer ao mundo, com coerência, o Evangelho.

São Vigílio

  
Vigílio nasceu em Roma e vivia com a família na belíssima região montanhosa trentina. Ele foi consagrado Bispo de Trento e tinha autoridade por todo o norte da Itália. Ele foi o terceiro Bispo desta diocese e parte importante desse território ainda não estava evangelizada. Vigílio se engajou de corpo e alma para combater e erradicar o paganismo de sua região. Para auxiliá-lo, recebeu mais três sacerdotes missionários, Sisínio, Martiro e Alessandro, todos vindos do Oriente. Assim, os trabalhos avançavam pois percorriam todas as localidades pregando e catequizando a população. Ele se tornou respeitado pelo seu estilo humilde e servil, pelo caráter reto e justo e por sua amizade e caridade sem distinção. Desta forma, Vigílio conseguiu a conversão de muitas aldeias e cidades pagãs; por outro lado, fez muitos inimigos. Depois de dez anos de trabalho missionário, uma tragédia ocorreu: os três missionários, auxiliares de Vigílio, foram mortos e queimados. Mesmo diante dessa fatalidade, Vigílio não mudou seu comportamento. Humildemente, perdoou as pessoas que cometeram estas atrocidades e recolheu as relíquias dos mártires missionários, enviando-as para Constantinopla e Milão. Segundo uma antiga tradição, ele teria sido martirizado com coices de cavalo. O bispo Vigílio morreu no dia 26 de junho de 405. 

Querido Deus e Pai, pela intercessão de São Vígilio, criai em nós o gosto pelo trabalho de evangelização e fazei de nós verdadeiros apóstolos da Boa Nova do Evangelho. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

sábado, 25 de junho de 2016

Dupla assalta cofre de Igreja Matriz de Santo André, no ABC



Dois homens invadiram e roubaram o cofre da Igreja Matriz de Santo André, no ABC, nesta sexta-feira (24), segundo apurou o SPTV. Eles fugiram a pé, levando cerca de R$ 8 mil em doações, dinheiro que seria usado para o pagamento de salários dos funcionários da paróquia. Ninguém ficou ferido. A ação dos bandidos foi registrada por câmeras de segurança.

As imagens mostram a chegada da cozinheira da paróquia, por volta das 6h15, em uma manhã escura. Ela abre a porta da igreja e entra. Em seguida, um dos assaltantes vem correndo e entra atrás dela, sendo seguido por seu comparsa. A dupla foi até o dormitório onde estavam três padres. Os assaltantes acordaram as vítimas e pediram o dinheiro.

Papa Francisco propõe três alicerces sobre os quais edificam e reedificam a vida cristã: memória, fé e amor misericordioso




Viagem do Papa Francisco à Armênia – 24 a 26 de junho de 2016
Santa Missa na Praça Vartanants em Guiumri
Sábado, 25 de junho de 2016

«Levantarão os antigos escombros, restaurarão as cidades destruídas» (Is 61, 4). Nestes lugares, amados irmãos e irmãs, podemos dizer que se realizaram as palavras do profeta Isaías, que ouvimos. Depois das devastações terríveis do terremoto, estamos aqui hoje para dar graças a Deus por tudo o que foi reconstruído.

Mas poderíamos também questionar-nos: Que nos convida o Senhor a construir hoje na vida? E sobretudo: Sobre que alicerce nos chama a construir a nossa vida? Procurando responder a esta pergunta, gostaria de propor-vos três alicerces estáveis sobre os quais podemos, incansavelmente, edificar e reedificar a vida cristã.

O primeiro alicerce é a memória. Uma graça que devemos pedir é a de saber recuperar a memória, a memória daquilo que o Senhor realizou em nós e por nós: trazer à mente que Ele, como diz o Evangelho de hoje, não nos esqueceu, mas «recordou-Se» (Lc 1, 72) de nós: escolheu-nos, amou-nos, chamou-nos e perdoou-nos; na nossa história pessoal de amor com ele, houve grandes acontecimentos que se devem reavivar com a mente e o coração. Mas há também outra memória a salvaguardar: a memória do povo. De facto, os povos têm uma memória, como as pessoas. E a memória do vosso povo é muito antiga e preciosa. Nas vossas vozes, ressoam as dos Santos sábios do passado; nas vossas palavras, há o eco de quem criou o vosso alfabeto, com a finalidade de anunciar a Palavra de Deus; nos vossos cânticos, misturam-se os gemidos e as alegrias da vossa história. Pensando em tudo isto, certamente podereis reconhecer a presença de Deus: Ele não vos deixou sozinhos. Mesmo no meio de adversidades tremendas, poderemos dizer, com o Evangelho de hoje, que o Senhor visitou o vosso povo (cf. Lc 1, 68): recordou-Se da vossa fidelidade ao Evangelho, das primícias da vossa fé, de todos aqueles que testemunharam, mesmo à custa do sangue, que o amor de Deus vale mais que a vida (cf. Sal 63, 4). É bom para vós poderdes lembrar, com gratidão, que a fé cristã se tornou a respiração do vosso povo e o coração da sua memória.

E a fé constitui também a esperança para o vosso futuro, a luz no caminho da vida, sendo ela o segundo alicerce de que gostaria de vos falar. Há sempre um perigo que pode fazer esmorecer a luz da fé: é a tentação de a reduzir a algo do passado, algo importante mas próprio de outros tempos, como se a fé fosse um belo livro de miniaturas que se deve conservar num museu. Mas ela, se for encerrada nos arquivos da história, perde a sua força transformadora, a sua vivacidade, a sua abertura positiva aos outros. Ao contrário, a fé nasce e renasce do encontro vivificante com Jesus, da experiência da sua misericórdia que ilumina todas as situações da vida. Far-nos-á bem reavivar cada dia este encontro vivo com o Senhor. Far-nos-á bem ler a Palavra de Deus e abrir-nos, em silenciosa oração, ao seu amor. Far-nos-á bem deixar que o encontro com a ternura do Senhor acenda a alegria no coração: uma alegria maior do que a tristeza, uma alegria que perdura mesmo no meio da dor, transformando-se em paz. Tudo isto renova a vida, torna-a livre e dócil às surpresas, pronta e disponível para o Senhor e para os outros. E pode acontecer também que Jesus nos chame a segui-Lo mais de perto, a entregar a vida a Ele e aos irmãos: se vos convidar, especialmente a vós jovens, não tenhais medo, dizei-Lhe «sim». Ele conhece-nos, ama-nos de verdade, e deseja libertar o coração dos fardos do medo e do orgulho. Abrindo espaço a Ele, tornamo-nos capazes de irradiar amor. Desta forma, podereis dar continuidade à vossa grande história de evangelização, de que a Igreja e o mundo precisam nestes tempos conturbados, mas que são também os tempos da misericórdia.

Deus pode encontrar-se no coração do homem


A saúde do corpo é um bem apreciável para a vida humana; o que interessa, porém, não é apenas conhecer as causas da saúde, mas viver com saúde. Na verdade, se alguém faz o elogio da saúde e depois come um alimento que lhe provoca má disposição e doença, de que lhe aproveitaram os elogios da saúde? No mesmo sentido devemos entender esta afirmação do Senhor, ao proclamar bem-aventurado não aquele que conhece alguma coisa de Deus, mas o que possui a Deus em si mesmo. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 

No entanto, parece-me que Deus se mostra face a face àquele que tem o olhar da sua alma bem purificado, mas segundo a palavra de Cristo: O reino de Deus está dentro de vós. Assim nos ensina que, se alguém tem o coração purificado de toda a afeição desordenada para com as criaturas, pode contemplar na sua própria beleza a imagem da natureza divina. 

E parece-me que esta concisa expressão do Verbo equivale a dizer: Ó homens, que desejais contemplar o bem verdadeiro, quando ouvirdes dizer que a majestade divina está elevada e exaltada acima dos céus, que a sua glória é insondável, que a sua beleza é inefável e que a sua natureza é incompreensível, não vos deixeis cair no desespero, pensando que não podereis ver aquilo que desejais. 

Se procurares ativa e cuidadosamente limpar o teu coração das impurezas que o mancham e obscurecem, então resplandecerá em ti a beleza divina. Assim como o ferro, quando é polido da ferrugem que o enegrecia, volta a refletir os esplendores do sol, de modo semelhante o homem interior, a que o Senhor chama «coração», quando remove toda a ferrugem do mal que pelas más inclinações contraíra, recupera de novo a semelhança com a sua forma original e primitiva, e assim, por esta semelhança com o bem supremo, torna-se ele mesmo totalmente bom. 

Portanto, quem se vê a si mesmo, contempla em si mesmo o que deseja ver; assim se torna feliz aquele que tem um coração puro, porque ao contemplar a sua pureza, vê através desta imagem a sua forma original. Os que contemplam o sol num espelho, embora não fixem os olhos no céu, nem por isso veem menos o sol no brilho do espelho, do que aqueles que olham diretamente para o disco solar. Assim também vós, diz o Verbo, ainda que pelas vossas forças não sejais capazes de ver e contemplar a luz inacessível, se voltais à beleza e dignidade da imagem que foi criada em vós desde o princípio, encontrareis dentro de vós mesmos aquilo que buscais. 

A divindade é pureza, é isenção de toda a inclinação viciosa, é ausência de todo o mal. Se estas estão em ti, também Deus está em ti. Portanto, quando a tua alma estiver isenta de toda a inclinação má, livre de toda a afeição desordenada e imune de toda a imperfeição, serás feliz pela agudeza e limpidez do teu olhar, porque, graças à pureza do teu coração, poderás contemplar o que escapa ao olhar dos que não têm esta pureza de espírito. Tendo removido dos olhos da alma a névoa material que os envolvia, podes contemplar claramente uma visão feliz na pura serenidade do coração. Que visão é esta? A santidade, a pureza, a simplicidade e todos os luminosos esplendores da natureza divina, por meio dos quais se vê a Deus.


Das homilias de São Gregório de Nissa, bispo
(Sermão 6, sobre as bem-aventuranças: PG 44, 1270-1271) (Sec. IV)