Os velhos jargões contra a religião se inflamam nos discursos em tempos de eleições. Como a religião possui um forte apelo às consciências e a moralidade humana, ela tem um poder de alcance muito grande entre as pessoas pela transmissão do dado de fé que é comum a um grupo de religiosos. Isso incomoda, de modo especial aos políticos, os avessos aos princípios religiosos e a moralidade humana pregada pela religião, que são benéficos para a sociedade como um corpo.
Quando existe um projeto de poder seja por ideologia, ganância, interesses pessoais ou mesmo de instituições e que venham a se opor à moral instruída por uma doutrina de fé, os discursos políticos e até falsamente “religiosos” tentam de todo modo castrar as religiões e os seus representantes para que nada opinem, de tal modo que eles não sejam impedidos de chegarem ao poder.
Afinal, “Política e religião se misturam”? Sim! Explico: a divisão entre religião e política é apenas categórica para o estabelecimento de um esquema de funcionamento das partes, quer dizer, serve para dividir exercício de funções dentro de um corpo social, como numa divisão de tarefas. Aí você diz: “Então religião e política não se misturam”. Calma! Há de concordar comigo que essa divisão não existe dentro do homem. Pois o mesmo homem religioso que crê e celebra as coisas do seu Deus, é o mesmo que vota carregando consigo os princípios e valores morais enraizados em sua espiritualidade, senão teríamos um grave caso de esquizofrenia moral, seria como ter duas personalidades diferentes, uma para política e outra para religião, e isso seria uma enfermidade social e moral na vida do indivíduo. Esse dualismo moral é prejudicial. O homem tem que ser autêntico, um só, indiviso. Se não tudo seria hipocrisia e contradição!
Se nas urnas esqueço o católico que sou e o que a minha fé exige da vida social, estou agindo sem nenhuma autenticidade. Seria a cizânia, a ruptura e a traição consentidas.
Então antes de votar, pense bem no cristão que você é, não ignore os fatores de perseguição à liberdade de expressão, à imprensa, às mídias sociais, à liberdade religiosa, à vida por práticas e projetos abortistas, à dignidade da pessoa humana, aos direitos humanos e às leis naturais, especialmente acerca da família. Não ignore os fatos como a corrupção comprovada, julgada e sentenciada, os projetos socialistas e comunistas que por sua própria natureza atentam contra as liberdades religiosas e de expressão, alimentam a luta de classes e o pecado do fratricídio (irmãos que matam irmãos). Um cristão não pode consentir com estas coisas.
E diz: “Não sei em quem votar!? Quase todos tem problemas, quase todos tem sobre si numerosas acusações. O que faço?” Existe o chamado princípio ético do “mal menor” que pode salvar seu voto nessas eleições. O que é isso? Quando um bem torna-se impossível e só resta duas ou mais opções que não correspondam nenhuma delas ao bem que você tanto deseja, se escolhe dentre estas o menor mal de todos. Se você escolher o maior mal dentre as possibilidades que tem, você só aumenta o progresso do mal. Se escolhe o menor, você diminui sua força, e quem sabe está começando abrir caminho para o bem, e no futuro não precisará escolher o mal menor, mas sim o próprio bem. Se o mal progredir, o bem se afasta ainda mais do nosso horizonte. Escolhendo o mal menor diminuímos seu progresso e o bem torna-se mais viável.
Alguém vai ser presidente, alguém vai governar nosso Estado. Votar em branco ou nulo é completamente inútil em certo sentido. É dar o voto a ninguém, mas alguém vencerá e governará do mesmo modo. Por que não ajudar escolhendo com nosso um bem possível ou ao menos um mal menor quando for impossível o bem mais imediato? Não devemos ter preguiça e má vontade para esse dever cívico. Reflitamos e discutamos sobre política com nossos princípios.