terça-feira, 11 de outubro de 2016

Homilética: 29º Domingo do Tempo Comum - Ano C: "Oração, fé e Escrituras".


A liturgia de hoje sugere dois temas importantes: a força da oração (1ª leitura e Evangelho) e a importância da Sagrada Escritura (2ª leitura). Ambos, porém, têm o mesmo pano de fundo: a esperança da salvação em Jesus.

O Evangelho (Lc 18, 1-8) realça três aspectos quanto à oração: a oração como expressão da fé em Deus; a presença da oração em toda a vida da pessoa e a perseverança nela.

Jesus narra a parábola do juiz injusto e da viúva. Trata-se de um juiz que “não temia a Deus nem respeitava os homens” e que não quer saber nada de uma pobre viúva que a ele recorre exigindo justiça; por fim, cede às suas incessantes súplicas para que ela não o continue a incomodar. Deste exemplo Jesus tira uma lição: fazer compreender que Deus, muito melhor que o juiz injusto, escutará as súplicas de quem a Ele recorre confiadamente.

Não devemos cansar-nos de orar! E se alguma vez o desalento e a fadiga começam a atingir-nos, temos que pedir aos que estão ao nosso lado que nos ajudem a continuar a rezar, sabendo que já nesse momento o Senhor nos está concedendo muitas outras graças, talvez mais necessárias do que os dons que lhe pedimos.

Examinemos hoje se a nossa oração é perseverante, confiada, insistente. “Persevera na oração, como aconselha o Mestre. Esse ponto de partida será a origem da tua paz, da tua alegria, da tua serenidade e, portanto, da tua eficácia sobrenatural e humana” (São Josemaria Escrivá, Forja, nº 536). Não há nada que uma oração perseverante não alcance!

Na parábola, ao juiz o Senhor contrapõe uma viúva, símbolo da pessoa indefesa e desamparada. E à sua insistência perseverante em pedir justiça, a resistência do juiz em atendê-la. O final inesperado acontece depois de um contínuo ir e vir da viúva e das reiteradas negativas do juiz. Este acaba por ceder, e a parte mais fraca obtém o que desejava. Mas a razão desta vitória não está em que o coração do administrador da justiça mudou: a única arma que conseguiu a vitória foi a oração incessante, a insistência da mulher! E o Senhor conclui com uma reviravolta: “E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por Ele? Será que vai fazê-los esperar?” (Lc 18, 7). Jesus faz ver que o centro da parábola não é o juiz injusto, mas Deus, cheio de misericórdia, paciente e imensamente zeloso pelos seus.

Não devemos cansar-nos de orar! E se alguma vez o desalento e a fadiga começam a atingir-nos, temos que pedir aos que estão ao nosso lado que nos ajudem a continuar a rezar, sabendo que já nesse momento o Senhor nos está concedendo muitas outras graças, talvez mais necessárias do que os dons que lhe pedimos.

Examinemos hoje se a nossa oração é perseverante, confiada, insistente. “Persevera na oração, como aconselha o Mestre. Esse ponto de partida será a origem da tua paz, da tua alegria, da tua serenidade e, portanto, da tua eficácia sobrenatural e humana” (São Josemaria Escrivá, Forja, nº 536). Não há nada que uma oração perseverante não alcance!

Na parábola, ao juiz o Senhor contrapõe uma viúva, símbolo da pessoa indefesa e desamparada. E à sua insistência perseverante em pedir justiça, a resistência do juiz em atendê-la. O final inesperado acontece depois de um contínuo ir e vir da viúva e das reiteradas negativas do juiz. Este acaba por ceder, e a parte mais fraca obtém o que desejava. Mas a razão desta vitória não está em que o coração do administrador da justiça mudou: a única arma que conseguiu a vitória foi a oração incessante, a insistência da mulher! E o Senhor conclui com uma reviravolta: “E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por Ele? Será que vai fazê-los esperar?” (Lc 18, 7). Jesus faz ver que o centro da parábola não é o juiz injusto, mas Deus, cheio de misericórdia, paciente e imensamente zeloso pelos seus.

O Senhor explica nesta parábola que são três as razões pelas quais as nossas orações são sempre ouvidas: primeiro, a bondade e a misericórdia de Deus, que distam tanto das disposições do juiz ímpio; depois, o amor de Deus por cada um dos seus filhos; e por fim, o interesse que nós mostramos perseverando na oração.

Ao terminar a parábola, Jesus acrescenta: “Mas o Filho do Homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18, 8). Por ventura encontrará uma fé semelhante à da viúva? Trata-se de uma fé concreta: a fé dos filhos de Deus na bondade e no poder do seu Pai do Céu. O homem pode fechar-se a Deus, não sentir necessidade dEle, procurar por outros caminhos a solução para as suas deficiências, e então jamais encontrará os bens de que necessita. Não separemos a oração da vida, da ação! Tudo pode ser impregnado da presença de Deus. E isto é oração!

RJ: Padre é assassinado na Baixada Fluminense.


O padre Francisco Carlos Barbosa Tenório, 38 anos, da paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Carmary, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ), foi encontrado morto na manhã deste domingo (9) na região conhecida como Via Light, localizada no mesmo bairro.

Ao G1, o diácono da igreja Gilmar Pereira dos Santos, confirmou que o padre tinha duas marcas de facadas, uma no ombro e outra no peito. O carro que ele dirigia, um Gol prata, ano 2010. Os documentos e o telefone celular ainda não foram encontrados.

De acordo com o diácono, o padre morava na igreja e saiu sozinho por volta das 19h deste sábado (8) para participar da festa de aniversário de um afilhado, no bairro Lote XV, em Belford Roxo. Ele teria saído da festa por volta das 22h40 dizendo que precisava chegar cedo porque tinha uma missa para rezar na manhã deste domingo. Segundo testemunhas, ele vestia roupas comuns.

“Ele sempre me avisava quando não podia rezar a missa porque eu o ‘substituía’. Ele não chegou e eu não vi o carro parado. Fiz a celebração das 7h30, mas estava preocupado. Depois, começamos a procurar até que uma amiga o reconheceu no Hospital da Posse”, disse Gilmar.

Segundo a paróquia, o corpo do padre foi reconhecido por representantes da igreja. Eles também fizeram registro da ocorrência na delegacia. A vítima apresentava sinais de dois cortes profundos no pescoço e uma coronhada. Ainda segundo relatos, ele teria sido vítima de um assalto, onde os marginais levaram o seu veículo e o assassinaram. 

O padre Francisco era pernambucano e estava no Rio de Janeiro há cerca de dez anos. Segundo o diácono, ele estava à frente da paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no bairro São Benedito, há pouco mais de um ano e era uma pessoa muito tranquila.

O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal de Nova Iguaçu onde permanecia até às 19h deste domingo.

O padre Omar Raposo, Reitor do Santuário do Cristo Redentor do Corcovado, divulgou nota sobre a morte do padre na Baixada Fluminense. “Hoje nossa Igreja Católica está triste em virtude de um Sacerdote da Diocese de Nova Iguaçu ter sido assaltado e assassinado. Solicito vossas orações”.

MT: Padre é assassinado; polícia suspeita de latrocínio.


NOTA DE PESAR
  
A diocese de Rondonópolis Guiratinga lamenta com pesar o falecimento de Pe. João Paulo Nolli, ocorrido na manhã deste domingo (10) vítima de um ato brutal. Pe. João Paulo nasceu em Andirá, diocese de Cornélio Procópio, PR no dia 29 de abril de 1981. Filho de Atílio e Rachel Peres Nolli. Ingressou no seminário da Congregação da Copiosa Redenção onde fez o ensino médio. Uma vez residindo em Juscimeira fez seu processo de ingresso no Seminário diocesano de Rondonópolis-Guiratinga. Concluiu seus estudos de filosofia e teologia no Sedac, em Várzea Grande, MT e recebendo a formação no Seminário Maior Jesus Bom Pastor. Concluídas as etapas de formação ordenou-se diácono aos 20 de janeiro de 2007 e ordenação presbitertal em Rondonópolis aos 20 de julho de 2007 pela imposição das mãos de dom Juventino Kestering. Ordenado presbíteros foi indicado vigário na Paróquia São José Esposo aos 19 de agosto de 2007. E no dia 31 de janeiro de 2010 foi nomeado pároco da Paroquia São José Esposo, atividade que exerceu até o dia de seu falecimento.

Durante este curto pastoreio de seis anos como pároco, revitalizou a paróquia nos inovações pastorais, concluiu o belo templo dedicado à São José Esposo, o maior da diocese, aglutinava multidões com celebrações alegres, comunicativas, inovou a presença da Igreja nos meios de comunicação em especial a TV com o programa de uma hora “Deus cuida de mim”, fez da paróquia São José um espaço de encontro, de participação, exímio pregador com facilidade de construir as frase e o ensino, foi assessor eclesiástico da Associação Divina Providencia, fez inúmeros retiros, acampamentos, pregações, celebrações na diocese e em outras diocese. Seu corpo será transladado para Cornélio Procópio,PR onde reside sua família e será sepultado no cemitério local.

Para a diocese de Rondonópolis-Guiratinga configura-se como uma grande perda, pois além de fervoroso pároco, era um irmão, colega e amigo. Agradecemos à família porque nos concedeu este filho presbítero à nossa diocese; aos presbíteros, sentidos com a perda, consolemo-nos mutuamente e nos fortalecemos na missão. Ao Pe. João Paulo nosso agradecimento pela dedicação, amor á missão e participação no presbitério. Deus te recompense na eternidade.


Rondonópolis, 10 de outubro de 2016


Dom Juventino Kestering
Bispo diocesano 

Luz perene no templo do pontífice eterno


Como são ditosos, como são felizes aqueles servos que o Senhor, quando voltar, encontrar vigilantes! Ditosa vigília em que se espera o próprio Deus, criador do universo, que tudo abrange e tudo transcende! Quem dera que também a mim, seu servo, embora tão indigno, Se dignasse despertar‑me do sono da inércia e inflamar‑me no fogo do amor divino, de modo que a chama da sua caridade me iluminasse com o seu esplendor muito mais refulgente que as estrelas, acendesse em mim o desejo ardente de O amar cada vez mais e melhor, e nunca mais se extinguisse na minha alma este fogo do amor divino! 

Quem dera que os meus méritos me tornassem digno de que a minha lâmpada ardesse sempre, durante a noite, no templo do meu Senhor, para iluminar a todos os que entram na casa do meu Deus! Dai‑me, Senhor, eu vo‑l’O peço, em nome de Jesus Cristo vosso Filho e meu Deus, a caridade inextinguível, a fim de que a minha lâmpada esteja sempre acesa e nunca se apague; arda para mim e brilhe para os outros. 

Senhor Jesus Cristo, nosso dulcíssimo Salvador, dignai‑Vos acender as nossas lâmpadas, a fim de que resplandeçam continuamente no vosso templo e recebam de Vós, que sois a Luz eterna, uma luz permanente que dissipe as nossas trevas e afaste para longe de nós as trevas do mundo. Peço‑vos, ó meu Jesus, que acendais a minha lâmpada com o vosso esplendor, de modo que à sua luz possa contemplar o Santo dos Santos que está no interior daquele grande templo, onde entrastes como Pontífice dos bens eternos, e aí Vos contemple e Vos deseje ardentemente; aí Vos ame só a Vós e para sempre, aí resplandeça e arda a minha lâmpada para sempre na vossa presença. Dignai‑Vos, amantíssimo Salvador, mostrar‑Vos a nós que batemos à vossa porta, a fim de que, reconhecendo‑Vos, Vos amemos somente a Vós, só a Vós desejemos, só em Vós pensemos continuamente e meditemos dia e noite na vossa palavra. Dignai‑Vos inspirar‑nos um amor digno de Vós, que sois Deus e digno de ser amado sobre todas as coisas, a fim de que o vosso amor domine todo o nosso coração, todo o nosso ser e todos os nossos sentidos; assim, nada mais poderemos amar senão a Vós, que sois eterno, e por muitas que sejam as águas do céu, da terra e do mar, nunca poderão extinguir em nós a caridade, segundo as palavras da Escritura: As muitas águas não podem apagar o amor. Possa isto realizar‑se em nós, ao menos em parte, por vossa graça, Senhor Jesus Cristo, a quem pertence a glória pelos séculos dos séculos. Amém.


Das Instruções de São Columbano, abade

(Instr. De Compunctione, 12, 2-3: Opera, Dublin 1957, pp. 112-114) (Sec. VII)

Palavra de Vida: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26,41)


“Vigiai e orai para não cairdes em tentação. 
O espírito está pronto, mas a carne é fraca” 
(Mt 26, 41)

Jesus – durante a sua agonia no Monte das Oliveiras – dirigiu estas palavras a Pedro, Tiago e João, ao vê-los vencidos pelo sono. Ele levara-os consigo – os mesmos que tinham presenciado a sua transfiguração no monte Tabor – para que estivessem a seu lado naquele momento tão difícil e se preparassem com Ele através da oração. Na verdade, aquilo que estava prestes a acontecer, iria ser uma provação terrível também para eles.

“Vigiai e orai para não cairdes em tentação. 
O espírito está pronto, mas a carne é fraca” 

Estas palavras – lidas à luz das circunstâncias em que foram pronunciadas –, mais do que uma recomendação feita por Jesus aos discípulos, devem ser vistas como um reflexo do seu estado de alma, ou seja, de como Ele se preparava para a provação.

Perante a paixão iminente, Ele reza com todas as forças do seu espírito. Luta contra o medo e contra o horror da morte. Lança-se no amor do Pai para ser fiel, até o fim, à Sua vontade, e ajuda os seus apóstolos a fazerem o mesmo.

Jesus, aqui, é o modelo de como se deve enfrentar uma provação. Mas, ao mesmo tempo, é como o irmão, que se coloca ao nosso lado nesse momento difícil.

São João XXIII


Ângelo Giuseppe Roncalli, nasceu aos 25 de novembro de 1881, na Itália. Era o quarto filho de uma família de camponeses pobres. O ambiente religioso da família e a fervorosa atividade paroquial foram a sua primeira escola de vida cristã. 

Aos quinze anos de idade, foi admitido na Ordem franciscana, professando as regras no ano seguinte. Recebeu a Ordenação sacerdotal em 1904 em Roma e, no ano seguinte, foi nomeado secretário do novo Bispo de Bérgamo. Além disto, foi assistente da Ação Católica Feminina, colaborador no diário católico de Bérgamo e pregador muito solicitado pela sua eloqüência elegante, profunda e eficaz. 

Em 1921 teve início a segunda parte da sua vida, dedicada ao serviço da Santa Igreja. Ali exerceu a presidência nacional do Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé. O Papa Pio XI o elevou à dignidade episcopal. No mesmo foi nomeado delegado apostólico na Turquia e Grécia. Quando irrompeu a Segunda Guerra Mundial, ele estava na Grécia, onde procurou dar notícias sobre os prisioneiros de guerra. 

Consagrado Cardeal, em 1953, foi designado patriarca de Veneza. No Conclave de 1958 foi eleito Papa, tomando o nome de João XXIII, aos setenta e sete anos de idade. O seu pontificado, durou menos de cinco anos, e se tornou muito apreciado, sobretudo, porque lançou as Encíclicas "Pacem in terris" e "Mater et magistra". 

João XXIII convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II em 11 de outubro de 1962. Este Papa exalava odor de santidade, sendo assim reconhecido pelo seu rebanho que o chamava apenas de "Papa Bom". Morreu no dia 03 de junho de 1963 em Roma. 


Concedei-nos ó Deus, pela intercessão de São João XXIII, alcançar as graças necessárias de que necessitamos em nossa vida. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Homilética: Nossa Senhora Aparecida (12 de Outubro): "A vida do meu povo, eis o que vos peço".


Hoje, o Brasil católico celebra o dia de Nossa Senhora Aparecida, sua padroeira. Encontrada sob a forma de imagem negra para pobres pescadores, no ano de 1717, na cidade de Aparecida do Norte, em São Paulo. O local passou lentamente a ser referência de peregrinação. Poucos são os brasileiros que lá nunca estiveram. Esse acontecimento marcou época. A mãe de Deus se apresenta como padroeira dos pobres e negros escravos do Brasil de outrora. A Maria do Magnificat, que canta a derrubada dos opressores e soerguimento dos pobres (Lc 1, 45-55) é a mesma negra de Aparecida, aquela que devolveu a alegria aos pobres pescadores com uma pesca milagrosa. Aparecida que virou Nossa Senhora Aparecida. Um título de rainha para uma mulher que marcou a humanidade desde sua terra natal, Nazaré. Que não conhece a música Maria de Nazaré, aquela que me cativou, fez mais forte a minha fé e por filho me adotou.

Nas leituras de hoje, três mulheres são apresentadas para a nossa reflexão. Ester, Maria e a mulher anônima do Apocalipse. Ester é a mulher da luta, da resistência à dominação grega. Por sua sábia atitude consegue livrar seu povo do extermínio. Maria é a mulher mãe que leva seu filho a iniciar a suas atividades missionárias, realizando o seu primeiro milagre. Já a mulher anônima do Apocalipse pode ser identificada com Eva, com a esposa de Deus, Israel/Sião, ou com Maria. Ela está prestes a dar à luz, mas se vê ameaçada pelo dragão, a força do mal.

Em que essas mulheres vencedoras iluminam a nossa fé? Sobretudo, neste dia de nossa mãe Aparecida, aquela que apareceu para nos colocar no caminho da vida, da libertação dos opressores de ontem e de hoje. Falar de Maria é falar dessas três mulheres e de tantas outras de nosso tempo.      

Ecumenismo e diálogo inter-religioso; Francisco e os outros papas!


A viagem à Geórgia e ao Azerbaijão confirma a atitude de Bergoglio: a busca da unidade dos cristãos através de gestos de fraternidade, e a valorização do diálogo com as demais religiões como antídoto contra o ódio e a violência.

A recente viagem do Papa à Geórgia e ao Azerbaijão ofereceu, uma vez mais, um exemplo do caminho que Francisco pretende percorrer no âmbito ecumênico e no diálogo entre as religiões. No encontro com os presbíteros, religiosos e seminaristas em Tbilisi, no sábado, 01 de outubro, Bergoglio respondeu desta maneira ao testemunho de um seminarista que lhe contava as dificuldades nas relações entre os cristãos das diferentes confissões: 

“Nunca brigar! Deixemos que os teólogos estudem as coisas abstratas da teologia. O que eu devo fazer a um amigo, um vizinho, uma pessoa ortodoxa? Ser aberto, ser amigo. Mas devo fazer um esforço para convertê-lo? Existe um grande pecado contra o ecumenismo: o proselitismo.  Nunca devemos fazer proselitismo com os ortodoxos. São nossos irmãos e irmãs discípulos de Jesus Cristo que, pelas situações históricas tão complexas, nos tornamos assim. Mas, eles e nós, cremos no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Cremos na Santa Mãe de Deus. E o que eu tenho que fazer? Não condenar; isso não se pode. Amizade, caminhar juntos, rezar uns pelos outros e fazer obras de caridade juntos, quando isso é possível. É este o ecumenismo. Mas nunca condenar um irmão ou uma irmã, nunca deixar de saudá-lo porque é ortodoxo”.

Há muito tempo, a Igreja considera fechada a vida do uniatismo. Os últimos papas, além de promover o diálogo teológico com a ortodoxia (a única, verdadeira e profunda diferença tem a ver com o exercício do primado do Bispo de Roma), multiplicaram os gestos de amizade. Vários encontros históricos (a começar pelo abraço em Jerusalémentre Paulo VI e Atenágoras, até as visitas de João Paulo II a Atenas e à Geórgia, ou as de Bento XVI a Istambul) ajudaram a consolidar um caminho comum.

Também o diálogo teológico deu passos significativos para frente: a partir do Concílio Vaticano II, a Igreja católica está recuperando a consciência da importância da colegialidade e da sinodalidade. Enquanto isso, as Igrejas ortodoxas começam a ver com um olhar diferente o primado e seu exercício em um mundo cada vez mais globalizado. O Papa Francisco fala de um “ecumenismo de povo”. Enquanto se dá a paciente espera dos passos concretos para chegar a compartilhar o cálice no altar, é importante multiplicar as oportunidades para trabalhar juntos.

A Igreja georgiana é uma das menos ecumênicas. No entanto, os quatro encontros do Papa com o Patriarca Elias II caracterizaram-se pela amizade, pela acolhida e pela fraternidade verdadeiras, não de fachada. Bastava vê-los antes que ouvi-los. Para onde tudo isso levará? Não sabemos. Haverá efeitos positivos? É difícil afirmar. O que é certo é que foi dado um novo passo em relação à última visita de um papa, a de João Paulo II em 1999, que aconteceu em um meio a um clima muito mais frio, e não apenas devido às condições meteorológicas.

A viagem ao Azerbaijão foi muito significativa também pelo diálogo com as outras religiões. Neste sentido, foi muito importante o último discurso do papa, pronunciado em uma mesquita na presença do xeque dos muçulmanos do Cáucaso.